OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NA ERA DAS TECNOLOGIAS
Antonio Carlos Ferrante
Resumo:
O presente artigo tem por objetivo investigar como as tecnologias podem ser utilizadas como recursos pedagógicos por educadores das escolas públicas, promovendo uma educação voltada ao desenvolvimento do ser humano atual, bem como apresentar uma reflexão sobre o uso das tecnologias em projetos pelo professor nas escolas como ferramenta pedagógica importante na aprendizagem dos indivíduos, principalmente o computador. Este trabalho de conclusão foi desenvolvido com um estudo quantitativo e qualitativo de cunho bibliográfico que através de consultas em fontes impressas e eletrônicas em que, por meio desta metodologia, compreendi os acontecimentos históricos do envolvimento das tecnologias com a educação na visão de vários autores tais com PAPER (apud HAIDT 1999), LITTO (apud OLIVEIRA 1999), KENSKI (2012), tendo como ponto de partida um estudo mais aprofundado da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que entende que o aluno deve ser protagonista da sociedade em que vive, assim como da cultura digital que já faz parte do seu cotidiano. Diante desses aspectos senti-me motivado a pesquisar acerca da temática proposta, a fim de apresentar um levantamento consistente do uso das tecnologias como ferramenta de facilitação do processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chaves: Tecnologias; Educadores; Ensino-aprendizagem;
INTRODUÇÂO
Este artigo científico tem por finalidade contextualizar e refletir sobre o trabalho de Projetos Educacionais desenvolvidos com auxílio das tecnologias nas salas de aula, mais precisamente a informática baseando-se na percepção de que o desenvolvimento das tecnologias traz ao processo de ensino\aprendizagem um conjunto significativo de possibilidades, trata-se de uma abordagem ao longo da história a respeito do ensino envolvendo as tecnologias nas escolas regulares e a evolução da aprendizagem até então.
O objetivo deste trabalho é investigar através de leituras bibliográficas de vários autores e documentos como a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que a Educação e a Aprendizagem do ser humano não ocorrem sozinha, mas sim, por meio de interações, dentro de um contexto social. Essas mudanças sociais exigem grandes transformações na educação que consequentemente está ligada diretamente aos educadores, como as tecnologias podem ser utilizadas como recursos pedagógicos por educadores das escolas públicas, promovendo uma educação voltada ao desenvolvimento do ser humano atual. Nesse contexto o objetivo primordial deste texto é rever uma série de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos tecnológicos.
O foco deste artigo é a integração de alunos com as tecnologias na rede regular de ensino. Sabendo que, para que isso seja realidade, é necessário que os professores sejam apoiados e subsidiados tecnicamente e que tal abordagem não gere um processo de exclusão. Utilizar currículos e metodologias flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas ideias e desafios para novas situações. O que realmente vale é oferecer serviços complementares, adotar práticas criativas na sala de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e construir uma nova filosofia educativa. A inclusão tecnológica é um processo cheio de imprevistos, sem fórmulas prontas e exige aperfeiçoamento constante.
DESENVOLVIMENTO
Atualmente estamos inseridos em um mundo onde a tecnologia se faz cada vez mais presente, exigindo dos educadores um posicionamento mais flexível em relação aos seus métodos e estratégias em sala de aula. Mas afinal o que é tecnologia? E por que ela é tão importante no contexto escolar atualmente? Vejamos ao longo do texto como se posicionam alguns autores sobre o assunto.
Na visão de Kenski (2012, p. 22) “ a expressão tecnologia diz respeito a muitas outras coisas além de máquinas. ” O conceito de tecnologia compreende tudo que é construído pelo homem a partir de diversos recursos naturais, tornando-se um instrumento pelo qual se realizam atividades com a finalidade de elaborar ferramentas instrumentais e simbólicas, para ultrapassar barreiras imposta pela natureza, ou seja destacar-se dos demais seres irracionais. Nesse sentido Kenski (2012), coloca que o conjunto de:
[...] conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, a construção e a utilização de um determinado tipo de atividade, chamamos de “tecnologia”. Para construir qualquer equipamento – uma caneta esferográfica ou um computador – os homens precisam pesquisar, planejar e criar o produto, o serviço, o processo. Ao conjunto de tudo isso, chamamos de tecnologias. (KENSKI, 2012, p. 24)
Há uma perspectiva equivocada de que tecnologias são apenas equipamentos e aparelhos, mas como ela compreende um todo do cérebro humano, tudo o que se produz torna-se tecnologia. Conforme o ser humano foi progredindo, surgi a necessidade de adaptação do meio. Com essa evolução, talvez não percebemos o quão dependente nos tornamos das tecnologias e o quanto ela faz parte do processo social, tornando-se como ferramenta mediadora das nossas ações. Dessa maneira, todo contexto da história da humanidade, auxiliou para que nos dias atuais o ser humano tenha conforto e informação com rapidez, sem limites.
Atualmente somente o acervo de uma biblioteca não é o suficiente para satisfazer as necessidades dos estudantes, toda instituição de ensino deve disponibilizar um laboratório de informática com acesso à internet. Tekura (2006, p. 94), afirma que “as ferramentas tecnológicas favorecem o acesso a coleta de informações, textos, mapas e que todo acesso rápido a informação contribui para melhorar o ensino”.
O grande desafio é a conscientização dos educadores a utilizar o espaço tecnológico com mais frequência, e ainda realizar ações como formações continuadas, comprometimento e novas práticas pedagógicas. Os professores devem buscar processos formativos que possibilitam o uso adequado dos recursos tecnológicos que possam estar a sua disposição, pois sem preparo adequado o resultado não será o desejado, ARAÙJO afirma que:
O valor da tecnologia na educação é devido inteiramente da sua aplicação. Saber direcionar o uso da internet na sala de aula deve ser uma atividade de responsabilidade, pois exige que o professor preze, dentro da expectativa progressiva, a construção do conhecimento, de modo a contemplar o desenvolvimento de habilidades cognitivas que instigam o aluno a refletir e compreender, conforme acessam, armazenam, manipulam e analisam as informações que sondam na internet (ARAÙJO 2005, p. 23-24)
Portanto o professor tem a missão de buscar fortalecer a autonomia do aluno, pois cada um tem seu tempo de aprendizagem, os alunos precisam sentir-se motivados para a busca do conhecimento, ou seja o papel do professor é estimular os alunos a saírem da chamada zona de conforto e sentirem a necessidade de buscar o conhecimento, não somente para tirar a “nota” almejada para passar e sim ter a consciência de que a busca de novos conhecimentos ou uma pesquisa mais avançada, vai além dos ensinamentos trabalhados em sala de aula.
Os recursos tecnológicos de um modo geral provocam grande preocupação para a maioria dos docentes. O grande desafio dos mesmos é mais do que utilizar os recursos tecnológicos é pautar-se em princípios que privilegiam a construção de conhecimentos, o aprendizado significativo, interdisciplinar e integrador. A escola necessita deixar de ser apenas transmissora de informação e intensificar a aprendizagem de fato. O propósito é a busca da informação significativa, da pesquisa, o desenvolvimento de projetos e não transmissora de conteúdo específicos.
De acordo com Cavalcante (2012), “trabalhar com as tecnologias (novas ou não) de forma interativa nas salas de aula requer, a responsabilidade de aperfeiçoar as compreensões de alunos sobre o mundo natural e cultural em que vivem”. É indispensável o desenvolvimento continuo de alunos e professores, trabalhando adequadamente com as novas tecnologias, constatar-se que a aprendizagem pode se dar com desenvolvimento emocional, racional, da imaginação, do intuitivo, das interações, a partir dos desafios, da exploração de possibilidades, de assumir responsabilidades, do criar e do refletir juntos.
A educação é um processo, não um fim em si mesmo, portanto precisa sofrer intervenções positivas para seu aprimoramento. Segundo a BNCC que assegura em sua competência 5 (cinco):
“5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. ” (BNCC, p. 9)
Dessa forma, o documento, por meio da orientação por competências, faz com que o aluno passe a pensar criticamente em sala de aula, interagindo, participando e propondo soluções para os problemas de sua realidade.
O uso da tecnologia de forma crítica, consciente e responsável é comum a todas as áreas do conhecimento, no entanto cada uma tem seus componentes curriculares que possuem suas especificidades. Nessa linha de pensamento, quando se trabalha com as tecnologias tem como conceito a educação para o desenvolvimento humano, com foco no educando e em seu desenvolvimento, reconhecendo que este se dá por meio de um contexto social e interativo. Assim PAPER apud HAIDT, é de opinião que:
Uma das ideias básicas é que a tecnologia pode prover as crianças com novas possibilidades de aprender, pensar e crescer tanto cognitivamente como emocionalmente. O computador é um instrumento interativo, pois podemos nos comunicar com ele por meio da linguagem computacional. Assim, ele pode ser um interlocutor de matemática e de línguas, (1999, p. 276).
A dinâmica da visão moderna sobre a tecnologia trata-se de uma ferramenta, ou um meio para o uso humano, no qual à tecnologia configura a cultura e a sociedade. Nesta linha de pensamento as professoras Clitien Rios e Dulce Santos nos coloca que:
A escola deve adequar-se à realidade e tomar a seu favor todos os benefícios que as mídias podem proporcionar ao educando, pois o seu uso aumenta o interesse em aprender cada vez mais, além de propiciar maior identificação e aproximação intelectual entre professor e aluno, fator imprescindível ao processo de ensino/aprendizagem (Rios, Santos, 2011, p. 8-11).
Por isso a tecnologia na escola é fundamental, tanto para os alunos quanto para os professores, essas novas ferramentas tornou-se um importante meio de estudo e pesquisa. Os alunos, ao utilizarem o computador por exemplo entram em um ambiente multidisciplinar e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas receberem informações, os discentes também constroem conhecimentos. A informática propicia condições aos alunos de trabalharem a partir de temas, projetos ou atividades extracurriculares, O computador é apenas e tão somente um meio onde desenvolvemos a inteligência, flexibilidade, criatividade mais crítica.
Projeto Pedagógico X Tecnologia
A fim de analisar as possibilidades e a prática do uso de computadores na evolução da aprendizagem atual, foi observado a aplicação de um projeto pedagógico onde o professor propôs aos alunos uma viagem virtual pelas regiões do Brasil. Inicialmente o docente pensou em algo motivador para trabalhar as regiões do pais além do livro didático, depois de muitas pesquisas elaborou um projeto pedagógico que englobou todas as cinco regiões e o trabalho foi realizado interdisciplinar no laboratório de Informática da escola.
Foi proposto aos estudantes que cada um viajassem para uma cidade da região que estava sendo estudada exemplo Região Sudeste com o mapa em mão os alunos faziam sua escolha da cidade que virtualmente iria viajar, o professor então estipula um teto de gasto ou seja cada aluno teria uma certa quantia para os gastos na viajem.
No Laboratório de Informática cada aluno elaborava sua planilha de gasto (passagens, hospedagem, alimentação, aluguel de carro, guia turístico e compras extras), tendo o cuidado de não gastar mais do que o teto estipulado. Com a etapa do orçamento concluída era a hora de montar em slides toda a pesquisa com imagens, vídeos e principalmente um pouco da história da cidade visitada e qual sua importância para aquela região. Na culminância cada educando fazia sua apresentação para os colegas de classe e no encerramento o professor fazia suas ponderações. Neste movimento o professor propõe desdobramentos, arquiteta situações de aprendizagem, cria ressignificações sobre a pratica. Ao agir assim, estimula a cada participante do projeto que faça o mesmo, criando a possibilidade para aquisição de seu próprio conhecimento, de acordo com Kenski (2011):
O uso criativo das tecnologias pode auxiliar os professores a transformar o isolamento, a indiferença e a alienação com que costumeiramente os alunos frequentam as salas de aula, em interesse e colaboração, por meio dos quais eles aprendam a aprender, a aceitar, a serem pessoas melhores e participativos. (KENSKI, 2012, p. 103)
É preciso aprender a criar, interagir, planejar uma aula, produzir matérias didático para trabalhar com a mediação tecnológica, para Kenski (2012) a ação docente mediada pelas tecnologias é uma ação partilhada, já não depende apenas de um único professor, isolado em sala de aula, mas nas interações que forem possíveis para o desenvolvimento das situações de ensino. Alunos, professores e tecnologias interagindo com o mesmo objetivo geram um movimento revolucionário de descoberta e aprendizado.
A proposta do uso do laboratório de informática para as pesquisas proposta no projeto aumentou o interesse dos alunos para o estudo e a busca do conhecimento, não somente para cumprir etapa, mas quando foi feito o desafio para que eles registassem todas as etapas em planilhas com orçamento da viajem, e apresentação em slides a turma envolveu-se com a pesquisa. Mas, contudo, o apoio do professor oferecendo e mostrando novas tecnologias e ferramentas fez com que reforçassem o interesse dos alunos em mostrar a turma o resultado final de sua pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste artigo nota-se que é muito importante analisar novos métodos de ensino com o uso das novas tecnologias, propondo mudanças nas práticas pedagógicas, tornando as aulas mais interessantes e estimulantes para o processo de aprendizagem. Pode-se observar que por meio das atividades que proporcionam o uso de um computador por exemplo, possibilitam a criatividade, a socialização e a descoberta de novas habilidades.
Conclui-se que as tecnologias encantam os educandos, proporcionando um maior interesse destes, por vários assuntos que vão enriquecer os seus conhecimentos, desenvolvendo potencialidades e aptidões.
Este artigo teve o objetivo de contribuir com os professores, melhorando a sua prática pedagógica com o uso das tecnologias existentes na escola. Acredita-se na autonomia do educador, cuja prática docente não deve ser limitada pelo livro didático, encontrando outros recursos que estimulem a participação e aprendizado dos alunos, respeitando a proposta pedagógica da escola.
Nesse sentido observou-se com o relato da experiência de se trabalhar projetos com o uso da tecnologia, auxilia e motiva o processo de ensino-aprendizagem. Nesse processo a intenção é propor desafios, proporcionando aos alunos e professores oportunidades de vivenciar e proporcionar várias estratégias no desenvolvimento das aulas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Rosana Sarita de. Contribuições da Metodologia WebQuest no Processo de letramento dos alunos nas séries iniciais no Ensino Fundamental. In: MERCADO, Luís Paulo Leopoldo (org.). Vivências com Aprendizagem na Internet. Maceió: Edufal, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum curricular. Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio>. Acesso em: out. 2018.
CAVALCANTE, M. B. A educação frente as novas tecnologias: Perspectivas e desafios. 2012. Disponível em: <https://escoladrxavierdealmeida.blogspot.com.br/2012/02/educacaofrente-
as-novas-tecnologias.html>. Acesso em: 10 dez. 2018.
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: Um novo ritmo da informação. 8. ed. Campinas: Papirus, 2012.
OLIVEIRA, Vera Barros de (Organizadora). Informática em Psicopedagogia, 2 ed. São Paulo: SENAC, 1999.
LITTO, Fredric M. Repensando educação em função de mudanças sociais e tecnologias recentes. São Paulo: SENAC, 1999 apud OLIVEIRA, Vera Barros de (Organizadora). Informática em Psicopedagogia, 2 ed. São Paulo: SENAC, 1999.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência, O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Editora 34. São Paulo. 1993.
PAPERT, Seymour. Logo: Computadores e Educação. [Tradução de José Armando Valente, Beatriz Bitelman e Afira Vianna Ripper]. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.
RIOS, C. A. & SANTOS, D. P. Mídias na Educação: formação continuada do professor, privilégio para o aluno. Montes Claros. Editora Unimontes. 2011.