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Barroco Mineiro: patrimônio histórico e cultural

Érica Cristine Zancheta de Souza

Gláucia Giovana Pedro Clementino

Gleice Araújo

Jayna Tomás da Silva

Maria Fernanda Delolo Alves

 

DOI: 10.5281/zenodo.11533907

 

 

Dedicatória

Dedicamos esta monografia às nossas mães, por serem exemplo de coragem em suas metas e, com muito carinho, nos ensinaram o caminho da justiça.

Aos nossos queridos filhos, que sempre são a fonte para nossas inspirações e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

 

 

Agradecimento

Agradecemos a Deus pelo dom da Vida.

 

 

EPÍGRAFE

A educação é a arte de tornar o homem ético.”

(Georg Wilhelm Friedrich Hegel)

 

 

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de apresentar aspectos culturais e sociais do Barroco Mineiro, assim como a importância de preservação dos bens históricos com ações governamentais e legislativas voltadas a defesa do patrimônio nacional. Para melhor contextualização este se pauta no estudo do Barroco e suas influências na arte contemporânea, assim como as obras de Minas Gerais com ênfase final no escultor Aleijadinho. Para finalizar o trabalho traz uma reflexão de grande valia a projetos e ações educacionais para a arte Barroca afim de que não perca sua identidade cultural e educacional.

 

Palavras-chave: Arte. Barroco. Patrimônio. Aleijadinho.

 

 

Apresentação

 

A educação é um processo contínuo do sujeito que se constrói ao longo da vida por meio da observação, do pensamento crítico, da criatividade e da ação transformadora deste ao mundo; onde o homem participa ativamente deste processo para a construção de identidade e princípios sociais. (REZENDE, 2011)

Baseando-se na LBD n 9394/96, temos que:

 

Art 1º: [...] os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

 

A educação tem ênfase no processo formativo de comportamento onde a princípio aprende-se pela observação da convivência familiar e social através do comportamento e assim o processo ensino-aprendizagem se firma na relação direta com a linguagem, posteriormente levando o indivíduo a sua formação é transmissão de pensamentos e conceitos concretizando estes a uma aprendizagem efetiva na assimilação de conhecimentos da educação formal e informal.

No âmbito de educação informal relatam-se os museus em que é o articulador da história social e cultural impulsionando o indivíduo a uma reflexão crítica e construtiva dentro do dialogo educacional como forma de pensamentos transformador da sociedade. (REZENDE, 2011)

Segundo Matos, 2010:

 

[...] a aprendizagem como processo dialógico não comporta a ―transferência‖ mecânica de saberes, simplesmente porque sentido e significados não podem ser transferidos, uma vez que são construções de nossa mente em atos cognitivos. Fazer sentido se refere à pessoa, tendo por base suas memórias de informações e experiências anteriores, consegue compreender o item da informação em questão. Ter significados, por outro lado, refere-se ao reconhecimento, pela pessoa, da relevância que o item de informação pode ter para si própria e para seus propósitos de vida. Por óbvio, portanto, a atribuição de sentido e significado é tarefa transformadora daquele que aprende.

 

Dessa forma o museu traz referências históricas de ações do homem no mundo consolidando na identidade nacional impulsionando o desenvolvimento futuro de um povo e de uma nação.

Logo, torna-se de suma importância entrelaçar e interligar a cultura, o conhecimento e o desenvolvimento; pois pertencem a uma ação social e cultural. As áreas que fazem parte deste entrelaçado, não são independentes elas são partes da diversidade e da interdisciplinaridade como um pacto harmônico cujo cada momento histórico é construído e reconstruído, como via de mão dupla, junto com as tecnologias e ciências produzindo uma identidade de conhecimento.

Para este trabalho trouxe-se o Barroco Mineiro como um meio de exemplificar e demonstrar a linguagem singular de um patrimônio histórico e cultural do Brasil, sendo este movimento vinculado a educação através do reconhecimento de valores e ideias nacionais. (REZENDE, 2011)

 

 

Capítulo I

PATRIMONIO HISTORICO BRASILEIRO

 

Quando se reporta a patrimônio histórico subestima-se proteção e salvação do passado de um povo, de uma nação, de seus monumentos históricos, culturais e artísticos, onde o Estado a partir da década de 20 não possuía muitos meios de proteção aos museus vigentes da época.

Após várias denúncias da elite, o tema proteção foi objeto de discussões nos setores culturais do Congresso Nacional, nos governos estaduais e na imprensa.

Modernistas da época com base em concepções sobre arte, história e tradição elaboraram o conceito de patrimônio o qual se tornou hegemônico no Brasil e assim adotado pelo Estado.

Amparado neste conceito, em 1936 houve a criação do SPHAN – Serviço de Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico que objetivava a proteção de obras de artes e obras históricas do país.

Este contexto cultural de proteção fez com que surgisse no Brasil um movimento cultural de suma importância na metade do século XX, o Modernismo que se caracteriza como um movimento totalmente artístico, mas com alcance amplo envolvendo questões nacionais de identidade na sociedade abarcando o intelecto de artistas e escritores.

Referindo-se assim, a construção da nação, o Barroco é consumado como a primeira manifestação cultural brasileira, pois a cultura do Brasil esta inserida neste constituindo uma elite intelectual com vocação do espirito público e valores de sobriedade, honestidade intelectual e moral e senso de dever. (PINTO, 2006)

Abaixo se pode verificar o contraste da riqueza dos interiores da Igreja com a pobreza da população de Minas Gerais:

 

Figura 1: Altar da Igreja Nossa Senhora do Ó, em Sabará

(http://www.descubraminas.com.br/Turismo/DestinoAtrativoDetalhe.aspx?cod_destino=10&cod_atrativo=285)

 

A questão de patrimônio no Brasil se refere a prédios geridos por órgãos oficiais como o IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional vinculado ao Ministério da Cultura que perpetua com um trabalho efetivo de fiscalização, proteção, identificação, restauração, preservação e revitalização de monumentos e bens moveis do país.

Este órgão IPHAN atua em todo o país de forma autônoma, financeiramente e administrativamente; com sede em Brasília para tanto conta com apoio de comunidade, governos municipais e estaduais e do Ministério Público.

O termo patrimônio histórico e artístico foi citado pela primeira vez no Brasil na Constituição de 1934 que expressa:

Art. 10 das Disposições Preliminares:

III “Proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de artes”.

 

Mas a regulamentação de proteção dos bens culturais do Brasil se estabeleceu por meio do Decreto-Lei n. 25 de 30 de novembro de 1937, que demonstrava o patrimônio histórico e artístico nacional como sendo:

 

Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto de bens moveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, que por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional, valor arqueológico ou etnológico, bibliográfico ou artístico.”

 

Com a evolução da Constituição, a concepção de patrimônio foi sendo ratificada em relação aos termos de direitos e deveres aos olhos do Estado e dos cidadãos.

A constituição de 1988 no artigo 216 reformula o conceito acima e estabelece que:

Art. 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Em contrapartida, a Instrução Normativa n. 01 de 13 de junho de 1995 menciona que o patrimônio histórico:

 

Dispõe sobre os procedimentos de acompanhamento, controle e avaliação a serem adotados na utilização dos beneficiários fiscais instituídos pela lei 8313 de 23 de dezembro de 1991, e estabelece que para fins de fruição dos incentivos fiscais, previstos nesse último, o proprietário ou titular (pessoa física ou jurídica) da posse legitima dos bens tombados pelo Governo Federal poderá deduzir do Imposto de Renda devido às despesas realizadas em sua conservação, preservação ou restauração.”

 

Em se tratando de legislação e conservação de patrimônio cultural é de suma importância considerar o tombamento o qual impede legalmente a destruição do bem.

A sociedade deve se conscientizar e preservar o patrimônio, pois é este que carrega a herança cultural e histórica de várias gerações a fim de preservar as manifestações populares sobre a história.

Trabalho esse feito desde a infância do indivíduo para que não sobrecarregue o Estado da responsabilidade de cuidar e zelar pelo patrimônio público e histórico.

Art. 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

A obra de arte Barroca impacta o indivíduo retratando uma arte baseada na fé católica, em anjos e santos que naquela época sem recursos construíram obras belas e em cima de suportes de difícil acesso.

É necessário enfatizar os valores éticos que cultuem a paz e a soberania colocando em pratica a solidariedade e a alteridade como elementos de relações sociais e ambientais. Estas retomadas de valores devem fazer parte da luta política democráticas a fim de abrir novos caminhos aos seres humanos diminuindo as desigualdades. (PINTO, 2006)

 

 

Capítulo II

2.1. O Barroco e a Influência na Literatura Contemporâneas

 

O Barroco esteve presente na literatura como foi o caso da escritora Rachel de Queiroz, nascida em Fortaleza, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Cearense de Letras.

Raquel trouxe em suas poesias problemas sociais vigentes da época que através de uma linguagem inata mostrava a fé e a esperança ao sertanejo em um superior maior, um Deus que os abastará.

Outro autor característico foi Nelson Rodrigues, nascido em Recife, era conhecido como “anjo pornográfico”. Suas obras mostram a realidade da vida, em termos característicos do Barroco “A mulher sem pecado” que conta a história de um marido condenado que coloca pensamentos pecaminosos na cabeça da esposa.

Nos séculos XVI e XVII com o enfraquecimento do catolicismo e surgimento do protestantismo, o Barroco começou a vigorar nas artes, tendo maior ênfase no período de Maria Antonieta em que o uso e abuso de brilhos dourados, cores fortes como vermelho, azul, preto e púrpura tomavam conta do mundo artístico. (OLIVEIRA et al., 2015)

 

 

Figura 2: Maria Antonieta em sua juventude. (https://www.todamateria.com.br/maria-antonieta/)

 

Assim como Luís XIV, conhecido como Pai do Luxo foi tomado por sofisticação e status da moda. (SANA, 2010)

 

 

Figura 3: Luís XIV, Rei da França

(https://www.infoescola.com/biografias/luis-xiv/)

 

O estilo Barroco teve grande repercussão na França e Itália, mas nas artes plásticas ganhou destaque somente entre os séculos XIV e XV. O Barroco está presente ate hoje em vários segmentos como na moda, acessórios e maquiagem. (OLIVEIRA et al., 2015)

 

 

As Características do Barroco na MPB

As características do Barroco se firmam em componentes e cantores brasileiros como Caetano Veloso com a música “Triste Bahia” retratando os problemas sociais, a vida no Nordeste; sendo estas com uma linguagem de fácil entendimento.

Outro exemplo ainda deste compositor é a música “O Quequeres”:

 

Onde queres revólver, sou coqueiro.

Onde queres dinheiro, sou paixão.

Onde queres descanso, sou desejo.

E onde sou só desejo, queres não.

E onde não queres nada, nada falta.

E onde voas bem alta, eu sou o chão.

E onde pisas o chão, minha alma salta.

E ganha liberdade na amplidão”.

(Caetano Veloso, “O Quequeres”)

 

Nesta podemos ver que existe o contraste a oposição de ideias e o uso da metáfora e o eu-lírico como um ser amada e infeliz. (OLIVEIRA et al., 2015)

 

 

Capítulo III

3.1.Barroco

 

A palavra Barroco vem do grego barros e foi usada na Idade Média em um argumento incorreto.

Na Renascença segundo Cavalcante (1978) indicava pensamentos e ideias contorcidas ou bizarras, sem clareza, distante da lógica e da própria realidade dos fatos. (REZENDE, 2011)

O Barroco teve seu marco inicial no século XVII na Itália, consagrando-se pela Europa e América Latina no século XVIII e XIX.

A arquitetura barroca pauta-se na fé católica e no Estado com construções de igrejas e edifícios públicos com fachadas ondulantes e decoradas com esculturas deixando de lado a geometria elementar e a simetria.

Há uso de pilastras e o interior é feito com madeira entalhada coberta com a cor dourada, possui ainda linhas diagonais e uso de escadas para ilusão de movimento de altura tudo feito rebuscadamente e com exagero em texturas. (PINTO, 2006)

Abaixo se observa uma igreja em Roma, Itália, construída entre 1608 e 1620 onde perpetua características do estilo barroco feita por Gian Lorenzo Bernini:

 

 

Figura 4: Igreja Santa Maria Della Vittoria, em Roma

(http://viagemitalia.com/extase-santa-teresa-bernini/

 

No entanto, a Igreja Católica promoveu o movimento da Contra-Reforma que visava retardar o crescimento do protestantismo, para tanto houve medidas adotadas como a Ordem dos jesuítas que possuía uma estrutura militar.

Os jesuítas eram considerados como “soldados da igreja” combatendo a expansão dos protestantes com a convicção da fé cristão.

A Contra-Reforma teve grande atuação devido as grandes navegações de Portugal e Espanha, onde os jesuítas se direcionavam as terras novas para catequizar os habitantes. (PINTO,2006)

Essa escola literária constitui em fortes influências no contexto social, político, econômico e religioso da época.

Para tanto, esta época o homem sofria fortes influências do clero o qual era submisso e sem perspectivas de vida, onde os pecados deveriam ser purgados para receber a salvação após a morte.

No fim da Idade Média a burguesia toma a frente da sociedade onde há ostentação de riquezas e consequentemente o financiamento de artistas deixando o trabalho mecânico para impulsionar o movimento do Renascimento.

Este movimento cultuava a racionalidade onde o homem detinha o conhecimento e o modo de agir sobre o mundo, indo contra as premissas da Igreja em que a fé era a fonte de todo conhecimento do indivíduo.

No início do século XVI a Igreja foi alvo de confronto de seus ideais e entrou em crise perdendo parte de seu poder para os protestantes. Frente a isso, a Contra-Reforma impõe perseguições às ideias hereoticas enfraquecendo a Europa e fortalecendo a Península Ibérica e a Itália. No entanto, a Europa tenta abarcar o prestígio da Igreja com o auxílio dos jesuítas.

Ao meio conturbado de disputas religiosas que o Barroco surge, com ênfase complexa de saber e ver as questões não sendo a fé a reposta para resolver conflitos e conhecimentos. (REDIES et al., 2014)

Hauser (2003) cita as dificuldades dos parâmetros do Barroco:

 

(...) engloba tantas ramificações do esforço artístico, apresenta-se em formas tão diferentes de país para país e nas várias esferas da cultura, que à primeira vista parece duvidoso que seja possível reduzi-las todas a um denominador comum.

 

O Barroco até o século XIX apresentou-se com baixo prestigio, pois havia o predomínio de uma visão redutora e preconceituosa entendida como uma arte de mau gosto. (REDIES et al., 2014)

De acordo com Heinrich Wölfflin (2005) o Barroco contrapõe-se ao estilo clássico em cinco pontos:

Do plástico ao pictórico: trabalho de forma livre, com luzes e sombras dando ideia de movimento;

Da superfície à profundidade: superposição de planos com a ideia de profundidade;

Da superfície fechada à aberta: deixa de lado as normas de constituição para algo solto e flexível;

Da multiplicidade à unidade: ênfase a visão globalizada de conjuntos de elementos, onde o elemento isolado perde a expressão;

Da clareza absoluta à relativa: devido a profundidade e movimento da superposição dos planos a clareza torna-se prejudicada ou parcial.

Sendo assim, o Barroco busca a forma homogenia das imagens e ideias para estruturá-las e organizá-las. (REDIES et al., 2014)

O Barroco exprime o modo de ser, enfatizando emoções e paixões humanas, onde os artistas dessa época criavam obras para cumprir tarefas e não como forma de expressar sua subjetividade. (PINTO, 2006)

 

 

Barroco Brasileiro

 

O estilo Barroco chegou a América Latina com os missionários jesuítas através da doutrinação cristã, tendo as primeiras imagens culturais em forma arquitetônica e objetos decorativos trazidos de Portugal, ganhando estilo e desenvolvimento.

Ligado ao catolicismo vê-se no Brasil grande construções com esse estilo como igrejas, cadeias, câmaras municipais e moradia de pessoas com alto poder aquisitivo. (PINTO, 2006)

Abaixo pode-se ver algumas imagens de construção Barroca:

 

Figura 5: Igreja de São Francisco, em Salvador.

(https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/barroco-no-brasil.htm)

 

 

Figura 6: Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto (MG)

(https://viagensinesqueciveis.wordpress.com/2011/07/17/igreja-de-sao-francisco-de-assis-um-marco-do-barroco/)

 

No entanto, se observa no Brasil duas vertentes de estilo Barroco. São elas:

As regiões enriquecidas com a mineração e o açúcar: onde se encontra igrejas com relevos de madeira, mármore e pedra sabão; cobertas com camadas de ouro, com janelas, cornijas e portas decoradas como esculturas. Estas ocorrem nas regiões do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.

 

Figura 7: Interior da Igreja e Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro (https://arquiteturadobrasil.wordpress.com/o-barroco-no-brasil/)

 

As regiões sem riqueza: onde se concentra as igrejas de talhas simples feitas por artísticas com menor experiência, ocorrendo estas em regiões de São Paulo.

 

Figura 8: Igreja de Santo Antônio em São Paulo (http://www.blogdate.com.br/arte-barroca-na-primeira-igreja-da-cidade-de-sao-paulo/)

 

O Barroco de Minas Gerais ganhou destaque devido a descoberta de ouro em que a distância do litoral e as dificuldades de importação de materiais e procedimentos permitam que este estilo em Minas ganhe uma esfera peculiar com uma arte diferenciada e de caráter regional.

A vida urbana de Minas Gerais se propagou pela formação das vilas que tinham uma fé católica de grande amplitude e assim possuíam um santo como protetor particular assumindo assim uma expressão e modo de vida peculiar aos demais.

Para tanto a vida urbana vangloriava o possuir mais, ou seja, a ostentação de riquezas com casas belas e igrejas com muito ouro. (PINTO, 2006)

A figura abaixo permite ilustrar a riqueza de detalhes:

 

Figura 9: teto da Igreja em Congonhas em Minas Gerais.

(http://culturaemfocoucb.blogspot.com/2014/03/generos-culturais-do-periodo-colonial.html)

 

O objetivo principal do Barroco era ofuscar os sentidos e engrandecer os olhos das pessoas com suas formas exuberantes em que isto foi usado como arma da Contra-Reforma entre a Igreja e o Protestantismo, onde a Igreja pregava que Deus é acima de todos e o Barroco era o inverso, pregando movimento das formas.

No século XVIII houve grande avanço nas construções de igrejas principalmente em Ouro Preto, onde nessas terras havia abundância de ouro. (PINTO, 2006)

De acordo com Junior Prado (1977):

 

O ouro brasileiro é, na maior parte, de aluvião, e se encontra, sobretudo no leito dos cursos d´ água e nas suas margens mais próximas. Ele resulta de um processo geológico milenar em que a água, tendo atacado as rochas matrizes onde antes se concentrava o metal, o espalhou por uma área superficial extensa.”

 

As construções das igrejas levavam pedra sabão ao invés de mármore europeu, as fachadas simples foram substituídas por colunas retorcidas com esculturas de cenas Bíblicas, seres da mitologia e santos. Os materiais utilizados eram intercalados com o que a região dispunha.

A arte Barroca mineira é considerada uma das mais belas do mundo, em seu acervo é possível desfrutar de igrejas, capelas, santuários, esculturas e casas com ricos detalhes e ornamentos de valores inestimáveis. (PINTO, 2006)

 

 

Capitulo IV

Ícone da Arte Barroca: Aleijadinho

 

Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, viveu nos arredores de Vila Rica entre os séculos XVIII e XIX. Era considerado o artista mais importante da arte barroca no período colonial.

Era filho de uma escrava, Isabel, com um português mestre de obras, Manuel Francisco Lisboa, começou suas artes na infância devido a convivência com o pai na oficina.

Em suas obras são observados equilíbrio, harmonia e serenidade como se exemplifica a Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões na cidade de Ouro Preto em Minas Gerais.

 

 

Figura 10: Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões

(https://guia.melhoresdestinos.com.br/igreja-de-nossa-senhora-das-merces-e-perdoes-206-5828-l.html)

 

Suas obras são ricas em detalhes e características do rococó e de estilos clássicos e góticos, utiliza matéria-prima brasileira, como pedra sabão.

De acordo com Bretas (1951):

 

Aleijadinho emerge, como uma disforme criatura, algo semelhante a uma figura monstruosa, porém dotada de talento e compaixão com aqueles de seu convívio íntimo. Furtava-se à vista das pessoas trabalhando às ocultas (como o sineiro de Notre Dame) deslocando-se em Vila Rica nos períodos noturnos (Quasímodo é acusado de caminhar sobre os telhados à noite). Grotesco e sublime, primitivo e popular, gótico e barroco, transgressor e canônico, dócil e irascível, genial e demoníaco, sombrio e iluminado. Trágico pela doença e afortunado pelo talento. Não pode haver “entidade mais ideal” no espírito romântico do que aquela portadora de contradições e dicotomias. Aleijadinho é o ideal grotesco.”

 

Em torno de seus 40 anos de idade, Aleijadinho adquiriu uma doença degenerativa que aos poucos foi perdendo os movimentos dos pés e das mãos.

Para esculpir e entalhar pedia para o ajudante amarrar as ferramentas em seus punhos. Nesta fase, a expressividade ganha mais força e destaque-se nas esculturas, como demonstra a figura abaixo da obra “Os doze profetas”:

 

 

Figura 11: Os doze profetas (http://200.144.182.66/aleijadinho/os-12-profetas/#prettyPhoto)

 

Mesmo com tantas limitações, Aleijadinho continuou trabalhar para construção de Igrejas me Minas Gerais. (BAGOLIN, 2009)

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil possui um patrimônio cultural e histórico mais rico do continente, com acúmulo arquitetônico e urbanístico trazido pelos portugueses, pela cultura indígena e africana a qual se estende a todo território brasileiro.

O Barroco Mineiro está relacionado aos valores da Educação e \identidade dentro do padrão social de uma nação. O acervo conta com as mais belas artes do mundo com Igrejas, mosteiros, casa etc. abrangendo as cidades de Minas Gerais, Ouro Preto, Congonhas.

É de fundamental importância a disseminação de legislação para que a veiculação de informações histórias desta arte perpetue em novas gerações dentro do currículo da Educação, para propagar a identidade e patrimônio cultural de proteção ao Barroco; elencando este a um processo de civilização social com ações e projetos de educação patrimonial com ajuda e cooperação do homem.

 

 

Referências

 

BAGOLIN, L. A. “O Aleijadinho”: monstro herói. USP, 2009.

 

BRETAS, R. J.F. Traços biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho IN: Antônio Francisco Lisboa, O Aleijadinho -- Publicações da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, SPHAN/ MEC, 1951, nº15.

 

CAVALCANTI, C. História das artes: curso elementar. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 34, 1978.

 

Constituição Federal de 1934 Artigo. 10. Disponível em <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10612134/artigo-10-da-constituicao-federal-de-16-de-julho-de-1934>. Acesso em: 28 jan. 2019.

 

 

Constituição Federal de 1988, Artigo 216, Disponível em:

<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/art_216_.asp>. Acesso em: 02 fev. 2019

 

Constituição Federal de 1988, Artigo 225, Disponível em:

<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_225_.asp >. Acesso em: 02 fev. 2019

 

Decreto Lei n. 25 de 30 novembro de 1937 Capítulo I DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025.htm>. Acesso em: 29 jan. 2019

 

HAUSER, Arnold. A história social da Arte e da Literatura. (tradução de Álvaro

Cabral). São Paulo: Martins Fontes, 2003.

 

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB, Lei n. 9394/96 Artigo 1º. Disponível em:

<https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109224/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96>. Acesso em: 28 jan. 2019

 

MATTOS, Y. Abracaldabra. Uma aventura afetivo-cognitiva na relação museu educação. Ouro Preto, ed. UFOP, 2010

 

OLIVEIRA, R.L.; SCENA, N.P.S. O Barroco na Contemporaneidade. SEMESP, p. 4-6, 2015.

 

PINTO, C.A.R. O Patrimônio Histórico, Identidade Cultural e Turismo. Barroco Mineiro. Brasília, UnB, p. 16, 34-42, mar. 2006.

 

PRADO, C.Jr. Historia Econômica do Brasil, São Paulo: Brasiliense, 1977

 

REDIES, A.B; CASTELA, G.S. Delimitação Estética e histórica do Barroco. UFRJ, v. 14, p. 3-7, fev., 2014.

REZENDE, E.F. Barroco Mineiro: nação civilizada, patrimônio protegido. Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto, p. 60, 2011.

 

SANA. História da Moda. Disponível em:

<http://modahistorica.blogspot.com.br/2013/05/a-moda-na-era-barroca.html>.

Acesso em: 02 fev. 2019

 

WÖLFFLIN, Heinrich. Renascença e Barroco. 5 ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.

 

 

Referências das figuras

 

Figura 1: Altar da Igreja Nossa Senhora do Ó, em Sabará. Disponível em:

<http://www.descubraminas.com.br/Turismo/DestinoAtrativoDetalhe.aspx?cod_destino=10&cod_atrativo=285>. Acesso em: 25. Fev 2019

 

Figura 2: Maria Antonieta em sua juventude. Disponível em:

<https://www.todamateria.com.br/maria-antonieta/>. Acesso em: 25 fev. 2019

 

Figura 3: Luís XIV, Rei da França. Disponível em:

<https://www.infoescola.com/biografias/luis-xiv/>. Acesso em: 1 mar. 2019

 

Figura 4: Igreja Santa Maria Della Vittoria, em Roma. Disponível em:

<http://viagemitalia.com/extase-santa-teresa-bernini/ >. Acesso em: 1 mar. 2019

 

Figura 5: Igreja de São Francisco, em Salvador. Disponível em:

<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/barroco-no-brasil.htm>. Acesso em: 02 mar. 2019

 

Figura 6: Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto (MG). Disponível em:

<https://viagensinesqueciveis.wordpress.com/2011/07/17/igreja-de-sao-francisco-de-assis-um-marco-do-barroco/>. Acesso em: 02 mar. 2019

 

Figura 7: Interior da Igreja e Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro. Disponível em: <https://arquiteturadobrasil.wordpress.com/o-barroco-no-brasil/>. Acesso em: 03 mar. 2019

 

Figura 8: Igreja de Santo Antônio em São Paulo. Disponível em: <http://www.blogdate.com.br/arte-barroca-na-primeira-igreja-da-cidade-de-sao-paulo/>. Acesso em: 03 mar. 2019

 

Figura 9: teto da Igreja em Congonhas em Minas Gerais. Disponível em:

<http://culturaemfocoucb.blogspot.com/2014/03/generos-culturais-do-periodo-colonial.html>. Acesso em: 04 mar. 2019

 

Figura 10: Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões. Disponível em:

<https://guia.melhoresdestinos.com.br/igreja-de-nossa-senhora-das-merces-e-perdoes-206-5828-l.html >. Acesso em: 04 mar. 2019

 

Figura 11: Os doze profetas. Disponível em:

<http://200.144.182.66/aleijadinho/os-12-profetas/#prettyPhoto>. Acesso em: 04 mar. 2019

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