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Abordagens psicossociais na reabilitação múltipla: impacto na saúde mental e emocional

Luzilene Ramos

 

DOI: 10.5281/zenodo.14101567

 

 

RESUMO

Este trabalho tem a finalidade de refletir sobre todos os aspectos de transtornos mentais com suas características. O objetivo foi interpretar as perspectivas dos profissionais de saúde mental sobre a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais, buscando entender como eles viabilizam essa prática em seu trabalho. Os resultados indicam que a reabilitação psicossocial é um processo que ainda requer a superação efetiva do paradigma tradicional de saúde e doença mental para sua plena implementação. Assim as múltiplas faces dos humanos tem singularidades e coletividades que envolve as ações   psicológicas em instituições e empresas nas comunidades juntos com as equipes   psicossociais. Propõe-se refletir sobre aspectos relevantes da prática clínica em transtornos mentais, fundamentando-se na abordagem psicossocial. Isso implica um trabalho clínico direcionado à interlocução e à avaliação contínua de intervenções comprometidas com o sujeito inserido em um contexto socio-histórico. Abordagem psicossocial; saúde mental; práticas interventivas.

 

Palavras-chave: Saúde mental. Equipes. Avaliação.

 

 

Introdução

 

A integração colaborativo é um contexto que visa interação de suportes ao bem- estar das pessoas com distúrbios mentais. É fundamental á importância dos conhecimentos profissionais que desempenham uma ideia gradativo, para envolver o procedimento que busca superar o paradigma tradicional de saúde/doença mental. Porém, envolve nas capacidades dos usuários de transitar como cidadãos em diversos segmentos da vida social.

Assim, as intervenções terapêuticas, possuem a reabilitação que aborda as dificuldades necessaria para a visão da psicossociais, que oferecem mais resultados e positividade nas visão de movimentar juntos dos enfrentamento para construí com um bom avanço na proporção de associados às deficiencies múltiplas.

Para a informação,na reabilitação as pessoas com múltiplas deficiências, visa uma abordagem cheia de integração que é, centrada nas pessoas que são adaptada com as   dificuldades necessárias ,que os indivíduos, demonstram ,as suas autonomia e bem-estar.

A integração faz a práticas como terapia farmacológica, terapias cognitivas, pela arte, formação profissional e apoio ao emprego, também é essencial para promover a inclusão e a recuperação,a saúde e distúrbio mentais.

A reabilitação visa maximizar a funcionalidade do indivíduo, prevenir a progressão das limitações, promover a independência e a inclusão social em todas as esferas da vida.

 

 

Desenvolvimento

 

Atualmente, a saúde pública, com ênfase na saúde mental, busca adotar uma perspectiva que rompe com o modelo hospitalocêntrico tradicional de tratamento. Esse enfoque propõe desconstruir o lugar do "doente", fortalecendo sua saúde e valorizando os recursos que ele já possui.

A reabilitação para pessoas com múltiplas deficiências é um processo complexo e desafiador, que exige uma abordagem abrangente e adaptativa para atender às necessidades individuais de cada pessoa.

Esse processo começa com uma avaliação interdisciplinar minuciosa, conduzida por uma equipe de profissionais de saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, Fonoaudiologia, psicólogos e assistentes sociais.

Essa avaliação identifica as habilidades, limitações e necessidades específicas de cada pessoa, servindo como base para o desenvolvimento de um plano de reabilitação personalizado.

No campo da saúde mental, a abordagem psicossocial permite a articulação entre ciência, práticas clínicas e aspectos sociopolíticos, considerando os atores em seu contexto cotidiano. Essa abordagem envolve as dimensões psíquicas, sociais e culturais, pelas quais os indivíduos, tanto em nível individual quanto coletivo, se posicionam.

Reflexões críticas e esforços contínuos para alcançar melhores resultados na assistência psiquiátrica favoreceram o surgimento de serviços substitutivos, a ampliação das equipes de saúde e a revisão de seus papéis, além da inclusão da família e da comunidade na promoção da reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais. A ética se destaca como um princípio orientador nas ações contra a exclusão, a violência e o estigma associados aos transtornos mentais. A cidadania, por sua vez, representa o processo de luta pelos direitos civis, políticos e sociais.

A reabilitação psicossocial é uma abordagem holística que visa ajudar pacientes/clientes a reconstruírem suas vidas após transtornos mentais. Alguns de seus pontos fortes incluem:

- Recuperação e reintegração social: A reabilitação psicossocial promove a recuperação completa da pessoa, estimulando a integração comunitária e melhorando a qualidade de vida.

- Desenvolvimento de habilidades: Foca no treinamento de habilidades cognitivas, sociais, familiares e profissionais, permitindo que os pacientes enfrentem os desafios com mais eficácia.

- Autonomia: Ajuda os pacientes a encontrar novos significados para suas vidas, além de esperança e crescimento pessoal.

- Consciência da doença: Ensina as pessoas a reconhecerem a sintomatologia de sua doença e a buscar ajuda quando necessário.

- Inclusão e redução do estigma: A reabilitação psicossocial visa à independência, afastando-se dos preconceitos e integrando-se plenamente às comunidades em que vivem

Os princípios-chave da reabilitação psicossocial ,os profissionais de saúde mental que trabalham neste campo são aqueles que ajudam e orientam os pacientes com base em princípios básicos.

Consideram que todas as pessoas contam com um potencial que pode ser desenvolvido e trabalham especialmente sobre os pontos fortes de cada uma. Da mesma forma, todos os pacientes têm direito à autodeterminação.

O conceito de cidadania para pessoas com doenças mentais é, portanto, multifacetado. No que se refere à cidadania, é possível observar uma agressão significativa à dignidade humana, com a perda progressiva da autoestima e da autonomia, tanto individual quanto coletiva, resultando no afastamento dos direitos de cidadania para as pessoas com transtornos mentais.

O direito de cidadania do doente mental deve ser o direito de receber assistência adequada, a garantia de participar da sociedade e de não ser simplesmente jogado em depósitos, como ainda é uma realidade brasileira, na sua forma mais brutal, nos grandes hospícios públicos ou, nas formas mais sutis, em clínicas privadas e conveniadas

Ao observar o discurso percebemos   que os conceitos acerca de reabilitação social possuem características diversificadas, mas visa a atualização dos outros por revelarem restrição ou distorção na compreensão do processo.

Aquelas atualizadas ,destacam-se por passar a reabilitação psicossocial como um processo de envolver os mecanismos sócio - excludentes visando a reinserção do portador na vida comunitária e familiar. O objetivo é promover a desinstitucionalização dos usuários dos serviços de saúde mental.

A desinstitucionalização é entendida não apenas como a redução de leitos em hospitais psiquiátricos, mas também como um conjunto de ações que considera os indivíduos em suas experiências diárias, buscando superar a condição de exclusão que historicamente os estigmatiza. Sob essa perspectiva, não é suficiente pensar a desinstitucionalização apenas em termos das relações de poder e produção.

A deficiência múltipla, também conhecida como DMU, refere-se à presença simultânea de duas ou mais deficiências, que podem envolver aspectos físicos, intelectuais, emocionais, neurológicos, sensoriais, linguísticos e de desenvolvimento educacional/vocacional.

As questões sobre a divisão de poder, por exemplo, vão além da perspectiva política de um grupo, revelando sentimentos e interações entre seus agentes. Nos espaços coletivos de saúde mental, observamos usuários dos serviços solicitando atenção da família, da instituição, dos técnicos e da sociedade. Intervir junto a esses usuários implica promover transformações nas práticas e reconhecer que existem vínculos entre instâncias que anteriormente pareciam isoladas, sem perder de vista que o objetivo da ação clínica é o cuidado.

A contribuição da Psicologia, em consonância com as diretrizes do SUS e o princípio da integralidade das ações, efetiva-se quando reinventa as experiências para construir uma rede de relações entre aqueles que sofrem e suas condições sociais reais. É importante lembrar que o SUS foi constituído sob a influência de movimentos que originaram a reforma sanitária, ligados a outros atos políticos e sociais que se opunham à ditadura militar e, consequentemente, favoreciam a legitimação dos processos democráticos e dos direitos humanos.

Para Lévy (2001, p. 9), organizar-se, cooperar e criar coletivamente é, acima de tudo, recusar que um "senhor do sentido" dite as regras. Já Campos (2000) argumenta que intervenções psicológicas desvinculadas da realidade socioeconômica e das condições de vida dos indivíduos não reconhecem a autonomia dos atores sociais como protagonistas de sua própria história.

Francisco e Barbosa (2008) destacam que o questionamento sobre a adequação do modelo das ciências naturais às ciências humanas é relativamente recente na evolução da Psicologia como ciência e profissão. Historicamente, a ciência positivista, especialmente na Sociologia e Psicologia, produziu um conhecimento que distanciava sujeito e objeto, observador e observado, em nome de maior controle, precisão e previsibilidade (Francisco & Barbosa, 2008, p. 12).

Hoje, o psicólogo que atua em saúde mental é convidado a participar de inúmeras ações que exigem posições éticas e compromissos mútuos entre profissionais, instituições, usuários e familiares. Essa postura requer criatividade e abertura para compreender e reconhecer a complexidade dos indivíduos.

Conforme Freitas (1998), as influências de mundo que o profissional recebe afetam sua postura e orientam sua prática na clínica social. Dessa forma, seu saber-fazer pode tanto contribuir para manter a "ordem" social cotidiana quanto para provocar transformações com impacto no grupo.

Nessa perspectiva, o cuidado em saúde mental apoia-se numa rede de relações, buscando ativar, na comunidade, intercâmbios e recursos disponíveis para estabelecer uma relação cooperativa com os usuários. Na clínica psicossocial, seria incoerente limitar o indivíduo a dimensões puramente psicológicas ou sociológicas e ignorar a interação desses campos na formação do sujeito.

Segundo Levy (1994, p. 116), o psiquismo e sua dinâmica são o lugar da mudança, da possibilidade de desvinculações e novas combinações. As condições materiais só adquirem valor transformador quando são apropriadas subjetivamente em nível de significados.

Assim, a abordagem psicossocial francesa valoriza o individual e o coletivo e as relações que atravessam os processos do inconsciente e do social. Essa abordagem enfoca situações que emergem de grupos, organizações e comunidades, e os vínculos entre os sujeitos. Nesse contexto, o profissional deve privilegiar uma relação terapêutica contratual, onde todos — profissionais, usuários dos serviços e familiares — dialogam sobre direitos, deveres e corresponsabilidades.

A empatia é reconhecida como essencial para psicoterapeutas e profissionais de apoio. Quando adotam uma atitude empática, esses profissionais contribuem para a autoestima dos pacientes, favorecendo a autorrevelação, o vínculo terapêutico e a adesão ao tratamento.

A habilidade de construir vínculos, considerando as demandas clínicas e familiares, é uma ferramenta crucial na abordagem psicossocial. O campo das intervenções psicossociais direciona-se para fortalecer as capacidades do sujeito, promovendo sua autonomia, superação das dificuldades e a reinvenção de caminhos possíveis.

Nas relações terapêuticas pautadas pela visão psicossocial, o diálogo é condição essencial. O cuidado envolve o processo de relação entre sujeito, sociedade e consciência, transformando as ações institucionalizadas. Dessa forma, o encontro e a legitimidade na construção de uma vida social envolvem compromisso e a construção de uma ética (ethos-morada) fortalecida no contrato terapêutico.

 

 

Considerações finais

 

A integração da abordagem de reabilitação psicossocial é um conceito recente, uma estratégia inovadora que, como muitas outras iniciativas, ganhou impulso, mas tem se tornado progressivamente enfraquecida diante das dificuldades que enfrenta. Em relação ao seu atual estado, é necessário refletir de maneira mais integrada sobre os conceitos, a fim de revelar as limitações reducionistas e as necessidades de interdisciplinaridade, visando a articulação teórica e prática de diferentes saberes assistenciais, trabalhando de forma holística junto aos clientes.

Essa reflexão é fundamental para o planejamento educacional, que deve continuar a promover a auto-realização, tanto pessoal quanto profissional. A reflexão sobre a reabilitação psicossocial abordada neste estudo passa por diversas esferas, que foram agrupadas em categorias.

A participação dos profissionais destaca a importância de superar o paradigma tradicional, que prevê uma abordagem mais flexível e transformadora, capaz de construir novas experiências. Assim, a reabilitação psicossocial é percebida, prioritariamente, como a socialização dos pacientes. Para isso, é necessário desenvolver uma visão multifacetada, visando a utilização dos recursos terapêuticos disponíveis.

Conhecer e analisar o processo de reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais, ainda que de forma limitada, são contribuições de grande importância para sua promoção no cotidiano dos profissionais envolvidos na reforma psiquiátrica. Sabemos que muito ainda precisa ser feito para superar as barreiras políticas, institucionais e os compromissos que persistem na cultura de muitos profissionais, no sentido de promover a efetiva reintegração social de pessoas com sofrimento psíquico.

 

 

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