Buscar artigo ou registro:

 

UTILIZAÇÃO DE FILMES COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA: INDICAÇÃO DE TÍTULOS

Douglas da Silva Meireles

 

 

O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns filmes que podem ser utilizados como ferramenta pedagógica no sentido de cativar a atenção e o interesse dos alunos para a Matemática, além de trazer esta ciência para uma concepção mais concreta e realista ao mostrar vivências e práticas.

Seguem abaixo alguns filmes, seguidos de comentários, que podem ser apresentados aos alunos em momento oportuno do trabalho pedagógico no ensino da Matemática.

 

O Jogo da Imitação (The Imitation Game)

Baseado na história real do gênio da matemática e pai da computação Alan Turing 1912-1954). Mostra a atuação dele — e de um grupo de matemáticos e pesquisadores — durante a Segunda Guerra Mundial para decodificar mensagens da máquina Enigma enviadas pelo exército nazista para os soldados nas frentes de batalha. O filme também aborda a vida pessoal do matemático britânico que sofreu preconceito e repressão por conta de sua opção sexual.

Alan Turing foi um matemático e criptógrafo inglês considerado atualmente como o pai da computação, uma vez que, por meio de suas ideias, foi possível desenvolver o que chamamos hoje de computador. Turing também ficou muito conhecido como um dos responsáveis por decifrar o código utilizado pelas comunicações nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Por meio do seu trabalho, foi desenvolvida uma máquina conhecida como “bomba eletromecânica” (The Bombe, em inglês), que decifrou o código da máquina Enigma utilizado pelos alemães, e permitiu que os Aliados tivessem acesso a informações privilegiadas ao longo da guerra. Turing morreu em 1954, provavelmente tendo cometido

O filme “O Jogo da Imitação” vem justamente para contar um pouco da história de Turing. Não se trata de uma biografia que revela todos os detalhes da vida dele, tampouco de uma história totalmente fiel aos acontecimentos do mundo real.

Todo grande gênio guarda um bocado de mistério dentro de si e, muitas vezes, até mostra isso de forma bem evidente. Conforme vemos no filme “O Jogo da Imitação”, com Alan Turing não era diferente. Ele era estranho, um pouco tímido, bem convencido, não trabalhava muito bem em equipe, mas era dedicado ao seu trabalho e tinha a vontade de mostrar isso ao mundo. Graças ao belo trabalho de Benedict Cumberbatch, o matemático ganha uma interpretação genial nas telonas.

O ator já provou seu talento ao encarar papéis de personagens que seguem a lógica fria e calculista — está aí Sherlock Holmes que não nos deixa mentir —, mas, neste filme, ele mostra que é capaz de dar vida a uma personalidade muito complexa.

 

Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind)

O filme conta a história do matemático norte-americano John Nash (1928-2015). Na constante busca por uma “ideia original”, Nash transforma seus estudos na Universidade de Princeton em obsessão, causando problemas de relacionamento. Sua incrível capacidade de decifrar códigos e padrões acaba lhe rendendo um emprego no governo norte-americano. Aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade, tornando- aclamado. Mas, acometido pela esquizofrenia, se transforma em um homem sofrido e atormentado. Após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.

Imagine ter que aprender a viver diferenciando diariamente o que é real e o que é imaginário. Uma Mente Brilhante conta como um portador de esquizofrenia aprendeu a conviver com essa enorme dificuldade, usando suas adversidades a seu favor, chegando a ser aclamado com um Prêmio Nobel. Mas não se trata de uma ficção, onde os gênios e heróis passam por dificuldades mirabolantes para terem um final feliz. Definitivamente não. Essa é a história verdadeira de John Nash, interpretado por Russell Crowe, um matemático que aos 21 anos formulou um teorema que tornou sua genialidade reconhecida, mas sua maior façanha foi a luta contra a esquizofrenia (muitas vezes incapacitante), que o permitiu ainda assim brilhar na sua área de atuação. O jovem Nash, tão arrogante quanto gênio, se revelou um grande matemático desde a sua chegada à tradicional Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e teve logo seu talento reconhecido por professores e colegas. Sua genialidade chama tanta atenção quanto seu estranho comportamento social. Sem jeito com as garotas e extremamente rude com os colegas, o matemático chegou a desdenhar dos trabalhos alheios, dizendo achar que não incorporavam novidades ao estudo da matemática, sendo apenas ensaios acerca de pontos já defendidos em obras anteriores. Fez questão de defender uma tese única, que pudesse marcar com sua assinatura e o projetasse para o mundo. E durante seus anos de estudo, encontrava sempre por perto um colega espirituoso, muito diferente de si - Charles (Paul Bettany), que o estimulava constantemente, durante suas crises mais pesadas. Na verdade, Charles era o único que o compreendia sem julgamentos. As dificuldades começam quando Nash é convidado a dar aulas no Massachussets Institute of Technology (MIT), o mais conceituado de todos os centros de pesquisa na área de matemática e engenharia dos Estados Unidos. Lá, ele é recrutado pelo governo para decifrar códigos, a fim de evitar que mensagens soviéticas pudessem ser passadas através de inocentes matérias publicadas em jornais e revistas para agentes russos. Foi nesse período que conheceu sua esposa Alicia (Jennifer Connely), que foi marcante e decisiva em sua vida. Com a ajuda dela e com sua própria força e inteligência, John Nash superou as adversidades e conseguiu seguir com certa normalidade em sua vida. É tocante e muito ilustrativa a cena, já no fim do filme, em que um representante no Prêmio

Nobel o procura na universidade e John para um de seus alunos para perguntar: “você está vendo uma pessoa conversando comigo?”. John Forbes Nash Jr., de 86 anos, e sua esposa Alicia Nash, de 82, morreram em um acidente de carro em maio de 2015, nos Estados Unidos.

 

O Homem que Viu o Infinito (The Man Who Knew Infinity)

Outra película baseada numa história real. Dessa vez o público conhece a vida do matemático indiano Srinivasa Ramanujan (1887–1920), um dos mais influentes do século XX. De origem humilde e sem formação acadêmica, ele contribuiu para a matemática com diversos trabalhos, como teoria dos números e séries infinitas.

O filme mostra sua relação de amizade com Godfrey Harold Hardy e o conflito entre a razão (matemática) e a crença de que suas teorias eram de origem divina.

Na trama, conhecemos o humilde matemático indiano Srinivasa Ramanujan (Patel) que mora em um lugar bem pobre em uma Índia fragilizada e carente por ajuda. Ramanujan é matemático e seu sonho é conseguir publicar alguma de suas teorias que ele acredita que podem dar uma luz à diversos conceitos que muitos diziam impossível. Assim, contando com a ajuda de pessoas que gostam dele, consegue que uma de suas cartas chegue até o grande Professor de Matemática Pura da Universidade de Cambridge, Godfrey Harold Hardy (Jeremy Irons) que logo o chama para Universidade (ouvindo os sábios conselhos do amigo e também brilhante matemático John Edensor Littlewood, interpretado pelo ótimo (Toby Jones) e juntos começam a trabalhar em diversas teorias que vão de análise progressões de números primos até teorias que futuramente ajudariam a esclarecer os mistérios dos buracos negros. Em uma época onde brilhavam mentes como a do filósofo e matemático Bertrand Russell (que por sinal, aparece no filme, interpretado por (Jeremy Northam), surge o tímido, introspectivo e lotado de fé indiano que mudaria os rumos da matemática nas décadas futuras (e até hoje!). Ramanujan, muito bem detalhado no filme, dizia que suas fórmulas matemáticas vinham de sonhos e seus grandes embates com seu tutor Hardy eram sobre isso. Esse último queria que Ramanujan provasse sempre o caminho matemático que o levou a escrever suas teorias, quase que um ou dois passos atrás nas ações do genial matemático. Mas essa cobrança era para o bem dele, o desenvolvimento não só matemático, mas social/vital do protagonista é notório e surge também por conta do excelente e emocionante trabalho de Dev Patel. Nessa relação de Gênio e Tutor havia um contraste muito grandes quanto a fé e emoções, discussões calorosas e diálogos muito interessantes deixam o espectador com a sensação de angústia e aflição em muitos momentos. O passar esses sentimentos através das interpretações é uma conexão fundamental para que o público lembre desse belo trabalho durante bom tempo. Os laços familiares ganham pequena parcela no roteiro.

Talvez o elo mais fraco na história, a superfície é o máximo que se alcança nessa parte. Por mais que mostre com eficácia, uma boa parte da cultura e os conflitos vindos de uma fé exigente, a sua relação distante, apresentada pelo filme, com a esposa e a mãe que moram em Madras (Índia), onde Ramanujan nasceu, deixam a outra parte da história muito mais interessante. No seu desfecho, bastante emocionante por sinal, esses laços familiares ganham um pouco mais de força, mas não deixam de ser parte coadjuvante do filme.

 

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)

É história real que você quer? Pois se prepare porque Estrelas Além do Tempo remonta o auge da corrida espacial entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria. Como pano de fundo, há a segregação racial da sociedade que também se reflete na NASA, onde um grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar a parte do processo. Nesse grupo estão Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson, três matemáticas que, além de provar sua competência dia após dia, precisam lidar com o preconceito para que consigam ascender na hierarquia da NASA.

Baseado em fatos reais, o filme Estrelas Além do Tempo, conta a história de três cientistas negras que trabalharam na NASA durante a década de 1960 e colaboraram para a conquista espacial: Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary

Jackson. Indicado ao Oscar de 2017 nas categorias de melhor filme, melhor atriz coadjuvante (Octavia Spencer) e melhor roteiro adaptado (Theodoro Melfi), o longa está entre os dez filmes de maior bilheteria de fevereiro nos cinemas do Brasil e dos Estados Unidos e levanta muitos temas que podem contribuir com sua aula. Abaixo, destacamos as questões sociais, raciais, históricas e políticas presentes na narrativa e damos sugestões de como você pode trabalhá-las com a turma. Com o acirramento da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, o planeta Terra deixa de ser o único objeto de desejo e as duas nações passam a disputar quem irá mandar no universo. Vencer a corrida espacial não é apenas um sonho de ambos, mas uma questão política que definirá os rumos da história do mundo. Veja aqui um plano de aula a respeito dos aspectos tecnológico-ideológicos da Guerra Fria e de como a corrida espacial estava inserida no cenário político-econômico do século 20.

O apartheid ocorrido na África do Sul é sempre lembrado, criticado e está presente em muitos livros didáticos de História e Geografia. O que tem pouco destaque é o fato de que a segregação racial também existiu nos Estados Unidos, e com muita força. Pessoas negras não podiam frequentar os mesmos lugares que as brancas e não tinham o mesmo direito à Educação. O racismo institucional era claro. A partir dos anos 60, começa um movimento muito forte pelo fim da segregação. A organização política da população negra cresce e, em resposta, líderes do movimento são assassinados. Veja aqui um plano de aula para discutir com seus alunos alguns episódios da luta contra a segregação nos Estados Unidos. Entre as décadas de 1960 e 1970, o feminismo se consolidou como movimento e ganhou força nos Estados Unidos e na Europa. Entretanto, as mulheres ainda estavam (e permanecem) em grande desvantagem em relação aos homens, uma vez que não eram valorizadas devidamente, ou sequer contratadas. Veja aqui um plano de aula, voltado para o Ensino Médio, sobre feminismo e os desafios que as mulheres encontram no mercado de trabalho. É nesse contexto de corrida espacial, segregação racial e luta das mulheres que Katherine Johnson (interpretada pel a atriz Taraji P. Henson), uma matemática negra brilhante, é escolhida para trabalhar no Grupo de Missão Espacial, que pretende enviar o primeiro homem ao espaço (e, posteriormente, à Lua). Computadores ainda não eram utilizados para realizar cálculos complexos, por isso, ela mesma precisa realizar e conferir as contas que vão garantir que os astronautas consigam ir e voltar do espaço em segurança. Katherine é a única mulher e a única pessoa negra nesse grupo e sofre com a desconfiança e desvalorização. Ela tem seu trabalho dificultado e é impedida de assinar os relatórios que realiza. Além disso, ela precisa andar quase um quilômetro para usar o banheiro destinado a pessoas negras e os colegas não aceitam dividir a mesma cafeteira com ela. Já Dorothy Vaughan (papel que rendeu à Octavia Spencer a indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuavante) trabalha como supervisora dos “computadores negros” (equipe que realizava cálculos), mas sem receber formalmente esse título, pois é mulher e negra. Ao saber que a Nasa comprou um novo e potente computador, o IBM, ela descobre que ele é capaz de realizar 24 mil cálculos por segundo, o que pode colocar em risco seu emprego e de outras colegas.

Para evitar que elas sejam dispensadas depois de a máquina começar a funcionar, Dorothy resolve aprender e ensinar as mulheres como programar.

 

Gênio Indomável (Good Will Hunting)

Esta ficção traz a história de Will, um jovem problemático de 20 anos, que acumula passagens pela polícia e não sabe lidar com as emoções. Apesar de ser um simples servente de uma importante universidade de Boston, revela ter grande habilidade com a matemática. Por determinação legal precisa fazer terapia, mas não funciona, pois ele debocha de todos analistas. Até que surge Sean Magu ire, um psicólogo que o ajuda a formar sua identidade e lidar com as emoções.

Nunca é tarde para ver um filme e "Gênio Indomável" é um daqueles que sempre vi a capa, sempre tive vontade de ver e nunca via, eis que tive a oportunidade e faço questão de colocá-lo aqui. É quase como um clássico dos anos 90, dirigido pelo renomado Gus Van Sant. Para aqueles que se surpreenderam recentemente ao ver Ben Affleck como diretor em "Argo", é válido lembrar que este cara, subestimado por muitos, já esteve por trás das câmeras antes, não só como diretor, mas também como roteirista, o que é este caso, escrevendo ao lado do talentoso Matt Damon, onde aliás, venceram o Oscar de Melhor Roteiro. O filme fora lançado em 1998 aqui no Brasil. Matt Damon, que além de escrever, protagoniza o filme. Ele interpreta Will Hunting, um jovem dotado de grande inteligência, mas que possui uma vida perdida, alguém que não sabe a que rumo seguir, além do fato de desperdiçar seu tempo se envolvendo em brigas de rua ao lado de seu amigo Chukie (Ben Affleck) e trabalhando em empregos que não exijam qualificação. Eles nos convencem sobre cada relação ali tratada. sobre cada conflito, é tudo muito sensível, muito humano, ele nos toca aparentemente de forma sutil, mas quando menos percebemos estamos sofrendo por dentro, sofrendo por estes grandes personagens, extremamente bem escritos e muito bem interpretados. Há, certamente, descontração, nitidamente uma obra feita por amigos, por pessoas que se conhecem, há uma naturalidade em cada cena, em cada diálogo, e assim, rapidamente nos sentimos afeiçoados por cada situação. O filme é cheio de grandes ideias, é daqueles que poderá ser visto e interpretado de formas diferentes, cada pessoa levará consigo algo, é uma obra que deixa rastros, nos faz pensar e refletir sobre muita coisa. É sobre amizade, sobre como pessoas podem ser salvas por outras, sobre como uma palavra, uma conversa, pode ser confortante, inspiradora.

É de se analisar também o desenvolvimento de Will Hunting, aquele que evita o próprio crescimento, sua agressividade, sua loucura, é resposta de seu medo, medo de admitir a própria genialidade, mais do que isso, medo do desapontamento e foi apenas isso que o limitou, medo de ser decepcionado, seja quando não consegue aceitar os planos de Lambeau, seja quando evita um relacionamento mais profundo com Skylar. "Gênio Indomável" é a bela prova de que não está nos livros a resposta para uma vida plena, a resposta disso está no dia a dia, está na convivência, nas relações humanas, de que há uma diferença entre inteligência e conhecimento, de que um indivíduo não é apenas composto pelo conhecimento teórico que ele adquiri, seu conhecimento está relacionado ao que adquiriu com a vida, com as conquistas, perdas e a sabedoria de lidar com tudo isso. E que sucesso não é necessariamente conquistado por um diploma. Outro grande mérito da obra são suas atuações. Matt Damon dá um belo show de interpretação, um personagem difícil, mas que o ator conseguiu dosar bem cada uma de suas oscilações, melhor ainda é quando ele divide a cena com o mestre Robin Williams, que há muito tempo nos deve uma atuação tão boa como esta, se mostrando como poucos conheceram, um incrível ator dramático. É interessante como estes personagens surgem na trama, surgem como meros conhecidos, aquelas pessoas que passam por nossas vidas e mal reparamos, de repente, enxergamos todos como grandes amigos e quando menos esperamos estamos com um sorriso no rosto com cada diálogo, cada abraço, e assim, porém, sentimos também nossas lágrimas, por cada erro que cometem, cada confissão, cada despedida. Gus Van Sant é definitivamente um grande diretor, teve em suas mãos a difícil missão de transmitir a excelente ideia de Damon e Affleck, e conseguiu com grande êxito. Destaco também a belíssima trilha sonora. Um filme para se guardar na memória. Recomendo.

 

Quebrando a banca (21)

Outro filme baseado em uma história real. Fala das aventuras de um brilhante aluno do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Procurado pelo professor de matemática Edward Thorp, se junta a um grupo de alunos que desenvolveram uma técnica para contar cartas e levar vantagem em jogos de Blackjack, também conhecido como 21. O grupo passa a levar vantagem em diversos cassinos que não ficam nada felizes com truque que lhes dá prejuízo.

Divertido. Esse adjetivo define perfeitamente Quebrando a Banca (21, no original), mais um filme que aborda o jogo de cartas como personagem principal e que concentra toda a sua trama no velho jogo de gato e rato entre os jogadores e o 'onipresente' segurança dos cassinos. No entanto, este longa difere um pouco dos demais exemplares do gênero ao explorar as potencialidades da contagem de cartas (artifício utilizado para vencer os jogos) através de jovens estudantes de inteligência acima da média, que utilizam a matemática básica (básica mesmo?) como ferramenta maior para burlarem as regras do jogo. O filme mostra a mudança pela qual Ben Campbell (Jim Sturgess, de Across The Universe) passa após ser convidado por um professor, vivido por Kevin Spacey, de Beleza Americana, a integrar-se a um grupo de jovens gênios que praticam golpes em cassinos, utilizando o 'fantástico' sistema da contagem de cartas. Qual seria a motivação de Campbell?

Conseguir pagar a Universidade (Harvard, por sinal), visto que, devido às suas precárias condições financeiras, este seria seu único entrave para cursar medicina, já que suas notas são quase perfeitas e a concorrência para a única bolsa de estudos disponível é notavelmente acirrada. Pois bem, a partir daí a história toma o rumo de praxe. Glória e dinheiro fácil, glamour e romance, desentendimentos e inveja, ego inflado e desleixo, responsabilidade e vitória. Ou seja, a velha cartilha que somente a indústria cinematográfica hollywoodiana poderia construir com o mesmo nível de repetição e perfeição. O diretor Robert Luketic (Legalmente Loira) não arrisca na forma de filmar e aposta no bê-a-bá do gênero e na edição linear, utilizando alguns recursos de truncagem de câmera (slow motion característicos do cinema moderno) e narração em off do protagonista. Por fim, apesar de ser um produto bastante atraente e prazeroso de ser assistido, no fundo Quebrando a Banca é mais um filme sem conteúdo mais elaborado, sendo um trabalho efêmero, porém condizente com sua proposta: entreter o espectador por duas horas de projeção. Portanto, como dito na abertura dessa resenha: divertido!

Las Vegas é uma cidade muito louca. Tudo por lá é falso. Ande pela Strip e veja uma réplica da torre Eiffel, perto de uma minicópia de Nova York, navios piratas, gôndolas venezianas, muito neon e tudo o que há de mais kitsch no mundo. Para que os seus visitantes não tenham de andar pelo calor das ruas, é possível perambular de hotel em hotel por meio de passagens subterrâneas que cortam os cassinos - na verdade, um engenhoso truque para que se perca a noção do tempo, já que é impossível saber as horas quando se está em um ambiente com ar-condicionado, luzes piscantes e um barulho incessante. E lá se vão embora as fichinhas de 5, 10, 100, 1.000 dólares! Este ambiente cool, que exala bebidas,dinheiro e sexo, é prato cheio para o cinema, que pode construir por ali tramas dos mais diversos gêneros. O mais novo produto "made in Vegas" é Quebrando a Banca (21, 2008). Inspirado em fatos ocorridos na década de 1990 e transformados em uma matéria da revista Wired, o filme mostra jovens inteligentíssimos do famoso MIT invadindo a Cidade do Pecado atrás de dinheiro, aventuras e - por que não? - uma nova vida, falsa como tudo erguido no deserto de Nevada. O personagem principal é Ben Campbell (o inglês Jim Surgess, de Across the Universe), nerd assumido que está terminando seu curso no MIT e espera conseguir uma bolsa para ingressar na faculdade de medicina de Harvard. Seu currículo é exemplar, cheio As, mas o curso custa 300 mil dólares, muito acima do que ele pode pagar. Sua sorte começa a mudar quando ele é convidado a fazer parte de um grupo treinado em apostar alto - e ganhar - nas mesas de blackjack, conhecido aqui como "21" – jogo em que há mais chances lógicas de se ganhar dinheiro sem depender da sorte ou outras alternativas ilegais. A regra é simples, você joga contra a banca e quem chegar mais perto de marcar 21 pontos ganha. A banca sempre é obrigada a continuar pegando cartas até somar ao menos 17 pontos e se estourar no meio do caminho, todo mundo que apostou ganha. O ato de contar cartas não é considerado ilegal, mas os donos dos cassinos certamente não gostam de ver seus lucros diminuídos, por isso têm à sua disposição milhares de câmeras e enormes equipes de seguranças, além de empregar a mais alta tecnologia. É esta troca da força humana para a era digital qu e vem tirando o sono de Cole Williams (Laurence Fishburn). Antes um grande supervisor de segurança, ele hoje está praticamente desempregado e vai - aproveitando o tema - apostar todas as suas fichas na captura do grupo que vem desfalcando seus clientes. O sistema criado pelo professor Micky Rosa (Kevin Spacey) é complexo e usa cinco pessoas. Os olheiros passam horas apostando o mínimo permitido e vão contando as cartas até o baralho estar quente, ou seja, propício para rapelar a mesa. Outros ficam de fora, "sapeando" e também contando cartas e vigiando a movimentação dos seguranças. E aí entra o "grande apostador", que vai se sentar na mesa com muitas fichas, receber a contagem do comparsa por meio de um código e aumentar a sua montanha de fichas. Depois, é só escolher onde vai ser a festa. Tendo em suas mãos o drama (falta de dinheiro), a adrenalina de fazer algo ilegal e se dar bem e todo o clima "cool" das luzes da cidade e de jovens cheios de energia e beleza como Ben e Jill Taylor (Kate Bosworth, a nova Lois Lane) ao lado de atores conhecidos como Kevin Spacey e Laurence Fishburn, o que podia dar errado para o diretor Robert Luketic (Legalmente Loira)?

Falta de coragem. O cineasta opta pela previsibilidade do cinema atual e, sem correr riscos, constrói uma história divertida, mas que vai ser esquecida assim que o crupiê recolher as cartas e se preparar para a próxima rodada.

 

O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)

Baseado no livro “Moneyball: O homem que mudou o jogo”. De Michael Lewis, conta a verdadeira história Billy Beane, gerente-geral do time de beisebol do Oakland Athletics que, na tentativa de criar um time competitivo para a temporada de 2002, aposta numa elaborada análise estatística dos jogadores criada por um economista recém-formado na Universidade de Yale. O método matemático muda os critérios na hora de classificar jogadores em equipes profissionais e se mostra eficiente dentro de campo.

A trama acompanha Billy Beane (Brad Pitt), gerente geral do Oakland Athletics, um ex-atleta que tem a ingrata tarefa de encontrar, treinar e tornar famosos jogadores que, invariavelmente, vão terminar em equipes mais ricas. "Somos doadores de órgão para o NY Yankees", diz, referindo-se à folha de pagamento do seu time em comparação com o gigante da costa leste (39 milhões contra 114 milhões de dólares), que consegue contratos melhores para todos os destaques da temporada. Entra em cena, porém, o analista novato Peter Brand (Jonah Hill), que sugere um novo sistema para escolher jogadores desacreditados com base em suas médias estatísticas - e não sair em busca de superastros -, criando assim uma equipe cuja força é o grupo e não os indivíduos. A frase que abre o filme, "é inacreditável o quanto você não sabe do jogo que tem jogado a vida toda", é certeira ao relacionar a existência dos personagens dentro e fora de campo. Tema comum a vários filmes contemporâneos, o do profissional que deixa sua família e amigos em segundo plano, buscando a excelência no que o define como pessoa, como vencedor, é o dilema de Billy Beane. Ou melhor, o não-dilema, já que ele fez as pazes com quem ele é - só é incapaz de aceitar que seu time jamais será o melhor com as ferramentas de que dispõe. O confronto entre o velho e o novo, a necessidade de mudança não apenas estrutural, mas pessoal, a que ele deve submeter o time e a si mesmo são parte do processo de superação de que trata O Homem Que Mudou o Jogo. O roteiro de Steven Zaillian e o mago Aaron Sorkin, baseado em livro de não-ficção de Michael Lewis, é ótimo, à exceção de uma subtrama familiar de Beane com a ex- esposa e a filha, que é mal-desenvolvida. Os diálogos, por sua vez, são excelentes e há momentos memoráveis, como a conversa entre Beane e o rebatedor David Justice (Stephen Bishop) no centro de treinamento. Esse texto é entregue com naturalidade pelo inspirado elenco: Pitt (que lembra cada vez mais Robert Redford no auge de sua carreira) e suas negociações estão entre as melhores partes do longa, que traz ainda a melhor atuação da carreira de Jonah Hill - que tem se mostrado um ator extremamente versátil. Phillip Seymor Hoffman, que vive o treinador Art Howe; além de Chris Pratt (conhecido pela série Parks and Recreation) e Robin Wright completam o excelente "time" reunido, ainda que a última - parte da história da filha, seja sub-aproveitada. Ao final, O Homem que Mudou o Jogo é um relato honesto sobre uma obsessão e um obcecado. Um filme de certa maneira romântico sobre a menos romântica das situações: o momento em que um esporte(ou vários deles) parou de ser 100% jogado nos campos para ser pré-definido em gráficos e tabelas. "Mas como não ser romântico sobre baseball" quando o tal fator humano está em cada um e insiste em ignorar certezas?

 

A Prova (Proof)

Nesta ficção, nos deparamos com a trajetória de Catherine, uma jovem filha de um gênio matemático que em seus últimos anos de vida sofre de esclerose.

Durante os anos que cuida do pai, se vê atormentada com a possibilidade de ter herdado a facilidade para a matemática, mas também os problemas mentais. Tudo piora quando um dos ex-alunos do pai cisma em procurar provas de um teorema nos papéis deixados por ele. Baseado do livro “A Prova”, de David Auburn, ganhador do prêmio Pullitzer.

John Madden dirige esta adaptação de uma peça teatral e tem em suas mãos atores excepcionais. Porém, não consegue aproveitar essa qualidade na hora de levar o filme à tela. A prova (Proof, 2005) tem em seu elenco Anthony Hopkins, Gwyneth Paltrow, Hope Davis e Jake Gyllenhaal. A história é sobre a filha de um matemático brilhante, mas perturbado, e como ela lida com o fato de ter herdado de seu pai a mesma inteligência e instabilidade emocional. Gwyneth faz o papel da filha Catherine, que aos 27 anos se vê sozinha após a morte de seu pai Robert (Hopkins). Ela viveu em função dele, chegando a abandonar a universidade para dedicar-se ao parente doente. Hopkins atua despido do papel de Hannibal, suas feições passam credibilidade na interpretação do velho louco. Gyllenhaal é Hal, aluno de Robert, que tem verdadeira adoração pelo matemático, e acredita que poderá encontrar alguma prova matemática inovadora nos cadernos escritos por ele em sua fase de loucura. Davis faz o papel de Claire, a irmã boazinha, mas medíocre quando comparada com Catherine e Robert. Ela vai além, mostra uma filha que abdica de reconhecimento e sucesso para ficar ao lado do pai. Catherine trabalha ao mesmo tempo em que cuida dele e consegue provar uma teoria que todos os matemáticos tentam há décadas. Ela percebe que seu pai está completamente insano quando ele credita a si mesmo um dos últimos trabalhos feitos pela filha. Ela decide então esconder sua descoberta, trancando seu trabalho na gaveta da escrivaninha do pai.

No mesmo momento que ela fecha a gaveta, ela encerra a sanidade e inconscientemente faz questão de esquecer o que se passou. A maneira com que Madden inicia o filme é interessante: Catherine conversa com Robert, que assume para a filha sua loucura. Para aumentar a dramaticidade, este é o dia do aniversário de Catherine e ela está sozinha, da mesma maneira que seu pai passou seus últimos anos, após todos perceberem sua condição. A sequência é muito bem aproveitada e logo depois entra Hal, que é mal tratado por Catherine. Tudo o que ele quer é a permissão para continuar indo à casa de seu antigo professor para ler suas últimas anotações. Catherine é contra e os dois discutem. A química entre os dois, nesse momento é perfeita, mas daí em diante, o filme só cai de ritmo. O roteiro é original, tem uma carga dramática distinta do filme Uma mente brilhante (2002). O objetivo maior aqui não é mostrar a possibilidade de incidência de loucura em pessoas extremamente inteligentes, mas que a anulação por respeito e amor pode levar a um desequilíbrio ou até mesmo uma transferência de personalidade.

 

Rain Man

A vida do jovem executivo Charlie muda ao descobrir que o pai faleceu e deixou para ele no testamento apenas um Buick 1949 e algumas roseiras premiadas, enquanto outro “beneficiário” herda 3 milhões de dólares. Curioso, descobre que a fortuna ficou para seu irmão (Raymond), cuja existência ele desconhecia. Raymond é autista e capaz de calcular problemas matemáticos com grande velocidade e precisão. Charlie sequestra o irmão da instituição onde está internado para levá-lo para Los Angeles e exigir metade do dinheiro, mas nessa viagem cheia de pequenos imprevistos entendem o significado de serem irmãos.

Rain Man mostra como lidar com o autismo e conviver com as diferenças. Relações familiares são difíceis, ainda mais quando os envolvidos são muito diferentes um do outro. Pense como tudo pode ficar ainda mais complicado quando você descobre que tem um irmão autista e que, para receber a sua parte da herança, depende dele. Rain Man mostra como os laços entre irmãos podem superar as diferenças e transformar a vida das pessoas. Tudo começa quando Charlie Babbit (interpretado por Tom Cruise), um jovem mauricinho, descobre que seu pai, com quem não tinha uma boa relação, faleceu. Ao mesmo tempo, ele fica sabendo que herdou apenas um carro e algumas roseiras, enquanto a fortuna de três milhões de dólares ficou de herança para um “beneficiário” desconhecido. Charlie então sai em busca do tal beneficiário e descobre que se trata de Raymond (vivido por Dustin Hoffman), um irmão que ele não conhecia. Raymond é autista e vive em uma clínica desde criança. Interessado apenas no dinheiro, Charlie “sequestra” o irmão para levá-lo a Los Angeles e exigir a metade da herança. O que ele não sabe, é que a viagem vai mudar sua vida. Logo no início da viagem, Raymond se recusa a andar de avião e os dois irmãos cruzam o país de carro. Com a convivência durante a viagem, Charlie começa a descobrir mais sobre seu irmão: sua capacidade de calcular problemas matemáticos com rapidez e sua memória fora do comum – ele consegue decorar a lista telefônica, por exemplo. Sempre frio e calculista, interessado apenas em bens materiais, Charlie muda e passa a entender o real significado de se ter um irmão. O autismo é um transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social. Geralmente aparece logo nos três primeiros anos de vida. Uma das principais características do autista é seguir rigorosamente uma rotina, que funciona como uma forma de reconhecer o mundo. Quando esta rotina é alterada de alguma forma, a criança tende a reagir negativamente. Rain Man consegue abordar um assunto tão delicado como é o autismo de forma leve e respeitosa. Dustin Hoffman tem uma atuação espetacular e mostra a doença sem banalizá-la. Dirigido por Barry Levinson, o longa foi um sucesso de bilheteria no ano de seu lançamento. Uma mistura de drama familiar com humor, Rain Man vai te fazer rir, chorar e pensar sobre as questões da vida. O filme, aclamado pela crítica, teve oito indicações ao Oscar e ganhou como Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Dustin Hoffman) e Melhor Roteiro Original. prêmios no Globo de Ouro e Urso de Ouro, além de indicações no Bafta e Festival de Berlim.

 

PI

Max é gênio da computação e matemática, mas vive escondido porque a luz do Sol lhe causa fortes dores de cabeça. Sozinho constrói um supercomputador que permite a descoberta do número pi completo. A partir disso ele percebe que todos os eventos se repetem num determinado espaço de tempo e passa a especular as tendências no mercado de bolsa de valores. A descoberta chega até uma seita e representantes de Wall Street passam a cobiçar os conhecimentos de Max.

Até hoje é impossível gerar números aleatórios em ambiente computacional. O algoritmo mais comum é gerar uma sequência de números a partir de um número qualquer chamado “semente”. Para um usuário do computador que desconhece a semente esta sequência é aparentemente aleatória. Usando este conhecimento junto com a famosa frase: “Deus joga dados”, se fosse possível descobrir a semente que rege os dados que Deus usa, então seria possível prever o futuro. O protagonista de PI, Max, é um matemático que procura descobrir em sua pesquisa um número fundamental que pode ser comparado com a semente de Deus acima descrita. Dado a sua reclusão social associada com grande habilidade técnica é possível concluir que o protagonista está em alguma posição inicial do espectro autista. Já nas primeiras cenas Max nos conta que na sua infância ele quase ficou cego ao ficar muito tempo olhando para o Sol, fazendo uma alusão a sua habilidade com números ser uma iluminação. Porém, esta tendência para as ciências exatas trouxe consigo mais alguns distúrbios mentais, como paranoia e fortes dores de cabeça. PI (1998) é o primeiro longa-metragem de Darren Aronofsky, diretor norte americano que já na sua estreia demonstra grande controle da técnica audiovisual. Junto com o compositor Clint Mansell e o diretor de fotografia Mathew Libatique, o diretor criou em PI uma série de rimas visuais que funcionam perfeitamente como reforço narrativo. A marca registrada do filme é uma edição rápida em algumas cenas, geralmente em plano-detalhe de objetos como trancas das portas e pílulas gerando assim uma realidade acelerada que combina com o estilo de vida paranoico do personagem. O filme tem uma montagem moderna bem visível, onde temos acesso as notas mentais do protagonista através de uma narração em off, e o tempo subjetivo do filme acelera ou freia de acordo com a cena em questão. A trilha sonora também dá dicas ao expectador de quando protagonista está padecendo de fortes enxaquecas ou não. A utilização do Branco e Preto reforça a dualidade entre ciência e religião, mas também a dualidade entre homem e máquina e não distinção entre alucinação e realidade. Outro grande ponto de destaque é a utilização do roteiro em elipse, praticamente uma espiral de paranoia. Assim como a natureza retratada pela matemática, as cenas seguem padrão que vai sendo acelerado aos poucos até o clímax final. O diretor retrata em sua obra, temas psicológicos como paranoia, alucinação e obsessão, sendo possível enxergar influências da Trilogia do Apartamento de Roman Polansky e o ar pesado dos romances de Franz Kafkaenquanto acompanhamos a jornada de descobrimento de Max. No filme são usados vários números que tem correlação com a natureza para fazer alusão a esta semente: a relação áurea, a série de Fibonacci, o próprio número PI e assim por diante; mas eles não têm relação nenhuma com o número fundamental, porém foi muito elegante relacionar este número com o nome de Deus, algo parecido com o que foi feito no livro Contato de Carl Sagan. O filme tem duas conclusões que se complementam, uma científica e uma religiosa. A científica é uma ótima representação de que sabedoria é sinônimo de sofrimento e ignorância é o caminho da felicidade. O preço que o computador paga por chegar até o número é a destruição do processador, que por assim dizer é o cérebro do computador. Agora fazendo o paralelo computacional / orgânico, ao descobrir o número, Máx está usando o nome de Deus em vão e a sua penitência é uma dor de cabeça capaz de incitar o personagem a realizar uma auto lobotomia com uma furadeira.

Curiosidades Matemáticas:

É interessante a escolha de Max para o nome do protagonista, Max remete a máximo, uma função matemática, ou ainda, podemos entender que ele usa o cérebro e o processador do computador ao máximo. Se quisermos achar mais padrões malucos, Sol em inglês é Sun, que remete a função matemática Sum de soma, a operação matemática mais simples e intuitiva que existe, mas ao mesmo tempo remete a Solution (solução) que nada mais é que o resultado de uma operação matemática qualquer e assim por diante. A semente de Deus é um número de 216 dígitos. Curiosamente, 216 é o resultado direto da multiplicação: 6x6x6 e 666 é um número cabalístico que remete a besta, contrapondo a sua divindade e remetendo a, assim como Yin e Yang, Deus e o Diabo serem as duas faces de uma mesma moeda. O filme termina com Max sentado no banco da praça, e a menina pergunta qual o resultado da divisão de 748 por 238. Esta fração pode ser reduzida dividindo-se pelos números primos 2 e 17, uma vez cada, resultando na fração 22/7 que é uma ótima aproximação do número PI: 3,14. E para os entusiastas, segue o número PI calculado com um pouquinho mais de precisão:

3.141592653589793238462643383279502884197169399375105820974944592307816406286208998628034825342117067982148086513282306647093844609550582231725359

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, Francilene. A utilização de filmes nas aulas de matemática. UNESPAR. 2015. Disponível em: http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/ensinoepesquisa/article/view/612. Acesso: maio 2021.

 

PRESTES, Rosangela Ferreira.ENSINO DE TÓPICOS DA MATEMÁTICA PELA ABORDAGEM DO USO DE FILMES INFANTIL NA PERSPECTIVA INVESTIGATIVA. UNIPAMPA. 2019. Disponível em: https://periodicos.unipampa.edu.br/index.php/SIEPE/article/view/87778. Acesso: maio 2021.