AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Adriana de Oliveira Teodoro
Solange Luiza de Oliveira
Juliana Vieira Nunes Neta[1]
RESUMO
As dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização e letramento é um fator pertinente dentro do meio educacional, levando-nos a refletir e investigar se as práticas pedagógicas estão sendo eficazes e qual a postura do professor diante as dificuldades, visto isto, este estudo tem como objetivo identificar as práticas pedagógicas no processo de Alfabetização e Letramento, apresentando seus processos e reflexões acerca de seus conceitos, diferenciando-os para que possamos compreender cada um, pois apesar de serem dois processos distintos, precisam ser trabalhados juntos, uma vez que um complementa o outro. Nesta perspectiva, acredita-se que é possível atingir uma educação de qualidade e alfabetizar letrando, incluindo no ambiente escolar meios auxiliadores que aperfeiçoem a prática docente e assim eles assumirem uma nova postura, tendo como principal finalidade a aprendizagem eficaz e contextualizada.
Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Práticas Pedagógicas.
INTRODUÇÃO
As dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização e letramento é um fator pertinente dentro do meio educacional, levando-nos a refletir e investigar se as práticas pedagógicas estão sendo eficazes e qual a postura do professor diante as dificuldades, visando sempre em melhorias quanto a aquisição de saberes e desenvolvimento de habilidades que possibilitem o processo de aprender a ler e escrever.
O trabalho parte das seguintes hipóteses: a) a necessidade de estímulos para que o profissional aprimore suas práticas educacionais a fim de alcançar seus objetivos; b) o reconhecimento do profissional diante a necessidade de se trabalhar fazendo uso de meios inovadores, fazendo com que sua produtividade cresça cada vez mais e assim consiga desenvolver uma aprendizagem significativa e contextualizada.
Este estudo tem como objetivo identificar as práticas pedagógicas no processo de Alfabetização e Letramento, apresentando seus processos e reflexões acerca de seus conceitos, diferenciando-os para que possamos compreender cada um, pois apesar de serem dois processos distintos, precisam ser trabalhados juntos, uma vez que um complementa o outro.
Nesta perspectiva, esta investigação justifica-se pela necessidade de compreender a importância das práticas educacionais diante o processo de Alfabetização e Letramento com ênfase nas metodologias e ferramentas utilizadas pelos educadores para obterem melhor produtividade, além de reconhecer o papel que as práticas pedagógicas desempenham em relação aos indivíduos que iniciam sua trajetória educacional.
DESENVOLVIMENTO
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: EXPLORANDO CONCEITOS
O conceito de alfabetização e letramento são diferentes, mas são dois processos inseparáveis, na qual a alfabetização consiste em um processo deaprendizagem em que se desenvolve a habilidade de escrever e ler, e o letramento um processo que envolve o uso competente da escrita e da leitura, ou seja, ele não se limita a aprendizagens dos símbolos e letras, mas leva o estudante a interpretar e assimilar o uso dessa linguagem diante as práticas sociais.
A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades pela leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence assim, ao âmbito individual. (TFOUNI, 1998, p. 9).
O convívio diário com vários símbolos, cartazes, propagandas, placas, jornais, livros, revistas, entre outros, faz com que o sujeito se habitue com textos escritos e procure compreender seus significados, por isso é importante que seja ensinado a ler e escrever, de modo que não apenas decodificam as palavras, mas possam compreendê-las.
“Letramento é um conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito [...]” (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2007, p. 7), ou seja, o termo letramento mostra-se a partir das novas relações estabelecidas com as práticas de escrita e leitura no meio social que contribuem para o aperfeiçoamento desse processo.
Soares (2008, p. 32) ressalta que “[...] para entrar no mundo letrado é preciso que haja, primeiramente, escolarização real e efetiva da população e, em segundo lugar, deveria haver disponibilidade de material de leitura [...]” pois é por meio da interação com os objetos de conhecimentos que pode-se exigir dos indivíduos uma visão do contexto social em que vive.
Nessa conjuntura, o letramento vem atender às demandas sociais para que a alfabetização seja significativa aos indivíduos. Assim, na alfabetização, o letramento é um processo imprescindível, tornando-se necessária uma prática na qual se alfabetize letrando.
RELAÇÃO ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
No processo de ensino aprendizagem, a alfabetização tem como finalidade criar situações para que o sujeito adquira autonomia e torne-se um ser crítico.Alfabetizar é muito mais que codificar e decodificar, é oportunizar aos indivíduos maneiras de se expressar e ao mesmo tempo construir seu próprio conhecimento.
Hoje, os grandes objetivos da educação são: ensinar a aprender, ensinar a fazer, ensinar a ser, ensinar a conviver em paz, desenvolver a inteligência e ensinar a transformar informações em conhecimento. Para atingir esses objetivos, o trabalho de alfabetização precisa desenvolver o letramento. O letramento é entendido como produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia. (FERNANDES, 2010, p. 19).
A alfabetização e o letramento apresentam uma relação forte, apesar de serem ações distintas, uma depende da outra, ou seja, não se pode alfabetizar sem letrar. “A alfabetização e o letramento são processos que se mesclam e coexistem na experiência de leitura e escrita nas práticas sociais, apesar de serem conceitos distintos”. (RIOS; LIBÂNEO, 2009, p. 33) Desse modo, a relação entre alfabetização e letramento ocorre quando compreendemos que o indivíduo alfabetizado aprende a escrita alfabética desenvolvendo as habilidades de leitura e escrita associando-as e vivenciando-as nas práticas sociais.
Alfabetizar letrando é uma prática fundamental nos dias atuais e para que se possa alcançar uma educação de qualidade e proporcionar um ensino de qualidade, em que os sujeitos não sejam apenas uma caixa de depósito de conhecimentos, é necessário criar estímulos para que os tornem seres pensantes no meio social.
COMO TRABALHAR O LETRAMENTO E A ALFABETIZAÇÃO?
Para que exista uma alfabetização de qualidade é primordial que todos os envolvidos tenham comprometimento com o ensino, com o conhecimento e assim priorizar a necessidade dos educandos. Ao utilizar o termo “todos os envolvidos”, enfatiza-se a importância de se trabalhar em conjunto: o educador, o educando, a família e a escola.
O ambiente escolar precisa ser um ambiente alfabetizador, sendo necessário que os professores tenham consciência de tamanha importância de se trabalhar a alfabetização e letramento na maneira correta, incentivando o pensamento crítico dos alunos, fazendo uso da ludicidade e trazendo uma relação das disciplinas lecionadas com o cotidiano deles.
(...) O processo de alfabetização e letramento é relacionado às atividades lúdicas, ou seja, com foco no brincar. Tais atividades devem ser pensadas e projetadas para que as crianças até seis anos de idade desenvolvam suas habilidades linguísticas sem grandes pressões, de forma natural e leve. (CENTRO DE ESTUDO E FORMAÇÃO, 2007).
Hoje em dia vivemos em um mundo letrado, estamos sempre rodeados de informações e com o advento da sociedade do conhecimento, as frequentes mudanças no meio educacional exigem desses profissionais a busca constante por inovações, visando o aprimoramento de suas práticas pedagógicas, implicando na reelaboração do seu conhecimento, concebendo-o como um ser que interage com o saber e assim tornar a escola um espaço de produção de conhecimentos.
Os indicadores mais claros das explorações que as crianças realizam para compreender a natureza da escrita são suas produções espontâneas, entendendo como tal as que não são o resultado de uma cópia (imediata ou posterior). Quando uma criança escreve tal como acredita que poderia escrever certo conjunto de palavras, está nos oferecendo um valiosíssimo documento que necessita ser interpretado para poder ser avaliado. (FERRERO, 2001, p. 16).
Desse modo, é necessária a reflexão em torno das práticas de letramento desenvolvidas no processo de alfabetização, pois encontramos a escrita em diferentes ambientes sociais, essa que faz parte do nosso cotidiano, sobretudo com o advento da sociedade do conhecimento.
Almeida; Farago (2014) ressalta a importância de “[...] desenvolver práticas sociais de leitura e escrita, a partir de seus diferentes usos e funções requeridos pela sociedade [...]” propondo-se a operacionalizar uma prática pedagógica no coletivo sobre as propostas desenvolvidas dentro do contexto educacional.
Sendo assim, cabe aos profissionais de educação desenvolver essas práticas significativas, intervindo de forma ativa e reflexiva através da imersão dos educandos nas práticas sociais de escrita e leitura, transformando-os em futuros leitores e escritores autônomos.
POSTURA DIDÁTICA DO PROFESSOR EM SALA DE AULA: A PRÁTICA ALIADA À TEORIA
Diante a postura didática que deve ser assumida em sala de aula, cabe ao docente conscientizar-se da real importância da construção da leitura e da escrita interligados à realidade em que seus alunos estão inseridos, precisando ele estar ciente que suas metodologias podem e devem ser aperfeiçoadas para assim aprimorar o aprendizado e torná-lo mais significativo e satisfatório. Silva (1991, p. 74) afirma que:
O trabalho do professor se realiza na prática e não na pesquisa; portanto, ele deve observar e atender a evolução da criança, e não detectar através de “testes”, qual o nível de conceitualização em que ela se encontra. É possível fazer isso naturalmente através das propostas de classe. Entretanto, é fundamental que ele saiba quais os objetivos que norteiam a elaboração das atividades propostas aos alunos.
O professor deve considerar variados aspectos no ensino da alfabetização e letramento, usufruindo de vários meios avaliativos a fim de averiguar cada fase do desenvolvimento dos discentes, considerando que alfabetizar não é apenas a decodificação de símbolos e códigos, mas que seja essencial haver uma relação entre o que é ensinado e vivenciado por eles.
Através do planejamento, o educador pode proporcionar a seus educandos um maior sentido para a alfabetização voltada para o letramento, onde ele pode abranger diversas situações didáticas priorizando o desenvolvimento dos seus alunos, promovendo situações em que eles exercitem, compreendam e dominem o sistema da escrita e leitura.
De acordo com Weisz, (2000, p. 62) “[...] a função do professor é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar”. Esta ação pode ocorrer dentro do meio educacional, facilitando melhor compreensão por parte dos estudantes, acreditando que é possível alcançar uma melhor qualidade da educação, fazendo uso de diversas metodologias que enriqueçam ainda mais as práticas pedagógicas, conciliando sempre a teoria na prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estudos, compreende-se que as práticas pedagógicas desempenham um papel importante no processo de Alfabetização e Letramento, onde espera-se que o professor assuma uma postura e disponha-se a utilizar metodologias eficazes, melhorando e aperfeiçoando sua forma de trabalhar com o objetivo de desenvolver os saberes de seus educandos.
A participação dos alunos nesse processo é de extrema importância, pois o aprendizado da leitura e escrita só será concretizado quando estiver enraizado nas práticas sociais que quando contextualizadas transportem uma real significação para os indivíduos.
Portanto, acredita-se que é possível atingir uma educação de qualidade e alfabetizar letrando, incluindo no ambiente escolar meios auxiliadores que aperfeiçoem a prática docente e assim eles assumirem uma nova postura, tendo como principal finalidade a aprendizagem eficaz e contextualizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alfabetização e Letramento na Educação infantil: como diferenciar?. CENTRO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO. 2017. Disponível em:
<https://www.centrodeestudoseformacao.com.br/blog/alfabetizacao-letramento- cursos-online> (Acesso em 14 de junho de 2022)
ALMEIDA, Vanessa Fulaneti de; FARAGO, Alessandra Corrêa. A importância do letramento nas séries iniciais. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 2014.
FERNANDES, Maria. Os segredos da alfabetização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. 24 ed. Atualizada – São Paulo: Cortez, 2001.
MORAIS, Artur Gomes de; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Alfabetização e letramento. Construir Notícias. Recife, PE, v. 07. nº 37, p. 5-29, nov/dez, 2007.
RIOS, Zoé; LIBÂNIO, Márcia. Da escola para casa: alfabetização. Belo Horizonte: RHJ, 2009.
SILVA, Maria Alice S. Souza e. Construindo a leitura e a escrita: reflexões sobre uma prática alternativa em alfabetização. 3° ed. São Paulo. Ática, 1991.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2008.
TFOUNI, L.V. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes, 1998.
WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora Ática, 2000.
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