A Psicomotricidade como mediador para a inclusão dentro de uma Escola de Ensino Regular
Priscila Quintino da Silva Costa1
Adineia Santos Souza
Neiva Carvalho Costa
DOI: 10.5281/zenodo.11510389
RESUMO
Entendemos a psicomotricidade como sendo de fundamental importância no auxílio e inclusão de pessoas com necessidades especiais em escolas com sistema regular de ensino, pois esta, ira auxiliar tanto a parte motor, física como também, o parte de interação entre pessoas, possibilitando assim um melhor convívio entre pessoas e consequentemente uma evolução motora. Tendo como base esse princípio, evidenciamos que a ausência da psicomotricidade impossibilita uma evolução ate mesmo cognitiva de pessoas com necessidades especiais, pois sem ter esse apoio físico, motor, emocional, a pessoa acaba por não desenvolver outras funções que são de extrema importância para o desenvolvimento intelectual, como a linguagem e a interação social.
PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade, Inclusão, Ensino Regular, Interação.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere se ao desenvolvimento do trabalho psicomotor com mediador para a inclusão de crianças especiais dentro de um Centro de Ensino Regular.
Entendemos a necessidade da inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais na escola regular, pois esta interação garante a liberdade social, garantindo direitos e condições iguais a todo cidadão.
E é neste sentido que queremos analisar a importância da psicomotricidade como mediador desse processo de interação social da educação especial dentro de uma escola de ensino regular.
Para tanto, teremos como base teórica autores que questionem a respeito da psicomotricidade, como Jacques Chazaud (1976), e também buscaremos reforços na lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, além das Diretrizes Curriculares (1998), a fim de enriquecer ainda mais nossa pesquisa.
Sendo assim, iremos abordar a Educação especial de forma inclusiva onde as pessoas com necessidades especiais realmente se sintam inteiradas com o ambiente escolar, e que essa educação possibilite a estas pessoas uma inserção significativa com possibilidades reais de igualdade, respeitando seus limites físicos, cognitivos e sociais. Para tanto, teremos a psicomotricidade como base estrutural para esse processo.
Pois evidenciamos que a psicomotricidade faz-se necessária para o desenvolvimento, físico, motor afetivo e cognitivo, auxiliando e muito a interação de uma criança especial dentro de uma escola de ensino regular.
DESENVOLVIMENTO
Percebemos que os avanços que cerceiam o sistema educacional não são nada satisfatórios, o histórico escolar nos ajuda a afirmar este retrocesso no diz respeito à educação no Brasil. Neste sentido é evidente pensar em novas formas de organização que provoquem melhorias educacionais, como afirma Andruchak:
Ao entendermos o contexto sócio-histórico que permeia a escola, a estrutura que organiza o sistema educacional e os resultados que ela tem produzido, compreendemos as causas que produzem a exclusão social e sentimos necessidade de buscar outras formas de organização [...]. (ANDRUCHAK, 2007. p, 62).
Segundo Andruchak, ao analisarmos todas as situações que cercam a escola em sua trajetória, situações estas, que não são nada satisfatórias, evidenciamos que o número de alunos que deixam de estudar cresce cada vez mais, colocando em questionamento a posição da escola, e até mesmo a sua estrutura organizacional. E é por meio destes questionamentos que surge uma nova proposta para a educação, a fim de melhorar o índice de evasão e repetência, a psicomotricidade surge com este intuito, de assegurar melhorias para a educação e para a inclusão de pessoas com necessidades especiais.
Conforme a Constituição Federal.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 205.
Conforme a Constituição Federal , a educação é um direto de qualquer cidadão, desenvolvendo suas habilidades e as preparando para o futuro, e com as pessoas com necessidades especiais não será diferente, e de acordo com a constituição o ensino especializado deverá se dar preferencialmente no ensino regular, por isso a necessidade de ter a psicomotricidade como ferramenta para essa construção, pois esta é uma ciência que estuda o corpo do homem em movimento, e nas relações dele com o mundo, e do mundo para com ele, é por meio da psicomotricidade que descobrimos as diversas possibilidades estruturais do corpo humano e psicológicas, possibilitando desta forma, expressões mais significativas. Pois é por meio da educação que construímos sujeitos críticos e aptos de transformar o meio em que vivem, contribuindo para com o crescimento do país.
Conforme os Parâmetros curriculares, o pensamento da transformação escolar é relativamente antigo, e esta transformação surge entrelaça com as necessidades políticas, pois um país ao qual se diga de Terceiro Mundo necessita apresentar uma educação também de terceiro mundo, uma educação que apresente dados satisfatórios no que diz respeito a Educação Inclusiva, uma educação de qualidade, pois é por meio da educação que construímos sujeitos críticos e aptos de transformar o meio em que vivem, contribuindo para com o crescimento do país.
É com este pensamento que entendemos a importância da psicomotricidade como mecanismo de interação social e inclusão. Segundo Jacques Chazaud.
A psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas; enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do “ser-em-situação” e da ”coexistência” com outrem.(Chazaud 1976 .p. 12).
A psicomotricidade para Jaques Chazaud estabelece relações não só físicas, na parte motora, mas na parte afetiva, pois esta acaba por estabelecer significado para as ações interpessoais de afetividade, tornando a inclusão e a interação algo mais prazeroso.
Com isso, entendemos o quando a psicomotricidade esta ligada a parte afetiva da criança e a sua construção cognitiva, pois as pessoas expressam-se utilizando os movimentos corporais, já uma pessoa com movimentos limitados possuirá consequentemente dificuldades na parte expressiva, é nesse momento que surge a psicomotricidade para trabalhar a parte motora e cognitiva, evidenciando resultados significativos na parte psicológica, afetiva, emocional.
Portanto, é necessário começarmos a pensar nesta nossa realidade educacional, de novos tempos e espaços de aprendizagem, e voltarmos nossos olhos para o profissional da área, e principalmente para o educando priorizando a sua formação, dando oportunidade de crescimento, e respeitando a individualidade de cada um, com suas limitações e os seus níveis de conhecimento. Entendemos que é hora de avançar, progredir com a educação, coisa que possivelmente não acontecia sem que tivéssemos um pensamento que vise a educação de qualidade para todos, entendendo que cada aluno é diferente, e deste modo, por ser diferente possuem progressões de conhecimento diferentes, cada qual necessita de tempos e espaços diferentes.
Segundo Jacques.
O desenvolvimento psicomotor se caracteriza por uma maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial; mas também o reconhecimento dos objetos, das posições, e etc. (aquilo que reunimos sob a categoria das gnosias); a imagem ou esquema do nosso corpo e, por fim, a palavra (parole) (a atividade verbo-motriz). ( Jacques Chazaud 1976.p. 31).
Sendo assim, entendemos que o objetivo da escola como um todo é formar indivíduos críticos, autônomos, capazes de transformar o meio em que vivem, e é isto que a sociedade majoritária espera por parte da escola, que ela forme sujeitos capazes de transformar o meio em que vivem por meio da linguagem, buscando na psicomotricidade um paralelo para que esse processo se torne eficaz auxiliando na interação entre as pessoas com necessidades especiais.
Como diz João Wanderley Geraldi:
Ao que tudo indica, a preocupação com a linguagem não da existência da escola; ao contrario, pelas indicações dadas por Manacorda em seu estudo sobre sociedade e educação no antigo Egito, pode-se supor que a escola surge na história para atender, entre outras exigências sociais, a uma preocupação muito especifica com a linguagem. (GERALDI, 1996, p. 29).
Compreendemos assim a necessidade da valorização da linguagem, e do profissional da área. A linguagem é indispensável para se estabelecer a comunicação entre indivíduos, em contra partida a interação social, e por meio disto a contribuição para o crescimento intelectual de ambos os sujeitos, desenvolvendo a capacidade de interlocução e apropriação de conhecimento.
Deste modo, devemos também evidenciar a necessidade de valorização do profissional da educação, e a necessidade de cursos de formação continuada, proporcionando ao profissional de área ferramentas para implementar a psicomotricidade como aliada na construção de saberes a todos.
Conforme Aline Miranda Strapasson.
As limitações no funcionamento cognitivo e no desempenho de tarefas, como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social provocam maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento (CARVALHO; MACIEL, 2003). A forma como pessoas com DI percebem o mundo e os objetos; reflete na comunicação, na socialização, na autonomia, na consciência de si própria, na compreensão e na resolução de problemas (ALVES et al., 2008 . p. 276).
A escola de um modo geral precisa estar preparada para receber e interagir de forma plausível na inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais, proporcionando a esta um bem-estar de maneira que a mesma se sinta a vontade para se expressar e se desenvolver fisicamente, psicologicamente e intelectualmente.
Para Jacques Chazaud.
Já dissemos que a afetividade é este estimulante constante e necessário de todo desenvolvimento psicomotor. Esta não se concebe a não ser em um pareamento relacional, no interior de uma relação com o objeto. Trata-se ai, evidentemente, de objetos condensados (do amor, da ternura, e da satisfação).. .(CHAZAUD, 1976.P.51).
É neste sentido de transformação do modo de se ensinar, que entendemos a importância da Psicomotricidade e do professor, pois é por meio deles que enxergamos possibilidades de transformação social, de interação, de capacitação pessoal e profissional, por meio da afetividade, da utilização de objetos afetivos para proporcionar o bem-estar físico e psicológico na educação especial.
Segundo os Parâmetros Curriculares (1998), o professor deve participar ativamente de todos os questionamentos que cerceiam a organização escolar, pois este trabalha como mediador, permitindo o desenvolvimento educacional dos alunos, como um todo e para todos, para tanto, é necessário que o professor seja capacitado para tal responsabilidade, e que quando apto, receba instrumentos adequados de trabalho, que o auxilie no desenvolvimento das aulas, auxiliando o aluno especial de forma eficiente e contribuindo para sua progressão .
Ainda conforme os Parâmetros Curriculares (1998) é de grande importância, ao se reorganizar a escola, que o professor possua instrumentos que descrevam a competência de seus alunos, no que diz respeito á escrita, leitura e produção de texto, facilitando assim o seu planejamento de trabalho, e em muitos casos acabam ensinando aquilo que o aluno já sabe ou até mesmo deixando de ensinar.
Para tanto, para que o professor contribua e desenvolva seu trabalho é necessário capacitação, formação continuada, novos métodos, pois estamos pensando em uma nova Organização curricular, na qual a prioridade é o desenvolvimento de novos tempos de se ensinar e de proporcionar ao aluno especial maior qualidade de ensino respeitando o seu tempo de aprendizagem.
O professor é de extrema importância para a formação do individuo. No entanto, existe a necessidade de um acompanhamento, de novas propostas de formação continuada, pois entendemos que o mundo evolui a cada instante, e a educação deve acompanhar esta evolução inclusiva, deste modo o professor necessita também de acompanhamento, dentro da reorganização escolar, o qual é um novo desafio para o educador.
É necessário começarmos a pensar em uma nova realidade educacional, de novos tempos e espaços de aprendizagem, e voltarmos nossos olhos para a inclusão social de pessoas com necessidades especiais, priorizando o educando e a sua formação, dando oportunidade de crescimento, e respeitando a individualidade de cada um, e os seus níveis de conhecimento. Entendemos que é hora de avançar, progredir com a educação, colocar em pratica a Constituição Federal, dando uma educação de qualidade a todos, oportunizando diretos iguais com qualidade de vida, assegurando a todos condições iguais de acesso a escola, inclusive as que possuem algum tipo de necessidade especial, tornando a escola mais acessível, com interação e inclusão social.
Instituindo a psicomotricidade como parte significativa do contexto escolar, não isoladamente, mas sim em toda e qualquer atividade que aluno for proposto a desenvolver, trabalhando a parte motora em diversos espaços da escola, pois é por meio dessas atividades motoras que a criança vai construindo o seu pensamento critico, devido a experiências concretas já adquiridas, conhecer o mundo, o espaço em qual ela vive a torna mais independente e consequentemente mais liberdade afetiva.
CONCLUSÃO
Podemos concluir a partir deste estudo, que a Psicomotricidade em apoio a inclusão social é uma grande proposta para a reorganização educacional no Brasil, pois propõe novos tempos e espaços de aprendizagem, contribuindo para a interação social e para a obtenção de uma educação de qualidade para todos, priorizando o aluno e sua interação psicosóciocultural em todos os momentos da vida.
É com este pensamento de transformação do modo de ensinar, buscando trabalhar cada aluno mediante as suas necessidades de aprendizagem, pois é visto que cada indivíduo tem tempos de aprendizagens diferentes, não podendo assim ser trabalhados todos de uma mesma forma, é de grande importância que o professor perceba as dificuldades de seus alunos, podendo assim auxiliá-los na progressão de seus estudos.
No entanto, um dos grandes problemas enfrentados pelos professores em relação a esta nova proposta, é a necessidade de capacitação profissional, pois muitos não sabem ao menos o que fazer em relação as necessidades de uma pessoa com necessidades especiais, trabalhando dentro desta nova proposta com pensamento no tradicionalismo, acabando por não desenvolver seu trabalho de forma coesa, e por outro lado ignorando as necessidades do aluno especial.
Esse dado nos provoca pensar na base da função da docência que é a capacitação permanente, coletiva e também individual, lembrando que este profissional carrega consigo o desafio docente de estudar sempre.
Percebemos que há a necessidade de disponibilizar mais tempo para o professor preparar suas aulas na educação especial, pois este deve pensar em atividades que busquem o crescimento intelectual de seus alunos especiais, pensando em cada um com uma perspectiva diferente, mas para que tudo isto aconteça é necessário, e em primeiro lugar que se valorize o profissional da educação, apresentando condições favoráveis de trabalho voltadas a educação especial, só assim teremos uma educação realmente de qualidade.
Chego à conclusão, firmando que a psicomotricidade trabalha todos os aspectos motores, físicos, cognitivos valorizando o desenvolvimento da pessoa com necessidades especiais. O trabalho psicomotor deve se integral respeitando os limites de cada individuo, buscando diminuir a dificuldades apresentadas por cada um, reorganizando a escola como om todo, tomando-a cada dia mais inclusiva e possibilitando novos espaços de interação e transformação social.
É direito de todo e qualquer cidadão ter uma educação acessível e de qualidade, e isso inclui uma estrutura adaptada, uma socialização inclusiva, trabalhos físicos, motor, psicológicos, cognitivos, emocional garantindo a todo e qualquer criança o direito a igualde a sentir-se igual socialmente.
REFERÊNCIAS
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ANDRUCHAK, Ana Lúcia. IN. KRUG, Andréa Rosana Fetzner. Concepções e práticas curriculares dos professores-formadores do curso de Pedagogia da UNEMAT, Campus de Sinop, e a perspectiva da escola organizada por ciclos - - Cuiabá: UFMT/IE, 2007.182 p
BRASIL. MEC. SEMTEC. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília: Conselho Nacional de Educação — Câmara Básica, 1998.
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação Nacional.
GERALDI, João Wanderley – Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação/ João Wanderley Geraldi – Campinas, SP : Mercado de Letras: Associação de leitura do Brasil. 1996. (coleção leituras no Brasil).
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília : MEC/SEF, 1998. 106 p.
Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
239 p. (Orientações curriculares para o ensino médio ; volume 1)
CHAZAUD, Jacques Chazaud. Introdução a Psicomotricidade: síntese dos enfoques e dos métodos; tradução: Urias Corrêa Arantes. São Paulo, Manoele, 1976.
STRAPASSON, A. HARNISCH, G. KISHIMOTO, S. Protocolos de avaliação da coordenação motora para pessoas com deficiência intelectual. São Paulo, Campinas, 2017.
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