A importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil
Gleice Araújo
Silvia Godo
Kátia Regina Lastória
Kelly Regina Lastória
Andreza Costa Ribeiro
RESUMO
Jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental na educação infantil, proporcionando um ambiente de aprendizagem lúdico e estimulante. Desde os primeiros anos de vida, as crianças utilizam o brincar como uma forma natural de explorar o mundo ao seu redor, desenvolver habilidades sociais e cognitivas, e expressar suas emoções. Por meio de atividades lúdicas, elas aprendem a compartilhar, colaborar e resolver conflitos, habilidades essenciais para sua convivência em grupo. Diante deste cenário este estudo tem por objetivo descrever sobre a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil e adota como objetivos específicos caracterizar os jogos de construção e ressaltar sobre o jogo no sistema educativo segundo Friedrich Froebel assim como ressaltar sobre as brincadeiras tradicionais e sua relevância no cenário cultural do país. A metodologia adotada é a revisão de literatura. Como resultados, verifica-se que os jogos e brincadeiras são componentes essenciais na educação infantil, contribuindo significativamente para o desenvolvimento integral das crianças. Eles promovem habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas que são fundamentais para o crescimento saudável dos pequenos. Além disso, oferecem aos educadores uma poderosa ferramenta pedagógica capaz de transformar o aprendizado em uma experiência prazerosa e significativa. Os educadores têm um papel importante em guiar essas atividades, criando um ambiente seguro e acolhedor onde as crianças possam explorar livremente.
Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Infantil. Brincar.
INTRODUÇÃO
A infância é uma fase crucial para o desenvolvimento humano, marcada por descobertas, aprendizagens e interações sociais. Nesse contexto, os jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental na educação infantil. Eles não apenas promovem a diversão, mas também são ferramentas essenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Neste texto, vamos explorar a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, analisando seus benefícios cognitivos, sociais, emocionais e físicos.
Os jogos e brincadeiras estimulam o desenvolvimento cognitivo das crianças de várias maneiras e neste sentido este estudo adota como principal objetivo descrever sobre a importância dos jogos e brincadeiras na etapa de educação infantil e adota como objetivos específicos caracterizar os jogos de construção e ressaltar sobre o jogo no sistema educativo segundo Friedrich Froebel assim como ressaltar sobre as brincadeiras tradicionais e sua relevância no cenário cultural do país.
A metodologia adotada é a revisão de literatura, um um componente essencial no processo de pesquisa acadêmica. Ela não apenas fornece um panorama do conhecimento existente sobre um tema, mas também orienta os pesquisadores na construção de suas próprias investigações. Ao realizar uma revisão bem fundamentada, os pesquisadores podem contribuir significativamente para suas áreas de estudo e promover um diálogo contínuo entre diferentes trabalhos acadêmicos. A revisão ajuda a situar o tema da pesquisa dentro de um contexto mais amplo, mostrando como ele se relaciona com estudos anteriores e qual a sua relevância.
A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CARACTERÍSTICAS
Segundo Moreira e Lara (2012, p.26) a definição do termo Educação Infantil no sistema educacional brasileiro é recente. Esse termo é utilizado para delimitar a primeira etapa da Educação Básica, responsável pela educação das crianças de zero a cinco anos. Para os que pesquisam a respeito da infância, a utilização de tal termo enquanto etapa para definir a educação da criança pequena diz respeito a uma constante explicação de seus contornos e limites no campo o qual envolve a pesquisa sobre a infância tomada como objeto por diferentes campos do saber científico, como as áreas de saúde, do direito, do trabalho, da sociologia, da história, da antropologia e das ciências humanas e sociais, incluindo a demografia, a arquitetura, as artes, as letras, o serviço social, a linguística, a educação física e a área educacional, as quais também têm a infância como objeto de estudo e campo de intervenção.
A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e abrange o atendimento de crianças de 0 a 5 anos, sendo oferecida em creches e pré-escolas. Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento integral da criança, abrangendo aspectos físicos, psicológicos, sociais e cognitivos. Essa fase da educação é caracterizada por um enfoque lúdico, onde o brincar é visto como uma forma essencial de aprendizado. As crianças são incentivadas a explorar, interagir e experimentar o mundo ao seu redor, desenvolvendo habilidades como a criatividade, a linguagem, a socialização e a autonomia e além disto, a educação infantil busca criar um ambiente seguro e acolhedor que favoreça o bem-estar das crianças e envolva as famílias no processo educativo. É uma fase crucial para estabelecer as bases do aprendizado futuro e contribuir para a formação de cidadãos críticos e participativos.
A Educação Infantil transformou-se na porta de entrada da Educação Básica com a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9.394/1996 e com isso o atendimento de crianças pequenas passa da Assistência Social para a Educação (COSTA; OLIVEIRA, LÍRIO, 2021).
Para os autores Vercelli e Strangherlim (2015) desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – lei 9.394/96) a qual determinou a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, viu-se, no cenário educacional, a cada ano, um aumento de pesquisas realizadas nesse nível de ensino, entretanto, a Educação Infantil ainda é motivo de preocupação dos pesquisadores de crianças pequenas, uma vez que os estudos na área ainda revelam a dicotomia entre o cuidar e educar na escola da infância, a formação (inicial e continuada) e as práticas pedagógicas dos profissionais da Educação Infantil sendo fortemente influenciadas pela perspectiva da racionalidade técnica da educação em detrimento da razão crítico – reflexiva.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 9.394/96, é um marco importante na educação brasileira, estabelecendo os princípios e normas que regem a educação em todos os níveis, incluindo a educação infantil. Essa lei reconhece a educação infantil como a primeira etapa da educação básica e enfatiza sua importância no desenvolvimento integral das crianças. De acordo com esta lei a educação infantil deve ser oferecida em creches e pré-escolas, atendendo crianças de 0 a 5 anos e ela ainda destaca que essa fase da educação tem como objetivo o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social das crianças, proporcionando experiências que favoreçam o aprendizado por meio do brincar e da interação.
OS JOGOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Recentemente, o valor do jogo para o desenvolvimento tem sido ressaltado, difundindo de forma positiva e utilizado com valor educativo, assim, a maneira de o jogo ser concebido pela sociedade quanto ao seu significado mudou e continua mudando de acordo com o tempo e espaço. Hoje é, efetivamente, uma palavra difícil de ser definida. Seus usos são múltiplos, estando, por exemplo, relacionado à atividade lúdica infantil e/ou adulta e, de forma metafórica, a interesses no âmbito político (AMBRA, 2012, p.12).
O jogo é uma atividade essencial na vida das crianças, funcionando como um meio natural de aprendizado e desenvolvimento. Desde os primeiros anos, brincar se torna uma ferramenta poderosa que contribui para o crescimento físico, emocional, social e cognitivo dos pequenos. Vamos explorar os diferentes aspectos do valor do jogo nesse contexto.
Lima (2008, p.33-34) afirma que os jogos são situações privilegiadas, quando incentivados e valorizados no contexto educacional os quais permitem às crianças a estabilização e o enraizamento daquilo que já sabem sobre as diversas áreas. Quando, numa atividade, o professor define o conteúdo, a forma, os meios, e a utiliza como um recurso para alcançar a aprendizagem de conceitos, tal proposta não pode ser chamada de jogo, pois as suas características essenciais não foram preservadas.
Jogos estimulam a mente das crianças de diversas maneiras. Por meio de atividades lúdicas, elas aprendem a resolver problemas, a pensar criticamente e a desenvolver habilidades de raciocínio lógico. Jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e jogos de memória são exemplos que desafiam as crianças a encontrar soluções e tomar decisões estratégicas e além disto, ao explorar novos conceitos durante o jogo, as crianças desenvolvem sua curiosidade e criatividade.
Schwartz (2004, p.05) vê no jogo uma ponte possível para transitar entre o real, o imaginário e o simbólico, portanto, para uma educação transformadora, na linha do desejo, que nos aponta para a necessidade de sonhar sonhos (im) possíveis.
Os jogos oferecem um espaço fértil para a criatividade florescer. Quando as crianças brincam "de faz de conta", elas criam cenários imaginários onde podem ser quem quiserem: super-heróis, exploradores ou até mesmo personagens de suas histórias favoritas. Essa liberdade criativa incentiva o pensamento original e a capacidade de inovar.
Grando (2004, p.11) em relação aos jogos apresenta as seguintes vantagens: (Re) significação de conceitos já aprendidos de uma forma motivadora para o aluno; introdução e desenvolvimento de conceitos de difícil compreensão; desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas (desafio dos jogos); aprender a tomar decisões e saber avaliá-las; significação para conceitos aparentemente incompreensíveis; propicia o relacionamento das diferentes disciplinas (interdisciplinaridade); requer a participação ativa do aluno na construção do seu próprio conhecimento; favorece a interação social entre os alunos e a conscientização do trabalho em grupo; fator de interesse para os alunos; favorece o desenvolvimento da criatividade do senso crítico, da participação, da competição “sadia”, da observação das várias formas de uso da linguagem do resgate do prazer em aprender; atividades com jogos podem ser utilizadas para desenvolver habilidades de que os alunos necessitam, sendo útil no trabalho com alunos de diferentes níveis e tais atividades também; e por fim, permitem ao professor identificar e diagnosticar algumas dificuldades dos alunos.
Já em relação as desvantagens, Grando (2004, p.12) apresenta: quando os jogos são mal utilizados, existe o perigo de dar ao jogo um caráter puramente aleatório, tornando-se um “apêndice” em sala de aula. Os alunos jogam e se sentem motivados apenas pelo jogo, sem saber por que jogam; tempo gasto com as atividades de jogo em sala de aula é maior e, se o professor não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros conteúdos pela falta de tempo; falsas concepções de que se devem ensinar todos os conceitos através de jogos, por isso, as aulas, em geral, transformam-se em verdadeiros cassinos, também sem sentido algum para o aluno; perda da “ludicidade” do jogo pela interferência constante do professor, destruindo a essência; coerção do professor, exigindo que o aluno jogue mesmo que ele não queira, destruindo a voluntariedade pertencente à natureza do jogo; dificuldade de acesso e disponibilidade do material sobre o uso de jogos no ensino que possam vir a subsidiar o trabalho docente.
Os Jogos de Construção
Jogos de Construção, segundo Kishimoto e seus colaboradores (2003, p.32) trata-se de manuseio de peças de maneira livre, ou seja, sem que o professor de coordenadas, de modo que a criança construa o seu mundo com essas peças. Através do exercício de construir, transformar, desmanchar, começar de novo, a criança expressa suas emoções, seu imaginário e exterioriza seus problemas, permitindo um desenvolvimento afetivo e intelectual.
Jogos de construção são uma forma poderosa e divertida de aprendizagem que oferece inúmeros benefícios para o desenvolvimento das crianças. Com seus objetivos focados em habilidades motoras, criatividade e resolução de problemas, esses jogos não apenas entretêm, mas também preparam as crianças para enfrentar desafios futuros com confiança. Incentivar esse tipo de brincadeira é fundamental para criar um ambiente onde as crianças possam explorar sua imaginação e desenvolver habilidades essenciais para a vida.
Aroeira, Soares e Mendes (1996, p.28) destacam a importância do trabalho com jogos de construção a iniciar pela imitação, oferecendo à criança um modelo, inicialmente simples e, aos poucos, ir tornando os esquemas oferecidos mais complexos, fazendo a criança perceber as possibilidades de uso de peças diferenciadas em termos de tamanho e espessura em uma mesma construção.
Os jogos de construção são uma das formas mais enriquecedoras de brincadeira, permitindo que as crianças criem, experimentem e aprendam de maneira lúdica. Esses jogos incluem uma variedade de materiais, como blocos de madeira, LEGO, argila, ou até mesmo materiais recicláveis.
Froebel e o jogo no sistema educativo
Froebel foi o primeiro pedagogo a incluir o jogo no sistema educativo. Ele acreditava que a personalidade da criança pode ser aperfeiçoada e enriquecida pelo brinquedo e que a principal função do professor, neste caso, é fornecer situação e materiais para o jogo. Para o pedagogo, as crianças aprendem por meio do brincar, admirável instrumento para promover sua educação (AGUIAR, 2004,p.11).
Friedrich Froebel foi um educador alemão amplamente reconhecido como o fundador do jardim de infância (kindergarten). Sua abordagem inovadora à educação infantil enfatizou a importância do jogo como uma ferramenta fundamental para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. Froebel acreditava que o jogo não era apenas uma forma de entretenimento, mas sim uma atividade essencial que promove a aprendizagem holística.
Jesus (2010, p.04) complementa que nos Estados Unidos, na virada do século XVIII para XIX, passou-se a aderir à proposta do filósofo Froebel (1782-1852), que acreditava que o brincar livre e o uso de jogos para educar crianças no pré- escolar poderiam ser introduzidos no contexto infantil, considerando que a criança desperta as habilidades mediante estímulos. Sua proposta acabou influenciando a educação infantil de todos os países, surgindo daí então a criação dos jardins de infância.
Froebel via a criança como um ser ativo, curioso e criativo. Para ele, cada criança possui um potencial único que deve ser cultivado. A educação, segundo sua filosofia, deveria respeitar o ritmo natural de desenvolvimento da criança e proporcionar experiências significativas que estimulassem sua curiosidade e imaginação. O jogo, nesse contexto, é uma expressão natural do desenvolvimento infantil.
Alves (2001, p.18) detalha que Froebel (1782-1852) foi um idealizador dos jardins de infância, com base na concepção de que a criança é um ser dotado de natureza distinta da do adulto, fortalece os métodos lúdicos na educação, colocando o jogo como parte integrante da educação infantil, jogo este caracterizado pelas ações de liberdade e espontaneidade. Assim como a linguagem é a expressão. Dessa forma a teoria froebeliana determinou o jogo como fator decisivo para a educação infantil.
Na perspectiva froebeliana, o jogo é considerado um elemento central na educação infantil, pois proporciona às crianças oportunidades valiosas para aprender de forma ativa e envolvente. Essa abordagem ajuda a formar bases sólidas para o aprendizado ao longo da vida, promovendo não apenas habilidades acadêmicas, mas também competências sociais e emocionais essenciais. Segundo Froebel, o jogo não é apenas uma forma de entretenimento, mas sim uma maneira de aprender. Ele propôs que as crianças aprendem melhor através da ação e da experiência prática, e o jogo oferece um espaço seguro para que possam experimentar, criar e interagir com os outros. Através do brincar, as crianças desenvolvem habilidades sociais, emocionais e cognitivas, além de promoverem sua imaginação e criatividade.
Oliveira - Formosinho e seus colaboradores (2007, p.41) afirmam que em 1817, em Keilhau, Froebel funda o primeiro empreendimento educativo, o Instituto Alemão de Educação Universal, onde até 1831 procura definir e divulgar suas principais teses sobre a educação, apresentando-as no livro A educação do homem (1826). É nesse período que Froebel, em suas conversações, começa a manifestar a intenção de usar meios mais naturais para educar e instruir crianças de três a sete anos, apresentando, dessa forma, o primeiro esboço daquela que seria a sua grande realização: o kindergarten.
O termo "kindergarten" vem do alemão e significa "jardim da infância". Froebel criou este conceito em 1837, ao estabelecer a primeira instituição desse tipo na Alemanha. A ideia era criar um ambiente educativo que fosse tão natural e estimulante quanto um jardim, onde as crianças pudessem crescer e se desenvolver. Para Froebel, o jardim simbolizava um espaço de cultivo, onde as crianças poderiam florescer por meio do aprendizado e da brincadeira.
Ao organizar sua metodologia de trabalho nos jardins-de-infância, Froebel selecionou algumas atividades para serem executadas com as crianças, entre as quais as conversações, ou seja, as rodinhas, a hora dos contos, o estudo dos seres vivos, os passeios ao ar livre, o contato com a natureza nos jardins e hortas, diversos tipos de jogos, tais como os de construção, de movimentação físicas e sensorial, de atenção, de memória, de linguagem, de movimentos corporais, de expressão rítmica, além de trabalhos manuais e desenho. Os materiais educativos por ele criados e denominados dons e as respectivas ocupações formuladas para a descoberta e a sistematização de sua exploração talvez sejam as ideias pedagógicas de Froebel mais divulgadas. Contudo, em alguns documentos, ele fala de outros tipos de jogos que deveriam ser executados com as crianças, e a denominação desses já pode revelar a sensibilidade e a criatividade da proposta pedagógica de Froebel para os jardins: jogos do seu entorno (jogos da vida, jogos da beleza, jogos do conhecimento); jogos para a formação interior (jogos de fantasia, jogos de criação, criação a partir de materiais, cores, tons, movimentos, palavras; jogos para a formação do sentimento e para desenvolver a sensibilidade (jogos de flores, jogos de símbolos, jogos da vida, jogos de costumes); e por fim, jogos para desenvolver o sentido comum, o sentido de ordem e o sentido de justiça e que também proporcionem, segundo sua finalidade, o conhecimento e o domínio da natureza: jogos com elementos da natureza – ar, água, fogo, terra, pedras, barro e muitos outros (BARBOSA, 2008, p.97)
O legado de Friedrich Froebel é imenso e continua a influenciar práticas educativas em todo o mundo. Sua visão sobre o papel do jogo na educação infantil levou ao reconhecimento da importância do aprendizado ativo e da brincadeira no desenvolvimento das crianças. Muitos educadores contemporâneos ainda incorporam suas ideias em abordagens pedagógicas modernas, reconhecendo que brincar é uma parte vital do processo educativo.
Embora Froebel não tenha sido o primeiro a analisar o valor educativo do jogo, ele foi o primeiro a colocá-lo como parte essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com uso dos jogos e brincadeiras. Antes dele (de Froebel), três concepções veiculavam as relações existentes entre o jogo infantil e a educação sendo: 1 recreação, 2 uso do jogo para favorecer o ensino de conteúdos escolares e por fim, 3 diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis. (KISHIMOTO, 1998, p.38).
Friedrich Froebel revolucionou a forma como entendemos a educação infantil ao destacar o valor do jogo como uma ferramenta educativa essencial. Sua filosofia continua a ressoar nas práticas pedagógicas atuais, lembrando-nos da importância de proporcionar às crianças oportunidades ricas para brincar, explorar e aprender em um ambiente acolhedor e estimulante. Ao valorizar o jogo na educação, estamos investindo no futuro das novas gerações, ajudando-as a se tornarem indivíduos criativos e bem-sucedidos.
A VEZ DAS BRINCADEIRAS
Para Albuquerque (2016, p.22) a brincadeira é uma atividade a qual merece destaque nas práticas escolares, afinal, à medida que a criança brinca, ela estabelece um contato maior com sua corporeidade, promovendo uma aproximação da ludicidade. Numa atividade lúdica, a criança pode equilibrar suas emoções, desenvolver sua percepção e atuação motora, expressar seus pensamentos e conhecer o seu corpo e neste sentido, pode-se apontar que a experiência lúdica inclui percepção e conhecimento das possibilidades e limitações do próprio corpo. A atividade lúdica possibilita à criança um contato maior com o seu corpo, com os objetos e o ambiente, além de uma interação maior com os seus pares e com os adultos para que ela desenvolva a capacidade afetiva, a sensibilidade, a autoestima, a motricidade, o pensamento e a linguagem, enfim, é uma atividade integradora.
A brincadeira é uma das formas mais naturais e relevantes de interação para as crianças. Desde os primeiros anos de vida, brincar se torna uma atividade essencial que vai muito além do simples entretenimento. É um meio poderoso de aprendizado e desenvolvimento, permitindo que as crianças explorem o mundo ao seu redor de maneira divertida e significativa.
Souza (2016, p.45) ressalta que nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades intelectuais, cognitivas e emocionais relevantes tais como: atenção, imaginação, memória, imaginação, dentre outras. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, através da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais, e para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências as quais lhe são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às experiências as quais ocorrem por meio de uma interação direta.
Ao brincar, as crianças exercitam suas capacidades cognitivas. Elas aprendem a resolver problemas, desenvolver estratégias e fazer escolhas. Jogos de tabuleiro ou quebra-cabeças, por exemplo, estimulam o raciocínio lógico e a tomada de decisões. Brincar em grupo ensina habilidades sociais valiosas. As crianças aprendem a compartilhar, cooperar e se comunicar com os outros. Elas também experimentam emoções como empatia e frustração, desenvolvendo sua inteligência emocional. A brincadeira permite que as crianças expressem suas emoções e imaginação. Atividades como dramatizações ou artes plásticas incentivam a criatividade e ajudam as crianças a processarem suas experiências e também sentimentos.
Conforme Maluf (2004, p.32) sabe-se que é possível ao ser humano adquirir e construir o saber, brincando. Através das brincadeiras pode-se desenvolver o senso de companheirismo; brincando, individualmente ou em grupos, vive-se uma experiência a qual enriquece a sociabilidade e a capacidade de se tornar mais criativos. Aprende-se a conviver, aprende-se a ganhar ou perder, a esperar a vez, lidar melhor com possíveis frustrações, aumenta-se a motivação e consegue-se uma participação satisfatória.
Segundo Silva e Pines Junior (2017) conforme palavras de Silva e Gonçalves (2010) a brincadeira apresenta tais características: ato de divertimento, segundo as diretrizes da ludicidade não preocupado com a razão ou com a sua respectiva formação; ação baseada em regras simples; momento de ausência de tensão e não compromisso com resultados; liberdade na sua construção e ao praticar; tem como eixo norteador a busca pelo prazer e alegria; e, enorme dimensão simbólica criando ponte entre os mundos (real e imaginário).
Segundo Santaiana (2008, p.12) a ludicidade e o brincar são certamente elementos considerados vitais no planejamento das atividades para a educação infantil, e discutir a respeito deles não significa desmerecer sua relevância, pelo contrário, é importante repensar como, por vezes, eles são utilizados também como poderes reguladores dos sujeitos infantis.
A brincadeira é uma atividade lúdica essencial para o crescimento integral das crianças. Ela não apenas proporciona diversão, mas também desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional, social e cognitivo. Encorajar as crianças a brincar livremente é fundamental para que possam explorar suas capacidades e entender melhor o mundo ao seu redor.
As brincadeiras são admiráveis instrumentos de realização para o ser humano, especialmente para as crianças; reúnem potencialidades, desenvolvem iniciativas, exercitam capacidades de concentrar a atenção, descobrir, criar e, especialmente, de permanecer em atividade. Está claro que as brincadeiras desempenham um papel decisivo para converter as crianças em adultos maduros, com grande imaginação e autoconfiança (MALUF, 2004, p.42).
É importante criar ambientes seguros e estimulantes onde as crianças possam brincar livremente. Afinal, brincar é uma forma poderosa de aprendizagem que molda não apenas quem elas são hoje, mas também quem se tornarão no futuro Para os autores Santos e Pacheco (2020, p.19) a brincadeira faz parte do universo infantil, sendo assim faz parte do ambiente escolar também e ela é de suma relevância para o desenvolvimento da criança, desde seus primeiros dias de
vida até a fase adulta.
A brincadeira é o ato de brincar, a ação lúdica. A ação da criança com os objetos (brinquedos) que a possibilita construir conhecimento, desenvolver habilidades sensoriais e perceptomotoras, elaborar e descarregar conflitos e assim aprender a lidar com as emoções. A brincadeira é considerada também metacomunição, ou seja, nela a criança desenvolve a capacidade de se colocar no lugar do outro e de compreender como esse outro pensa (MONTEIRO, 2013, p.27).
A ação lúdica na educação infantil é uma abordagem pedagógica que valoriza o brincar como uma das principais formas de aprendizado das crianças. Desde os primeiros anos de vida, as crianças utilizam o jogo e a brincadeira para explorar o mundo, interagir com seus pares e desenvolver habilidades diversas. Essa prática não apenas torna o processo educativo mais prazeroso, mas também é fundamental para o desenvolvimento integral da criança.
Para Pessoa (2022, p.51) a ação lúdica é imprescindível na educação infantil, afinal, compreende-se que nesta faixa etária escolar, durante os jogos e brincadeiras, estabelecem-se relevantes relações entre as atividades, matérias e seus significados. Os jogos assumem posição de relevância envolvendo aspectos além de práticas as quais proporcionem desenvoltura corporal, entretanto, englobem a totalidade do ser, como enfatiza a teoria referente à psicomotricidade.
A ação lúdica na educação infantil é uma prática essencial que promove o aprendizado de maneira natural e envolvente. Ao integrar o brincar ao cotidiano escolar, os educadores ajudam as crianças a desenvolverem habilidades cognitivas, sociais e emocionais, preparando-as para os desafios futuros com confiança e alegria.
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Conforme os autores Zatz e seus colaboradores (2006, p.13-14) o ato de brincar é intrínseco à vida e ao aprendizado e tal experiência essencialmente natural não é exclusiva do homem, pois é sabido que os animais também brincam. Os mamíferos aprendem quase tudo o que necessitam saber para a sua vida adulta por meio de brincadeiras, em que as crias experimentam, entre si e com adultos, capacidades e habilidades que serão necessárias no futuro. Desenvolve, assim, as técnicas de caça (brincam de se esconder e assustar o outro, de morder, de fugir) e de luta também (brincando de brigar e lutar, rolando pelo chão). Poderia se dizer que com os homens, guardadas as proporções, o processo ocorre de forma semelhante. É brincando que a criança conhece o ambiente que a cerca. Desde recém-nascido, o bebê estabelece uma relação lúdica com as pessoas. Os pais brincam com ele, estimulando os sentidos que compõem sua interface com o mundo. Em seguida, o bebê aprende a brincar com o próprio corpo, especialmente com seus pés e suas mãos. Depois de alguns meses, começa a se interessar pelos objetos e introduzi-los na sua brincadeira. No início brinca sozinho; depois, consegue brincar junto. Brincando, a criança aprende a se relacionar, a compartilhar as coisas, a se comunicar e a expressar suas ideias e sentimentos assim como também descobre o prazer de cantar, dançar, desenhar, representar e desenvolve seu raciocínio, sua linguagem, sua criatividade.
O brincar é um catalisador para a criatividade. Quando as crianças inventam histórias ou constroem mundos imaginários com seus brinquedos, elas exercitam sua capacidade criativa. Essa habilidade é vital não só na infância, mas também ao longo da vida, pois fomenta a inovação e a resolução criativa de problemas.
Jesus (2010, p.05) afirma que se tem que concordar que o brincar não significa somente recrear, é muito mais, sendo uma das formas que a criança encontra de se comunicar com o mundo. O brincar, em todas as suas formas, é capaz de proporcionar alegria e divertimento.
Brincar é uma atividade natural e inerente ao ser humano, especialmente nas crianças. É uma forma de expressão que permite que elas explorem o mundo ao seu redor, experimentem novas ideias e desenvolvam sua criatividade. Quando as crianças brincam, elas não apenas se divertem, mas também aprendem sobre si mesmas e sobre os outros. Um dos maiores benefícios de brincar é a felicidade que isso proporciona. Durante a brincadeira, as crianças sentem uma liberdade única; elas podem ser quem quiserem, assumir diferentes papéis e criar cenários imaginários. Esse espaço para a imaginação é essencial para o desenvolvimento emocional, pois permite que expressem seus sentimentos e lidem com suas emoções de maneira lúdica.
Kraemer (2007, p.11) afirma que os brinquedos ou as atividades lúdicas fazem parte do mundo da criança. Brincar faz parte da infância, e o normal é que todas as crianças brinquem. Os adultos brincaram, as crianças brincam hoje e as crianças do futuro brincarão com certeza e essa afirmação é aceita por toda a humanidade sem questionamentos. No dia-a-dia de uma criança, o brincar é algo que se destaca para o seu desenvolvimento. Ela evolui à medida que o tempo passa e novas brincadeiras são inseridas ao longo de seu processo de amadurecimento.
Os brinquedos são considerados atividades lúdicas pois proporcionam um espaço seguro e divertido para a exploração, a criatividade e a aprendizagem. Os brinquedos são muito mais do que simples objetos; eles são ferramentas essenciais para o desenvolvimento infantil. As atividades lúdicas proporcionadas pelos brinquedos promovem aprendizado, criatividade, socialização e regulação emocional, tornando-se fundamentais na formação das crianças.
Kishimoto (1998, p.20-21) ressalta que o brincar supõe, de inicio, que, no conjunto das atividades humanas, algumas sejam repertoriadas e designadas como “brincar” a partir de um processo de designação e de interpretação complexo. Não é objetivo desta comunicação mostrar que esse processo de designação varia de acordo com as diferentes culturas. O ludus latino não é idêntico ao brincar francês. Cada cultura, em função de analogias que estabelece, vai construir uma esfera delimitada, de forma mais vaga que precisa, daquilo que numa determinada cultura é designável como jogo. O simples fato de utilizar o termo não é neutro, mas traz em si um certo corte do real, uma certa representação do mundo. Antes das novas formas de pensar nascidas do Romantismo, a cultura brasileira parece ter designado como “brincar” uma atividade que se opõe a “trabalhar”, caracterizada por sua futilidade e oposição ao que é sério. Foi nesse contexto que a atividade infantil pode ser designada com o mesmo termo, mais para salientar os aspectos negativos (oposição às tarefas sérias da vida) do que por sua dimensão positiva, que só aparecerá quando a revolução romântica inverter os valores atribuídos aos termos dessa oposição.
Brincar é uma atividade natural e instintiva, especialmente em crianças. Os brinquedos facilitam essa brincadeira, permitindo que as crianças explorem o mundo ao seu redor de maneira divertida. Através do ato de brincar, elas desenvolvem habilidades sociais, emocionais e cognitivas.
Schwartz (2004, p.05) tem proposto o brincar como veículo para resgatar a humanidade, para entrar em contato com a sensibilidade e com a criatividade esquecidas, para possibilitar um olhar que descubra o ridículo (no sentido de risível) da realidade que anseia pela transformação, ao mesmo tempo em que se percebe presa ao tradicional pelo medo de mudar, sujeita à mesmice, na compulsão à repetição, mesmo sabendo que a mudança é a lei da vida: as espécies que não mudaram se extinguiram.
O brincar é uma atividade intrinsecamente humana que vai muito além do simples entretenimento; ele é um veículo poderoso para resgatar e expressar a humanidade em várias dimensões. O brincar é uma expressão fundamental da condição humana; ele resgata aspectos essenciais da nossa humanidade, como criatividade, empatia, aprendizado e conexão social. Em um mundo que muitas vezes parece dividido ou estressante, promover atividades lúdicas pode ser uma forma poderosa de restabelecer laços humanos significativos e celebrar nossa diversidade enquanto buscamos um futuro mais unido.
Macedo e seus colaboradores (2007, p. 13-14) afirmam que o brincar é fundamental para o desenvolvimento das pessoas. É a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às suas necessidades de sobrevivência, ou seja, repouso, alimentação, entre outros. Todas as crianças brincam se não estão cansadas, doentes ou impedidas. Brincar é envolvente, interessante e informativo, envolvente pois coloca a criança em um contexto de interação em que suas atividades físicas e fantasiosas, bem como os objetivos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um mesmo contínuo topológico. Interessante porque canaliza, orienta, organiza as energias da criança, dando-lhes forma de atividade ou ocupação. Informativo porque, nesse contexto, ela pode aprender sobre as características dos objetos, os conteúdos pensados ou imaginados. O brincar é agradável por si mesmo, aqui e agora. Na perspectiva da criança, brinca-se pelo prazer de brincar, e não porque suas consequências sejam eventualmente positivas ou preparadoras de alguma outra coisa. No brincar, objetivos, meios e resultados tornam-se indissociáveis e enredam a criança em uma atividade gostosa por si mesma, pelo que proporciona no momento de sua realização.
O brincar é uma das atividades mais naturais e fundamentais da infância. Desde os primeiros meses de vida, as crianças são atraídas por brinquedos, sons e movimentos que estimulam sua curiosidade e criatividade. Essa interação lúdica não é apenas uma forma de entretenimento; é uma maneira essencial de aprender sobre o mundo ao seu redor. O brincar é uma parte intrínseca da infância que desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral da criança. Ele proporciona um ambiente rico em aprendizado, onde as habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas podem florescer. Portanto, incentivar o brincar livre e criativo deve ser uma prioridade para pais, educadores e toda a sociedade. Ao valorizar essa atividade essencial, se está investindo no futuro das crianças, um futuro onde elas se tornam adultos mais criativos, empáticos e preparados para enfrentar os desafios da vida.
Zatz e seus colaboradores (2006, p.15) apresentam que alguns filósofos garantem que brincar é a base da cultura de um povo. Brincadeiras tradicionais vêm sendo transmitidas de uma geração à outra, de um país para outro, há centenas, milhares de anos. É comum as pessoas não se darem conta da grandeza e riqueza que existe nesta transmissão. Não é simplesmente a mecânica de determinado jogo, uma parlenda ou rima infantil que está sendo ensinada, por trás dessa maneira, uma concepção de mundo se manifesta. Distintas realidades e contextos sociais e culturais se expressam através das brincadeiras que as crianças realizam. Talvez seja possível mesmo conhecer e compreender diversas coisas sobre uma comunidade simplesmente vendo as brincadeiras das crianças da comunidade em questão.
As brincadeiras tradicionais são aquelas que atravessam gerações, muitas vezes passadas de pais para filhos, e que refletem a cultura e os costumes de um povo. Essas atividades lúdicas não apenas proporcionam diversão, mas também desempenham um papel fundamental no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. Vamos explorar alguns dos valores que essas brincadeiras trazem. As brincadeiras tradicionais são um elo entre as gerações e ajudam a preservar a cultura de um povo. Elas costumam ter raízes profundas em histórias, mitos e tradições locais. Ao participar dessas brincadeiras, as crianças aprendem sobre sua herança cultural, promovendo um senso de identidade e pertencimento.
Pensando no valor do brincar para a aprendizagem da criança unida as características sociais da mesma, compreende-se que uma das maneiras de utilizar essa ferramenta, o brincar como caminho ao alcance de objetivos educacionais, encontra-se nas brincadeiras e brinquedos tradicionais. Uma boneca, por exemplo, geralmente comprada pelos pais pode ser construída e utilizada nos momentos de brincadeira pelas crianças. A aula de artes plásticas pode ser mais divertida, com a proposta de construção de um brinquedo, pois desafia diversas habilidades da criança e possibilita a construção de um trabalho interdisciplinar como sugerem os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (RCNEI) 1998 (PESSOA, 2022, p.72).
Muitas brincadeiras tradicionais envolvem movimento físico intenso, o que é ótimo para o desenvolvimento motor das crianças. Atividades como correr, pular ou dançar ajudam a melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a força física. Além disso, promovem um estilo de vida ativo desde cedo, contribuindo para a saúde física.As brincadeiras tradicionais muitas vezes permitem uma grande liberdade criativa. Por exemplo, em jogos como “faz de conta”, as crianças podem criar seus próprios cenários e personagens, estimulando a imaginação e a capacidade de inventar histórias. Essa criatividade é fundamental não apenas para o entretenimento, mas também para o desenvolvimento do pensamento crítico.
Ao professor é possível desempenhar um relevante papel na utilização dos jogos e brincadeiras, entretanto, para isso ele necessita discernir quando deve intervir ou somente observar, integrar-se como participante, dar informações ou discutir de maneira crítica, selecionar quantidade e variedades de materiais, possibilitando o acesso a todos. É fundamental que o professor conheça as contribuições das atividades lúdicas para a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos para realizar tais atividades de maneira consciente e eficaz em sua prática na sala de aula (BESERRA; BESERRA, 2021, p.11).
O brinquedo, o jogo e a infância estão muito ligados, sendo que desde os primeiros anos de vida se é orientado a brincar com jogos e objetos, seja para aprender ou simplesmente para distrair, mas tais palavras fazem parte e sentido do universo infantil (BESERRA; BESERRA, 2021, p.05). O brincar é caracterizado como um ato de diversão, apresentando enorme dimensão simbólica e a existência de regras simples, sendo fundamental, em potencial, para o desenvolvimento integral das crianças a partir do seu nascimento. A criança através do brincar assimila valores, assume comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras (SILVA; PINES JUNIOR, 2017, p.26).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jogos e brincadeiras são elementos essenciais na educação infantil, proporcionando um ambiente rico em aprendizado e desenvolvimento. Através dessas atividades lúdicas, as crianças não apenas se divertem, mas também adquirem habilidades e conhecimentos que serão fundamentais ao longo de suas vidas.
Os jogos estimulam o raciocínio lógico, a memória e a capacidade de resolução de problemas. Atividades como quebra-cabeças, jogos de tabuleiro e brincadeiras que envolvem números ajudam as crianças a desenvolver habilidades matemáticas e cognitivas de forma divertida. Elas aprendem a pensar criticamente, a planejar estratégias e a tomar decisões.
Através do brincar em grupo, as crianças aprendem a interagir com seus pares. Elas praticam habilidades sociais essenciais, como compartilhar, cooperar, negociar e resolver conflitos. Essas interações ajudam a criar laços de amizade e a desenvolver empatia, preparando-as para uma convivência harmoniosa em sociedade.
Os jogos oferecem um espaço seguro para que as crianças expressem suas emoções. Durante as brincadeiras, elas podem explorar sentimentos como alegria, tristeza, medo ou raiva de maneira lúdica. Essa expressão é fundamental para o desenvolvimento emocional saudável, permitindo que elas compreendam e gerenciem suas emoções.
Brincadeiras ativas, como correr, pular ou jogar bola, são essenciais para o desenvolvimento motor das crianças. Elas ajudam a melhorar a coordenação motora grossa e fina, além de promover hábitos saudáveis desde cedo. O movimento também contribui para o bem-estar físico e mental das crianças.
Os jogos criativos permitem que as crianças explorem sua imaginação e inventem novos mundos. Ao participar de atividades como dramatizações ou jogos simbólicos, elas exercitam sua capacidade criativa, uma habilidade vital não apenas na infância, mas também na vida adulta. A criatividade é fundamental para a inovação e resolução de problemas.
Os jogos tornam o aprendizado mais significativo ao conectar conceitos acadêmicos com experiências práticas. Por exemplo, ao brincar de mercado, as crianças podem aprender sobre matemática (contagem de dinheiro), ciências (tipos de alimentos) e até mesmo ética (a importância de compartilhar). Essa abordagem prática torna o conhecimento mais palpável e duradouro.
Tanto os jogos quanto as brincadeiras têm seu lugar importante no desenvolvimento infantil, cada um com suas características únicas que contribuem para o aprendizado e crescimento das crianças. Enquanto os jogos oferecem estrutura e objetivos claros, as brincadeiras promovem liberdade criativa e interações sociais ricas. Incorporar ambos na rotina das crianças é essencial para garantir um desenvolvimento integral que abrange habilidades cognitivas, emocionais e sociais.
A inclusão de jogos e brincadeiras na educação infantil é fundamental para promover um desenvolvimento integral nas crianças. Essas atividades lúdicas não apenas proporcionam diversão, mas também são ferramentas poderosas para estimular habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas. Ao valorizar o brincar como parte do processo educativo, educadores e pais estão contribuindo para formar indivíduos mais criativos, empáticos e preparados para enfrentar os desafios da vida em sociedade. Os jogos e brincadeiras desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento infantil e possuem características distintas que os tornam únicos.
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