A inclusão das crianças com deficiência no ensino regular
Carolina Samanda Rodrigues
Rosimere Maria Quirino
Jaqueline Caminski
RESUMO
Este presente trabalho monográfico tem como tema a inclusão das crianças com deficiência no ensino regular. Esse presente trabalho tem como objetivo geral entender qual o papel da escola no processo de inclusão de alunos com deficiência em classes regulares de ensino, focalizando o processo de inclusão como garantia de acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino. Como objetivos específicos apresentam: analisar o processo de inclusão dos alunos especiais no ensino regular; observar se a escola possui condições físicas que atendem as necessidades dos alunos deficientes; identificar se os docentes da instituição possuem formação qualificada para trabalhar com alunos especiais; conhecer qual a ligação da escola com os pais dos alunos especiais. Justifica-se o presente estudo por entender que a escolarização de alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais ainda é um desafio. Mais desde que as crianças excluídas do ensino regular, que apenas poderiam frequentar instituições próprias para deficientes agora têm esse direito garantido por lei, ouve a necessidade na mudança dos parâmetros e currículo da escola. Faz-se necessário que a inclusão se estabeleça nas escolas para se valerem às leis, a escola pode se constituir em um espaço de conhecimento capaz de criar alternativas para a garantia de uma proposta de aprendizagem para todos os alunos.
Palavras chaves; Inclusão. Deficiência. Escola. Alunos e Ensino Regular.
ABSTRACT
This gift monographic work is subject to inclusion of children with disabilities in mainstream education. This present work has as main objective to understand the role of the school in the process of inclusion of students with disabilities in regular classes of education, focusing on the process of inclusion and ensuring access and retention of people with special educational needs in mainstream education. Specific objectives have: analyze the process of inclusion of students with special needs in mainstream education; see if the school has physical conditions that meet the needs of disabled students; identify whether the teachers of the institution has qualified training to work with special students; know which school link with parents of special students. Justified the present study was to understand that the education of students with disabilities and special educational needs is still a challenge. More from the excluded children from mainstream education, they could attend only own institutions for the disabled now have this right guaranteed by law, hear the need in changing the parameters and school curriculum. It is necessary that the inclusion is established in schools to avail themselves to the laws, the school may constitute an area of knowledge capable of creating alternatives to guarantee a proposal to learning for all students.
Keywords; Inclusion Disability. School. Students and Regular Education.
Introdução
A escolarização de alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais ainda é um desafio. Mais desde que as crianças excluídas do ensino regular, que apenas poderiam frequentar instituições próprias para deficientes agora têm esse direito garantido por lei, ouve a necessidade na mudança dos parâmetros e currículo da escola. Diante disso crianças que apresentem déficit de aprendizagem, seja eles crônicos, graves ou leves devem estrar inseridos no ensino regular.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394, em 1996, assegurou que a criança deficiente física, sensorial e mental, pode e deve estudar em classes comuns. Dispõe em seu art. 58, que a educação escolar deve ser oferecida na rede regular de ensino e determina a existência, quando necessário, de serviços de apoio especializado. Concebe-se também recursos como classes, escolas ou serviços especializados quando não for possível a integração nas classes comuns.
O art. 59 confere a adequada organização do trabalho pedagógico que os sistemas de ensino devem assegurar a fim de atender as necessidades específicas, assim como professores preparados para o atendimento especializado ou para o ensino regular, capacitados para integrar os educandos portadores de necessidades especiais nas classes comuns.
Diante disso, tem se pensado as demandas escolares. A escola é o espaço que possibilita a construção de mudanças nas práticas pedagógicas, no currículo, no ensino e na aprendizagem dos alunos, inclusive daqueles com deficiência, dentro desse espaço é possível que o educador adicione a investigação aos seus saberes-fazeres.
Visando essa percepção diante da importância da escola no processo de inclusão, percebeu-se a necessidade de observar qual a contribuição da instituição escolar na inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular.
Mesmo existindo dentro da escola muitas tensões e desafios, ela pode se constituir em um espaço de conhecimento capaz de criar alternativas para a garantia de uma proposta de aprendizagem para todos os alunos. A instituição de ensino há que refletir em outros aspectos macro que configuram os sistemas de ensino e as condições de trabalho.
O grande problema que acerca a educação especial é a falta de aparato aos profissionais e aos alunos em si. Pouco se discute o processo de aprendizagem dos alunos especiais, e muito pouco se nota o avanço dos alunos na escola de ensino regular, há muita falta de atenção aos alunos com deficiência, o que deveria ser o contrário pois eles mais que ninguém necessitam de um olhar individualizado devido suas limitações.
Essa pesquisa tem por objetivo analisar como acontece o processo de aprendizagem dos alunos especiais dentro da instituição de ensino regular, se possui acessibilidade e infraestrutura da escola para acolher as necessidades desses alunos, se os profissionais da instituição são habilitados para trabalhar com a educação especial, e se á transparência do processo de ensino-aprendizagem dos alunos especiais diante dos pais.
Desenvolvimento
A inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular ainda é um desafio para os educadores, por se tratar de pessoas que possuem uma série de cuidados, não só no espaço físico mas sim em tentar construir um espaço onde a diferença, de qualquer natureza possa existir, mas havendo interação dos profissionais e com os outros alunos ditos “normais”.
Essa evolução pode ser nitidamente notada no modo de referir-se aos alunos especiais. Deficientes, incapacitados, difíceis, algumas vezes mal-educados, marginalizados, fracassados escolares e inadaptados eram termos utilizados como forma de referir-se a crianças que precisavam de atendimentos educacionais diferenciados. (GONZÁLES, 2007).
Falta mais clareza no que diz respeito a educação inclusiva, infelizmente algumas escolas ainda não tem condições de oferecer o acesso e a permanência de todos os alunos especiais dentro do ensino regular, deixando assim a desejar no que diz a proposta de inclusão, e desencadeando os mecanismos de seleção e discriminação.
Não é um processo simples o de incluir esses alunos nas classes regulares de ensino, os próprios pais têm baixa expectativa em relação as possibilidades de seus filhos. Os pais possuem resistência em colocar seus filhos em escola regular. Porém, não basta somente oferecer aos alunos o acesso escola. Se faz necessário garantir um ensino que seja de qualidade para todos e que atenda as reais necessidades dos educandos.
Mantoan (2008, p.31), ressalta que:
Os pais podem ser grandes aliados no processo de inclusão. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora, exigindo o melhor para seus filhos com e sem deficiência, e não se contentando com projetos e programas que continuem batendo nas mesmas teclas e/ou maquiam o que sempre existiu.
Outro fator curioso que acerca o tema é a capacitação oferecida aos docentes que trabalha com os alunos especiais. Desde a formação os professores possuem pouca bagagem na educação especial e pouca habilidade em lidar com alunos deficientes. Isso deve ser levado em consideração quanto da organização de cursos voltados para a formação de profissionais da educação, em instituições de ensino superior e nos próprios sistemas educacionais e municipais de ensino.
Diante dessa concepção Mantoan (2008) diz que os argumentos pelos quais a escola e os professores tradicionais resistem á inclusão, refletem a sua incapacidade de atuar diante da complexidade, da diversidade, da variedade, do que é real nos seres e nos grupos humanos.
A educação inclusiva é voltada aos alunos pertencentes a minorias sociais, um tema a ser tratado em todos os ambientes educacionais, e por toda a sociedade. Deve-se quebrar esses paradigmas que constatam que os alunos especiais são incapazes, e começar entender e respeitar o processo de aprendizagem deles, respeitando suas limitações, garantindo que a educação inclusiva aconteça de fato.
Abordagens da Educação Inclusiva no Brasil
A história da Educação Inclusiva é muito antiga e vem sofrendo intervenção do pensamento social a décadas. A escola não estava a alcance de todos. Os alunos que não possuíam o perfil esperado de aluno eram excluídos da escola regular, e encaminhados para a escola especial.
Diante dessa concepção, a Educação Especial surge para receber alguns destes excluídos. No início, os alunos com deficiências eram atendidos em um ambiente próprio para cada tipo de deficiência, não existia Escola para Todos.
O ensino deve ser ofertado a todos, porém as escolas não aceitavam alunos com deficiência no ensino regular. Diante dessas e outras concepções discriminatórias e segregada o governo brasileiro traçou algumas metas e planos para conseguir uma educação inclusiva.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC) no Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência começou na época do Império. Nesse período duas instituições foram criadas: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro.
No século XX é fundado o Instituto Pestalozzi em 1926, instituição de atendimento para pessoas com deficiência mental. Assim em 1954 foi criada a primeira Associação de Pais e Amigos Excepcionais- APAE, e em 1945 foi criado o atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, dentre outros.
No ano de 1994 foi onde a inclusão escolar, no Brasil foi impactado por esta nova concepção educacional, haja vista, que a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais (UNESCO, 1994) trouxe a ideia de que as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam ser incluídas em escolas de ensino regular, rompendo com um paradigma relacionado à educação dessas crianças especificamente nas escolas especiais.
Partindo deste pressuposto, Glat (2007) afirma que “historicamente a Educação Especial assumiu a configuração de um sistema paralelo e segregador de ensino centrado no atendimento especializado a indivíduos deficientes regulados por uma visão predominantemente clínica, noutras palavras, assistencialismo fundamentado no modelo médico” (p. 19).
As transformações no cenário educacional no Brasil, contribuíram para algumas modificações na formulação dos projetos escolares com o objetivo de romper com a noção de um sistema educacional discriminatório. Isso contribuiu para a redefinição da concepção da educação especial e o papel do professor frente a diversidade em sala de aula e o seu papel do educador frente as diversidades na sala de aula e o fazer pedagógico na perspectiva inclusiva.
Sendo assim a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº. 9394 de 1996, em seu capítulo V, define a educação especial e estabelece as condições de seu oferecimento:
Art. 58º - Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei no 12.796, de 2013).
- 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
- 2º - O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível sua integração nas classes comuns de ensino regular.
- 3º - A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59º- Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei no 12.796, de 2013):
I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II – Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para integração desses educandos nas classes comuns;
IV - Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V – Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996, p.21-22).
Nesse período, outro avanço significativo, foi à promulgação da Lei Nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 no que se refere ao campo da educação, a referida lei estabeleceu em seu parágrafo único que:
Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos desta Lei, tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
I - Na área da educação:
- a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissional, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;
- b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas
especiais, privadas e públicas;
- c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino;
- d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
- e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
- f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino (BRASIL, 1989, p.1-2).
Em seguida, em 1990, com a publicação da Lei Nº 8.069 que estabeleceu o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA ficou clara a responsabilidade dos pais ou responsáveis quanto à efetivação da matrícula dos filhos com necessidades educacionais especiais na rede regular e, ainda se reafirmou a necessidade do Estado quanto à garantia de matrícula a estes alunos.
No Brasil quando foi publicada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 e atribuiu-se às redes de ensino o dever de assegurar currículo, métodos, recursos e organização para atendimento às necessidades dos alunos.
A referida lei trouxe, pela primeira vez na história da educação brasileira, um artigo específico sobre a educação especial, o que contribuiu para a inclusão escolar no Brasil ao reconhecer o direito à diferença, ao pluralismo e à tolerância. Na visão de Schineider (2003):
[...] a escola inclusiva é aquela que acomoda todos os alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras, sendo o principal desafio desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, capaz de educar e incluir além dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, aqueles que possuem dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo de anos escolares as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as quem vivem em extrema pobreza, as que são vítimas de abusos, as que estão fora da escolas, as que apresentam altas habilidades/superdotação, pois, a inclusão não aplica-se apenas aos alunos que apresentam alguma deficiência (SCHNEIDER, 2003, s/p).
No Brasil já evolui a recusa de matrícula dos alunos que apresentam alguma necessidade educacional no espaço regular de ensino, o que implica não deixar que nenhum aluno seja excluído do processo de ensino.
A entrada da criança deficiente na Escola Regular
A escola inclusiva é aquela onde ela onde ela ofereça ao aluno deficiente o seu desenvolvimento, seu potencial, intelectual e interagir com outras crianças.
A família desempenha um papel importante no processo de adaptação da criança à escola, os pais devem manter um diálogo com a professora e com a equipe escolar, orientando sobre como tratar a criança, seus limites e potencialidades.
Diante disso, o MEC (1999, p.68) diz que “Beneficiam-se de um meio familiar e social estimulante e afetivamente receptivo, que servem de suporte a seu pleno desenvolvimento e aprendizagem”, o que prova o quanto a família tem papel significativo no desenvolvimento das crianças deficientes.
A escola deve atender qualquer aluno mesmo que ele não seja o perfil esperado de aluno, e a proposta de inclusão tende a atender tanto crianças deficientes, quanto também aquelas excluídas ou discriminadas.
É preciso que as instituições escolares entendam que o conhecimento acontece de fato na capacidade de respeitar a si mesmo e os outros, e a partir desse pressuposto, criar vínculos com todos os seres e o meio em que se vive para que se tenha um conhecimento significativo.
A origem do conhecer é, certamente, o desejo de estabelecer e fortalecer esses vínculos que contextualizam, humanizam,criam laços entre o objeto e o sujeito do conhecimento. Os laços afetivos fazem o conhecimento expandir-se, extrapolar o seu lado meramente cognitivo e penetrar em regiões mais fundas e significativas – as emoções, as sensações que surgem do aprender “com os outros de fazer a quatro mãos”. (MANTOAN, 2001, p. 10)
O ensino é um direito garantido á todos, e todos os alunos que venham a ser incluídos com igualdade e respeito. A inclusão refere-se independente de seu talento, deficiência, condições econômicas, origem cultural em escolas e salas de aula, onde as necessidades dos alunos devem ser igualitárias.
São possíveis algumas adaptações conforme dizem Sassaki (1997, p. 126):
Alunos com deficiência visual - Sentar-se na frente da sala; - Escrever na lousa em letras grandes; - Repetir conceitos para o estudante gravar e ouvir em casa. Alunos com deficiência mental - Contar histórias para ensinar conceitos abstratos; - Usar o sistema de companheirismo. Alunos com deficiência auditiva - Usar recursos visuais; - Professor deve falar claramente; - Saber usar a língua de sinais, aprender os sinais e estimular outros estudantes a aprendê-los também.
Para que se construa uma educação inclusiva é possível, apesar de não ser fácil adquirir mudanças no modo de pensar e agir que se fazem necessárias para criar um ambiente adequado ás diferenças de todos.
Na visão de Werneck (1999, p.56): “Evoluir é perceber que incluir não é tratar igual, pois, as pessoas são diferentes! Alunos diferentes terão oportunidades diferentes, para que o ensino alcance os mesmos objetivos. Incluir é abandonar estereótipos”.
Não basta apenas o acesso a escola, inclusão requer a permanência do aluno e o sucesso na aprendizagem. Apenas o acesso não seria o suficiente. Uma educação inclusiva deve ser gradativa, contínua e planejada; na perspectiva de oferecer aos portadores de necessidades especiais uma educação de qualidade e sucesso na aprendizagem.
O papel da escola e do professor na Educação Inclusiva
A escola é um espaço sociocultural onde as diferenças existentes são várias e saber lidar com essa diversidade de grupos sempre é um desafio. Sendo assim, a escola ficou com a imagem de escolarização como privilégio de alguns, admitindo um processo de exclusão que através de suas políticas e práticas educacionais permitiam esse olhar sobre ela.
Sabendo que a escola é um espaço de diversidade, tem se a necessidade de redefinir e defender a escolarização como princípio inclusivo, reconhecendo assim o direito de todos alcançá-la.
O movimento de inclusão trás propiciar uma educação para todos, sendo esse um direito constitucional e amparado pela lei. No entanto, que na realidade do processo inclusivo ainda é diferente do que se discorre na legislação e requer ainda muitos questionamentos acerca ao tema, e a realidade educacional ao que se refere a inclusão dos alunos que apresentam alguma deficiência não se efetivou da forma deseja, ou imposta pela lei. A proposta da atual educação do ensino regular ainda não oferece nem garante condições adequadas para ser considerada inclusiva. Existem ainda uma maior competência quanto a formação docente, projetos educacionais mais elaborados, infraestrutura com uma maior gama de acessibilidade e recursos educacionais capazes de garantir uma melhor aprendizagem e interesse ao aluno.
Diante disso, o MEC, Ministério da Educação (1999, p.73) diz que “Cada criança necessita de uma programação educacional personalizado, de acordo com suas potencialidades e necessidades identificadas.”
Diferentemente da educação tradicional, a escola inclusiva é aquela onde ela se adapta as necessidades especificas de cada aluno, garantindo assim além da sua permanência, o seu máximo de desenvolvimento.
No olhar de Mantoan (2004), a Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais é um movimento que tem sido muito polemizado por diferentes segmentos, mas essa inserção nada mais é do que garantir o direito constitucional que todos os independentes de suas necessidades, têm a uma educação de qualidade, e que a Inclusão vai depender da capacidade de lidarmos com a diversidade e as diferenças.
A inclusão no ensino regular requer uma grande reforma no sistema educacional. Isso implica na adequação do currículo, restruturação das formas de ensino e estrutura física que atendam a movimentação de todas as pessoas. É preciso que a inclusão ocorra, deve-se garantir não só o desenvolvimento da aprendizagem, e sim o desenvolvimento integral do indivíduo.
Segundo o MEC, Ministério da Educação (1999, p.61) “Vários tipos de apoio podem ser propiciados às pessoas com deficiência múltipla: tecnológico, material, espiritual, psicológico, moral, técnico, entre outros”, a escola deve estar atenta a vários fatores pois na educação especial é preciso que trabalhe vários quesitos.
O desafio que os professores enfrentam é devido uma parte significativa ainda não está preparada para esse ensino diversificado, mas a realidade que se enfrenta hoje é que esses alunos com deficiências estão inseridos na escola de ensino regular.
Nesse sentido Maria Teresa Mantoan (1997, p.65) diz que “Os professores do ensino regular não têm sido preparados para a tarefa de lidar com esse tipo de criança, e sem este preparo, por melhor que seja o método utilizado pelo professor, as chances de sucesso serão muito limitadas.”
Diante disso cabe a cada um encarar esse desafio de maneira que venha contribuir para o espaço escolar, e que possam propiciar o início de uma inclusão escolar possível. As condições de trabalho, a formação profissional, o número de alunos elevado por turma, qualidade da estrutura física inadequada, o desespero para ensinar fatores este que para que a inclusão se concretize não basta a garantia apenas na legislação, mas demanda modificações profundas e importantes no sistema de ensino.
No entanto no que diz Maria Teresa Mantoan (1997, p.109) “A falta deste recurso concorre para a frustação do aluno e sem dúvida para a marginalização e retirada do mesmo da escola regular.”
Sendo assim o desafio posto para a instituição escolar, é saber lidar com o que já está funcionando, e buscar alternativas e métodos que forneça um novo modo de pensar nos parâmetros escolares. Essa nova perspectiva de educação inclusiva favorece tanto aos alunos deficientes inclusos, quanto aos demais alunos que passam a adquirir atitudes de solidariedade, respeito e compreensão em saber lidar com as diferenças.
Partindo dessa percepção produzir praticas capazes de trabalhar com a ideia de atuação do sujeito na realidade, aprendendo a multissignificação das palavras, é o desafio posto na integração da pessoa com deficiência no espaço escolar, rompendo barreiras de discriminação e preconceito. ( SILVA, Shirley; VIZIM, Marli, 2001,p.170)
No que cabe a prática pedagógica no intuito de favorecer a aprendizagem de todos os alunos envolvidos no processo para garantir a inclusão e a permanência do aluno com necessidades educacionais especiais no ensino regular, se faz necessário boas condições físicas, materiais e ambientes na sala de aula, permitir e favorecer a participação do aluno em toda e qualquer atividade escolar, colaborar na eliminação de sentimentos de inferioridade, menos valia ou fracasso.
Conforme diz o MEC as adaptações curriculares são:
Respostas educativas que devem ser dadas pelo sistema educacional, de forma a favorecer a todos os alunos e dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais: a) de acesso ao currículo; b) de participação integral, efetiva e bem-sucedida em uma programação escolar tão comum quanto possível; (BRASIL, 2000, p. 7)
Essas ações e adaptações são assim configuradas, pois, não exigem autorização de instâncias superiores e podem ser implementadas através do trabalho docente e comunidade escolar.
É necessário ainda antes de iniciar com alunos deficientes no ensino regular qualquer trabalho, que tenha um preparo aos demais aluno, conscientizando da importância do respeito às diferenças.
Conclusão
A inclusão é um caminho de luta das pessoas com deficiências na busca dos seus direitos e lugar na sociedade. O modelo da inclusão vem ao longo dos anos procurando a não exclusão escolar e sugerindo ações que assegurem o acesso e permanência do aluno com deficiência no ensino regular. É preciso fazer algo para que a inclusão realmente aconteça. É preciso identificar o problema, fornecer soluções, e o mais importante é o comprometimento dos educadores em fazer a diferença e realmente fazer a inclusão, utilizando de recursos físicos e os meios materiais para a concretização de um processo escolar de qualidade. Deve-se dar prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação na escola, determinando mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se processar a aprendizagem.
Portanto conclui-se que o processo de inclusão acontece a partir da condição que se dá ao aluno e à turma onde está incluso, a partir de condições de estrutura física, suportes de serviços psicopedagógicos, serviços técnico-pedagógicos e administrativos, programações comemorativas, culturais, desportivas etc., que interagem e dão sustentação ao processo que se desencadeia na sala de aula e tem como atores os alunos e professor. Essas ações são motivais para a construção de uma educação que atenda às necessidades, às possibilidades e ao empenho conjunto da população escolar. Para isso, entretanto, necessita-se de profissionais da educação responsáveis e competentes não só do ponto de vista pedagógico, mas também profissionais que não sejam desvinculados dos regulamentos político-sociais.
Um ambiente amoroso e estimulante, interferência precoce e esforços unificados de educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento desta criança. Afinal, as diferenças não podem ser obstáculos nas relações sociais e sim saber respeitá-las. Mas também, não pode-se deixar de reconhecer a sua existência.
Entende-se assim que a escola inclusiva é benéfica não somente para aquelas crianças que têm necessidades educacionais especiais, mas, sim para todas as crianças. Visto que na medida em que a escola proporciona a todos seus alunos à oportunidade de conviver com a diversidade e com as diferenças, está preparando os alunos para a vida em sociedade.
A pesquisa realizada sobre “A inclusão das crianças com deficiência no ensino regular” foi uma experiência enriquecedora e respaldada nos instrumentos de observação e entrevista. Entretanto, ficou evidente que essa escola precisa melhorar em algumas questões cruciais, que são os serviços de apoio de acordo com as necessidades de cada estudante, ou seja, de orientações e suporte das associações de assistência de médicos, fonoaudiólogos, professor de libras, enfim, profissionais de apoio, capacitação docente.
Enfim, na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte a escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inserção desse aluno especial. E para isso acontecer é preciso despertar a consciência e a dedicação de todos os envolvidos nessa questão, sem preconceitos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais para que a escola se torne aberta ás diferenças e competente para trabalhar com todos os educando.
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