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DIDÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Antônio Gilailson do Espirito Santo Santos[1]

Ellen Daiana Martin Damacena Meira [2]

 

RESUMO

 

Este artigo vai tratar de questões mais diretamente ligadas à prática docente. A esta altura do curso, em que vocês já entraram em contato com diferentes áreas de estudos da língua portuguesa, torna-se necessário refletir e receber um direcionamento sobre como trabalhar a mobilização dos saberes teóricos visando à transposição didática desses saberes. Faremos, inicialmente, uma breve retrospectiva histórica da didática no cenário pedagógico, situando o campo de alcance dessa disciplina e suas implicações no processo de ensino- aprendizagem. Em seguida, focalizaremos os diferentes paradigmas de ensino-aprendizagem e suas e sua relação específica com o ensino de língua portuguesa, foco de nossas reflexões. Nesse momento, serão retomadas algumas noções já discutida em outras disciplinas, só que, agora, mais direcionadas à pratica docente. Tal enfoque nos conduzirá, necessariamente, a considerar o espaço da sala de aula e as implicações do papel do professor e dos alunos nesse ambiente de aprendizagem. Serão abordados, portanto, os desafios e necessidades que estão associados à complexidade do agir do professor à frente de um evento tão importante como a condução de uma aula, em especial, a de língua portuguesa. Uma das grandes dificuldades da formação inicial, e também da continuada, reside no tratamento dado a transposição didática de modo a fornecer as condições para uma efetiva articulação entre teoria e prática. Nesse sentido, procuro fornecer aos alunos parâmetros de atuação, usando como recurso a elaboração de sequências didáticas voltadas para o ensino da leitura, da escrita e da análise linguística. Concluiremos nossas reflexões, apresentando a proposta integradora dos projetos interdisciplinares como forma de abordar os conteúdos previstos no currículo numa perspectiva de letramento, que extrapole o caráter transmissivo e mecânicos das práticas pedagógicas tradicionais. Dessa forma, esperamos contar com o envolvimento e contribuição de todos no sentido de construirmos caminhos e alternativas para a nossa prática docente.

 

INTRODUÇÃO

 

A palavra didática (AO 1945: didáctica) vem da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A didática é a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino, destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica. A didática estuda os diferentes processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da didática moderna, e um dos maiores educadores do século XVII.

Didática é um ramo da ciência pedagógica que tem como objetivo de ensinar métodos e técnicas que possibilitam a aprendizagem do aluno por parte do professor ou instrutor.

Os elementos da ação didática são:

 

História da didática

 

Ao longo de nossa existência, temos acesso a diferentes textos formais e informais de educação. Vivemos em sociedade, e desde o início da civilização, ensinamos uns aos outros, aprendemos uns com os outros, numa troca extremamente produtiva para o desenvolvimento da coletividade e também de nossa individualidade. Os processos educativos se desenvolvem em duas direções: em uma perspectiva mais ampla, temos a dimensão social que caracteriza a transmissão de saberes, conhecimentos, normas, costumes, valores repassados de geração a geração, responsáveis pela construção sócia histórica das diferentes sociedades; na perspectiva individual, o processo educativo se caracteriza pelo desenvolvimento e transformação das capacidades cognitivas e comportamentais do ser humano. Nas duas perspectivas, porém, o fator social está presente porque também as transformações individuais são acionadas pela troca e pela interação social.

Do ponto de vista da educação formal, a escola se apresenta como o espaço legítimo que vai proporcionar a construção de conhecimentos e promover o desenvolvimento e a formação dos indivíduos. Nesse contexto educacional, as relações de ensino e aprendizagem passam a ser sistematizadas e, nessas condições requerem uma abordagem filosófica e científica.

Segundo Regina Haydt (2006, p.13),

 

A pedagogia é o estudo sistematizado da educação. É a reflexão sobre as doutrinas e os sistemas de educação. A didática é uma seção ou ramo específico de Pedagogia e se refere aos conteúdos do ensino e aos processos próprios para o conhecimento. Enquanto a pedagogia pode ser conceituada como a ciência e a arte da educação, a Didática é definida como a ciência e a arte do ensino.

 

Observe que essa definição apresenta uma diferença entre Pedagogia e Didática: a primeira considerada como arte da educação e a segunda, como arte do ensino. O que diferencia, então, a educação do ensino? Em outras palavras, entende-se a Pedagogia como uma área mais ampla que contempla, inclusive, contextos não institucionais de educação, relacionados às condições de formação das pessoas (cf. BRONCKART, 2008). A Didática, por outro, como representativa do processo formal de educação, refere-se às condições de transmissão dos conhecimentos.

Séculos mais tarde, um dos grandes teórico da educação, João Amos Comenius (1592-1670), deixou-nos como legado sua obra Didática Magna (1632), revolucionaria para a época e que exerceu grande influência sobre a prática docente. Segundo Haydt (2006, p.17)), os procedimentos a serem dotados pelo professor na visão de Comenius são:

 

  1. Apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando.
  2. Mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e a sua aplicação na vida diária.
  3. Fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às suas causas.
  4. Explicar primeiramente os princípios gerais e só depois os detalhes.
  5. Passar para o assunto ou tópico seguinte do conteúdo apenas quando o aluno tiver compreendido o anterior.

 

Agora que vemos o que estuda a Pedagogia e que situamos a Didática dentro da Pedagogia vejamos o que é. Didática. Isso é muito importante, pois a didática é o objeto de estudo deste livro.

Já sabemos que a didática é uma disciplina técnica e que tem como objeto específico a técnica de ensino (direção técnica da aprendizagem). A Didática, portanto, estuda a técnica de ensino em todos os aspectos práticos e operacionais, podendo ser definida como:

“A técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem, a formação do homem”. (AGUAYO)


– Didática Geral e Especial

 

A Didática Geral estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno. A Didática Geral nos dar uma visão geral da atividade docente.

A Didática Especial estuda aspectos científicos de uma determinada disciplina ou faixa de escolaridade. A Didática Especial analisa os problemas e as dificuldades que o ensino de cada disciplina apresenta e organiza os meios e as sugestões para resolve-los. Assim, temos as didáticas especiais das línguas (francês, inglês, etc.); as didáticas especiais das ciências (Física, Química, etc.).

 

– Didática e Metodologia 

 

Tanto a Didática como a metodologia estudam os métodos de ensino. Há, no entanto, diferença quanto ao ponto de vista de cada uma. A Metodologia estuda os métodos de ensino, classificando-os e descrevendo-os sem fazer juízo de valor.
A Didática, por sua vez, faz um julgamento ou uma crítica do valor dos métodos de ensino. Podemos dizer que a metodologia nos dá juízos de realidades, e a Didática nos dá juízos de valor.

Juízos de realidade são juízos descritivos e constatativos. Exemplos:

Dois mais dois são quatro.

Acham-se presentes na sala 50 alunos.

Juízos de valor são juízos que estabelecem valores ou normas.
Exemplo:
A democracia é a melhor forma de governo.

Os velhos merecem nosso respeito.

A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser metodologistas sem ser didáticos, mas não podemos ser didáticos sem ser metodologistas, pois não podemos julgar sem conhecer. Por isso, o estudo da metodologia é importante por uma razão muito simples: para escolher o método mais adequado de ensino precisamos conhecer os métodos existentes.


– Educação escolar, pedagogia e didática

 

A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos intenci,onais, práticas sistematizadas e alto grau de organização, ligado intimamente as demais práticas sociais. Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportunidade de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo conhecimentos científicos e formando capacidades de pensar criticamente os problemas e desafios postos pela realidade social.

A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social. Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prática social da humanidade, cabe à Pedagogia assegura-lo, orientando-o para finalidades sociais e políticas, e criando um conjunto de condições metodológicas e organizativas para viabiliza-lo.

O caráter pedagógico da prática educativa se verifica como ação consciente, intencional e planejada no processo de formação humana, através de objetivos e meios estabelecidos por critérios socialmente determinados e que indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. Vincula-se, pois, a opções sociais. A partir daí a Pedagogia pode dirigir e orientar a formulação de objetivos e meios do processo educativo.

Podemos, agora, explicar as relações entre educação escolar. Pedagogia e ensino: a educação escolar, manifestação peculiar do processo educativo global: a Pedagogia como determinação do rumo desse processo em suas finalidades e meios de ação; o ensino como campo específico da instrução e educação escolar. Podemos dizer que o processo de ensino-aprendizagem é, fundamentalmente, um trabalho pedagógico no qual se conjugam fatores externos e internos. De um lado, atuam na formação humana como direção consciente e planejada, através de objetivos/conteúdos/métodos e formas de organização propostos pela escola e pelos professores; de outro, essa influência externa depende de fatores internos, tais como as condições físicas, psíquicas e socioculturais dos alunos.

A Pedagogia sendo ciência da, e para a educação, estuda a educação, a instrução e o ensino. Para tanto compõe-se de ramos de estudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática, a Organização Escolar e a História da Educação e da Pedagogia. Ao mesmo tempo, busca em outras ciências os conhecimentos teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Biologia da Educação, Economia da educação e outras.

A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. A Didática está intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da Organização Escolar e, de modo muito especial, vincula-se a Teoria do Conhecimento e à Psicologia da Educação.

A Didática e as metodologias específicas das matérias de ensino formam uma unidade, mantendo entre si relações recíprocas. A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodologias específicas, integrando o campo da Didática, ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação com fins educacionais. A Didática, com base em seus vínculos com a Pedagogia, generaliza processos e procedimentos obtidos na investigação das matérias específicas, das ciências que dão embasamento ao ensino e a aprendizagem e das situações concretas da prática docente. Com isso, pode generalizar para todas as matérias, sem prejuízo das peculiaridades metodológicas de cada uma, o que é comum e fundamental no processo educativo escolar.

Há uma estreita ligação da Didática com os demais campos do conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Educação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, indagando em que consiste o ato educativo, seus condicionantes externos e internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos da prática docente.

A Sociologia da Educação estuda a educação com processo social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social no seu movimento, a partir da dependência mútua entre seus elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos da realidade educacional. A partir disso estuda a escola como “fenômeno sociológico”, isto é, uma organização social que tem a sua estrutura interna de funcionamento interligada ao mesmo tempo com outras organizações sociais (conselhos de pais, associações de bairros, sindicatos, partidos políticos). A própria sala de aula é um ambiente social que forma, junto com a escola como um todo, o ambiente global da atividade docente organizado para cumprir os objetivos de ensino.

A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do processo de ensino e da aprendizagem, como as implicações das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de conhecimentos e habilidades. A psicologia aborda questões como: o funcionamento da atividade mental, a influência do ensino no desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades mentais para a aprendizagem, organização das relações professor-alunos e dos alunos entre si, a estimulação e o despertamento do gosto pelo estudo etc.

A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da organização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e legais, administrativos, e aspectos do funcionamento interno da escola como a estrutura organizacional e administrativa, planos e programas, organização do trabalho pedagógico e das atividades discentes etc.


– A Didática e a formação profissional do professor

 

A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: a formação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se e a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Filosofia, Sociologia, História da Educação e da própria Pedagogia que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo no contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando à preparação profissional específica para a docência, incluindo a Didática as metodologias específicas das matérias, a Psicologia da Educação, a pesquisa educacional e outras.

A organização dos conteúdos da formação do professor em aspectos teóricos e práticos de modo algum significa considera-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. As disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas a prática escolar, de modo que os estudos específicos realizados no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os de formação pedagógica que tratam das finalidades da educação e dos condicionantes históricos, sociais e políticos da escola. Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas precisam ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de formação teórico-prática não se reduzem ao mero domínio de técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo que fornecem à teoria os problemas e desafios da prática. A formação profissional do professor implica, pois, uma contínua interpenetração entre teoria e prática, a teoria vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática orientada teoricamente.

Nesse entendimento, a Didática se caracteriza como mediação entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente. Ela opera como que uma ponte entre o “o que” e o “como” do processo pedagógico escolar. Para isso recorre às contribuições das ciências auxiliares da Educação e das próprias metodologias específicas. É, pois, uma matéria de estudo que integra e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas disciplinas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação técnico-prática, provendo o que é comum, básico e indispensável para o ensino de todas as demais disciplinas de conteúdo.

A formação profissional para o magistério requer, assim, uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula depende de vocação natural ou somente da experiência prática, descartando-se a teoria. É verdade que muitos professores manifestam especial tendência e gosto pela profissão, assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teórico-científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente ganhe base para pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade do seu trabalho.

 

O processo didático na elaboração de uma aula

 

Vou iniciar esta seção fazendo uma analogia com outras situações de atividade humana. O engenheiro civil, ao ser encarregado de construir uma cassa, por exemplo, precisa desenvolver um plano de ação no qual possa mobilizar todos os saberes teóricos e práticos necessários à execução da obra. O mesmo ocorre com qualquer outra atividade humana, independentemente do caráter científico com que se reverte a atividade. Até mesmo a preparação de um bolo requer um planejamento inicial. O que dizer, então, da preparação de uma aula?

Do ponto de vista operacional, é aconselhável que o professor, na execução da aula, proporcione condições para que os alunos participem, façam perguntas, exponha seus conhecimentos prévios, contestem, enfim, de acordo com a perspectiva de que o conhecimento vai sendo construído na interação professor-alunos. Outro aspecto a ser destacado diz respeito à diversidade das atividades de ensino. Sabemos das grandes variedades de conteúdos em língua portuguesa a serem ensinados, portanto, há possibilidades de explorá-los de diferentes maneiras, tendo em vista a especificidade de cada conteúdo: a exposição clássica, a exposição dialogada, os trabalhos em grupos, a pesquisa individual, a dramatização, os jogos etc.

Em relação aos requisitos necessários a uma boa exposição, Mattos, citado por Haydt (2006, p.155) indica as seguintes condições:

 

  1. Perfeito domínio e segurança do conhecimento que é objeto da exposição;
  2. Exatidão e objetividade dos dados apresentados;
  3. Discriminação clara entre o que é essencial ou básico e o que é acidental ou secundário;
  4. Organicidade, ou seja, boa concatenação das partes e subordinação dos itens de cada parte;
  5. Correção, clareza e sobriedade do estilo empregado;
  6. Linguagem clara, correta e expressiva;
  7. Conclusões, aplicações ou arremate definido.

 

O plano da execução de uma aula

 

Esses níveis de concretização evidenciam, antes de qualquer coisa, a necessidade do investimento constante em formação docente, uma vez que essa é uma das condições para a promoção de transformação nas práticas educativas. A partir daí, vão sendo acionadas uma atuação mais crítica do professor na medida em que ele deve estar atento às políticas públicas e aos documentos institucionais que regulam a organização dos currículos e, consequentemente, a sua implementação em sala de aula, viabilizada por uma atuação ativa no projeto educativo de cada escola.

Com base nesses conhecimentos, você, professor em formação inicial, vai desenvolver sua prática. Então perguntamos: de que forma esses aportes vão instrumentalizar a elaboração de sua aula? Já é possível para você desenvolver sua prática em consonância com esses princípios? Como se dará a transposição didática nesse contexto?

Na tentativa de exemplificar planos de transposição didática, vamos partir para uma atividade prática. Apresentarei um texto e as questões sugeridas para explorá-lo.

 

Texto:

 
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em linhas gerais, vemos que o professor escolhe um texto e que a partir desse texto vai avaliar os conhecimentos dos alunos sobre um conteúdo de morfologia, classificação dos substantivos, anteriormente trabalhado em sala. Caso você discorde da natureza das atividades, quais sugestões você apresenta para a apresentação desse conteúdo. Qual seria, em sua opinião, um tratamento didático-pedagógico alternativo?

Observe abaixo como pode ser representada, em termos de exposição de planos, a aula desse professor:

 

 

CONTEÚDO

OBJETIVOS:

GERAL E ESPECÍFICO

METODOLOGIA/

RECURSOS

AVALIAÇÃO

DURAÇÃO

 

·         Morfologia

Classificação do substantivo

 

Geral:

Conhecer os diferentes tipos de substantivos.

Específico:

Identificar os substantivos;

Classificar os substantivos;

Elaborar frases com diferentes tipos de substantivos.

 

-                   Aula expositiva

-                   Quadro de giz e texto.

 

Identificação em um texto dos tipos de substantivos;

Elaboração de frase com exemplos dos tipos de substantivos.

 

50 minutos

 

É nesse ponto que podemos avaliar como se efetiva a transposição didática viabilizada por cada professor. Tendo em vista os conhecimentos teóricos e operacionais discutidos anteriormente. Os conhecimentos adquiridos sobre concepções de leitura, de escrita e de análise linguística vão pavimentar as suas opções didático-pedagógicas. Passemos, então, para uma atividade bem prática. Com base nesse modelo de plano de aula padrão, escolha um conteúdo gramatical e organize uma proposta a ser executada por você em sala de aula. Na elaboração do plano, reveja o que discutimos sobre atividades meta, nos exercícios sugeridos; na avaliação, recorra aos dois níveis de atividade. Pesquise e procure enriquecer sua aula.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

É imprescindível para que trabalhemos os conceitos de metodologias de ensino, realizarmos a associação desses termos com o conceito de Didática, pois esta é a ciência educacional que se dedica aos estudos dos métodos aplicados no quesito ensino aprendizagem.

Ao realizar um estudo mais aprofundado em relação à área da Didática, concluí que se trata de um conceito surgido com Comenius no século XVII, modificando-se e modernizando-se ao decorrer dos séculos, com os preceitos de Rousseau no século XVIII, os ideais difundidos pela Escola Nova no século XX, arrastando às novas perspectivas do século XXI, com base nos estudos do pedagogo José Libâneo e de Adilson Citelli, com as novas linguagens introduzidas no âmbito escolar.

As metodologias educacionais, atualmente, estão focadas em duas vertentes: tradicional e tecnológica. A tradicional, com o professor no papel central, utilizando como transmissor de conteúdo o método expositivo, embasado no uso da lousa, do improviso e da paráfrase. O tecnológico, visando o aluno ao centro da situação, trazendo o cotidiano para dentro do ambiente educacional, utilizando a tecnologia como facilitador de aprendizagem, o professor passa a ser o mediador entre aluno, recurso e conteúdo.

O método tradicional, geralmente, é visto como imposição de respeito da figura do professor. E o tecnológico, possibilita a inserção de novas linguagens na escola, utilizando como material didático os recursos audiovisuais.

Os alunos demonstram maior interesse por aulas interativas com a presença da tecnologia, conforme foi comprovado perante aplicação de questionários. Os professores também relatam notar o maior interesse perante a tecnologia, havendo também os adeptos do tradicionalismo, que julgam a inserção midiática como dispersor de atenção.

Nosso estudo foi aprofundado nas metodologias aplicadas ao ensino de Língua Portuguesa. Permitindo-nos com base nos estudos teóricos realizados e análise de questionários aplicados, a conclusão de que a junção dos dois métodos de ensino acarreta resultados mais satisfatórios. É indispensável o uso do tradicional, pois este trabalha a língua como enunciação, a capacidade de improviso e paráfrase, além de possibilitar o contato entre aluno e professor. E o tecnológico permite a introdução do audiovisual, que é trazido pelo PCN como essencial para a aprendizagem da língua, além ser próximo ao cotidiano do aluno.

Obviamente, não se pode deixar de ressaltar que ambos possuem pontos divergentes, o tradicional utilizado incorretamente, acarreta a mecanização da língua, impondo os conteúdos a serem decorados. O tecnológico, ao não ser bem empregado, pode se tornar um motivo para dispersão dos alunos. Desse modo, a interação entre os dois métodos, ambos em uma mesma aula ou sendo alternados, possibilitam a melhor fixação de conteúdo e o foco tanto no professor quanto no aluno, e, principalmente, visando à aprendizagem da Língua Portuguesa e firmando a sua importância, afinal estamos na Era da Comunicação, saber comunicar-se é imprescindível.

 

REFERÊNCIAS

 

HAYDT, Regina Célia C. Curso de Didática Geral. São Paulo, Ática, 2006.

 

CANDAU, V. A Didática em questão. Petrópolis: Vozes, 1984.

 

MARTINS, P. L. Didática. Curitiba: Ibpex, 2008.

 

MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

 

MELO, A.; URBANETZ, S. Fundamentos de Didática. Curitiba: Ibpex, 2008.

 

ESCOLA, Nova. As Situações Didática de Língua Portuguesa. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/2500/as-situacoes-didaticas-de-lingua-portuguesa. Acessado em 03/03/2017.

 

LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

 

 

[1] Graduado em Letras pela Universidade Metropolitana de Santos – UNIMES, Pós-Graduando em Língua Portuguesa com ênfase em Gramática e Literatura pela Faculdade Latina-Americana de Educação – FLATED.

[2] Graduada em Pedagogia pela Universidade de Cuiabá – UNIC, Pós-Graduanda em Ludopedagogian e Educação Infantil pela Faculdade Venda Nova do Imigrante – FAVENI.

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