Buscar artigo ou registro:

 

 

 

Os desafios na aprendizagem de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Edilene Hesper Moura

Érika Eduarda Eising Souza

Lívia Monique de Almeida

Maria Jailsa de Sousa França

 

DOI: 10.5281/zenodo.14219452

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar quais as maiores dificuldades na aprendizagem das crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o mesmo é um transtorno neurobiológico, se caracterizando por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. A metodologia teve como fundamentos de pesquisa bibliográficas, artigos relacionados ao tema e questionário qualitativo e quantitativo, contendo 10 perguntas abertas e fechadas, que foram entregues aos profissionais da Escola Municipal Miraguaí, situada na cidade de Terra Nova do Norte-MT. A família também encontra dificuldades na maneira de lidar com crianças com esse diagnóstico, e a presença deles auxiliando o professor no processo de aprendizagem é de grande importância. Para ensinar uma criança com TDAH não depende apenas do professor, pois ele necessita do apoio da escola e possuir materiais pedagógicos diferenciados. Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança, adolescentes e adultos em suas relações pessoais, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social bem como baixo rendimento escolar.

 

PALAVRAS-CHAVE: Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade. Professor. Família.

 

 

ABSTRACT

This article aims to analyze the greatest difficulties in learning children with attention deficit hyperactivity disorder, the same is a neurobiological disorder, characterized by symptoms of inattention, restlessness and Impulsiveness. The methodology had as fundamentals of bibliographic research, articles related to the theme and qualitative and quantitative questionnaire, containing 10 open and closed questions, which were delivered to professionals of the Municipal Miraguaí School, located in the city of Terra Nova do Norte- MT. The family also finds difficulties in the way children deal with this diagnosis, and their presence assisting the teacher in the learning process is of great importance. To teach a child with ADHD it depends not only on the teacher, because he needs the support of the school and has differentiated pedagogical materials. This disorder has a great impact on the lives of children, adolescents and adults in their personal relationships, which can lead to emotional, family and social relationships as well as low school performance.

 

KEYWORDS: Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Teacher. Family.

 

Introdução

 

De acordo com o DSM- IV (Manual de Diagnóstico de Desordens Mentais), o TDAH é caracterizado por uma persistente desatenção ou impulsividade/ hiperatividade que é mais frequente e mais intensa do que observada em outras pessoas. O mesmo consiste em um problema de saúde mental que tem três caraterísticas básicas: desatenção, agitação e impulsividade.

A escolha por esse tema surgiu mediante a profissão que escolhi como futura pedagoga, pois a qualquer momento posso estar diante de um aluno com este transtorno. Visto que atualmente existe um grande percentual de crianças que sofrem com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Nesse sentido, surgiram as seguintes questões: ensinar um aluno com TDAH é realmente um desafio? Há compreensão e auxílio por parte da família quando a escola necessita de apoio pedagógico? O que é necessário para que as escolas possam ensinar as crianças com este transtorno?

As hipóteses iniciais desse estudo são de que para ensinar um aluno com TDAH pode ser realmente um desafio, e provavelmente o professor necessitará de ajuda e auxilio de outros profissionais. A família também encontra dificuldades na maneira de lidar com crianças com esse diagnóstico, e a presença deles auxiliando o professor no processo de aprendizagem é de grande importância. Para ensinar uma criança com TDAH não depende apenas do professor, pois ele necessita do apoio da escola e possuir materiais pedagógicos diferenciados.

Este presente artigo tem como objetivo geral analisar quais as maiores dificuldades na aprendizagem das crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade; e os específicos são: observar como o professor pode estimular uma criança com TDAH; relatar quais medidas a escola utiliza para ensinar as crianças com TDAH; compreender a importância da família no processo de ensino e aprendizagem.

Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança, adolescentes e adultos em suas relações pessoais, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social bem como baixo rendimento escolar. É importante ressaltar que nem todas as crianças diagnosticadas com TDAH apresentam as mesmas características. A criança pode apresentar um déficit de atenção intenso, porém não apresentar agitação motora e a impulsividade.

Portanto, muitas vezes pelo o fato de a criança não apresentar um quadro de agitação motora, o professor e a família não dão a devida atenção a este problema. Porém, as crianças que apresentam este transtorno têm muitas dificuldades de adaptação ao meio e, muitas vezes, suas dificuldades são acentuadas

 

 

Material e metodologia

 

Na busca pelo conhecimento cientifico, o pesquisador há de utilizar métodos para a abordagem e aplicação de sua pesquisa, esses métodos são chamados de metodologia e ela é essencial para o bom desenvolvimento e resultados finais da pesquisa. Gil (2010, p. 01), afirma que “a pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação cientifica”.

Ou seja, o pesquisador deve possuir conhecimentos sobre as tipologias e raciocínios que devem ser utilizados na investigação sistemática do tema. Ele deve estar atualizado profundamente e de forma adequada à área que pretende abordar (OLIVEIRA NETTO, 2008).

O pesquisador deve estar em sintonia com a metodologia aplicada, pois será a metodologia de pesquisa que responderá a perguntas como? Com o quê? Onde? Quando? De acordo com o tema imposto (MARCONI E LAKATOS, 2017).

Dentre as possíveis pesquisas que podem existir, há vários tipos de métodos que se caracterizam por uma abordagem mais ampla, num nível mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade. Dentre os métodos destacam-se os: indutivo, dedutivo, hipotético dedutivo e dialético (MARCONI E LAKATOS, 2017).

Para esta pesquisa será utilizado o método hipotético-dedutivo, que se baseia na formulação da possibilidade da existência de uma lacuna em determinado nível de conhecimento, e lança hipóteses que possam preenchê-las, desde que dedutivamente testadas (OLIVEIRA NETTO, 2008).

Marconi e Lakatos (2017, p.108) definem que “o método hipotético dedutivo se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos sobre a qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese”.

Por isso, será desenvolvida hipóteses sobre o tema “os desafios na aprendizagem de crianças com Transtorno de Défict de Atenção e Hiperatividade” e seus objetivos, com o intuito de testa-las e verificar se elas se aplicam a realidade ou se são hipóteses falsas.

Já de acordo com seu procedimento técnico, esta pesquisa utilizará o método estatístico, pois será realizado um levantamento de dados que posteriormente será analisado, através da coleta das opiniões dos professores.

Os tipos de pesquisa facilitam a execução do trabalho, por isso é necessário conhecer os tipos existentes e definir o que mais se encaixa no tema abordado.

De acordo com a natureza, está se define como básica, pois seu objetivo é entender, descrever ou explicar fenômenos existentes, é uma pesquisa destinada unicamente a ampliação do conhecimento (GIL, 2010).

Quanto a sua abordagem, se enquadra em quantitativa-qualitativa, pois além de coletar dados, estes serão analisados e quantificados, de acordo com o resultado obtido. Esta abordagem envolve o método estatístico e o comparativo, tornando-se um método misto de abordagem (OLIVEIRA NETTO, 2008).

Esta pesquisa, quanto ao objetivo geral, é definida como exploratória, pois tem como propósito proporcionar mais afinidade com o problema, tornando-o mais explicativo e construir hipóteses. Seu desenvolvimento é mais flexível, pois aborda vários aspectos do tema estudado (GIL, 2010).

Quanto aos procedimentos técnicos abordados, inicialmente será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, realizando um levantamento de artigos (impressos ou virtuais), livros, teses e dissertações sobre o assunto, tendo como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com o que já foi escrito sobre o assunto, permitindo explorar novas áreas que não foram pesquisadas anteriormente (MARCONI E LAKATOS, 2017).

 

Praticamente toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica. Tanto é que, na maioria das teses e dissertações desenvolvidas atualmente, um capitulo ou seção é dedicado a revisão bibliográfica, que é elabora com o propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema (GIL, 2010, p. 29)

 

Depois de realizada a pesquisa bibliográfica, foi desenvolvido uma pesquisa de campo, com a aplicação de um questionário contendo 10 perguntas abertas e fechadas entregue aos professores que atuam na Escola Municipal Miraguaí, localizada no município de Terra Nova do Norte – MT, com o intuito de levantar dados para responder aos objetivos estabelecidos.

O levantamento se dá pela interrogação direta de pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Serão coletadas informações a grupo de pessoas acerca do problema estudado e após análise quantitativa obter as conclusões correspondentes aos dados (GIL, 2010).

A coleta de dados se dará através de um questionário, tendo como base questões já formuladas pelo pesquisador, geralmente impressas, que serão entregues aos pesquisados.

As perguntas serão as mesmas para todos os que participarem da pesquisa, e o pesquisador pode optar em desenvolver perguntas abertas ou fechadas. As perguntas abertas são aquelas em que o pesquisado poderá responder de forma livre e expor a sua opinião, já as fechadas são aquelas em que o pesquisador já terá elaborado alternativas que abrange todas as respostas possíveis (MARCONI E LAKATOS, 2017).

Após coletados, os dados passarão por uma profunda análise, realizando comparações entre eles e confrontá-los com os trabalhos já realizados e expostos no referencial teórico.

 

 

Os desafios na aprendizagem de crianças com Transtorno de défict de atenção e hiperatividade

 

Com bases nas coletas de dados obtidos com a pesquisa de campo, foi possível constatar os seguintes resultados com o questionário aplicado aos professores (as) da instituição.

Foi perguntados aos professores se na instituição existia alguma criança diagnóstica com TDHA (Transtorno de Défict de Atenção e Hiperatividade), ambos responderam que sim que possuem alunos na instituição com esse transtorno.

 

“Pressupõe, conceitualmente, que todos, sem exceção, devem participar da vida acadêmica, em escolas ditas comuns e nas classes ditas regulares onde deve ser desenvolvido o trabalho pedagógico que sirva a todos, indiscriminadamente.” (EDLER CARVALHO,1998)

 

O recebimento dos alunos com necessidades especiais em escolas regulares está demarcado desde a Constituição de 1988, como afirma a Nota Técnica Nº 42/2015:

 

“Ampara-se na Constituição Federal de 1988 que define em seu artigo 205 a educação como direito de todos, dever do Estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, garantindo, no artigo 208, o direito ao atendimento educacional especializado”. (BRASIL,2015, p.1)

 

Depois de tantos anos de isolamento e segregação, as pessoas com deficiência estão sendo reconhecidas como cidadãos e aceitas na escola regular. Portanto, a escola inclusiva parte do pressuposto que todas as crianças podem aprender e fazer parte da vida escolar e social. A diversidade é valorizada, acreditando que as diferenças fortalecem a turma e oferecem a todos os envolvidos maiores oportunidades de aprendizagem.

Em outra questão foi realizada as seguintes perguntas: Quantas crianças apresentam os sintomas de TDAH? As mesmas possuem laudos? Todos responderam que existem muitas crianças com esses sintomas e que na instituição tem um total de 14 alunos com laudo diagnosticando esse mesmo transtorno.

Desse modo a Nota Técnica Nº 04/2014 diz a respeito do laudo:

 

“A exigência de diagnóstico clínico dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, para declará -lo, no Censo Escolar, público alvo da educação especial e, por conseguinte, garantir-lhes o atendimento de suas especificidades educacionais, denotaria imposição de barreiras ao seu acesso aos sistemas de ensino, configurando-se em discriminação e cerceamento de direito”. (BRASIL, 2014, p.3)

 

Desse modo o laudo acaba se tornando importante para o aluno com TDAH, porém “não se trata de um documento obrigatório, mas, complementar, quando a escola julgar necessário” (BRASIL, 2014, p.3). O importante é que o direito a educação das pessoas com este transtorno seja garantido pela escola.

 

Figura 1. A importância da participação da família da criança com TDAH no processo de ensino e aprendizagem.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 1 estão apresentados os dados em relação da importância da participação da família da criança com TDAH no processo de ensino e aprendizagem. Observa-se que 12% dos professores responderam que a participação da família é muito importante, já 88% responderam que é muito importante, mas nem todos participam.

A participação da família é fundamental ao desenvolvimento de qualquer criança, sobretudo para as que tem TDAH. A escola e a família devem participar juntas no desenvolvimento da criança. A falta da participação da família faz com que fiquem sem saber as dificuldades em que as crianças possam estar enfrentando.

As crianças com esse transtorno possuem diversas dificuldades as quais os pais e as escolas devem trabalhar unidos para que esse aluno possa alcançar o sucesso. Cavalcante afirma que “a colaboração entre pais e escola melhora o ambiente escolar e transforma a experiência educacional dos alunos numa vivência mais significativa”. (CAVALCANTE, 1998, p.155)

Os papéis da família são abordados por Minuchin de forma bastante clara:

 

Os papéis da família variam muito, mas alguns desses papéis são fundamentais, dentre eles: “socialização da criança, cuidados ás crianças, tanto físicos como emocionais, suporte familiar, assuntos domésticos, manutenção das relações familiares, papel terapêutico e apoio emocional e papel recreativo. (MINUCHIN, 1990 apud MELO, 2012, p.4).

 

Portanto, a relação da criança com a família é fundamental para o seu desenvolvimento. Afinal, geralmente esta relação é repleta de atritos e bastante tumultuada, devido à dificuldade que os pais têm de aceitar o comportamento de seus filhos. Assim concluindo que o apoio familiar é a base mais solida para o processo de ensino e aprendizagem, pois envolve o afeto e a educação.

 

Figura 2. Medidas que a escola utiliza para auxiliar na aprendizagem das crianças com TDA.

Fonte: Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 2 estão apresentados os dados em relação as quais medidas que a escola utiliza para auxiliar na aprendizagem das crianças com TDAH. Observa-se que 67% responderam que a escola deve utilizar a salas de recursos multifuncionais, 16% responderam que se deve utilizar atividades diferenciadas e 17% responderam que a escola deverá utilizar o reforço como uma medida de auxiliar a aprendizagem dos alunos com este transtorno.

No aprendizado dos alunos com diagnóstico de TDAH, é importante entender em que nível operatório eles se encontram, para as atividades serem ajustadas de acordo com o seu desempenho. Saber entender o processo de aprendizado desses alunos é de suma importância. É necessário que a escola utiliza medidas para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem das crianças com TDAH, podendo utilizar atividades diferenciadas, reforço e as salas de recursos multifuncionais.

As salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado para alunos com necessidades educacionais especiais por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem. Conforme o Art. 10, em seu parágrafo I, devem conter na “sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógico e de acessibilidade e equipamentos específicos”. (PARANÀ, 2009, p.2) O conselho nacional de Educação amparado na Resolução CNE/CEB N° 4/2009, situa as Diretrizes Operacionais, para a realização de atendimento Educacional Especializado na Educação Básica apresentando no Art, 5° que:

 

O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo ás classes comuns, podendo ser realizado, em centro de atendimento educacional especializado de instituição de rede pública [...]. (BRASIL, 2009)

 

Haverá um cronograma de atendimento específico ao aluno na sala de recursos multifuncionais, o qual deverá ser flexível e levar em consideração a necessidade do aluno. O diagnóstico e a avaliação de entradas dos alunos com TDAH, deverá ser realizada conforme a Instrução 16/2011 SEED-SUED, apesar:

 

[...] enfocar aspectos relativos à aquisição da língua oral e escrita, interpretação, produção de textos, sistemas de numeração, cálculos, medidas, entre outros, bem como as áreas do desenvolvimento, acrescido de parecer neurológico e/ou psiquiátrico e complementada quando necessário, por psicólogo. (PARANÁ, 2011, p. 12)

 

Dessa maneira, as salas de recursos multifuncionais, tem por objetivo complementar a escolarização de estudantes que apresentam deficiência intelectual, física neuromotora, transtornos globais de desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, matriculados na rede pública de ensino.

 

Figura 3. As maiores dificuldades que o professor enfrenta para ensinar uma criança com TDAH.

Fonte: Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 3 estão apresentados os dados referentes a questão das maiores dificuldades que o professor enfrenta para ensinar uma criança com TDAH. Observa-se que 33% responderam que a maior dificuldade para ensinar uma criança com este transtorno é a falta de preparo e já 67% responderam que a maior dificuldade em relação a isso é a falta de formação dos professores.

Em certas atividades a professora tem que se dispor tempo para orientar o aluno com esse transtorno, visto que a mesma precisa dar atenção a todos e explicar as atividades e tirar as dúvidas dos demais. Nesse sentindo ROHDE, afirma:

 

O aluno com TDAH impulsiona o professor a uma constante reflexão sobre sua atuação pedagógica, obrigando-o a uma flexibilidade constante para adaptar seu ensino ao estilo de aprendizagem do aluno, atendendo, assim suas necessidades educacionais individuais. (ROHDE, 2003, p.206)

 

Em relação às dificuldades enfrentadas pelos professores, Diascânio e Souza afirmam:

 

A falta de tempo para atender a todos de maneira satisfatória, turmas muito numerosas, a falta de recursos audiovisuais, a não aceitação da família em relação ao encaminhamento para um psicólogo/psiquiatra, a falta de um feedback sobre a confirmação ou não do diagnóstico de TDAH, a agitação excessiva que dificulta o aluno a manter o foco no conteúdo transmitido, e, novamente a falta de conhecimento sobre o tema [...] (SOUZA; DISCÂNIO, 2017, p.11)

 

Há vários professores que ao serem colocados diante de alunos com o transtorno, não sabem como lida ou o que fazer para ensinar esse aluno, pois, não fizeram nenhuma formação sobre o tema, e isso é uma das maiores dificuldades encontradas pelos professores diante desse aluno. Sobre a formação dos professores, Imbernón afirma:

 

A formação terá como base uma reflexão dos sujeitos sobre sua prática docente, de modo a permitir que examinem suas teorias implícitas, seus esquemas de funcionamento, suas atitudes etc., realizando um processo de constante de auto avaliação que oriente seu trabalho. A orientação para esse processo de reflexão exige uma proposta crítica da intervenção educativa, uma análise da pratica do ponto de vista dos pressupostos ideológicos e comportamentais subjacentes. (IMBERNÒN, 2001, p. 48-49)

 

Desse modo, mais que apropriação de conhecimento, é necessário que os educadores façam um aperfeiçoamento educacional. A participação dos professores em congressos, seminários, ou mesmo cursos de curta duração que tenham enfoque na atualização profissional são de grande importância. Portando, é necessário que os professores estejam em uma formação contínua, para que consigam lidar com todos os tipos de alunos dentro de sala de aula, assim, poder dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem.

 

Figura 4. Os professores se consideram aptos a trabalhar com uma criança autista.

Fonte: Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 4 estão apresentados os resultados em relação se o professor se considera apto para trabalhar com uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Observa-se que 25% responderam que talvez, 50% responderam que não se consideram aptos e 25% responderam que sim, que se consideram aptos para trabalhar com uma criança/aluno que possui este transtorno.

A formação de professores é um aspecto que merece destaque quando se aborda a inclusão. Muitos professores sentem-se inseguros e ansiosos diante da possibilidade de receber uma criança com necessidades especiais na sala de aula. Existe, uma queixa muito grande de estudantes de pedagogia, licenciatura e professores: “Não fui preparado para lidar com crianças com deficiência”. (LIMA, 2002, p.40)

Desse modo, acredita-se que a formação docente e a busca da qualidade do ensino para crianças com necessidades educativas especiais. Nesse sentindo existe dois tipos de formação profissional: a primeira é a dos professores do ensino regular, uma vez que existe possibilidade de lidares com alunos com “necessidades educativas especiais” e a segunda é a de professores especialistas nas variadas “necessidades educativas especiais” que possam atender diretamente os alunos com tais necessidades ou para auxiliar o professor de ensino regular em sala de aula. (BUENO, 1993).

Portanto, a falta dessa formação dos professores, causa essa sensação de fracasso, e acaba fazendo o professor não se sentir aptos para trabalhar com alunos com TDAH, porém, a legislação brasileira prevê que todos os cursos de formação de professores, do magistério à licenciatura, devem capacitá-los para receber, em suas salas de aulas, alunos com ou sem necessidades educacionais especiais, dentre eles os alunos com deficiências ou transtornos.

 

Figura 5. O que é necessário para que as escolas possam atender as crianças com TDAH.

Fonte: Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 5 estão apresentados os dados referentes, a opinião dos professores em relação do que é necessário para que as escolas possam atender as crianças com TDAH. Observa-se que 12% responderam que é necessário possuir materiais diferenciados, já 88% responderam que é necessário possuir profissionais qualificados ou que tenha alguma qualificação na área.

Há uma falta muito grande de profissionais qualificados ou que tenha alguma capacitação, pois, existem poucas oportunidades de uma formação especializada. Elas são fundamentais, pois, servem para que os educadores possam refletir as propostas de mudanças, que possam transformar a sua prática profissional.

De acordo com Siems (2010) essa falta de capacitação no Brasil se dá porque “a preocupação com a formação dos professores voltada para educação inclusiva é muito recente”. De acordo com a autora é necessário mais investimentos nos processos de formação para reconstruir as práticas educacionais.

Desse modo, de acordo com Silva (2009) que afirma que o desenvolvimento da inclusão educacional “só pode ter resultados se forem feitos por meio da qualificação profissional”. Nesse sentido a escola precisa possuir profissionais qualificados para que a escola consiga atender as crianças com TDAH, e investir em formações aos profissionais da instituição.

 

Figura 6. Há compreensão e auxilio por parte da família quando a escola precisa de apoio pedagógico.

Fonte: Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 6, estão apresentados os dados referentes se há compreensão e auxilio por parte da família quando a escola necessita de apoio pedagógico. Observa-se que 12% responderam que sim, 25% responderam que na maioria das vezes e 63% responderam que poucas vezes há essa compreensão e auxilio por parte da família.

O papel que a família exerce na vida da criança com TDAH é de grande importância para o seu desenvolvimento escola. Segundo Tiba (1996, p.140) “os pais e a escola devem ter princípios muitos próximos para o benefício do filho/aluno”.

A família tem o dever de acompanhar e auxiliar o desempenho da criança, com o intuito e responsabilidade de intermediar sua prática no dia a dia. Tiba diz que:

 

Os pais sabem de suas responsabilidades quanto ao futuro de seus filhos. Quando se sentem incapazes-incluindo aqui um certo-conforto-, tendem a delegar a educação de seus filhos a terceiros: escola, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, babás, funcionários, avós e tios dos filhos, etc. (TIBA, 2012, p.116)

 

Os pais devem participar ativamente da educação do filho, dando apoio e suporte a escola quando a mesma precisar. Infelizmente, não é isso que ocorre, os pais estão cada vez mais distante da escola e de seus filhos. Chalita afirma que:

 

Por melhor que seja a escola, por mais bem preparados que estejam seus professores, nunca a escola vai suprir a carência deixada por uma família ausente. Pai, mãe, avó ou avô, tios, quem quer que tenha a responsabilidade pela educação da criança deve participar efetivamente sob pena de a escola não conseguir atingir seu objetivo. (CHALITA, 2001, p.17 e 18)

 

Sem a presença da família a escola não terá o apoio pedagógico necessário e a criança ficará desamparada pela própria família e não conseguirá acompanhar as informações necessárias para seu desenvolvimento cognitivo.

 

Figura 7. Para ensinar uma criança com TDAH será que depende apenas do professor.

Fonte: Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 7 estão apresentando os dados referentes a pergunta de que se para ensinar uma criança com TDAH depende apenas do professor. 12% responderam somente não, já 88% responderam que não, pois precisa da ajuda dos pais e outros profissionais para conseguir ensinar uma criança com este transtorno.

Para o professor ensinar é uma tarefa que impõe desafios variados e diários. De acordo com Muszkat, Miranda e Rizutti:

 

Ensinar uma criança com TDAH é ainda mais desafiador, pois além de os sintomas de  TDAH  envolverem  dificuldades  no  processo  de  aprendizado  e  no comportamento, cada criança com TDAH é única. Na maioria das vezes, os educadores não sabem o que fazer e sentem-se perdidos, cansados, desanimados e sem apoio. Entretanto, não é possível recusar o direito destas crianças ao ensino adequado de suas necessidades. Para isso, as leis de inclusão estão mais abrangentes e rígidas. Também, não é possível ignorar a presença dessas crianças na sala de aula. (MUSZKAT; MIRANDA; RIZUTTI, 2011, p.112)

 

Muszkat, Miranda e Rizutti (2011) destacam ainda que é necessário disponibilizar aos professores conhecimentos teóricos sobre o TDAH, para que aliado a novas práticas metodológicas e ao saber do próprio professor ele obtenha resultados satisfatórios.

O professor é elemento indispensável para que o aluno portador do TDAH consiga ser atendido na sua necessidade e inserido na escola, ele deve também conhecer as características da criança com transtorno em sua sala de aula, bem como necessita do acompanhamento da família e da equipe pedagógica, para que possa ajustar suas estratégias de ensino.

Para que o processo de aprendizagem do aluno com TDAH realmente ocorra não depende somente do professor e dos profissionais que acompanham esse aluno, a família deve por sua vez acreditar e incentivar sempre para que o mesmo se sinta capaz de superar suas limitações, sendo assim, a parte fundamental do processo de aprendizagem. Como afirma Goldstein (1994) “[...] para ajudar seus filhos a serem bem sucedidos na escola, os pais devem ser pacientes, persistentes e orgulhosos”.

 

Figura 8. Como o professor pode estimular uma criança com TDAH.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 8, estão apresentados os dados referentes de como o professor pode estimular uma criança com TDAH. Observa-se que 16% responderam que o professor deve mudar o tom de voz de acordo com a necessidade dando ênfase em momentos mais importantes do assunto, 15% responderam que deve-se usar atividades lúdicas, 23% responderam que devem utilizar-se de estímulos audiovisuais e sensoriais e 46% responderam que é necessário associar o assunto da aula a alguma situação do contexto que interessa ao aluno ou que tenha uma aplicação prática para estimular a criança com TDAH.

A dificuldade atenção desses alunos é muito intensa, a distração vem com muita facilidade, nas primeiras horas de aulas são mais fáceis de trabalhar algo dentro de sala da aula com este aluno. Esses alunos precisam ser estimulados com brincadeiras, jogos lúdicos e jogos com regras, que ajudam o aluno no convívio social e a saber perder e ganhar.

Desse modo, para o professor estimular esses alunos, terá de adaptar seus métodos e técnicas, pois o aluno com TDAH não reage e nem age como as outras crianças sem o transtorno, elas tem seus próprios limites. De acordo com Sanches (2008, p.90) o professor necessita encontrar e pesquisar “meios que favoreçam a aprendizagem desse aluno, inteirar-se sobre o assunto e procurar técnicas e adequações que resolvam os problemas de aprendizagem e comportamento que se apresentam na sala.”

É importante que os professores conheçam técnicas e estratégias que possam auxiliar os alunos com TDAH a terem melhor desempenho, sendo que em alguns casos é preciso ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades. Silva, argumenta sobre essa questão:

 

Se por um lado o adulto e a criança com TDAH têm profunda dificuldade em se concentrar em determinado assunto ou enfrentar situações que sejam obrigatórias, por outro lado podem se apresentar hiperconcentrados em outros temas e atividades que lhes despertem interesse espontâneo ou paixão impulsiva. Para tanto, ações cotidianas escolares, diálogo entre equipe docente e pedagógica são importantes para o desenvolvimento de estratégias eficazes que sirvam de auxílio ao professor. (SILVA, 2009, p.22)

 

É de grande importância usar a criatividade em sala de aula, elaborando uma aula que seja atrativa tanto para as crianças com TDAH, como para as demais, uma aula bem elaborada e cativante, poderá despertar a vontade dessa criança em aprender.

A didática em sala de aula deverá buscar meios que melhorem a concentração deste aluno, podendo mudar o tom de voz, utilizar atividade lúdicas, e uma didática importante é associar o assunto da aula a alguma situação do contexto que interessa ao aluno ou que tenha uma aplicação prática, com uma atividade atrativa é possível fazer com que a criança aumente o nível de atenção, dando a oportunidade da criança buscar meios de resolução do problema por meios direcionados pré-estabelecidas pelo professor. Portanto, o professo deve coordenar os processos pedagógicos fazendo que todos participem e consigam alcançar o sucesso escolar.

 

 

Conclusão

 

Com os estudos realizados concluiu-se que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno neurobiológico, ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. É importante ressaltar que nem todas as crianças apresentam as mesmas características.

Ensinar um aluno com TDAH é realmente um desafio para os professores, pois, o mesmo necessita de ajuda de outros profissionais, e falta auxilio por parte da família, pois ela também encontra dificuldades na maneira de lidar com essas crianças com este transtorno, e a presença deles é de fundamental importância para no processo de aprendizagem. Para ensinar uma criança com TDAH não depende apenas do professor, é necessário o apoio da escola, família e possuir materiais diferenciados.

Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança, adolescentes e adultos em suas relações pessoais, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social bem como baixo rendimento escolar.

Dessa forma, por meio desta pesquisa, percebeu-se a importância da presença da família e os desafios que o professor enfrenta nesse processo de ensino e aprendizagem do aluno com TDAH. Ainda vale ressaltar que foi possível conhecer este transtorno de várias maneiras e foi possível notar que ele não é o fim e que a criança com o mesmo, consegue aprender sim.

Desse modo, este trabalho trouxe contribuições significativas, possibilitando observar, produzir, pesquisar e aprender sobre esses alunos. Portanto, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade deve ser vista pelos professores e alunos como uma oportunidade de aprendizagem.

 

 

Referências

 

BRASIL. Nota técnica Nº42. Orientação aos sistemas de ensino quanto á destinação de salas de recursos multifuncionais. MEC/SECADI/DPEE, Brasília, 2015, p.1.

 

BRASIL. Nota técnica N°4. Orientações para implementação e política de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. MEC/SECADI/ DPEE. Brasil, 2014 p.3.

 

BRASIL. Resolução de CNE/CEB nº 4 de 2 de outubro de 2009, institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica, modalidade educação especial .

 

BUENO, J. G. S. Educação especial brasileira: integração/ segregação do aluno diferente . São Paulo, EDUC/PUCSP, 1993.

 

CAVALCANTE, Roseli Schultz Chiovitti. Colaboração entre pais e escola: educação abrangente. Revista Psicologia Escolar e Educacional Campinas, v. 2, n.2, p. 155, 1998.

 

CHALITA, Gabriel B. I. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente, 2001.

 

DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais. 4º edição. Porto Alegre. Artmed Editora, 2002.

 

EDLER CARVALHO, R. Temas em educação especial. Rio de Janeiro: WVA ED, 1998. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. – 5. Ed.- São Paulo: Atlas, 2010.

 

IMBERNÒN, F. Formação docente profissional: formar-se para mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2001, p. 48-49.

 

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho cientifico: projetos de pesquisa/ pesquisa bibliográfica/ teses de doutorado/ dissertações de mestrado/ trabalhos de conclusão de curso. – 8. ed. – São Paulo: Atlas, 2017.

 

LIMA, P. A. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo, AVERCAMP, 2002.

 

MELO, A. A. P. Influência da família no processo de aprendizagem escolar infantil . Sociedade Universitária Redentor – Faculdade Redentor.

MUSZKAT, Mauro; MIRANDA, Monica Carolina; RIZUTTI, Sueli. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Vol. 3. São Paulo: Cortez, 2011.

 

OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio de. Metodologia da pesquisa cientifica: guia prático para apresentação de trabalhos acadêmicos. - 3.ed.rev.e atual – Florianópolis: Visual Books, 2008.

 

PARANÁ, Instrução n° 016/2011 -SEED/SUED. Sala de recursos multifuncional. Disponível em: http://www.educação.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/instrucao162011.pdf

 

PARANA. DELIBERAÇÂO Nº 02/2009–SEED/SUED. Sala de recursos multifuncional.

Disponível  em:  http://www.educação.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/instrucao162011.pdf.

 

ROHDE, L. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: o que é? Como ajudar? . Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 1999.

 

SANCHES, V. L. O processo de inclusão/exclusão do aluno com TDA/H na escola pública. PDE, 2008, p. 90.

 

SILVA, A. B. B. Mentes inquietas: TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade . Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

 

SIEMS, MER. Educação especial em tempos de educação inclusiva: identidade docente em questão. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010, p.194.

 

SOUZA, Leticia Priscila Azevedo de; DIASCÂNIO, José Mauricio. A importância da capacitação de docentes para atender ás demandas educacionais de crianças com TDAH. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2017, p. 11.

 

TIBA, Içami. Pais e educadores de alta performance. 2° Edição. São Paulo: Integrare Editora, 2012, p. 190.