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Os principais desafios do aluno com baixa visão em sala de aula

Jossivania Costa Silva

Marilene de Souza Silveira Carvalho

Marta Szolomicki

Veridiana de Araújo Sobrinho

Maura Sirlene Morilha Leão

 

DOI: .10.5281/zenodo.11661101

 

 

RESUMO

Este artigo aborda os principais desafios encontrados pelos alunos com baixa visão em sala de aula. A escola precisa buscar alternativas que garantam o acesso e a permanência de todos os seus alunos, construindo uma comunidade inclusiva que se preocupa com as crianças com necessidades educacionais especiais. O objetivo geral foi analisar os principais desafios do aluno com baixa visão em sala de aula. Este trabalho justifica-se como uma oportunidade de contribuir com as exigências da nossa atualidade, que busca uma realidade mais justa, principalmente no meio escolar e social. Optou-se pela pesquisa bibliográfica, com base em artigos e monografias publicadas na internet. Conclui-se que a escola precisa buscar alternativas que garantam o acesso e a permanência de todos os seus alunos, construindo uma comunidade inclusiva que se preocupa com as crianças com necessidades educacionais especiais.

 

Palavras-chave: Inclusão. Baixa visão. Escola.

 

 

Introdução

 

O direito à educação é um direito constitucional e se aplica a todos os cidadãos do país, independente de suas deficiências. É preciso considerar que cada aluno apresenta suas características próprias e por isso são únicos e especiais. Lidar com estas diferenças é o maior desafio da escola, visto que ela precisa desenvolver um processo de ensino e aprendizagem que inclua todos os indivíduos, independente da sua dificuldade.

A visão de uma escola homogeneizada, com alunos padronizados que aprendiam uniformemente por muito tempo foi considerada o modelo ideal de ensino. Atualmente, os alunos que compõem esta escola são extremamente diferentes e possuem diversas características distintas como: dificuldade de aprendizagem, problemas de organização e concentração, ou ainda, possuem necessidades educacionais especiais (NEE). Com isso, compor uma escola com alunos, pais, funcionários, professores tão diferentes, tornou-se um grande desafio.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo analisar os principais desafios do aluno com baixa visão em sala de aula. O indivíduo com deficiência visual é alguém que tem baixa visão ou é cego. Justifica-se o interesse pelo assunto, pois os alunos com baixa visão ainda são excluídos socialmente.

Contudo, atualmente, a sociedade tem exigido das escolas e professores, novas competências que satisfaçam e acompanhem as mudanças organizacionais e curriculares que estão em constante transformação. Mas para esta educação ser de qualidade, a escola precisa não só aceitar estes alunos como também valorizar suas diferenças, resgatando os valores culturais e respeitando seu processo de ensino e aprendizagem.

Optou-se pela revisão bibliográfica, em que Cervo et. al. (2007) afirma que possibilita um amplo acesso a informações para se atingir um objetivo proposto. É usada quando se procura um domínio sobre um assunto.

 

 

Desenvolvimento

Segundo Corrêa (2010) para construir uma sociedade inclusiva é preciso se atentar a linguagem que se utiliza, pois através da linguagem é possível se expressar, ensinar e ser compreendido. Mas para se falar em inclusão é preciso conhecer os termos técnicos para não ser levado pelo preconceito associado a algumas palavras.

O termo necessidades educacionais especiais (NEE) se tornou bastante conhecido na escola, em discursos oficiais e no senso comum. Ele foi escolhido para diminuir os efeitos negativos causados por outros termos como integrado, segregado, deficiente, especial etc. Além disso, se refere às dificuldades de aprendizagem e não exatamente a deficiência.

A Política Nacional de Educação Especial (2008) define as prioridades no atendimento especializado ofertado na escola e define o aluno portador de necessidades especiais como aquele que apresenta necessidades específicas de aprendizagens curriculares e por isso necessita de recursos pedagógicos e métodos específicos.

A inclusão tem como objetivo promover a educação de qualidade para todos, isso implica em considerar os valores culturais, ritmos de aprendizagens, condições físicas e psicológicas, entre outros. Dessa forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) responsabilizou o Poder Público pela oferta de vagas para alunos com necessidades educacionais especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001) descrevem que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos com necessidades especiais e se organizar para atendê-lo. Com isso, percebe-se que as escolas têm conhecimento das leis que envolvem a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola, porém elas sustentam que faltam definições mais fundamentadas bem como suportes para atender estes alunos.

Segundo Corrêa (2010), as atuais condições de trabalho, professores despreparados, turmas lotadas, deficiências na estrutura da escola, entre outros fatores, afetam a qualidade de ensino a todos os estudantes. Portanto, não basta estar escrita na legislação, ela precisa mudar contextos socioeconômicos de maneira gradativa, planejada e contínua. A inclusão beneficia a todos, pois além de ajudar os alunos “especiais”, ela promove o respeito e compreensão das diferenças entre os alunos em geral.

Macedo (2014) afirma que é preciso considerar que a deficiência visual possui dois tipos: baixa visão que consiste no comprometimento parcial da visão onde mesmo com a tentativa de correção permanece a redução da acuidade (capacidade de visualizar os detalhes de uma imagem) ou a redução do campo visual; cegueira consiste na perda total da visão.

Segundo Romagnolli (2008) o Conselho Internacional para Educação de Pessoas com Deficiência Visual (CIEVI) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiram o que é baixa visão e a avaliação educacional e clínica, em 1992.

 

Baixa Visão:

 

comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo após tratamento e ou correção de erros refracionais comuns;

acuidade visual inferior a 0,3, até percepção de luz;

campo visual inferior a 10º do seu ponto de fixação;

capacidade potencial de utilização da visão para o planejamento e execução de tarefas.

 

[...] Desta forma, propõe-se uma avaliação clínico-funcional realizada por oftalmologista e professor especializados em baixa visão, levando em conta:

 

Avaliação Clínica, realizada pelo médico oftalmologista:

diagnóstico e prognóstico;

avaliação da acuidade visual para perto e longe;

avaliação do campo visual;

avaliação da sensibilidade aos contrastes e visão de cores;

prescrição e orientação de recursos ópticos especiais.

Avaliação Funcional, realizada pelo professor especialista:

É a observação do desempenho visual do aluno em todas as atividades diárias, desde como se orienta e locomove-se no espaço, alimenta-se, brinca, até como usa a visão para a realização de tarefas escolares ou práticas.

A Avaliação Funcional da Visão revela dados qualitativos de observação informal sobre:

o nível de desenvolvimento visual do aluno;

o uso funcional da visão residual para atividades educacionais, de vida diária, orientação e mobilidade;

a necessidade de adaptação à luz e aos contrastes;

adaptação de recursos ópticos, não-ópticos e equipamentos de tecnologia avançada.

A avaliação funcional da visão deve ser realizada por professor especialista na área de deficiência visual. (ROMAGNOLLI, 2008, p. 9

Romagnolli (2008) acrescenta que a baixa visão é a alteração da funcionalidade da visão acarretando em consequências como: redução do campo visual, dificuldade de adaptação do claro ou escuro, etc. Ela ainda pode ser nível leve, moderado ou severo, fazendo com que o indivíduo necessite, alguns casos, de lupas de apoio ou material com letras ampliadas, por exemplo.

Dentre as funções que podem ser comprometidas com a baixa visão está a acuidade visual que afeta a visão periférica, a distância que um objeto pode ser visto e os detalhes e cores.

Segundo Macedo et. al. (2014), no primeiro dia de aula, é preciso que algum funcionário apresente o ambiente físico escolar, para que ele se habitue ao espaço. Ao longo do tempo ele vai memorizando os obstáculos e as direções que deverá ir. Para isso, é importante que não sejam feitas mudanças diárias e que os objetos e obstáculos, principalmente da sala de aula permaneçam no mesmo lugar. Vale ressaltar que é melhor que o deficiente visual fique próximo a porta e a lousa, de modo que ele aprenda a distância necessária para cada lugar que desejar ir.

Para Romagnolli (2008) é preciso cuidar para não tratar as pessoas que possuem deficiência visual como cegas e nem como se eles fossem visualmente normais, ou seja, elas precisam ser incluídas na sociedade de modo que sejam respeitadas as suas limitações. Além disso, é preciso considerar que as pessoas com baixa visão não são todas iguais, pois cada uma tem a sua limitação como: dificuldade para enxergar a mais de três metros de distância, dificuldade para enxergar de perto, definir imagens, ver detalhes, dificuldade para copiar da lousa ou ler.

Dessa forma, tem pessoas que precisam aumentar o contraste, aumentar ou reduzir a iluminação, ampliar os materiais, etc. Contudo, existem recursos ópticos, para perto e longe, que facilitam o processo de ensino e aprendizagem. Já os recursos não ópticos são prescritos por médicos oftalmologistas e possuem uma ou mais lentes para ajustar a imagem visual.

Segundo Romagnolli (2008, p. 16) “os auxílios ópticos para perto corrigem ametropias e possibilitam um aumento do objeto a ser visto”. Dentre esses recursos estão:

Óculos: são usados para corrigir erros de refração, melhorando o desempenho visual.

Lupas: Tem a função de aumentar o material de leitura, mapas e outras atividades. “Podem ser manuais ou de apoio, quanto maior o aumento da lupa menor o campo de visão, com isso há diminuição da velocidade de leitura e maior fadiga visual” (ROMAGNOLLI, 2008, p. 17). As lupas manuais são utilizadas para textos longos. Além disso, o aluno deve utilizar régua ou tiposcópio para delimitar a linha. Já as lupas de apoio são indicadas para crianças que não tem boa coordenação motora, para leituras curtas. Podem ser iluminadas e ter diferentes formatos.

Telemicroscópios em Óculos: “são telelupas de acoplagem em óculos monoculares, binoculares ou manuais, que permitem trabalho em uma distância maior” (ROMAGNOLLI, 2008, p. 17). Elas permitem um conforto visual e deixam as mãos livres.

Romagnolli (2008, p. 18) afirma que “os auxílios ópticos para longe visam melhorar a visão à distância, através da correção de alterações ópticas e/ou aumento do tamanho do objeto a ser visto. São eles:”

Óculos: são indicados para altas ametropias como hipermetropia, astigmatismo e miopia.

Lentes de Contato: melhora o campo visual, pelo maior tamanho da imagem que ela oferece.

Telelupas: Servem para aumentar o tamanho da imagem projetada sobre a retina e podem ter foco fixo ou ajustável. Além disso elas podem ser manuais ou acopladas aos óculos monoculares ou binoculares.

 

 

Conclusão

 

É possível perceber que apesar de todas as pessoas terem direito a uma educação de qualidade ainda não se sabe como promover uma escola inclusiva de modo a beneficiar a todos. A educação é a base do desenvolvimento dos alunos, inclusive aqueles que possuem necessidades educacionais especiais.

Não é só colocar o aluno com NEE na rede regular de ensino, é preciso considerar as suas diferenças, adaptar a metodologia para que eles possam aprender igual aos outros indivíduos.

É preciso considerar uma escola heterogênea, na qual devemos aceitar e valorizar as diferenças, promovendo o respeito entre a comunidade escolar. Para isso, os professores precisam estar preparados e abertos a mudança para que possam desenvolver um bom trabalho.

Dessa forma, se faz necessário repensar o papel da escola para que esta consiga se tornar inclusiva, mas isso deve ocorrer de maneira gradativa, interativa e contínua para que ocorra a participação de toda a comunidade escolar. Não basta ter recursos físicos se não houver uma mudança na mentalidade das pessoas. Além de professores e alunos, os pais também precisam se envolver neste processo de inclusão.

Contudo, é preciso cuidar para não tratar as pessoas que possuem deficiência visual como cegas e nem como se eles fossem visualmente normais, ou seja, elas precisam ser incluídas na sociedade de modo que sejam respeitadas as suas limitações. As pessoas com baixa visão não são todas iguais, pois cada uma tem a sua limitação como: dificuldade para enxergar a mais de três metros de distância, dificuldade para enxergar de perto, definir imagens, ver detalhes, dificuldade para copiar da lousa ou ler.

Dessa forma, tem pessoas que precisam aumentar o contraste, aumentar ou reduzir a iluminação, ampliar os materiais etc. É necessário que o professor conheça os auxílios ópticos de seu aluno e incentive ele a usá-los, mostrando a importância dos recursos para sua aprendizagem.

Conclui-se que a escola precisa buscar alternativas que garantam o acesso e a permanência de todos os seus alunos, construindo uma comunidade inclusiva que se preocupa com as crianças com necessidades educacionais especiais.

 

 

Referências

 

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. 1996.

 

BRASIL, Ministério da educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica / Secretaria de educação especial – MEC; SEESP, 2001. 79 p.

 

BRASIL, Política Nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008.

 

CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

 

CORRÊA, M. H. C. A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Artigo Monográfico de Especialização – UFSM - Lagamar, MG, 2010.

 

MACEDO, L. M. S.; SILVA, M. E. G.; ALENCAR, O. S.; ONOFRE, E. G.; Dificuldades do aluno com baixa visão no ambiente escolar: um olhar dos alunos PIBID/Matemática. 2014. Disponível em <http://editorarealize.com.br/revistas/cintedi/trabalhos/Modalidade_1datahora_14_11_2014_12_21_36_idinscrito_4660_fdba25e1dfedc3a1b3dbaf474573720c.pdf> Acesso em 31 mai. 2024.

 

ROMAGNOLLI, Glória Suely Eastwood. Inclusão de alunos com baixa visão na rede pública de ensino: Orientação para professores. Monografia (Especialização) – Universidade Federal do Paraná – UFPR Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Curitiba, 2008.

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