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JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS NA INFÂNCIA

Patrícia da Silva Batista

Antônio José Molina de Castro

Patrícia Fabiana Silva de Oliveira

 

RESUMO

 

Este estudo levou a busca pelo conhecimento sobre as múltiplas influências culturais nas primeiras atividades da criança, nos jogos, brincadeiras e escola, na infância.  Através desta pesquisa nas bases teóricas foi possível fazer viagem no tempo, em busca de registros históricos e conhecimentos fantásticos sobre os jogos, o brinquedo, as brincadeiras no passado, suas influências sociais e multiplicidades, as migrações e as novas formações as brincadeiras, bem como sua socialização na escola. Com o objetivo de adquirir novas concepções, definição e principalmente à compreensão sobre as produções das brincadeiras, de onde surgem, suas subjetividades e o prazer demonstrado durante as brincadeiras pelas crianças que está pesquisa utilizou pesquisas teóricas, como método o estudo de caso, que permitiu a técnica de coleta de relatos de professores sobre as influências e consequências na vida das crianças, através do ato de brincar, da ludicidade, dos jogos, brinquedos, mundo imaginário e faz de conta na formação da criança.

 

Palavras–chaves: Jogos. Brincadeiras. Brinquedos. Criança. Formação

 

INTRODUÇÃO

 

Inúmeras e distintas infâncias povoam o mundo, crianças vivem em culturas diferentes, em contextos diversos, e trazem consigo diferentes significados dos atos diários para o espaço escolar, constituindo a problemática da pesquisa, uma vez que a migração das crianças é uma constância, trocam de espaços culturais, de grupos praticantes das brincadeiras e então como se constitui esses novos processos e saberes?

Na hipótese de não conseguir observar as crianças no seu processo de desenvolvimento com as brincadeiras, jogos e brinquedos no tempo de seu desenvolvimento infantil, nem o desenvolvimento nos espaços escolares, o motivacional do lúdico nas escolas para a construção solidificada de seus conhecimentos através da multiplicidade existente nos espaços escolares, o desenvolvimento dessa pesquisa acontecerá apenas com bases nas teorizações.

Objetivando principalmente a compreensão sobre as produções das brincadeiras, de onde surgem, suas subjetividades e o prazer demonstrado durante as brincadeiras pelas crianças. 

Verificar as orientações como se constituem, são únicas e mudam de acordo com a cultura de vivência da criança.

Entender como ocorre o processo de aprendizagem, é rápido? há interesse da criança em aprender? Como se ensina e se aprende de fato como brincadeiras?

  Essa pesquisa se fundamenta em teóricos como Ariès, entre outros, livros e artigos a pesquisa bibliográfica, também utilizará da técnica de estudo de caso, apropriado para investigar grandes variedades de fatores e fenômenos relacionados à pesquisa, de acordo com Yin (2005) verifica-se que não existe uma determinação de mais importante ou menos importantes situações estudas nas pesquisas exploratórias, podendo receber dados de fontes distintas como registros de arquivos, observações ativas, fontes de evidências.

Essa pesquisa se justifica no interesse de buscar conhecimentos e compreensão sobre brincadeiras cotidianas em contextos diferentes, para que seja possível a busca de brincadeiras que permite a leitura das produções das brincadeiras de acordo com os comportamentos, a cultura do espaço, os hábitos das crianças, o sentimento das crianças em relação à brincadeira e aos brinquedos utilizados neste mundo, compreendendo a subjetividade das ações ligadas aos processos disciplinares, à percepção do mundo social da criança. 

 

  1. CONTEXTO HISTÓRICO

 

 A compreensão da atualidade remete a busca pela história, é inevitável o entendimento histórico para a compreensão das tendências e dos comportamentos de hoje, estudos efetuados sobre a história social da criança e da família, baseados em Ariès (1981, p.39), onde teoriza que a arte medieval desconhecia a infância por volta do século XII, não era nem se quer representada muito diferente do sentimento da nossa atualidade. As influências religiosas permitem as representações de época, em São Luiz na Bíblia, as crianças aparem mais em representações e no episódio de Jacó, Isaque aparece com mais ao menos 15 crianças que batiam em sua cintura, representados como homenzinhos.

De acordo com Ariès(1981) acredita-se que arte grega seja a idealizadora da infância e de sua graça. Já por volta do XIII, surgem crianças próximas ao moderno sentimento sobre infância. O interessante era a idade que apareciam mais grandes capazes de ajudar na missa, e assim eram educadas, submetiam-se as ordens dos seminaristas. Assim se constituía a formação dos clérigos, mas também a registros de que havia crianças que mamavam, pois o desmame ocorria mais tarde do que nos tempos modernos e sabiam pouco as letras. Mesmo nesse tempo da história a única criança de acordo com a arte da Itália desde o século XIV que tinha sentimento encantador era o menino Jesus. A partir desse tempo surgiu a criança nua e o tema infância sagrada progredindo a consciência do sentimento. E assim surgiram mais infâncias sacras como São João, São Tiago, surgindo ideias das crianças estarem misturadas com os adultos, e que suas representações aconteciam pelos pintores gostarem da graça das crianças que coincidiu com o sentimento engraçadinho da infância, inclusive até tem-se a tendência de fazer separação entre o mundo das crianças e dos adultos como no século XIX.

Ariès (1981, p.46), nos remete a um dos pontos mais marcantes dos sentimentos foi no século XVI, o retrato da criança morta, remetendo inicialmente a representação só e em seguida sobre o túmulo dos pais. No costume da época e sendo a novidade do século as famílias, as quais queriam retratos dos seus filhos, mudando no XIX para a pintura. Toda a indiferença existente, exceto Nossa Senhora Menina até o século XIII o traje usado após a retirada das faixas e cueiros eram como dos homens e mulheres, somente as crianças burguesas e nobres possuíam trajes apropriados a idade. Somente em meados do século XV que se inicia a consciência de infância que permanece até hoje, antes até sete anos de idade não era reconhecida pela sociedade a após os sete participava do mundo adulto.

Segundo Ariès (1981), diferente da nossa moral de hoje o jogo era aconselhado na ideia de arriscar pouco e ganhar muito, um meio de fazer fortuna e não somente um divertimento, mas uma profissão, forma de fazer fortuna honestamente, ideias remetiam o jogo como produtor de bons efeitos, quando o homem se comporta, como hábil, educado, com acessos, uma boa reputação, forma de ingressar na alta sociedade, de relaxar, uma forma fácil de abrir as portas, é preciso ser bem educado, sabendo ganhar e perder, cuidando para não arruinar seus próprios amigos. Já os jogos de azar, não havia reprovação moral, nem razão para proibi-los, o que explica as cenas artísticas das épocas onde as crianças aparecem jogando. No século XVI, em diálogos escolares, somente o jogo da péla era permitido pelos mestres, este jogo de acordo com D.João I, era útil para o treino das armas, arremetia com as mãos a péla (bola) de couro, nos grupos estudantis, jogavam em seis, três em cada parte, inicialmente com a palma, depois com raqueta e atualmente o jogo chama-se jogo de tênis. Porém os estudantes jogavam secretamente cartas, xadrez, garignons e dados.

Influenciados por pedagogos humanistas, dos médicos iluministas, passa-se dos jogos violentos de tradição à ginástica e ao treinamento militar aos jogos de salão, aos jogos de papeizinhos, jogo este que uma dama sentada com uma cesta, onde era posto papeizinhos, com nome de flores e objetos, a pessoa pegava um e tinha que responder com um cumprimento ou epigrama rimado. De acordo com Ariés (1981, p.101), antes desse modismo surge o conto de fadas, os mimos, uma forma de divertimento, originado na corte, logo passou-se para canções populares e brincadeiras infantis e jogos de rimas.

No século XIX, os Jogos Outrora, abandonava-os e os tornava provincianos como: o esconde esconde, o jogo do assobio, alguns jogos desse estilo se tornaram brincadeiras de crianças. Nessa época o jogo de bola era considerado suspeito de boas maneiras por causa da violência nos chutes, apesar da força física que era estimulada, acreditavam ser perigosos, mas mesmo assim conservou ente crianças e os camponeses. Muitos outros jogos passaram para os domínios infantis, jogos de exercícios, jogos que foram abandonados pelos nobres como o de boliche, e se tornou comum e popular as crianças que o preservaram e as mantém viva desde a sociedade antiga até os tempos atuais. Conforme o teórico Ariès (1981) as mudanças no histórico e contexto infantil, foram registradas em gravuras que mostram no fim do século XVII, crianças rolando arco, brincadeira que permaneceu até parte do século XX, esses arcos eram acessórios da acrobacia e da dança, brinquedos de todos que confinavam as crianças, com o objetivo de manter as crianças atentas e próximas dos adultos.

 

  1. DEFINIÇÃO DE BRINQUEDO - CARACTERIZAÇÃO GERAL

 

Brinquedo, considerado o objeto lúdico, termo designado ao material concreto, utilizado durante as brincadeiras infantis. Este termo brinquedo, de acordo com o Mini Aurélio (2010, p.116), é objeto de brincar, objeto para as crianças brincarem. Jogo de criança, brincadeira. Brinquedo cantado, brincadeira infantil que envolve gestos corporais aliados a uma canção ou frase rítmica.

Kishimoto (1994, p.21) descreve brinquedo como o suporte da brincadeira, e vincula-o ao ato de brincar ao pensamento sonhado, a imaginação e a simbologia. Para a autora, usar a capacidade de construir coletivamente, ligando ao sonho, a imaginação e ao jogo, faz parte de uma proposta educacional baseada nas linguagens artísticas e no ato de brincar das crianças. O Brincar se torna uma forma de nos tornarmos mais humanos, reconhecendo e significando representação cultural das crianças, significando que mesmo que as crianças brinquem com o mesmo tipo de brinquedo porém a representação significativa pode ser diferente entre elas, depende da cultura e dos brinquedos inseridos nas representações, já que considera-se um objeto lúdico com diversas funções na infância, inclusive função social. Na educação atual, a Lei de Diretrizes e Bases apresenta o brinquedo como:

 

... objeto suporte da brincadeira pode ser industrializado, artesanal ou fabricado pela professora junto com a criança e sua família. Para brincar em uma instituição infantil não basta disponibilizar brincadeiras e brinquedos, é preciso planejamento do espaço físico e de ações intencionais que favoreçam um brincar de qualidade. (BRASIL, 2012, p.7).

 

Para Kishimoto (1994), os brinquedos possuem estruturações quando são aqueles prontos, como: bonecas, carrinhos e os nãos estruturados são aqueles que não vêm da indústria, como: as pedrinhas que pela criatividade se transforma em comidinha, os pauzinhos que se transformam em robôs, independente da estruturação o brinquedo proporciona a criatividade e promove alterações significativas na capacidade imaginária das crianças.

De acordo com Ariès (1981, p.84), as crianças menores de sete anos, antes da Modernidade, possuíam brinquedos adequados a sua idade, e esses brinquedos eram utilizados pelos meninos e pelas meninas, inclusive bonecos e bonecas.

Na atualidade a diversidade de brinquedos provocou mudanças em suas criações, aquisições, indicativos adequados à idade da criança, e nas escolas de educação infantil, estão ainda mais rigorosos, devem-se seguir as orientações legais, pois de acordo com os critérios de compras e uso dos brinquedos do Governo Federal:

 

Brinquedo não é só para ver, é para tocar, sentir, lamber, movimentar, experimentar suas possibilidades em todas as formas e jeitos. Às vezes, a curiosidade leva a destruir o brinquedo para conhecer seu interior, ver como funciona, o que acontece com ele, o que faz ele se mover. Brinquedo é para todas as idades e só tem função quando utilizado para brincar. Brinquedo é material de consumo, estraga, perde validade, fica antigo, fora de moda, quebra. Não é objeto de decoração. Brinquedo é suporte de brincadeira, portanto, deve estar sempre disponível. (BRASIL, 2012, p.18)

 

Além da oferta adequada, é necessário considerar a variação, o interesse pelo objeto lúdico, a preferência da criança, a segurança, os interesses e as habilidades, para que ocorra a diversidade de uso de acordo com a identidade da criança.

 

  1. AS POSSIBILIDADES ATRAVÉS DA BRINCADEIRA NA INFÂNCIA

 

A brincadeira tanto a coletiva, quanto a individual mesmo com regras não limita o lúdico, apenas se distingue em algumas estruturações, e permite que a criança modifique-a, inclua novos integrantes ou não, ausentes regras ou crie mais regras.

Para Teles, (1999, p.15), brincar acima de tudo brincar com liberdade, é uma das condições para estimular, principalmente, a criatividade, são as brincadeiras que estimulam a compreensão da realidade para as crianças, e ao mesmo tempo estimulam a imaginação, proporcionando condições básicas para poder ser criativo.  A brincadeira, o jogo, o humor colocam o indivíduo em estado criativo.

 

Entretanto, se a brincadeira que estimula a criatividade só pode florescer num ambiente de liberdade e flexibilidade psicológicas, de busca de prazer, de autorrealização, devemos concluir que o desenvolvimento daquela que encontra-se profundamente vinculado aos objetivos educacionais. (TELES, 1999, P.15)

 

Segundo Vigotski (2008, p.27), a criança não brinca somente pelo prazer que a brincadeira o proporciona mais pelos resultados positivos, pelo ganhar e perder, sendo que na idade pré-escolar os motivos para brincar passam por complexidades, assim como as situações imaginárias já possuem regras comportamentais. Mesmo em brincadeiras as crianças apresentam situações reais e regras presentes nas situações, muitas vezes nem necessitando de muitas explicações prévias, pois a situação real já está internalizada então o comportamento na brincadeira passa a ser de acordo com o real.

Nessas brincadeiras de acordo com Teles (1999, p.19), a criança consegue liberar emoções enclausuradas e encontrar alívio imaginário para as frustrações passadas. Pode ocorre uma descarga emocional da criança, através da brincadeira, podendo anular a conduta lúdica. O mundo das brincadeiras e brinquedos disponíveis a criança depende muito da cultura, da idade, esse pequeno mundo dos brinquedos acaba sendo um abrigo, como as cabanas construídas em cima das árvores, abrigo este, que eles constroem para si mesmo, é como se estivessem de férias, a brincadeira é pura diversão.

 

  1. O QUE É O ATO DE BRINCAR E QUAIS SUAS INFLUÊNCIAS

 

Em busca de respostas ao que se considera o ato de brincar nas Diretrizes Curriculares de Educação Infantil, se considera mesmo significado com a brincadeira e também:

 

É a atividade principal da criança. Sua importância reside no fato de ser uma ação livre, iniciada e conduzida pela criança com a finalidade de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si mesma, as outras pessoas e o mundo em que vive. Brincar é repetir e recriar ações prazerosas, expressar situações imaginárias, criativas, compartilhar brincadeiras com outras pessoas, expressar sua individualidade e sua identidade, explorar a natureza, os objetos, comunicar-se e participar da cultura lúdica para compreender seu universo. Ainda que o brincar possa ser considerado um ato inerente à criança, exige um conhecimento, um repertório que ela precisa aprender. (BRASIL, 2012, p.7).

 

Em Teles (1999, p.14), brincar acima de tudo deve ser com liberdade, uma condição indispensável para o estímulo da criatividade. As brincadeiras aprofundam, para a criança, a compreensão da realidade, ao mesmo tempo em que estimulam a imaginação, condições básicas para se puder ser criativo. A brincadeira, o jogo, o humor colocam o indivíduo em estado criativo. Entretanto, se a brincadeira que estimula a criatividade só pode florescer num ambiente de liberdade e flexibilidade psicológicas, de busca de prazer, de auto-realização, devemos concluir que o desenvolvimento daquela encontra-se profundamente vinculado aos objetivos educacionais.

De acordo com Virgolim (1994, p.49) “Aqueles que só vivem a realidade, incapazes de sonhar, de ousar sair da rigidez de seus hábitos são aqueles que estão mais comprometidos, em termos de sanidade mental”.

 

O brinquedo não só possibilita o desenvolvimento de processos psíquicos, por parte da criança, como também serve como um instrumento para conhecer o mundo físico (e seus usos sociais) e, finalmente, entender os diferentes modos de comportamento humano (os papéis que desempenham como se relacionam e os hábitos culturais...). Para que as brincadeiras infantis tenham lugar garantido no cotidiano das instituições educativas é fundamental a atuação do educador. É importante que as crianças tenham espaço para brincar, assim como opções de mexer no mobiliário que possam, por exemplo, montar casinhas, cabanas, tendas de circo, etc. O tempo que as crianças têm à disposição para brincar também deve ser considerado: é importante dar tempo suficiente para que as brincadeiras surjam se desenvolvam e se encerrem. (TELES, 1994, p.93-95).

 

De acordo com Teles (1994, p.16), quando a criança começa a brincar, na sua vida de bebê, na primeira infância (até os 2, 3 anos), ela vai aprendendo a separar o eu do não eu. Até mais ou menos 6 anos a criança não tem ainda condições de zelar por seus brinquedos, a ela ainda lhe falta controle motor e parece ainda desajeitada, também por se apresentar imediatista, isto é, vive o momento presente, somente até que apareçam seus impulsos e a necessidade de satisfazê-los. O desmontar os brinquedos e explorá-lo ao máximo, faz parte das suas curiosidades em busca do novo, de descobertas, a intenção da criança nã0 é de destruição e sim de descobrir como o brinquedo funciona e assim normalmente a criança, principalmente a mais pequena destrua seus brinquedos, mas assim mesmo ela se satisfaz mesmo que eles não voltem a funcionar, porém as mais velhas já conseguem brincar, cuidar e ao fim das brincadeiras guardá-los e geralmente a criança mais velha executa essa sequência após a brincadeira com os devidos cuidados para que aconteça a durabilidade do brinquedo, mostrando uma maturidade maior em relação a suas ações ao brinquedo.

O ato de brincar atualmente está reconhecido nos Direitos da Criança de acordo com a Constituição Brasileira (1988), Convenção sobre os Direitos da Criança como base de direitos prioritários aceitos pela Assembléia das Nações Unidas em (1989), no Estatuto da Criança e do adolescente - Lei nº.8.069/90, que em seu Capítulo II, art.15 e art.16 traz a redação baixo citada quanto ao direito à liberdade da criança, ao respeito e à dignidade como dever do Estado, da sociedade e da família:

 

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;II - opinião e expressão;III - crença e culto religioso;IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;VI - participar da vida política, na forma da lei;VII - buscar refúgio, auxílio e orientação

 

Esse direito de brincar está estabelecido no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, seja no Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.

  1. REGRAS NAS ATIVIDADES LÚDICAS

 

No desenvolvimento da criança, o exercício no plano imaginativo, não é espontâneo e não acontece sem o contato com outros seres humanos, mesmo que tivesse todos os requisitos inatos necessários de acordo com Oliveira (1997, p.57), o crescimento social e a interação com outras pessoas são essenciais para o seu desenvolvimento. Com o duplo jogo, o caráter espontâneo existente no jogo torna possível o exercício das capacidades de planejamento, de imaginação representativa, incluindo o desenvolvimento do caráter social das situações lúdicas, dos conteúdos e regras.

De acordo com o indicativo dos Parâmetros Curriculares Nacionais,(1997, p 31)

 

A ação artística também costuma envolver criação grupal: nesse momento a arte contribui para o fortalecimento do conceito de grupo como socializador e criador de um universo imaginário, atualizando referências e desenvolvendo sua própria história. A arte torna presente o grupo para si mesmo, por meio de suas representações imaginárias. O aspecto lúdico dessa atividade é fundamental. Quando brinca, a criança desenvolve atividades rítmicas, melódicas, fantasia-se de adulto, produz desenhos, danças, inventa histórias. Mas esse lugar da atividade lúdica no início da infância é cada vez mais substituído, fora e dentro da escola, por situações que antes favorecem a reprodução mecânica de valores impostos pela cultura de massas em detrimento da experiência imaginativa. Embora o jovem tenha sempre grande interesse por aprender a fazer formas presentes no entorno, mantém o desenvolvimento de seu percurso de criação individual, que não pode se perder. O aluno pode e quer criar suas próprias imagens partindo de uma experiência pessoal particular, de algo que viveu ou aprendeu da escolha de um tema, de uma técnica, ou de uma influência, ou de um contato com a natureza e assim por diante. (BRASIL, 1997, p.31)

 

As situações imaginárias levam às crianças a realização dos desejos não realizáveis e elas brincam mostrando uma realidade relacionada ao mundo adulto, como se ela fosse maior, e mesmo que a ludicidade permita a ela um comportamento e um estabelecimento de regras da vida real, com distância significativa, de acordo com Vygotsky (1991, p.74) cristaliza-se no desenvolvimento da criança a formulação de um conceito específico, essencial para a compreensão de ideias sobre as relações entre desenvolvimento e aprendizado, zona de desenvolvimento proximal. Assim pode-se efetuar a avaliação após o desempenho de diferentes atividades, de percursos explorados da capacidade de realização da tarefa, pela criança sozinha. O lúdico faz parte contexto, do ambiente de desenvolvimento, assim as crianças conhecem, adquirem limites em maneira agradável, saudável, inclusive matrizes teóricas de diferentes autores trazem a ludicidade como base para a aprendizagem.

 

  1. APRENDENDO PRINCÍPIOS E VALORES ATRAVÉS DA BRINCADEIRA

 

Na constituição do indivíduo, muitos aspectos se interagem e se associam ao resgatar prazer, alegria, sensibilidades da vida e das brincadeiras, de acordo com Pereira (1999, p.276), todos os aspectos se ligam aos da magia, da religião e o mito proporcionando nessa demonstração dual a ligação da ludicidade ao prazer, ao imaginário, ao sonho, ativando a sensibilidade e a criatividade.

Teóricos como Gomes (2004) conceituam a ludicidade como uma possibilidade de ressignificar o mundo através da brincadeira, dando significados ao seu existir, utilizando a linguagem humana que permite a expressão da criança em suas criações, por isso considera:

 

[...]o brincar como referência, o lúdico representa uma oportunidade de (re) organizar a vivência e (re) elaborar valores, os quais se comprometem com determinado projeto de sociedade. Pode contribuir, por um lado, com a alienação das pessoas: reforçando estereótipos, instigando discriminações, incitando a evasão da realidade, estimulando a passividade, o conformismo e o consumismo; por outro, o lúdico pode colaborar com a emancipação dos sujeitos, por meio do diálogo, da reflexão crítica, da construção coletiva e da contestação e resistência à ordem social injusta e excludente que impera em nossa realidade. (GOMES 2004, p. 146).

 

O lúdico proporciona e estimula interesse em novas construções, novas descobertas, permitindo novas possibilidades, a criança em atividade lúdica, inventam e reinventam, e desenvolvimento de pensamentos e habilidades avança envolvido na afetividade, desenvolvendo uma visão global do mundo em meio a novas descobertas.

 

  1. JOGOS NA EDUCAÇÃO

 

A força da cultura das massas envolve movimentos de brincar de pular corda, dançar, cirandar e jogar, brincadeiras que estabelecem características próximas da infância e o contato consigo mesmo, entretendo e animando a criança.

Nas rodas ou brincadeiras que integram diversidade cultural possibilita inclusive vivências de características relacionadas aos sons. Os jogos silenciosos e o contrastante com som permitem a concentração, expressões corporais e atenção.

Os jogos referentes a linguagem garantem os benefícios que as atividades lúdicas permitem e a alegria a partir das diferenças sonoras, da improvisação, desenvolve inúmeras habilidades.

 

  1. BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO

       

          A cada dia o brincar na escola é mais complicado e os desejos de filhos felizes e realizados ficam mais difíceis.

Se os processos de aprendizagem ocorrem nos espaços de convívio conforme Piaget e nesses espaços a interação ocorrer ludicamente, pode ser uma ação preventiva de possíveis problemas de aprendizagem, então na escola o convívio com seus pares permite durante as brincadeiras as socializações culturais, as trocas, as novas oportunidades de tomadas de decisões, de desenvolvimento de responsabilidades e capacidades específicas, garantindo indivíduos de sucesso profissional.

De acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, independente de ser na área da linguagem, do movimento, da ciência, da matemática ou social, o faz de conta é indicado e essa essência de brincar na infância se asseguram nos direitos da criança de acordo com a Constituição Brasileira (1988), do Estatuto da Criança e do Adolescente, direito reconhecido também na Convenção dos Direitos da Criança (1989). A escola enquanto espaço de aprendizagem, ao permitir as brincadeiras espontâneas, permite cada vez mais apropriações de conhecimentos, estabelecimento de pontes dos mundos, da realidade e da fantasia.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

          O objetivo deste artigo visou analisar a importância da aplicação do  brincar na escola.

Em meio às incertezas e mudanças o fato é que a infância sofre transformações sociais e vai se modificando, a cultura de brincar teve origens em lugares com oficinas de madeiras, também a materialização da atividade e o interesse dos brinquedos, na Alemanha.

Percebeu-se que inicialmente toda a fabricação dos brinquedos apenas objetiva a produção dos brinquedos, objetos menores para decorações de casas e assim a indústria de brinquedos ganhou espaço social e as brincadeiras se revelaram de acordo com as culturas. As brincadeiras são apresentadas de maneira que dão importância do processo de aprendizagem da criança.

Entretanto os processos sociais são construídos através da conduta dos humanos, incluindo as brincadeiras, com isso a criança na infância expressa o mundo real, utilizando o brinquedo, sua forma de pensar, seu imaginário, seus valores sendo que nessa fase é fácil perceber através das brincadeiras, o contexto social que a criança está inserida.

            De acordo com as pesquisas realizadas que estiveram voltadas principalmente para identificar a eficácia da utilização dos jogos na infância, são analisados os fatos ocorridos, em busca de aspectos indicativos tanto dos benefícios quanto de alguns problemas com esses jogos e brincadeiras que pudesse apresentar para o processo de ensino e aprendizagem das operações utilizadas. Sendo que os mesmos têm se mostrado bastante eficazes, pois permite que as crianças desenvolvam suas habilidades com mais segurança.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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