AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM - EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL I
Josevania Guia dos Santos
Marlene Cassol Klaus
Joyce Caroline Morais Rosa
Credy Botoni da Silva
Leilaine Semensate Silva Cruz
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar a importância da afetividade no processo de ensino professor e aluno, e também com as relações pedagógicas professor-aluno, direcionando a importância da afetividade pode determinar o sucesso da criança no ambiente escolar e na sua vida futura. Este artigo leva-nos a refletir sobre afetividade, como o professor se torna o mediador dessa afetividade em sala de aula favorecendo a aprendizagem, podendo melhorar o convívio do aluno com o professor, assim tornando possível um relacionamento de amizade e respeito desenvolvendo o seu progresso físico, psíquico, espiritual e moral. Reconhecendo a falta da afetividade, sabendo que o cognitivo associa-se ao afeto. Através das pesquisas mostram que a afetividade é o mediador da aprendizagem e tornando possíveis melhorias nas relações interpessoais, fortalecendo os laços de amizade, respeito solidariedade entre outros.
Palavras-Chaves: Afetividade. Aprendizagem. Educação Infantil
ABSTRACT
This article aims to analyze the importance of affectivity in the teacher and student teaching process, and also with the teacher-student pedagogical relationships, directing the importance of affectivity can determine the success of the child in the school environment and in his future life. This article leads us to reflect on affectivity, how the teacher becomes the mediator of this affectivity in the classroom, favoring learning, which can improve the student's interaction with the teacher, thus making possible a relationship of friendship and respect, developing their progress. physical, psychic, spiritual and moral. Recognizing the lack of affection, knowing that the cognitive is associated with affection. Through research, it is shown that affectivity is the mediator of learning and making possible improvements in interpersonal relationships, strengthening bonds of friendship, respect, solidarity, among others.
Keywords: Affectivity. Learning. Child education
Introdução
Percebe-se que a afetividade se mostra como uma importante facilitadora do processo ensino.
Nesse processo, quando o aluno ocupa o foco da empatia do professor, que, ao identificar tal fato senti estímulo para programar atividades pedagógicas específicas para este aluno. Deste modo, fica claro que um bom relacionamento entre professor e aluno é um facilitador para o processo de ensino aprendizagem que se apresenta nas duas partes.
Chama-se, portanto, a atenção de nós professores para que reflitamos com relação à nossa prática em sala de aula.
Contudo, é preciso entender que tornar a sala de aula um ambiente tranquilo e harmonioso mostra-se como uma tarefa dispendiosa de esforço, habilidade e força de vontade por parte do professor.
Neste sentido, destaca-se que, a partir de quatro anos de idade, a criança já tende a apresentar uma nova maneira de interação e socialização. É o momento de migração do estágio do egocentrismo para o início de uma fase de mais estruturação.
Agora, nesta nova fase, as crianças passam a construir uma nova relação com o meio e com as demais pessoas, organizando atitudes, conceitos e valores.
Assim, este trabalho aborda a importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem. Mostrando que o bom convívio e o fortalecimento da afetividade no ambiente escolar, sobretudo na sala de aula, tende a promover uma melhoria notória e significativa nos resultados do processo de ensino/aprendizagem.
Desenvolvimento
O processo formal de educação coloca o docente no papel de um mediador do processo de ensino/aprendizagem.
Para Cunha (2008),
...ele nos mostra a importância que o professor deve ter ao procurar conhecer o seu aluno de forma particular, principalmente no que diz respeito aos estágios de desenvolvimento cognitivo de seu aluno, para que possa utilizar-se de recursos adequados e ao mesmo tempo estimativos, facilitando assim de forma significativa o aprendizado do aluno.
Para Piaget (2005) a afetividade é um dos principais elementos da inteligência, ela pode ajudar no desenvolvimento do aluno, como também pode prejudicar pelo excesso dos pais, que ocorre na superproteção.
Saltini (2008) diz que o professor além de conhecimentos teóricos, ele precisa conhecer o seu aluno, entende-lo, demonstrar disponibilidade de mudança, quando perceber que está cometendo certos equívocos, pois o professor não é dono do Saber, e se faz necessário, reconhecer quando existem falhas na sua prática pedagógica, o aluno deve ser encarado como o sujeito ativo, o qual deseja aprender de forma significativa, não sendo um mero expectador, em que só são repassados os conteúdos, sem haver uma preocupação por parte do professor. Por isso é tão importante entendermos de seres humanos e praticarmos uma pedagogia afetiva.
Com relação a esta questão, Cunha (2008, p.51) acrescenta o seguinte:
Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes estão fechados às possiblidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar algum outro mecanismo de auxílio ao professor mais eficaz.
Já para Saltini (2008, p.12):
... inicialmente, educar seria, então, conduzir ou criar condições para que, na interação, na adaptação da criança de zero até seis anos, fosse possível desenvolver as estruturas da inteligência necessárias ao estabelecimento de uma relação lógico-afetivo com o mundo.
Saltini (2008) acrescenta ainda que:
... é através da interação afetiva, do aluno com o professor e com seus colegas de classe, que ocorre a troca de informações através do diálogo, em que o aluno vai se desenvolver intelectualmente na interação das atividades.
Cunha citando Jean Piaget (2007, p.54) destaca quatro estágios, de níveis distintos do desenvolvimento infantil: “[...] sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações formais. Cada período constitui um momento do desenvolvimento, onde são construídas estruturas cognitivas singulares”.
Piaget, apresenta a comprovação da existência e distinção destes estágios em seus estudos, destacando ainda que observação das particularidades de cada uma destas fazes é muito importante para melhorar o processo de desenvolvimento infantil.
Cunha (2008, p.57), sobre este tema, destaca o seguinte:
É importante que o professor conheça os estágios do desenvolvimento cognitivo do seu aluno, para utilizar os mecanismos educativos apropriados que promovam práticas pedagógicas estimulativas, não restritivas, adequadas ao período de amadurecimento de cada idade.
Contudo, Montessori apud Cunha (2008, p.59) enfatiza:
Um educador mal preparado para observar a alma infantil e o dinamismo das nuances do seu desenvolvimento cognitivo pode calcar a sua natural necessidade para o aprendizado escolar e, consequentemente de expressar-se. É necessário manter a prodigiosa aptidão da criança que, enquanto vive plenamente, aprende.
Cunha (2008, p..63) chama a atenção para o seguinte:
O modelo de educação que funcionava verdadeiramente é aquele que começa pela necessidade de quem aprende e não pelos conceitos de quem ensina. Ademais, a prática pedagógica para afetar o aprendente deve ser acompanhada por uma atitude vicária do professor.
Assim, o autor destaca que, nas práticas docentes, o foco do professor deve ser o aluno, devendo o docente refletir com relação à realidade da criança para direcionar as práticas pedagógicas aos pontos chave de seu desenvolvimento.
Saltini (2008, p.63) afirma que:
O professor (educador) obviamente precisa conhecer e ouvir a criança. Deve conhecê-la não apenas na sua estrutura biofisiológica e psicossocial mas também na sua interioridade afetiva, na sua necessidade de criatura que chora, ri, dorme, sofre e busca constantemente compreender o mundo que a cerca, bem como o que ela faz ali na escola.
Com relação ao estabelecimento de vínculo afetivo entre professor e aluno, Saltini (2008), destaca que tal prática é muito importante para o resultado do processo educativo, conforme enfatiza Cunha (2008, p.67):
... afeto. São as nossas emoções que nos ajudam a interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais que experienciamos, e a vivência das experiências que amamos é que determinará a nossa qualidade de vida. Por esta razão, todos estão aptos a aprender quando amarem, quando desejarem, quando forem felizes.
Assim, o autor acima destaca que esse desenvolvimento afetivo aparece como algo determinante não apenas para o desenvolvimento, mas por toda a vida do aluno, acrescentando que:
Há professores – mesmo com pouquíssimos recursos- que afetam tanto que são capazes de transformar suas aulas em dínamos de inteligências, mesmo recitando o catálogo telefônico. Pode ser um exagero usar o catálogo como metáfora, mas na verdade, em nossa memória, o que mais conservamos são as coisas que nos afetam, para o bem ou para o mal. (Cunha, 2008, p. 69)
Contudo, fica evidente que “A nova educação consideraria o sujeito como sendo mais importante que o objeto, isto é, o objeto só valeria enquanto funcionasse para o homem” Saltini (2008, p. 49).
Já para Saltini (2008, p.98): “O educador sensível é aquele que direciona suas ações baseando-se na abordagem que a criança faz da realidade, verbalizando uma realidade vista a seu modo (criança), com as suas capacidades estruturais, funcionais e afetivas”.
Saltini (2008, p.100):
[...] a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala ou no pátio, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.
Para Cunha (2008, p. 91):
Em razão do conhecimento prévio do conteúdo, o professor possui o domínio da matéria e, por conseguinte, sabe como promover o aprendizado dos seus alunos. Entretanto, além disso, ele ama o que faz. O seu amor provoca o amor da classe, como resultado, há fixação do que foi ensinado. A essa pedagogia, podemos chamar de pedagogia afetiva.
Com relação à escola, Martinelli (2005, p.116) afirma que:
Propiciar um ambiente favorável à aprendizagem em que sejam trabalhados a autoestima, a confiança, o respeito mútuo, a valorização do aluno sem contudo esquecermos da importância de um ambiente desafiador, [...] mas que mantenha um nível aceitável de tensões e cobranças, são algumas das situações que devem ser pensadas e avaliadas pelos educadores na condução do seu trabalho.
Para Saltini (2008 p. 69):
O educador não pode ser aquele que fala horas a fio a seus alunos, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo intimo com ele, bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço de sua própria vida.
Cunha (2008, p.80) acrescenta:
A professora ou professor é o guardião do seu ambiente. A começar pelos seus movimentos em sala, que devem ser adequados e gentis. A postura, o andar, o falar, são observados pelos alunos, que o vê como modelo. Independente de idade, da pré-escola à universidade, o professor será sempre observado. Então, um bom ambiente para a prática do ensino começa por ele, que canalizará a atenção do aprendente e despertará o seu interesse em aprender.
Saltini (2008, p.93) destaca que: “Para educar o ser humano, é fundamental conhecê-lo profundamente bem como respeitar seu desenvolvimento. É necessário ter a percepção correta de como esse ser se desenvolve”.
O autor ainda acrescenta:
O papel do professor é específico e diferenciado do das crianças. Ele prepara e organiza e o microuniverso onde as crianças buscam e se interessam. A postura desse profissional se manifesta na percepção e na sensibilidade aos interesses das crianças que em cada idade diferem em seu pensamento e modo de sentir o mundo.
Assim destaca a importância do professor na preparação do aluno.
Saltini (2008, p. 102) acrescenta também que:
A serenidade e a paciência do educador, mesmo em situações difíceis, fazem parte da paz que a criança necessita. Observa a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor vão assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. Com isso, o autor acima citado nos revela que apesar dos problemas que aparecem na vida do educador, ele deve manter o controle de suas emoções, e não transmitir suas angústias aos educandos em suas aulas, porque ele é um exemplo para as crianças de ética e de pessoa, assim como os pais. Saltini (2008, p.102) diz que:
O tratamento da equidade para todos os alunos poderia ser sempre mantido e explicado. Nenhuma criança deve ter a percepção de ser perseguida ou amada em demasia. A opinião de cada criança teria o mesmo respeito e valor, sem ressaltar o feito de alguma criança ou compará-la com outra, nem salientar diferenças entre meninos e meninas em brincadeiras e jogos, pois isto seria prejudicial ao desenvolvimento afetivo sadio.
“Aquele educador que se centra nas crianças, observa e avalia constantemente. Trata a criança afetuosamente, sem excessos ou omissões”. Saltini (2008, p. 103).
Saltini (2008, p.102) cita ainda que:
Seria ótimo manter um diálogo com a criança, em que se possa perceber o que está acontecendo, usando tanto o silêncio quanto o corpo, abraçando-a quando ela assim o permitir, compartilhar com os demais da classe os sentimentos que estão sendo evidenciados nesse instante é um trabalho quase terapêutico. {...} Dar oportunidade para a criança colocar seus sentimentos na escola, não apenas sua inteligência ou sua capacidade de aprender.
Para Cury (2003, p.64):
Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração de seus alunos. Deste modo, percebe-se que o docente deve apresentar sensibilidade afetiva no trato e no convívio com os alunos. Cury (2003, p.65) acrescenta:
Os educadores apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos. O referido autor mostra-nos a importância da atuação do professor como um profissional, que independente de suas limitações, se faz necessário, com a sua presença pode transformar de forma especial agindo na vida de seus alunos como exemplo, através de sua conduta em sala de aula e fora dela. Pedagogia afetiva, está é a linha que nos educadores precisamos seguir, pois os sentimentos e emoções dos alunos precisam ser levados em conta, pois estão inteiramente ligados ao desenvolvimento cognitivo do aluno e irão influenciar diretamente em sua aprendizagem cotidiana da vida escolar. Não há melhor recompensa para o professor do que o alcance da aprendizagem de seus alunos. Saber que ele participou ativamente da conquista de aprendizagem de seu aluno, e que aquelas sementes plantadas no passado, brotaram lindos frutos de esperança para dias melhores na humanidade.
Considerações Finais
Primordialmente, se entende que, todo os seres humanos necessitam de afeto e, na sala de aula não poderia ser diferente.
Assim, o professor é o principal responsável pela promoção da afetividade em sala de aula, melhorando assim sua relação com seus alunos, aproximando-os e conquistando a confiança deles.
Neste sentido, aumentando a carga afetiva e a confiança, o processo educativo torna-se bastante facilitado, melhorando os resultados em todos os quesitos.
A partir da base teórica pesquisada para a formulação deste trabalho, fica evidente a importância do afeto do professor para com seu aluno, no sentido de cativar, estimular e melhorar o ensino/aprendizagem em todos os quesitos e formas.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Antônio Eugênio. Afeto e Aprendizagem, relação de amorosidade e saber na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak 2008.
CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia Afetiva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
SALTINI, Cláudio J.P. Afetividade e Inteligência. Rio de Janeiro: Wak, 2008.