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REFLEXÃO DO PAPEL DA TECNOLOGIA E DA MÍDIA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS

Elizandra Mendonça de O. Maito

RESUMO

O mundo midiático e o avanço tecnológico crescentes têm se tornado protagonistas permanentes na vida das novas gerações, socializando as crianças numa espécie de “escola simultânea” às instituições de ensino, levando-as ao desenvolvimento de novas habilidades por meio das suas múltiplas linguagens. A Educação tem se tornado alvo dos mais variados questionamentos quanto às suas estratégias pedagógicas de ensino para atender a essa nova geração de crianças cibernéticas que chegam às escolas de Educação Infantil atualmente. Nesse sentido, é preciso compreender a realidade que envolve, os principais aspectos relativos às contribuições e desafios das mídias e dos recursos tecnológicos na Educação Infantil.

Palavras-chave: Educação infantil. Mídias. Recursos tecnológicos.


ABSTRACT

The growing media world and technological advancement have become permanent protagonists in the lives of new generations, socializing children in a kind of “simultaneous school” to educational institutions, leading them to the development of new skills through their multiple languages. Education has become the target of a wide range of questions regarding its pedagogical teaching strategies to serve this new generation of cybernetic children who arrive at early childhood schools today. In this sense, it is necessary to understand the reality that involves, the main aspects related to the contributions and challenges of the media and technological resources in Early Childhood Education.

Keywords: Early childhood education. Media. Technological resource


  1. INTRODUÇÃO

 

O avanço dos recursos midiáticos tem modificado a educação, no que se refere ao modo de aprender e transmitir conhecimentos, uma vez que estas tecnologias estão cada vez mais integrando o cotidiano dos alunos e as práticas escolares, garantindo-lhes o acesso a estes elementos e contribuindo para a construção da cidadania.

Na Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, os recursos midiáticos, também são de grande importância para o processo ensino-aprendizagem, visto que as crianças trazem dos seus ambientes familiares, experiências relacionadas com as novas tecnologias, e a escola tem um papel fundamental de proporcionar uma aprendizagem significativa partindo das vivencias da criança, instigando a criatividade e a curiosidade.

Segundo Freire (2011), deve-se aproveitar a experiência dos alunos que vivem em áreas da cidade que não recebem o devido cuidado do poder público, a fim de criar discussões sobre os problemas e riscos que lixões oferecem à saúde e aos níveis de bem-estar de toda a população. É preciso estabelecer uma relação entre os saberes curriculares fundamentais dos alunos e a sua experiência social como indivíduos.

Neste contexto, é preciso que o educador atribua sentido aos equipamentos em seu trabalho, e não esqueça que as mídias devem ser utilizadas para ampliar o conhecimento da criança, procurando estabelecer uma relação entre a criança e o meio, possibilitando que a aprendizagem ocorra de uma forma envolvente e motivadora, despertando o interesse da criança.

A criança é curiosa e investigadora, por isso não deve receber nada pronto, deve ser instigada a questionar, discutir e escolher para então atribuir significados aos objetos que as cercam. É através das atividades lúdicas que ela terá oportunidade de configurar estas relações, tornando-as significativas.

Diante disso, as escolas de Educação Infantil, devem oportunizar as crianças o acesso aos diferentes recursos tecnológicos, para que possam desfrutar de outras formas de aprendizagem, relacionados ao seu cotidiano. Segundo Moran (2005), as mídias na educação desempenham um papel relevante, pois passam continuamente informações interpretadas, mostram-nos modelos de comportamento, ensinam-nos linguagens coloquiais e multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de outros. Sabe-se que o uso das novas tecnologias contribui muito para o processo ensino aprendizagem, sendo um método prático, interessante e bem aceito pelas crianças, tornando-as mais motivadas em aprender. Desta forma a escola assim como os professores deve oportunizar situações que venham a desenvolver a criatividade, o questionamento e a reflexão das crianças.

 

  1. A INFLUÊNCIA DA MÍDIA E A TECNOLOGIA DIGITAL NA INFÂNCIA

 

É na infância que se dá início a aprendizagem que será levada para toda a vida, é o período onde as crianças estão abertas a novas descobertas. Nesta fase, o indivíduo inicia o entendimento do mundo, e a partir daí começa a construir sua própria forma de pensar e agir. Quanto maior for o estímulo na infância, melhor será o desenvolvimento e crescimento até chegar à vida adulta.

Sabe-se que nesta fase a criança recebe vários estímulos, seja pela convivência com adultos e outras crianças, ou até mesmo pelas mídias (jornais, revista, internet, rádio, tv).

As mídias estão presente casa vez mais em nosso cotidiano, em tudo que vemos e ouvimos. Se para nós adultos que já temos uma formação intelectual formada, as influências das mídias (propagandas, vídeos, filmes, música), são marcantes, para uma criança que está em formação de psíquico se torna algo definido.

As mídias, nesta fase quando usadas de forma adequada poderá ser um estímulo para a criança. Músicas, vídeos, e outras mídias são ótimas ferramentas que podem serem utilizadas pelo professor fazer com que o aluno aprenda com mais facilidade os conteúdos, contribuindo de maneira lúdica para o processo de ensino-aprendizagem.

As mídias podem fazer com que os alunos possam construir seu próprio conhecimento, tornando-se cidadãos capazes e pensantes, investigadores, pois as mídias além de serem ótimas aliadas para o aprendizado, quando usadas de forma correta estimulam o cognitivo de cada indivíduo.

Segundo Braga (2013) existem dois públicos distintos, com relação ao uso das tecnologias, caracterizando-os como a geração dos “nativos” e dos “imigrantes digitais”. Explica que a geração dos “imigrantes digitais” é formada por pessoas que cresceram antes das tecnologias digitais se tornarem populares, enquanto a geração dos “nativos digitais” é composta pelos jovens que já cresceram inserido e interagindo com tal tecnologia. Pelo que se pode analisar, esses últimos representariam a geração de crianças de hoje, considerando a metade da segunda década do século XXI.

Considerando o aperfeiçoamento e abrangência das mídias e das tecnologias digitais, no mundo inteiro, o cenário educacional não teve e não tem como fugir dessas modificações. Assim é necessário compreender que a Educação Infantil brasileira, abordada pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB (BRASIL, 1996) como a primeira etapa da educação básica, deve acompanhar a nova concepção de sociedade. Em vista disso, devem-se considerar as transformações e inovações ocorridas e vivenciadas pelas pessoas a partir da explosão tecnológica e midiática das últimas décadas.

A partir do exposto, é possível constatar que a inserção das mídias digitais na sala de aula, desde o princípio da vida escolar da criança, é muito importante, uma vez que as crianças desta geração já têm acesso às tecnologias. O início do aprendizado já acontece com a interação de tudo o que está ao seu redor, desde a mais tenra idade, geralmente muito antes de se frequentar a escola. Assim sendo, não é interessante ou produtivo interromper esse processo. Entra aqui o papel do professor, preparado para lidar com essas novas tecnologias de modo pedagógico, pois só assim será possível favorecer a aprendizagem no contexto da Educação Infantil.

Ao afirmar que a aprendizagem infantil inicia bem antes da aprendizagem escolar, porque a criança possui uma história anterior, ou seja, nunca parte do zero, Barbosa et al. (2014) ratifica a ideia do parágrafo anterior. De mais a mais, a fala do autor corrobora o fato de que, apesar de haver essa história prévia, isso não significa que haja conformidade direta entre as duas etapas de desenvolvimento. Desse modo, o processo de aprendizagem da criança carece de outrem para efetivar-se e consolidar-se por meio do desenvolvimento individual e de seu histórico social.

É possível dizer então, que a mídia e a publicidade nela veiculada podem influenciar diretamente a infância, inclusive no que tange ao próprio ato de brincar, porque, geralmente, a quase tudo o que as crianças veem na TV ou na internet, querem ter acesso ou reproduzir. Neste ponto entra a importância da intervenção da família, cuja responsabilidade, além de cuidar, proteger e educar, é também orientar e mediar as ações e condutas de seus filhos, os quais estão inseridos nesse universo tecnológico e, praticamente, regido pela mídia.

A influência da mídia e da tecnologia digital na infância é facilmente percebida, basta considerar duas realidades: a primeira é aquela em que as crianças, no momento de brincar, utilizavam os brinquedos e brincadeiras tradicionais (cantigas de roda, brincadeira de casinha, brinquedos artesanais) transmitidos e ensinados de geração em geração. A segunda é a realidade atual, em que as crianças se utilizam, basicamente, dos brinquedos eletrônicos (carrinhos de controle remoto, bonecas que falam e se movimentam sozinhas, tablets, entre outros) para se divertirem.

É preciso ter em mente que a Educação Infantil, assim como os outros níveis de ensino, deve trabalhar com os recursos tecnológicos com muito cuidado, tendo uma proposta pedagógica definida para seu uso. Isso porque, embora a TV, a internet, o computador, entre outros, sejam recursos importantes, é preciso saber utilizá-los adequadamente, para gerar aprendizagens significativas, evitando, dessa maneira, o simples uso pelo uso. Com isso, percebe-se que tais mudanças representam um grande desafio para educadores e familiares, já que, em meio a essa enorme oferta apelativa da mídia, para que os pais e as crianças comprem e utilizem apenas brinquedos eletrônicos, é preciso agir reflexivamente, a fim de que os brinquedos e brincadeiras mais tradicionais não sejam extintos ou esquecidos.

Além disso, é necessário que pais e professores compreendam que é dever de ambos orientar e controlar o uso dos recursos tecnológicos, bem como intercalá-los com os brinquedos e brincadeiras mais tradicionais. A respeito do assunto, Haetinger (2008) enfatiza que mesmo com toda a modernidade, jogos e brincadeiras do passado ainda são importantes no universo infantil, crianças ainda brincam de pega-pega, cinco Marias, amarelinha, ovo podre, esconde-esconde, e outras brincadeiras que faziam sucesso com nossos avós e bisavós.

Em boa parte das vezes, é possível notar que é a televisão, além de ser considerada um meio de entretenimento nos lares, transmite a falsa ideia de que funciona como meio educacional, entretendo as crianças enquanto os pais, por exemplo, realizam suas atividades de rotina da casa. Porém esse teor educativo é questionável, a julgar, principalmente, pelo conteúdo dos programas de televisão que são abertos ao público, e que deveriam se preocupar com o âmbito educacional informal - o que, geralmente, não ocorre. Assim, hoje em dia, os mais diversos tipos de mídia fazem com que os adultos e crianças tenham vontade de adquirir aquele brinquedo que está passando no comercial de TV, ou aquele telefone de última geração que os pais têm vontade de ter. Se até os adultos agem assim, imagine as crianças que ainda não têm noção do valor do dinheiro, vendo aquele brinquedo ultramoderno sendo divulgado pela mídia.

 

  1. CONCLUSÃO

 

Os recursos tecnológicos são de grande apoio e auxílio aos educadores que através dos mesmos, podem levar aos seus alunos imagens e sons de formas associadas ou não, mas com qualidade de informação. Existem várias metodologias educacionais nessa área, que são muito atrativas e solicitam a interação da criança ao mesmo tempo em que ensinam, não por memorização, mas, com entendimento do que está sendo proposto.

O educador com o material adequado pode tornar suas aulas mais interessantes e diversificadas, com conteúdo mais ricos e produtivos, obtendo, assim, melhor nível de aproveitamento e maior desenvolvimento social, cognitivo e psicológico dos alunos que querem compreender tudo ao seu redor.

Os recursos tecnológicos, além de utilizados em conjunto com o lúdico, podem ser usados também como instrumentos que representem as experiências vivenciadas no cotidiano das crianças, como objetos comuns, que possam reproduzir diversas situações onde a construção do caráter e da identidade sejam desenvolvidas naturalmente.

Em resumo, os recursos tecnológicos estão cada dia mais presentes nas salas de aula, e ajudam a melhorar o ensino e o aprendizado, tanto dos educandos, quanto dos educadores. A escola precisa ser parceira, junto com os educadores, dessas novas tecnologias e recursos tecnológicos, ofertando a eles, formações continuadas e cursos de informatização, para que o avanço no aprendizado e no desenvolvimento dessas crianças seja cada dia mais significativo e a qualidade de ensino dos educadores, seja cada vez mais valorizada e apreciada.

Quando fala-se em mídias e educação para a cidadania, percebe-se um desafio muito grande para os professores, pois estes deverão buscar novos saberes, reformulando suas práticas de ensino, a fim de transformar seus alunos em cidadãos conscientes, críticos e conhecedores do seu verdadeiro papel na sociedade.

 

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BARBOSA, Gilvana Costa et al. Tecnologias digitais: possibilidades e desafios na educação infantil. XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância. Florianópolis: UNIREDE, 2014.


BRAGA, Denise Bértoli. Ambientes digitais: reflexões teóricas e práticas. São Paulo: Cortez, 2013.


BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. LDB - Lei nº. 9.394/96, de 20 de dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 18 abr. 2020.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à Prática Educativa. 43. ed. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2011.


HAETINGER, Daniela; MAX, Günter. Jogos, recreação e lazer. 2. ed. Curitiba: IESDE, 2008.


MORAN, José. A aprendizagem de ser educador. Campinas: Editora Autores Associados, 2005.



1.Professora da Rede Pública , formada na UNIVAG em Ciências Biológicas, Pós -Graduada em Psicopedagogia pela FAE.