O desenvolvimento psicomotor na primeira infância
Mábia Gonçalves Ferreira
Sirlene de Paula Carneiro
Liciana Menezes da Silva
Luciene da Silva Veras
Fabiana Pereira
RESUMO
O presente estudo bibliográfico destaca a importância da psicomotricidade na primeira infância, com objetivo de descrever e identificar elementos básicos do desenvolvimento psicomotor. A psicomotricidade está presente em todas as etapas da vida, porém, para que possa ser compreendida de forma mais específica nesta pesquisa, optamos por destacar o período da infância, uma vez que é nesta época em que as funções psicomotoras começam a se desenvolver. A escola e o educador têm função indispensável neste processo, pois as experiências com o meio em que a criança se encontra evoluí suas habilidades motoras e expande aos poucos sua capacidade de adaptação. O tema abordado justifica-se pela sua relevância na área da educação, pois se faz muito presente no cotidiano dos profissionais da educação.
Palavras-chave: Psicomotricidade. Desenvolvimento. Educação. Escola.
Introdução
O ser humano possui uma complexidade única que engloba áreas integradas: afetiva, cognitiva e física, neste contexto está a linguagem, que é a primeira forma de comunicação esperada na escola, e que quando ela não for desenvolvida corretamente, pode afetar o processo de aprendizagem e a psicomotricidade, que compreende o desenvolvimento do corpo e suas transformações.
Existem margens de normalidades que são esperadas a cada fase do desenvolvimento psicomotor das crianças, claro que, podem ocorrer variações de criança para criança, mas, há um tempo máximo para cada situação ocorrer, então, se os pais perceberem dificuldades contínuas que não amadurecem ou melhoram, precisam buscar ajuda e conversar imediatamente com o pediatra, pois são sinais a serem investigados.
Este estudo tem como objetivo explorar os conceitos de psicomotricidade e sua relação direta com a inteligência, analisando a interação entre ação motora, cognição e movimento, destacando a importância do aspecto sensório-motor no desenvolvimento.
Serão citadas neste trabalho algumas estruturas psicomotoras básicas como: organização espacial e temporal, esquema corporal e lateralidade.
O tema abordado despertou muito interesse na hora da escolha, pois é de grande relevância na área da educação e se faz, muito presente no cotidiano dos profissionais da educação. A temática tem sua área de concentração voltada para metodologias de ensino, pois o estudo mostrará qual é a importância do professor nesse processo de ensino aprendizagem e como o seu conhecimento sobre a psicomotricidade, desenvolvimento motor, cognição e aspectos sensoriais pode detectar as dificuldades dos alunos para propor atividades que os estimulem a desenvolver habilidades motoras.
Essa pesquisa é de caráter qualitativo e cita autores como Sheperd (1996), Mendes (2001) e (MEUR, 1991) que corroboram com o tema.
Fundamentação Teórica
Conceitos Básicos de Psicomotricidade
A psicomotricidade é uma ciência que estuda a relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, sendo possível desta forma, perceber a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade, o que facilita a abordagem global do desenvolvimento a criança, principalmente na primeira infância.
Em seus estudos Sheperd (1996), afirma que a aquisição do controle motor e das habilidades motoras é decorrente de várias transformações que ocorrem progressivamente no sistema nervoso, caracterizado pelas alterações nas sinapses que dependem do uso e da manipulação, consequentemente, a criança não irá conseguir adquirir certas habilidades antes do respectivo desenvolvimento neural, mas a prática e a interação com o meio exercem influência sobre o desenvolvimento.
Didaticamente, o desenvolvimento é descrito de acordo com alguns domínios de funções que são o desenvolvimento sensorial, as habilidades motoras grossas, que se referem à utilização dos grandes músculos do corpo, as habilidades motoras finas, relacionadas ao uso dos pequenos músculos das mãos, a linguagem, o desenvolvimento social e emocional e a cognição, que se refere, principalmente, aos processos mentais superiores, como o pensamento, memória e aprendizado.
Mendes (2001, p. 34) afirma que: “para se conhecer a psicomotricidade, deve-se saber sobre as condutas funcionais que se referem àquelas cujas ações, qualidade e mensuração possíveis serem percebidas e que são possíveis de conjuntamente formam a integralização motora".
A autora apresenta conceitos psicomotores essenciais como: o esquema corporal, que é um componente básico para a formação da personalidade do indivíduo, pois representa o equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade; a lateralidade que se segmenta pela predominância motriz que controla os lados diretos e esquerdos com relação a uma aceleração de algum dos hemisférios cerebrais; a organização espacial, que está ligada diretamente com a memória e se configura pelo espaço ocupado pelo corpo, desenvolvendo assim, os movimentos do corpo; e a estruturação temporal e percepções que se caracteriza pela capacidade de notar as sucessões dos acontecimentos do cotidiano como também a renovação de períodos como os dias, horas, meses e está estreitamente aliada à noção de espaço. (MEUR, 1991), Le Boulch (2001).
O desenvolvimento Psicomotor
A maturação neurológica e a construção de habilidades relacionadas ao comportamento e as esferas cognitiva, afetiva e social começam a se desenvolver ainda na vida uterina.
Existe uma receptibilidade maior aos estímulos vindos do ambiente na primeira infância, que compreende a idade entre zero e cinco anos, as crianças, nesta fase, desenvolve habilidades motoras muito rapidamente.
Neste período, principalmente no primeiro ano de vida, os primeiros marcos motores aparecem com o controle de cabeça, o rolar, o arrastar e mais tarde o sentar, o engatinhar e o andar no final do primeiro ano.
Percebe-se, portanto, que as aquisições motoras não acontecem aos saltos, são conquistas depois de muitas tentativas e erros e são motivadas pela necessidade de exploração e interação com o meio sociocultural da criança.
Na concepção comportamentalista, cujo maior representante é Skinner (1904 1980), o desenvolvimento é visto como um produto direto do meio. A criança é percebida como um ser passivo que responde aos estímulos externos. Nesse contexto, os conceitos de desenvolvimento e aprendizagem se confundem e são produto do condicionamento externo (GALLAHUE, 2003, p. 73).
No início, a aprendizagem é muito global, isto é, o bebê aprende de forma simultânea a deslocar-se, a prestar atenção ao que lhe dizem, a estabelecer um vínculo com a figura de afeição etc. À medida que o bebê vai crescendo, podemos estimulá-lo de forma mais precisa. Podemos estimular apenas a sua motricidade, a linguagem ou a percepção, e assim sucessivamente com todas as capacidades.
Conforme Piaget (1993, p. 39) “A criança se desenvolve de maneira contínua desde os primeiros dias de vida. E é adaptando-se as coisas que o pensamento se organiza a si próprio e é organizando-se a si próprio que ele estrutura as coisas.”
É fundamental que os pais lhe proporcionem um ambiente acolhedor e estimulante. Vocês têm um papel fundamental na estimulação dos vossos filhos, na transmissão do entusiasmo por explorar o mundo que nos rodeia, o que, sem dúvida, é promover a possibilidade.
A Psicomotricidade na escola
A Constituição Brasileira de 1988 garante o direito da criança à educação, ofertada em creche e pré-escola até os 6 anos de idade, assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual, e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Segundo Oliveira (1997, p.36) Lapierre e Le Boulch afirmam que “a educação psicomotora deve ser uma formação de base indispensável a toda criança”. Le Boulch (1992, p.24) adiciona que “ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares [...] deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas.”
Desta forma, a psicomotricidade é também um campo de domínio da educação e os professores devem se apropriar desses conhecimentos, devendo ocorrer com práticas próprias e regular, assim como acontece nas demais práticas envolvendo a arte, a música, contação de histórias etc., empregando recursos psicomotores, para estimular o desenvolvimento da criança.
Meur (1991) destaca em seus estudos que o estímulo de exercícios psicomotores em crianças a partir de 4 anos pode envolver conceitos de ordem e sucessão, utilizando termos como antes, depois, ontem, hoje, além de perceber a duração do tempo, reconhecendo o tempo curto ou longo, a renovação cíclica dos períodos, e associando materiais aos momentos do dia, como manhã e noite, bem como aos ritmos. Também pode incluir atividades como marchar ao som de um tamborim e inventar ritmos.
O professor e a escola possuem papel fundamental que influencia diretamente no desenvolvimento das crianças, principalmente nos anos iniciais. A utilização de jogos recreativos e lúdicos também é uma prática que promove a aprendizagem de aspectos motores, cognitivos, sociais e afetivos da criança, devendo ser trabalhada sempre de forma agradável e motivadora.
Além do mais, as aulas de educação física na escola, se tornam indispensáveis, pois o movimento é um elemento de suma importância na construção do desenvolvimento da criança. O professor deve evitar movimentos repetitivos de forma mecânica e proporcionar atividades que trabalhem com o corpo e a mente.
Metodologia
Método de pesquisa
A metodologia deste projeto de pesquisa apresentado à disciplina de Projeto de Ensino em Educação foi construída através de revisões bibliográficas obtidas em livros, revistas, artigos e sites na internet, de autores como Piaget, Le Boulch, Meur, Sheperd, entre outros que corroboram muito bem sobre o tema.
Tipo de pesquisa
Para a realização desta pesquisa optou-se por uma pesquisa de caráter bibliográfico, sendo esta, uma pesquisa explanatória, que tem como objetivo, se familiarizar com o problema, o tornando mais explícito para construir hipóteses. Pretende-se buscar aprimoramento de ideias ou a descoberta através do levantamento bibliográfico, buscando desta forma, orientações que nortearão toda a escrita do trabalho.
Técnicas de coletas e análise de dados
A técnica utilizada para esta pesquisa bibliográfica é a análise e o levantamento de dados em fontes impressas e eletrônicas, de forma que saliente a importância das interpretações dos eventos através de autores que dominam o assunto.
Resultados e discussão
Através desta pesquisa, entendemos que a criança se estrutura e ganha autonomia cognitiva, afetiva e motora na primeira infância. Tornou-se evidente a importância de respeitar e explorar as fases e estágios de desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e psicomotor de acordo com suas fases e estágios cronológicos.
Detona-se que o desenvolvimento motor é estabelecido como maturidade de habilidades e padrões de movimentos que ocorrem ao longo de nossas vidas. As experiências com o meio em que a criança está evoluí suas habilidades motoras e vai conquistando aos poucos e expandindo sua capacidade de adaptação, sendo assim, a escola tem função indispensável nesse processo, e deve fornecer um bom espaço físico, materiais didáticos lúdicos e aulas de educação física, que auxiliarão no desenvolvimento mental, corporal e emocional.
Conclusão
Este trabalho contribuiu de forma efetiva para a nossa formação na área da educação e fica cada vez mais claro que os professores e educares infantil devem lembrar sempre de oferecer brincadeiras desenvolvendo um ambiente de aceitação, integração e liberdade, cativando a imaginação das crianças. Cabe a estes também, se profissionalizar, buscar cursos e estar em constante aprendizado para que se desenvolva metodologias de ensino eficientes em sala de aula.
Desta forma, os educadores, em especial os professores de educação física, tem um papel fundamental no desenvolvimento psicomotor das crianças, no qual assumem a responsabilidade de orientar o aluno de forma correta, conciliando a brincadeira e o aprendizado para explorar os vários aspectos apresentados nesta pesquisa, sem cobrá-los de forma repetitiva ou monótona.
Referências
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