DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Elizandra Rampanelli
Joseane Luiz Barbosa
Neuliziane Sampaio de Lara Oliveira
Rosana Gomes de Brito
Tatiane Marta Luiz
CONTEXTO HISTÓRICO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Relatar sobre o tema Dificuldades de Aprendizagem torna-se muito complexo, pois temos em nosso meio uma diversidade infinita de casos que se enquadram no perfil que abrange esta denominação. As escolas públicas estão cada vez mais com suas classes superlotadas, vemos cada vez mais alunos “problema”, e que se depara com professores despreparados que não conseguem suprir suas necessidades, levando-os muitas vezes a evadir da escola devido ao seu fracasso escolar.
Relatos que se referem às dificuldades de Aprendizagem não são recentes, encontram-se biografias sobre este tema desde 1963. Sternberg & Grigorenko (2003), e Sisto (2001), relatam que em seis de abril de 1963, foi começado a dar mais ênfase às dificuldades de aprendizagem, a partir de um movimento organizado por um grupo de pais que tinham em comum filhos com dificuldade em aprender a ler, e já haviam procurado ajuda para a compreensão destes acontecimentos com médicos, psicólogos e especialistas em aprendizagem. Estes sem obter muito sucesso, viram que seus filhos acabavam sendo taxando como crianças portadoras de lesões cerebrais. Preocupados com a forma que seus filhos eram atendidos na escola, porque muitas vezes eles eram deixados de lado ou ignorados, fundaram então, a Associação das Crianças com Dificuldades de Aprendizagem a ACLD, que tinha como principal objetivo a organização, o reconhecimento por parte do governo e das escolas dos problemas enfrentados por essas crianças e para a criação de serviços educativos especializados e de qualidade, que atendessem seus filhos e os auxiliassem em seu desenvolvimento.A partir deste movimento muito se foi estudado sobre o assunto, em artigos, documentários e biografias, que servem de subsídio e auxílio a quem procura aprender e compreender melhor as DA. Mas, não podemos supor que somente a partir desta data é que se foi descoberto sobre esse transtorno, eles ocorrem há tempo somente não era explícito por tratarem como deficiência.
Pode-se dizer que o tema DA, torna-se complexo, pois há muitas interrogações relacionadas a ele, e muitas vezes não se compreende por que uma criança apresenta dificuldade em seu aprendizado. Pois, vemos que na,
[...] criança com D.A., verifica-se um perfil motor adequado, uma inteligência média, uma adequada visão e audição e uma adequada adaptação emocional, que em conjunto com uma deficiência de aprendizagem, constitui a base de sua caracterização psiconeurológica. (FONSECA, 1995, p. 197)
E nas demais deficiências apresentam problemas visíveis, seja na audição, na visão ou no cérebro, e estes são os critérios que diferenciam deficiência de dificuldade.
[...] no caso das DAs é preciso compreender que a neurologia da aprendizagem ou o processo sensório-neurológico em que ela se opera, foi de alguma forma afetado do que resultou uma dificuldade e não uma incapacidade na aprendizagem. (FONSECA, 1995, p.197)
Trabalhar com classes heterogêneas, torna-se mais complexo do que se pensa e desempenhar trabalhos diferenciados fica cada vez mais complicado, pois muitos têm seu desenvolvimento cognitivo limitado, encontrando dificuldades em progredir, adquirindo muitas vezes pouca ou a nenhuma evolução. Sabemos que todos nós temos o tempo certo para o nosso desenvolvimento, e este deve ser respeitado. E ao se trabalhar com essas diversidades, nos deparamos com vários distúrbios, e o principal foco são as Dificuldades de Aprendizagem, que são definidas como,
[...] danos marcantes no desenvolvimento de habilidades especificas, como as habilidades de leitura, com relação ao nível esperado de habilidades, tendo como base a educação e a inteligência de um indivíduo. Esses danos interferem na vida cotidiana e na realização acadêmica. (STERNBERG & GRIGORENKO, 2003, p.15)
Mas sabe-se que,
... não há uma definição aceita universalmente do que seriam consideradas dificuldades de aprendizagem, pois coexiste em um grupo heterogêneo de sintomas e por isso, é difícil a demarcação de fronteiras. Mas poder-se ia definir que o termo DA, engloba um grupo heterogêneo de transtornos, manifestando-se por meio de atrasos ou dificuldade em leitura, escrita, soletração e cálculo, em pessoas com inteligência potencialmente normal ou superior e sem deficiências [...] (SISTO, 2001, p. 21 e33)
Sendo então essa anomalia algo complicado de compreender, o cuidado com seu diagnóstico é essencial, que é a partir dele que os professores terão uma definição de como trabalhar com esse aluno.
Fonseca (1995) enfatiza que dificuldades de aprendizagem não podem ser confundidas com deficiência, pois a criança com DA, é uma criança intacta, portanto não é deficiente. Vemos então que elas possuem pouca aptidão em alguma área do conhecimento, no qual irá necessitar de auxílio para que tenha melhora em seu desenvolvimento, para que não afete toda a vida de quem tem esse transtorno, pois, segundo o autor,
... a criança com DA é normal em termos intelectuais, porém seu sistema nervoso não recebe, não organiza, não armazena e não transmite informações visual, auditiva e tatilinguistica da mesma maneira que uma criança normal (FONSECA, 1995, p.256)
Mas, as dificuldades não são peculiaridades somente das crianças, ela também é encontrada nos adolescentes e adultos, que podem ter passado despercebidas na sua fase escolar ou pior estes acabaram evadindo da escola por serem diferentes dos demais, e não se acham capazes de progredir levando-os a abandonar os estudos sem se darem nenhuma chance.
Pode ser realizado,
[...] sempre que o professor suspeitar de uma dificuldade de aprendizagem os encaminhamentos necessários para a equipe multidisciplinar de atendimento, para o psicólogo ou outro especialista da área, para que seja feito uma avaliação detalhada a fim de determinar a natureza do problema. (DOCKRELL e MCSHANE, 2000, p.35)
Como já dizia Dockrell e McShane (2001) nem sempre é possível identificar um problema em casa ou na sala de aula, pois, a criança com dificuldades de aprendizagem tem uma linha diferente em seu desenvolvimento, onde,
[...] há uma grande variabilidade tanto na percepção que os pais e os professores têm dos problemas quanto a sua tolerância ao mesmo. Esses dois fatores podem levar a dois extremos: a não-identificação da necessidade de educação especial ou o rotulo equivocado de crianças com dificuldade de aprendizagem. (p. 35)
É o que Sisto (2001), deixa claro que muitas vezes criaram-se diagnósticos de dificuldades de aprendizagem, para explicar o fracasso das crianças provenientes de grupos sociais privilegiados, então a rotulação irá servir para camuflar a falta de interesse de alguns, enquanto outro menos favorecidos seriam tratados como retardados, e excluídos do convívio escolar, deixados de lado em classes comuns.
Atualmente, sabemos bem que a educação e o apoio do professor são as chaves para a inclusão bem-sucedida dos estudantes com deficiência em classes comuns. A procura por recursos para se ter um ensino de qualidade despertará as aptidões que o aluno possua, e muitas vezes encontram-se camufladas entre a falta de autoestima, que faz com que não tenha motivação e não desenvolva seu intelecto em algo que desperte suas habilidades (SMITH e STRICK, 2001).
Compreendemos que existem várias formas de se definir as DA, porque é um distúrbio que se estende pelas diferentes áreas do conhecimento, levando-se dessa forma a diversificar seu diagnóstico que estão presentes nas áreas cognitivas, afetivas entre outras, e até mesmo autores que escolhem esse tema não chegam a uma concordância sobre seu conceito.
Este também nos ressalva algo importante, que a família precisa acompanhar o desenvolvimento de seus filhos, e são eles muitas vezes que acabam sempre percebendo que alguma coisa não está certa. Sisto (2001) já os define como responsáveis pelo diagnóstico precoce, pois são os pais e os professores que percebem primeiramente as dificuldades de aprendizagem de uma criança, porque ao ingressar na vida escolar ela já traz consigo algum conhecimento adquirido, desde o seu nascimento adquire e reconhece o que lhe é ensinado, e que fazem parte de seu cotidiano, sendo assim os pais são os primeiros educadores de seu filho, e desempenham um papel muito importante na formação e no desenvolvimento cognitivo da mesma. Pois,
[...] num envolvimento sociofamiliar adequado e qualitativamente estimulado a criança desenvolve as aptidões que terão um papel imprescindível na aprendizagem, mas em um envolvimento sociofamiliar inadequado e frustrado, com pouca estimulação e interação sociolinguística, é obvio que as aptidões da criança não atingem a maturação exigida para superar as situações e problemas da aprendizagem. (FONSECA, 1995, p. 356).
Quando a criança tem um acompanhamento educacional e familiar constante, poderá ser realizada uma identificação precoce do desenvolvimento cognitivo da mesma, e ao notar se possui alguma dificuldade em suas aptidões, poderá ser realizado um trabalho diferenciado para a tentativa de sanar a mesma. Essas dificuldades devem ser acompanhadas para que se possa identificar qual é, e se são realmente dificuldades de aprendizagem, que às vezes se confunde falta de interesse, com DA.
Mas sabemos que as DA, vão além de desinteresses ou falta de vontade, é um transtorno que se manifesta na aquisição de alguma habilidade, seja na área da linguagem como em cálculos aritméticos. Face às inúmeras definições de DA, Fonseca (1995) e García (1998) constataram que tem sido consensualmente adotada a definição proposta pelo National Joint Committee on Learning Disabilites (NJCLD) dos Estados Unidos da América, que entende a dificuldade de aprendizagem como:
[...] um termo que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido a disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto regulação, percepção social e interação social, mas não constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem possa ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtornos emocionais graves) ou influencias extrínsecas ( tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são resultado dessas condições ou influencias (FONSECA, 1995, p. 71)
Para ter clareza de se há uma dificuldade em uma criança, ela deve ser submetida a uma avaliação, porque “a avaliação é um processo de coletas de informações para um objetivo específico. Trata-se de um processo de direcionamento da tomada de decisões sobre uma criança, identificando seu perfil de potencialidades e suas necessidades”. (DOCKRELL e MCSHANE, 2000, p. 33)
A avaliação de um aluno é fundamental, pois, é através dela que se consegue saber se ele tem ou não uma dificuldade em seu aprendizado. Sendo assim, pode-se dizer que “o processo de avaliação tenta detectar se uma dificuldade de aprendizagem existe de fato, que dificuldade é essa, porque ela existe e quais as diferenças entre esta dificuldade e as demais vividas pelas outras crianças”. (DOCKRELL e MCSHANE, 2000, p. 36)
Para assim não acabar fazendo grupos rotulados de pessoas com dificuldades diferentes, e prejudicar seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, pois, o rótulo acaba trazendo essas consequências. Como lembra Fonseca (1995), “o insucesso escolar da criança é, antes de mais nada, um insucesso social do adulto”. (p. 361)
E o ato de avaliar não deve ser aleatório, porque a critérios a serem seguidos e analisados devem considerar segundo Dockrell e McShane (2000, p. 34)
- Identificação da existência do problema;
- Avaliação da natureza do problema;
- Realização do diagnóstico.
E estas informações servirão para a tomada de novas decisões, conceitos e atitudes, e dar subsídio para o planejamento prévio sobre as metodologias aplicadas, e sendo o professor um dos primeiros a notar o desenvolvimento de seus alunos, muitas vezes será ele que irá encaminhar para recursos onde possa identificar com precisão se há ou não dificuldade de aprendizagem em algum aluno. Porque,
Um professor pode notar que uma criança precisa de muito mais tempo para aprender uma tarefa que as demais, e sempre que suspeitar de uma dificuldade de aprendizagem, deve-se fazer os encaminhamentos necessários para a equipe multidisciplinar de atendimento, para o psicólogo ou para outro especialista da área para que seja feita uma avaliação detalhada a fim de se determinar a natureza do problema. (DOCKRELLe MCSHANE, 2000, p. 34 e 35)
Além disso, a observação das crianças deve ser constante, tanto em casa como na escola, porque só assim poderá se fazer uma prevenção quanto à presença das dificuldades de aprendizagem, evitar os constrangimentos futuros decorrentes deste distúrbio e evitar que ocorram evasões escolares por não saber como se trabalhar com esses alunos.
AS DIFICULDADES PRESENTES NO DIA A DIA
Problemas frequentes em uma pessoa com DA
Como visto anteriormente a DA é um tema ainda muito amplo e complexo, com inúmeras definições e causas, e que segundo Fonseca (1995) podem ser observados porque causam alguns problemas, e estes são característicos da sua dificuldade e em que área ela está presente. Então o autor define como características da DA;
- Problemas de atenção;
- Problemas perceptivos;
- Problemas emocionais;
- Problemas de memória;
- Problemas cognitivos;
- Problemas psicolinguísticos,
- Problemas psicomotores.
Para Fonseca (1995), os problemas de atenção são evidentes quando a criança apresenta dificuldade em focar ou fixar a atenção, se dispersa com frequência, e a presença de dois ou mais estímulos à deixa perturbada.
Os problemas perceptivos revelam na criança com DA dificuldade em descriminar e interpretar estímulos. A percepção envolve o desenvolvimento corporal, espacial e motor, a identificação, a manipulação e as relações auditivas verbais que está relacionada com a linguagem. O autor define então que uma “criança com DA, é normal em termos intelectuais, porém seu sistema nervoso não recebe, não organiza, não armazena e não transmite informações visuais, auditiva e Tatilinguística da mesma maneira que uma criança normal”. (FONSECA, 1995, p. 256)
Já os problemas emocionais são causados pelos constantes fracassos escolares, pois as crianças que apresenta problemas neste quesito, são crianças normais que ri, chora, brinca, são inquietas, mas diante de seus constantes fracassos no desenvolvimento de sua aprendizagem, sentem-se excluídas e rejeitadas no ambiente escolar e familiar, levando-a a criar barreiras perante as atividades escolares. E Fonseca (1995), respalda que “a instabilidade emocional é uma das características mais referidas nas crianças com DA. E essas crianças tendem a evidenciar rápidas e imprescindíveis mudanças de humor e de temperamento que se refletem em problemas perceptivos e em problemas motores”. (p. 265)
A presença de problemas de memória fica evidenciada no aluno que tem dificuldade em relembrar e reproduzir fatos ocorridos, pois a criança com este problema pode ter uma leitura razoável, mas tem dificuldade na estrutura escrita, ditados e produções. Pois, sabemos que a memória ocupa uma função importante na aprendizagem, ela é responsável pela organização e armazenamento de informações adquiridas por qualquer pessoa. E a “criança com DA parece não reesperimentar a experiência, ou melhor, não revisualizar os símbolos”. Pois, “a criança que apresenta dificuldade de memória e de sequencializada auditiva demonstra uma inadequada utilização da linguagem e, subsequentemente, problemas de aproveitamento escolar e de integração social”. (FONSECA, 1995, p. 268)
O uso dos sistemas visuais e auditivos envolvidos constantemente, e o desenvolvimento da leitura e da escrita são fatores cognitivos muito complexos, então não desenvolver estes quesitos básicos é o que Fonseca (1995) define como problemas cognitivos, que segundo ele, o envolvimento constante destes fatores numa criança com DA terá como consequência um raciocínio desorganizado, fragmentado prejudicando o resultado de sua aprendizagem, seja ela qual for, e ele ressalva ainda que;
... as letras e as palavras impressas são interiorizadas a partir das aquisições cognitivas básicas e que numa criança com DA encontra-se fragilmente consolidada e estruturada, [...] pois sabemos que, quando uma criança não lê ou lê mal, ela não falha só na leitura, antes compromete todo seu aproveitamento escolar e consequentemente toda sua adaptação psicossocial”. (FONSECA, 1995, p. 279)
E quando uma criança não consegue desenvolver estas capacidades básicas acaba se repelindo do convívio escolar, pois se sente fracassada e inferiorizada.
Os problemas psicolinguísticos, para o autor são problemas que envolvem a audição, a visão, a retenção, compreensão e as programações verbais, orais e motoras, ou melhor que se classificam como problemas receptivos, integrativos e expressivos. Estes problemas são evidenciados quando percebesse;
Problemas na compreensão do significado das palavras, de frases, de histórias, de conversas; problemas em seguir e executar direções ou instruções simples e complexas; problemas de memória auditiva e temporal; vocabulário restrito e limitativo, frases incompletas e mal estruturadas, dificuldades de rechamada de informações; problemas de organização lógica e de experiência e ocorrências; dificuldade na formulação e ordenação ideacional; problemas de articulação e repetição de frases. (FONSECA, 1995, p. 279)
Estes sinais são exemplos significativos de problema encontrados na linguagem oral e escrita.
Para Fonseca (1995), os problemas psicomotores, estão ligados aos problemas afetivos e cognitivos, e a criança com DA apresenta uma organização tônica diferente, que é caracterizada pela hipertônica que é uma pré-disposição estática, e está ligada a hiperatividade, onde a criança tem uma atividade motora impulsiva; ou associada a hipotonia que é a pré-disposição atetósica relacionada a hipoatividade, que é a insuficiência de atividade, o que se opõe a outra nomenclatura.
É comum a criança com DA demonstrar dificuldade no plano da direcionalidade não podendo consciencializar interiormente e projetar ou transferir exteriormente as noções espaciais básicas: esquerda - direita, cima – baixo, dentro – fora, frente – traz, tão essenciais para às aprendizagens simbólicas. (p. 286)
Fatores que causam as dificuldades de aprendizagem
Como já relatado as dificuldades de aprendizagem são decorrentes de diversos fatores, que estão ligados ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e ambiental de cada indivíduo, e sua definição está relacionada à falta de desenvolvimento de alguma habilidade E os problemas psicomotores acabam interferindo no processo de aprendizagem da criança, pois afeta a estruturação e a organização perceptivo-motora, afetando ou dificultando a aquisição de noções espaciais e temporais.
E os problemas que afetam a aprendizagem são provenientes de diferentes fatores, que serão abordados a seguir. ou dificultando a aquisição bam interferindo no processo de aprendizagem da criança, pois afeta a estruturação.
seja na leitura, na escrita ou em cálculos. Com base nestas afirmações as dificuldades podem ser provenientes de diferentes fatores, e necessitam de um diagnóstico preciso para definir do que se trata. E Paín (1985) considera o diagnóstico como fator fundamental, porque sempre que se é levantada uma hipótese sobre a origem de uma dificuldade, esta deverá ser estudada para avaliar suas causas, para tratá-la. Sendo assim, o processo de diagnóstico não é algo simples, porque não há um fator determinante concreto para que se tenha um tratamento preciso.
Paín (1985) considera a dificuldade para aprender como um sintoma que pode ser determinado por fatores fundamentais, que tem uma função tão importante quanto o aprender, e precisam ser levados em consideração no diagnóstico de um problema de aprendizagem, e para ela, estes podem ser determinados por:
- Fatores orgânicos; estão relacionados a fatores biológicos, ou melhor, ao funcionamento do organismo que envolve os órgãos do sentido (audição e visão) e do sistema nervoso central e das glândulas, estes aspectos podem trazer como consequência dificuldades mais ou menos grave na aprendizagem.
- Fatores específicos; estes são relacionados às dificuldades específicas de cada pessoa, aquelas que não têm origem orgânica, mas que estão presentes na área da linguagem, na percepção espacial, dentre outros. A autora destaca que a dislexia é a entidade específica que deve ser mais considerada nas dificuldades de aprendizagem.
- Fatores psicógenos; para determinar estes fatores é necessário que se faça uma separação entre dificuldade de aprendizagem decorrente de um sintoma ou a uma inibição. Em relação ao sintoma é considerado o aprender a um significado inconsciente, pois “supõe uma previa repressão de um acontecimento que a operação do aprender de alguma maneira significa”. (p.31) E quando relacionado a uma inibição “trata-se de uma retratação intelectual do ego”, ocorrendo assim perca das funções cognitivas que levam a acarretar dificuldades para aprender.
- Fatores ambientais; estes estão relacionados com as condições ambientais de uma pessoa, que podem favorecer ou não no desenvolvimento de sua aprendizagem. Que para Paín (1985) “o fator ambiental é especialmente determinante no diagnóstico do problema de uma aprendizagem, na medida em que se permite compreender sua coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo”. (p. 33)
Como visto as dificuldades de aprendizagem não se relaciona apenas à estrutura individual da criança, mas também ao ambiente em que estão inseridas, a estrutura familiar e a sua hereditariedade, e elas podem ser compreendidas a partir das causas que a originam.
Tipos e causas de dificuldades de aprendizagem
A heterogeneidade de conceitos relacionados às dificuldades de aprendizagem, causa controvérsias, seja em relação sua definição ou em suas causas. E considerando as diferentes causas e como elas podem interferir no processo de ensino aprendizagem em que estão ligadas. Tanto nos fatores ambientais como nos biológicos, pode-se dizer que o desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem, segundo Smith & Strick (2001) estes estão envolvidos em várias áreas do conhecimento como a visão, percepção visual e da linguagem.
A seguir serão abordados alguns exemplos dos tipos de dificuldades de aprendizagem e como elas podem ser evidenciadas.
- Dificuldade de Aprendizagem da Linguagem;
Estão ligados a esta dificuldade a dislalia e a disfasia.
A dislalia é um problema funcional que está ligado ao atraso da fala, e segundo Godoi (2006), este consiste na pronúncia das palavras, seja acrescentado ou omitido fonema. Sendo assim, a dislalia consiste em omissão, substituição ou deformação de fonemas.
A disfasia é classificada por Garcia (1998) como um atraso maior no desenvolvimento da linguagem, e que não está relacionado a nenhuma deficiência. E para Souza (2007) trata-se de “crianças que apresentam problema na integração da linguagem sem insuficiência sensorial ou fanatória”, e que mesmo com algumas limitações consegue se comunicar através da fala.
E ao tratar tanto de disfasia como de dislalia, estaremos nos referindo em ambos os casos, de atraso ou desvio relevante no desenvolvimento da fala.
- Dificuldade de Aprendizagem da Escrita;
Este item segundo Garcia (1998), “trata da dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades relacionadas com a escrita. A gravidade deste problema pode vir desde erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na organização de parágrafos”. (191)
Os termos usados para definir esta dificuldade são a disgrafia e a disortografia.
A disgrafia é tratada como “casos que sem nenhuma razão aparente manifesta-se dificuldade na aprendizagem da escrita”. (GARCIA, 1998, p. 198)
Pode-se dizer que a disgrafia é uma defasagem ou atraso no desenvolvimento da escrita, em especial da letra cursiva, e neste caso a troca ou a falta de letra fica caracterizado com frequência.
A disortografia é a dificuldade do aprendizado e desenvolvimento da habilidade escrita expressiva, e está ligado na maioria das vezes ao atraso na linguagem. Segundo Souza (2007) é a escrita com erros de que tratamos que pode ser proveniente de uma dislexia leve, que teve melhora na leitura, mas que continua com erros ortográficos. É comum neste caso a união de palavras em uma só, ou a divisão das palavras e a dificuldade no uso da pontuação.
- Dificuldade de Aprendizagem da Leitura;
Esta dificuldade é definida por Garcia (1998) “pela presença no desenvolvimento do reconhecimento e compreensão dos textos escritos”, sem ligação a deficiência mental ou a escassa escolarização. E é denominado como dislexia. E o autor ainda ressalva que em uma pessoa com dislexia “manifesta-se uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções, bloqueios”. (p. 173) E que também afeta na compreensão leitora.
E Souza (1998) enfatiza ainda que a dislexia seja uma dificuldade em aprender a ler, escrever e soletrar, pois quem sofre desse transtorno lê com dificuldade, porque tem dificuldade em assimilar as palavras.
- Dificuldade de Aprendizagem da Matemática;
Garcia (1998) assimila esse transtorno como sendo as dificuldades significativas no desenvolvimento das habilidades relacionadas a matemática, que não são provenientes de uma deficiência mental ou a problemas auditivos e visuais. E este é conhecido como discalculia, e segundo ele ela está associada a problemas na leitura e escrita, e na compreensão dos números, a interpretação e resolução de problemas, tabelas, entre outros.
A discalculia na visão de Souza (2007) é um termo que não está relacionado a ausência de habilidades matemáticas básicas, como a contagem, mas na forma como a criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca.
- TDAH;
A nomenclatura TDAH, é também conhecida como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, e Brasil (2007) define que estes transtornos são originados por disfunções no funcionamento cerebral.
Os sintomas de hiperatividade nas crianças com TDAH, manifestam-se geralmente pela agitação constante, a falta de concentração, inquietude, em outras palavras não para quieto, o que acaba prejudicando seu convívio social, familiar e escolar, pois suas atitudes acabam deixando quem está ao seu redor irritado, repelindo muitas vezes amigos ou pessoas mais próximas, e trazendo como consequência problemas em seu aprendizado.
Na sala de aula os sintomas mais comuns segundo Brasil (2007) são: agitação com pés e mãos, remexer-se na cadeira, levantar com frequência, correr e escalar em demasia, falar demais, ter dificuldade em envolver-se em atividades, não conseguir acompanhar atividades muito longas ou terminar tarefas, evita tarefas que exijam muito esforço mental por longo tempo, perde as coisas facilmente, entre outros.
E diante destes fatores pode-se fazer menção a afirmação de Smith & Strick (2001), onde dizem que “[...) as crianças com TDAH frequentemente vão mal na escola, e se a intervenção demorar a ocorrer, elas podem não construir a fundamentação acadêmica sólida de que precisam para ter sucesso nas séries posteriores”. (p.40) Levando muitas vezes o aluno a ser excluído do convívio dos demais por causa das suas atitudes.
É importante diagnosticar e tratar as dificuldades de aprendizagem, pois com um acompanhamento profissional, educacional e familiar adequado fica mais fácil desenvolver um bom atendimento as crianças que apresentem esse transtorno. Toda via quanto mais cedo for identificada, o atendimento a estas crianças surtirá bons resultados, pois, o subsidio, auxilio são peças chaves para que se tenha um atendimento de qualidade aos educandos que apresentem DA no seu processo de desenvolvimento educacional.
REFERÊNCIAS:
DOCKRELL, J.; MCSHANE, J. Crianças com Dificuldades de Aprendizagem: uma abordagem cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
FONSECA, V. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GARCIA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
GODOI, M. I. M. Fundamentos de neurologia e neuropsicologia. Faculdade de Rolim de Moura – FAROL. Centro de Pós - Graduação. Sapezal, 2006.
PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Trad. Ana M.N. Machado. Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.
SOUZA, J. E. Aprendizagem e Desenvolvimento na Educação Especial. Sapezal, 2007.
STERNBERG, R. J.; GRIGORENKO, E. L. Crianças rotuladas: o que os pais e professores precisam saber sobre as dificuldades de aprendizagem; trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003.