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OBJETOS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM: A UTILIZAÇÃO DE VÍDEOS NA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL-SÉRIES INICIAIS

Luzia Biz da Silva[1]

Ana Paula Sandis dos Santos[2]

Renata Pereira da Cunha[3]

Vania Paula dos Reis Santos[4]

Vanilde Fernandes de Oliveira Freitas[5]

 

 

RESUMO

A utilização dos vídeos no Ensino de Ciências para os alunos do Ensino Fundamental -Séries Iniciais pode se tornar um recurso eficaz para uma aprendizagem mais interativa e significativa para os alunos, na medida que seu uso tenha objetivos cognitivos a serem alcançados. Diante dessa perspectiva, os vídeos podem ser grandes aliados para propiciar a melhoria do ensino e aprendizagem dos alunos nos conteúdos de Ciências. Este trabalho teve como objetivo trazer a importância da utilização dos vídeos nas aulas de Ciências para os alunos do Ensino Fundamental- Séries Iniciais e o quanto estes podem contribuir para o processo de ensino e de aprendizagem. A revisão de literatura foi baseada em artigos obtidos a partir de pesquisas realizadas no Banco de Teses e Dissertações da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior- CAPES e na plataforma do Google Acadêmico. Foi observado que os vídeos são Objetos Digitais de Aprendizagem, pois tem características como objetivos, conteúdo instrucional e feedback, e ainda que são recursos que podem contribuir para uma aprendizagem significativa nas aulas de Ciência.

 

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Ciências. Objetos Digitais de Aprendizagem. Vídeos.

 

 

INTRODUÇÃO

 

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) estão presentes em nossa vida e vem modificando a estrutura da escola. Para Napolitano (2004) as TIC podem ser compreendidas como um conjunto de recursos tecnológicos que podem proporcionar a comunicação e informação, sendo alguns exemplos como as câmeras de vídeos, internet, celulares e smartphones, computadores, e-mails, objetos digitais de aprendizagem, entre outros.

Para Costa (2014) um dos recursos das TIC mais utilizado e difundido entre os professores é o vídeo, que além de tornar a aprendizagem mais dinâmica e interativa, pode se tornar um canal eficiente de discussões e debates.

Diante dessa realidade, a utilização de vídeos poderá contribuir como suporte metodológico para que os alunos do Ensino Fundamental-Séries Iniciais possam aprender conteúdos da disciplina de Ciências?

Para Moran (2009) o vídeo ajuda no processo de ensino e aprendizagem pela sua dinâmica e sua linguagem que facilitam o caminho para níveis de compreensão mais complexos e mais abstratos. Nisto, os vídeos poderão ser utilizados nas aulas de Ciência objetivando contribuir para uma aprendizagem mais significativa para o aluno.

É nessa perspectiva que trabalho tem como objetivo trazer a importância da utilização dos vídeos nas aulas de Ciências para os alunos do Ensino Fundamental- Séries Iniciais e o quanto estes podem contribuir para o processo de ensino e de aprendizagem.

A revisão de literatura foi baseada em artigos obtidos a partir de pesquisas realizadas no Banco de Teses e Dissertações da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior- CAPES e na plataforma do Google Acadêmico.

Portanto, esse trabalho traz alguns referenciais teóricos e discussões sobre o Ensino de Ciências, Objetos Digitais de Aprendizagem e a importância dos vídeos no ensino de Ciências.

 

 

O ENSINO DE CIÊNCIAS

 

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017) a presença da área Ciências da Natureza se justifica na educação formal, pois contribui para o debate e tomada de posição sobre alimentos, medicamentos, combustíveis, transportes, comunicações, saneamentos, manutenção da vida na Terra, entre outros temas relevantes, que são imprescindíveis tanto conhecimentos éticos, políticos, culturais quanto científicos, diante do seu compromisso com a formação integral dos alunos.

Ao longo do Ensino Fundamental, a área da Ciências da Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico) e transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências (BRASIL,2017).

O ensino de Ciências é parte integrante do currículo do ensino fundamental e está diretamente ligada ao cotidiano do aluno. Como as demais disciplinas da educação base o ensino da ciência é muito importante e por meio da definição trazida por Cegalla (2005), fica bem clara a evidência dessa importância:

 

Ciências é: 1- conjunto ou soma dos conhecimentos humanos adquiridos por meio de observação sistemática, de pesquisa e de métodos e linguagens próprios: os progressos da ciência. 2- campo de estudo sistematizado voltado para qualquer ramo do conhecimento; 3- conhecimento; noção precisa; informação: A diretoria vai até a subsede para tomar ciência do que está ocorrendo.4- arte, técnica; tecnologia. 5- disciplina escolar introdutória dos estudos científicos: estudamos Português, Matemática e Ciências. // neste caso se escreve com letra maiúscula. (CEGALLA, 2005, p. 195)

 

E ainda é importante destacar que nos dois primeiros anos da escolaridade básica, em que a alfabetização é prioridade para as crianças, as habilidades de Ciências buscam propiciar um contexto adequado para a ampliação dos contextos de letramento (BRASIL, 2017).

Entretanto, como a preocupação primeira do ensino base é o aluno aprender a ler, escrever e realizar cálculos, qual seria a importância do ensino de Ciências no ensino fundamental?

De acordo com a BNCC (BRASIL, 2017), ao estudar Ciências, o indivíduo aprende a respeito de si mesmo, da diversidade e dos processos de evolução e manutenção da vida, do mundo material, do nosso planeta no Sistema Solar e no Universo e da aplicação dos conhecimentos científicos nas várias esferas da vida humana e essas aprendizagens, possibilitam que os alunos compreendam, expliquem e intervenham no mundo em que vivem.

Ao iniciar o Ensino Fundamental, os alunos possuem vivências, saberes, interesses e curiosidades sobre o mundo natural e tecnológico que precisam ser valorizados pelos professores, sendo o ponto de partida de atividades que assegurem a eles construírem conhecimentos sistematizados de Ciências, ofertando-lhes elementos para que compreendam desde os fenômenos mais simples até as temáticas consideradas mais amplas e complexas (BRASIL, 2017).

Na BNCC (Brasil, 2017), encontramos as unidades temáticas e os objetos do conhecimento da Ciências do Ensino Fundamental- Séries Iniciais que serão explicitadas nas informações trazidas no Quadro 1:

 

Quadro de unidades temáticas e objetos do conhecimento- Ciências- Ensino Fundamental-Séries Iniciais

 

Unidades Temáticas

Objetos do Conhecimento

1° Ano

Matéria e Energia

Características do materiais.

Vida e Evolução

Corpo humano; Respeito à diversidade.

Terra e Universo

Escalas de tempo.

2° Ano

Matéria e Energia

Propriedades e usos dos materiais e Prevenção de acidentes domésticos.

Vida e Evolução

Seres Vivos no ambiente Plantas.

Terra e Universo

Movimento aparente do Sol no céu como fonte de luz e calor.

3° Ano

Matéria e Energia

Produção de som, Efeitos da luz nos materiais e Saúde auditiva e visual.

Vida e Evolução

Características e desenvolvimento dos animais.

Terra e Universo

Características da Terra, Observação do céu e usos do solo.

4° Ano

Matéria e Energia

Misturas, transformações reversíveis e não reversíveis.

Vida e Evolução

Cadeias alimentares simples, Microrganismos.

Terra e Universo

Pontos cardeais, Calendários, fenômenos cíclicos e cultura.

5° Ano

Matéria e Energia

Propriedades físicas dos materiais, Ciclo hidrológico, consumo consciente, Reciclagem.

Vida e Evolução

Nutrição do organismo, hábitos alimentares, integração entre os sistemas digestório, respiratório e circulatório.

Terra e Universo

Constelações e mapas celestes, Movimento de rotação da terra, periodicidade das fases da Lua, Instrumentos óticos.

Fonte: Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017 p.328)

 

As unidades temáticas estão estruturadas em um conjunto de habilidades cuja complexidade cresce progressivamente ao longo dos anos e essas habilidades mobilizam conceitos, linguagens e processos, práticas e procedimentos de investigação envolvidos na dinâmica da construção de conhecimento na Ciência (BRASIL, 2017).

Neste sentido ainda de acordo com BNCC (Brasil, 2017), não basta somente que os conhecimentos científicos sejam apresentados aos alunos, é necessário oportunizá-los para que eles se envolvam no processo de aprendizagem vivenciando momentos de investigação que lhes proporcionem exercitar e ampliar sua curiosidade, a capacidade de observação, de raciocínio lógico e de criação, desenvolvendo posturas colaborativas tendo como referências os conhecimentos, as linguagens e os procedimentos próprios das Ciências da Natureza.

 

 

OBJETOS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM

 

 

O Objeto de Aprendizagem (OA) pode ser uma vantajosa ferramenta de aprendizagem e instrução, sendo utilizada para o ensino de diversos conteúdos e revisão de conceitos. A metodologia a qual será usada o OA, será um dos fatores de relevância para determinar se a sua adoção poderá ou não levar o aluno ao desenvolvimento de pensamento crítico. Flexibilidade e possibilidade de reuso são características de um Objeto de Aprendizagem, que facilitará a disseminação do conhecimento, assim como sua atualização (AGUIAR; FLORES, 2014).

A definição para Objetos de Aprendizagem, segundo Aguiar e Flores (2014) surge de acordo com a visão dos autores diante da sua utilidade e relevância para o ensino e a aprendizagem, variando de acordo com a abordagem proposta e os aspectos que estão associados ao seu uso educacional. Nessa perspectiva, traremos a visão de alguns autores e suas respectivas definições sobre os Objetos de Aprendizagem.

Para Wiley (2000) um OA é qualquer recurso digital que pode ser reusado como suporte para a aprendizagem. Um outro entendimento de acordo com Nascimento (2008) é que o OA são recursos digitais desenvolvidos como certos padrões que possibilitam sua reutilização em vários contextos educacionais. Os autores Sá Filho e Machado (2003) definem OA como recursos digitais, que podem ser usados, reutilizados e combinados com outros objetos para formar um ambiente de aprendizagem rico e flexível.

Corroborando, Filatro (2008) define objetos de aprendizagem como “pedaços de conhecimentos” autocontidos e identificados por descritores que trazem dados sobre autores, palavra-chave, assunto, versão, regras de uso, localização, com propriedade intelectual, requisitos técnicos tipo de mídia e nível de interatividade, entre outros, em que seus elementos internos são organizados por mecanismos de empacotamento de conteúdos mostrando a estrutura dos conteúdos e do conjunto de regras para sequenciar sua apresentação.

Um OA, é qualquer recurso suplementar ao processo de aprendizagem que pode ser reusado como suporte visando potencializar o processo de aprendizagem. (TAROUCO ET AL., 2003)

Os OAs podem ser definidos como recursos não e/ou digitais que são usados, reutilizados e combinados com outros objetos para gerar um ambiente propício de aprendizagem (GUEDES, ET AL, 2021). Diante dessa realidade e do objetivo do nosso trabalho que é discutir sobre vídeos no ensino de ciências e este sendo um objeto digital de aprendizagem, a partir de agora utilizaremos o termo Objetos Digitais de Aprendizagem (ODA) no decorrer do nosso trabalho.

Como são compostos os Objetos Digitais de Aprendizagem? Segundo Singh (2001) o ODA deve ser organizado em três partes bem definidas que são os objetivos, o conteúdo instrucional e a prática e feedback.

Os objetivos devem ser claros quanto ao fim pedagógico e o uso do objeto e apresentar os pré-requisitos, ou uma lista dos conhecimentos prévios necessários para um bom aproveitamento do conteúdo. No conteúdo instrucional do ODA deve ser apresentado o material didático necessário para que o aluno possa atingir os objetivos propostos e a prática e feedback deve permitir ao aluno utilizar o material e receber retorno sobre o atendimento dos objetivos propostos no ODA (SINGH, 2001).

Segundo Mendes (2004) os ODAs possuem características e elementos que os compõem em sua estrutura e operacionalidade sendo eles: a Reusabilidade, em que o objeto deverá ser reutilizável várias vezes em diferentes contextos de aprendizagem; Adaptabilidade, deverá ser adaptável a qualquer ambiente de ensino; Granularidade, é o “tamanho” do objeto; Acessibilidade, acessível facilmente via internet para ser usado em diversos locais; Durabilidade, possibilidade de continuar a ser usado, independente da mudança de tecnologia; Interoperabilidade, habilidade de operar com uma variedade de hardware, sistemas operacionais e browsers, com intercâmbio efetivo entre diversos sistemas; Metadados, descrevem as propriedades de um objeto e facilitam sua busca em um repositório, como um título, autor, data, assunto, entre outros. Estes são alguns dos aspectos que devem ser levados em consideração quando um ODA é construído ou quando um professor vai escolhê-lo para ser utilizado.

As contribuições de um ODA para a aprendizagem são muitas, pois além de contextualizar um assunto, podem ser meios eficientes no sentido de promover a visualização de conceitos complexos, além de induzir o pensamento e a interpretação (NICOLA; RODRIGUES, 2011).

Ainda corroborando, Gallotta e Nunes (2004) afirmam que outra vantagem dos ODAs é a interatividade que eles proporcionam, incentivando a participação do aluno, permitindo um papel ativo, diferente de quando o aluno é apenas um ouvinte assumindo uma posição passiva das informações.

Um ODA na visão de Santos (2008) pode ser um potencializador para a configuração de significações que venham a formar a aprendizagem dos alunos, além de desempenhar uma função social, pois possibilita a inclusão digital a muitos alunos da rede pública.

Para Alves (2020) os ODAs têm o potencial para serem usados pelos professores com o objetivo de colaborar com o processo de aprendizagem dos alunos, além de proporcionar o desenvolvimento de conteúdos da Ciência de forma clara com aulas mais dinâmicas, criativas, fazendo com que os conteúdos fiquem mais próximos da realidade dos alunos.

É relevante ressaltar que o uso das ODAs permite ao professor interpretar, refletir e criar processos de ensino inovadores, em uma prática produtiva e dinâmica possibilitando o reinventar o ato de educar (SANTOS; MOITA, 2009).

 

 

A UTILIZAÇÃO DE VÍDEOS NA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS

 

Para Moreira (2006) a aprendizagem envolve vários fatores e condições como o interesse, a motivação, habilidades e a interação com os diversos contextos, assim o desafio dos professores será o de despertar os alunos para a aprendizagem proporcionando aulas mais interessantes com recursos tecnológicos tornando os conteúdos mais relevantes e possibilitando seu compartilhamento em experiências extracurriculares.

Nessa perspectiva é necessário pensar em práticas de ensino que busquem proporcionar uma visão global e contextualizada em detrimento de uma abordagem fragmentada e vazia de significados. Considerando que a educação precisa acompanhar as alterações ocorridas na sociedade, é preciso analisar como os recursos tecnológicos podem ser usados na sala de aula de forma a contribuir para o ensino e ao mesmo tempo tornar a aprendizagem mais prazerosa e significativa para os alunos (ALVES, 2020).

O ensino de Ciências para Aranha et al., (2019) precisa se relacionar com a realidade social e cultural dos alunos, além de possibilitar que eles se tornem seres críticos, capazes de interpretar e analisar pesquisas, notícias, artigos sobre ciência e tecnologia, pois precisam ser capazes de entender como o mundo ao seu redor funciona e de que forma podem intervir de maneira positiva nele.

Diante dessa realidade, podemos levantar o seguinte questionamento: como aproximar as aulas de Ciências da realidade dos alunos, inserindo as tecnologias digitais como os vídeos em sala de aula a fim de viabilizar o desenvolvimento de competências e habilidades para tornarem os alunos mais autônomos e criativos?

Os vídeos carregam um atrativo aos estudantes, principalmente por se tratar de novidade em sala de aula. A participação ativa do aluno na construção do conhecimento ampliou com o uso de ambientes virtuais de aprendizagem e a associação de mídias eletrônicas aos métodos tradicionais de ensino (SOUZA ET AL.,2019).

O uso de vídeos para Souza et al. (2019) é importante por propiciar uma aprendizagem interativa e colaborativa ao permitir que o aluno escolha o conteúdo que deseja usar para a construção do seu conhecimento e até mesmo aos professores que podem escolher os melhores conteúdos de vídeos que poderão ser direcionados em sala para a facilitar o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos.

O vídeo é uma das tecnologias de maior uso no cotidiano dos alunos, inclusive no Ensino Fundamental- Séries Iniciais. Esse ODA, tem um papel predominante e especial na ligação das pessoas com o mundo, com as diversas realidades, podendo mostrar algumas faces como a tristeza, a alegria, informação, diversidade, as imagem lúdicas, dinâmicas, brincadeiras, entre outros, sendo importante que o professor ensine seu aluno a leitura de imagens e sons (MORAN, 1993). Ainda para Moran (p.2, 1993), o vídeo pode ser definido como:

 

Sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical, e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário) em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação sensorial-cinética com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.

 

O vídeo pode ajudar professores e alunos em seu processo de aprendizagem, pois os conteúdos escolhidos são trabalhados em sala e os alunos podem se envolver de forma criativa e eficaz, entretanto precisa ter alguns cuidados quanto ao uso para que seja dirigido, tenha objetivos a serem alcançados, o tempo para a exibição do vídeo para que não haja dispersão dos alunos, analisar a qualidade do vídeo, entre outros (PAZZINI, 2013).

O vídeo entra como um recurso pedagógico para apoiar no contexto escolar e não apenas como entretenimento, aproximando os alunos a sua realidade, pois como o vídeo parte do visível, do concreto, do imediato, atua em todos os sentidos e tem-se a trabalhar recortes visuais proporcionados pela tecnologia (PAZZUNI, 2013). Diante desta perspectiva, verificamos que diante do ensino de Ciências os vídeos poderão ser uma ferramenta muito importante, pois conseguirá mostrar aos alunos fenômenos que muitas vezes no livro este não consegue visualizar e compreender.

De acordo com Moran (2006) nas práticas pedagógicas com a utilização de vídeos ocorre aprendizagem significativa, pois o conhecimento sofre um processo de contínua elaboração e reelaboração de significados. A experiência educacional e o preparo do professor são fatores importantes e eficazes na escolha do tipo de vídeo e qual a abordagem adequada a ser usada.

Diante da relevância da utilização dos vídeos e de suas características vimos que estes são Objetos Digitais de Aprendizagem, pois apresentam as três principais características que são os objetivos, o conteúdo instrucional e a prática e feedback. Entretanto, para Pazzini (2013) o fazer da sala de aula um ambiente de interação para o processo de aprendizagem, é preciso entender quem são os alunos, suas aspirações, interesses e dessa forma, planejar o trabalho docente, para que eles se sintam motivados a participar das atividades propostas, considerando-as como meios favoráveis para a democratização do conhecimento e da cultura.

Corroborando, para Moran (2009) o vídeo contribui no processo de ensino e aprendizagem pela sua dinâmica e sua linguagem que facilitam o caminho para níveis de compreensão mais complexos, mais abstratos, com menos apoio sensorial como nos textos filosóficos. Nisto, podemos verificar que os vídeos podem auxiliar no entendimento de conteúdos mais abstratos presentes na disciplina de Ciências, mostrando com mais clareza seus conceitos para os alunos, facilitando o ensino do professor e sua aprendizagem.

Para Watanabe et al., (2018) além da contribuição pedagógica como ferramenta de suporte, auxílio, introdução de um conteúdo, os vídeos podem ser utilizados em sala de aula para motivar os alunos, para registros de eventos e atividades realizadas, de experiências, de depoimentos e avaliação.

Para Silva et al. (2012) a linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas, pois solicita constantemente a imaginação e essas atitudes facilitam a aprendizagem quando o aluno é protagonista do vídeo, participando de todas as suas etapas, desde a ideia até a edição das gravações. Dessa maneira, percebemos que podemos utilizar o vídeo para a aprendizagem onde o aluno se torna o protagonista e autônomo do seu conhecimento a partir da produção de vídeo, orientada e motivada pelo professor.

Corroborando, Moran (2009) cita alguns benefícios que a produção de vídeos pelos alunos pode trazer para o processo de aprendizagem como: aulas mais atraentes uma vez que a sua produção estimula a participação e as discussões; a criatividade; ajuda na comunicação e interação com os colegas de sala e melhora a fixação do conteúdo.

Os vídeos usados em sala de aula podem transformar as atividades, os conteúdos e conceitos mais desafiadores e interessantes para os alunos. Saber selecionar informações, gravar, produzir vídeos, pode tirar o aluno do papel passivo, motivando-o a aprender (WATANABE ET AL., 2018).

Ainda para os autores, a utilização e/ou produção de vídeos em sala de aula é uma ferramenta que contribui para a aprendizagem significativa de conceitos da Ciência. Esse recurso pode motivar os alunos para participarem das atividades, conduzindo sua predisposição para a aprendizagem do conteúdo proposto, além de estimular o trabalho em equipe, desenvolvendo a socialização, troca e interação de ideias.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No ensino de Ciências, o indivíduo aprende a respeito de si mesmo, da diversidade e dos processos de evolução e manutenção da vida, do mundo material, do nosso planeta no Sistema Solar e no Universo e da aplicação dos conhecimentos científicos nas várias esferas da vida humana e essas aprendizagens, possibilitam que os alunos compreendam, expliquem e intervenham no mundo em que vivem.

A Ciência é uma disciplina que faz parte da área da Ciências da Natureza e faz parte do currículo do Ensino Fundamental das Séries Iniciais e Finais.

Os Objetos Digitais de Aprendizagem são objetos que podem ser reutilizáveis e contribuir no processo de ensino e aprendizagem. Apresentam três características importante que são os objetivos, o conteúdo instrucional e a prática e feedback.

Verificamos que os vídeos são Objetos Digitais de Aprendizagem e tem um papel predominante e especial na ligação das pessoas com o mundo, com as diversas realidades, podendo mostrar algumas faces como a tristeza, a alegria, informação, diversidade, as imagem lúdicas, dinâmicas, brincadeiras, entre outros, sendo importante que o professor ensine seu aluno a leitura de imagens e sons.

O vídeo pode ajudar professores e alunos em seu processo de aprendizagem, pois os conteúdos escolhidos são trabalhados em sala e os alunos podem se envolver de forma criativa e eficaz.

Nas práticas pedagógicas com a utilização de vídeos ocorre aprendizagem significativa, pois o conhecimento sofre um processo de contínua elaboração e reelaboração de significados.

Com esse trabalho percebemos a relevância da utilização dos vídeos no processo de ensino e de aprendizagem para o disciplina de Ciências no Ensino Fundamental-Series Iniciais, pois estes podem contribuir para o entendimento de conteúdos mais abstratos e fenômenos da Ciência mais difíceis de serem visualizados nos livros.

Com os vídeos as aulas podem se tornar mais interessantes para os alunos pois pode propiciar interação, motivação e aprendizagem. Vimos ainda que os vídeos podem ser recursos para introduzir um conteúdo ou ser uma ferramenta de suporte para aperfeiçoar, revisar ou reforçar um conteúdo já trabalhado em sala.

Verificamos ainda há possibilidade de produção de vídeo pelos alunos e que esta prática pode levar a um crescimento cognitivo, pois o aluno irá participar de maneira efetiva, contribuindo e sendo o protagonista do seu aprendizado.

Portanto, os vídeos são objetos digitais de aprendizagem relevantes, que podem ser usados em sala de aula, com objetivos traçados, com responsabilidade docente, pois pode permitir e ajudar na aprendizagem significativa do aluno.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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[1] Graduada em Pedagogia. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[2] Graduada em Pedagogia. Pós-graduada em Educação Infantil. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[3] Graduada em Pedagogia. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[4] Graduada em Pedagogia. Pós-graduada em Educação Infantil. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[5] Graduada em Pedagogia. Pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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