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PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL

Creuza Pereira da Silva

Relatório de estágio apresentado à disciplina Estágio Supervisionado Educação Especial, da Faculdade Futura, no Curso de Pedagogia, como pré-requisito para aprovação.

 

RESUMO

Ultimamente um número cada vez maior de alunos deficientes tem sido integrados nas escolas regulares. Com essa crescente inclusão, esta pesquisa visa apontar práticas e atividades que possam ser trabalhadas em sala de aula com essas crianças portadoras de deficiência intelectual (DI) em busca de conseguir melhores resultados no desenvolvimento destes alunos. Sabem da grande dificuldade apresentada por este público em lidar com abstração, relacionar-se com os colegas e entender o que é pedido nas atividades de sala de aula, salienta-se a necessidade de um trabalho diferenciado com eles, bem como de uma assistência mais completa para se atingir resultados inclusivos satisfatórios. Buscando o cumprimento dos objetivos aqui propostos, utilizou-se a metodologia de revisão bibliográfica. Contudo, mostrou-se importante o trabalho didático diferenciado com os alunos deficientes.

 

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento escolar. Deficiência Intelectual. Práticas diferenciadas.


1INTRODUÇÃO

 

Observando a crescente inclusão que vem ocorrendo nos últimos anos, pode-se notar o grande número de aluno portadores de necessidades especiais sendo incluídos em escolas regulares, deste modo cresce a necessidade de adaptações em todos os âmbitos que envolvam a estadas destes alunos nas escolas. Além de adaptar a estrutura física das instituições de ensino, das adaptações curriculares, também se faz necessária a utilização de materiais de apoio diferenciados e a preparação do professor para a adoção de práticas pedagógicas adequadas a cada caso, mostram-se de fundamental importância.

Com isso, esta pesquisa visa o apontamento de atividades que possam ser utilizadas em sala para melhorar os resultados da alfabetização de alunos com deficiências, sobretudo os portadores da Deficiência Intelectual (DI).

Sabe-se que o aluno deficiente intelectual apresenta um desenvolvimento intelectual mais lento que os demais e, consequentemente uma capacidade de aprendizado muito abaixo do que costuma-se esperar de crianças com a sua idade. Com isso, os alunos DI sentem muita dificuldade para acompanhar as atividades com o restante da turma, já que apresentam grande dificuldade em entender o que está acontecendo e o que está sendo pedido, mesmo em atividades lúdicas e jogos. Além desses problemas, tais crianças ainda têm dificuldades de socialização, além de mostrarem-se bastante dependentes de atenção.

Assim, fica evidenciada a necessidade de, além das demais adaptações, adaptarem-se também as práticas docentes em busca de meios específicos capazes de atrair a atenção destes alunos diferenciados e extrair deles o máximo resultado possível. Para esta difícil tarefa os materiais utilizados e as práticas podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Vale ressaltar que esses materiais diferenciados, em grande parte das vezes, podem ser feitos com produtos de baixo custo e até mesmo sucatas. Fida, assim, a cargo do professor buscar recursos e entendimentos que o auxiliem na escolha e confecção dos materiais e das atividades, além de executar de forma adequada para despertar no aluno DI o interesse pelo que se está trabalhando.

Com isso, este projeto apresenta como objetivo geral mostrar aos docentes que sentem dificuldades no trabalhar com alunos deficientes que é possível alcançar resultados melhores através de atividades e práticas. Já os objetivos específicos são de apresentar atividades e práticas que possam ser utilizadas em sala por qualquer docente e que aumentam o sucesso do trabalho com os alunos deficientes.

É de grande importância destacar a relevância da adoção de atividades e práticas docentes diferenciadas, mais eficientes e atrativas, na alfabetização de alunos com deficiência intelectual. Assim, busca-se levar apoio e mostrar possibilidades práticas de trabalho de modo que tanto docentes quanto os alunos siam ganhando com sua aplicação.

Para tanto foi utilizada a metodologia de revisão bibliográfica.

Inicia-se apresentando características dos alunos portadores de deficiência intelectual (DI). Em seguida apresentam-se formas de conquistar a atenção deles para o conteúdo trabalhado, depois são mostradas maneiras mais adequadas para abordar os DI. Para finalizar apresentam-se atividades que podem ser desenvolvidas em sala com estes alunos.

 

  1. DESENVOLVIMENTO

 

Deve-se entender que o aluno deficiente geralmente tem grande dificuldade para entender o que é apresentado a ele, além de muita dificuldade para abstrair e lidar com qualquer coisa abstrata. Eles apresentam um desenvolvimento cognitivo e intelectual muito abaixo da média para a idade. Com isso, o docente tende a lidar com aluno de oito anos, por exemplo, que apresentam comportamento similar à crianças de 4 ou 5 anos.

O Instituto Neuro Saber afirma que:

 

Importante saber que uma pessoa com deficiência intelectual apresenta dificuldades para resolver problemas que surgem no cotidiano, assim como estabelecer interação social, seguir regras, cumprir com seus compromissos e entender ideias abstratas. Isso significa que os estudantes nessa situação devem ter profissionais que estabeleçam uma relação pedagógica de muita atenção para suprir suas necessidades. (NEURO SABER, 2018, p.1)

 

Apresenta-se ainda a dificuldade de socialização dessas crianças, já que o DI não é capaz de acompanhar os assuntos conversados por seus colegas de classe, assim, pode haver um isolamento da criança.

Questões como as citadas a cima costumam preocupar alguns docentes, sobretudo quando ainda não tiveram contato com alunos DI. Com isso, o movimento inclusivo que vem acontecendo nos últimos anos, vem estimular a matrícula de alunos deficientes no ensino regular. Este procedimento é inclusive amparado pela legislação vigente.

Para Rodrigues (2019):

 

Nos últimos anos as matrículas de alunos com deficiência nas escolas tem aumentado exponencialmente. Isso quer dizer que, a questão não é se você vai ter uma aluno com deficiência na sua sala de aula, mas quando. (RODRIGUES, 2019, p.1)

 

Já para o Neuro Saber, o docente não está sozinho na sua tarefa com o aluno deficiente, sendo que a família costuma ser grande aliada nos processos educativos dessas crianças e, em parte dos casos, elas ainda são acompanhadas por outros profissionais, como psicólogos, médicos, entre outros.

Rodrigues (2019) complementa ao com relação à relevância da observação de cada caso, destaca que as deficiências implicam em limitações, além de, eventualmente, gerarem crenças limitantes nos familiares, aumentando as limitações vivenciadas pelas crianças em seu desenvolvimento.

Pode, no entanto, afirmar que, de maneira geral, o DI acaba sendo igual aos demais, conforme explicado abaixo:

 

A realidade é que essas crianças, as com deficiência, são como qualquer outra criança, querem brincar, falar, abraçar, ouvir histórias, fazer amigos… mas que, como qualquer outra criança, apresentam dificuldades escolares e possuem seus próprios desafios. Esses desafios e dificuldades podem ser decorrentes da própria deficiência em si, ou ainda das limitações e privações causadas pela deficiência ou por crenças limitantes da família da criança em relação a suas possibilidades. (RODRIGUES, 2019, p.1)

 

O autor acima ainda destaca que a infantilização e a subestimação mostram-se como grandes barreiras para o desenvolvimento da pessoa com deficiência intelectual. Deste modo, um trabalho pedagógico que estimule o DI a buscar conhecimento e desenvolver-se é o ideal no sentido de melhorar cada vez mais o convívio desse indivíduo em sociedade. Assim, mostra-se a necessidade de, ao interagir com o DI, fazer uso de palavras simples, falando de forma clara e direta, mas nunca adotar uma postura infantilizada ou infantilizadora.

Corroborando, o Instituto Neuro Saber enfatiza a dificuldade que as crianças DI apresentam para lidar com conceitos abstratos, neste sentido, aconselha-se que o docente faça uso de objetos e materiais concretos o máximo possível para facilitar o entendimento da criança.

 

Importante ressaltar que uma pessoa com essa deficiência pode não ter muita facilidade para entender conteúdos que trabalhem com o sentido figurado. Sendo assim, a explicação deve ser algo que fuja da conotação. É aconselhável que os educadores usem exemplos concretos na exposição da matéria e dos exercícios, principalmente com aplicação no cotidiano da criança. (NEURO SABER, 2018)

 

O autor retrocitado acrescenta também que o professor deve observar o comportamento da criança afim de identificar o que atrai a criança DI. Podendo ser um determinado objeto, gravuras, sons, músicas, qualquer coisa que prenda sua atenção. Partindo-se destes objetos o docente pode fundamentar seus trabalhos de forma a atrair a atenção dessa criança e, desta forma, conseguir alcançar seus objetivos pedagógicos.

Também mostra-se importante, com relação a essas “coisas” pelas quais a criança DI demonstra maior interesse é que também podem ser inseridas em atividades realizadas em grupo, deste modo estimula-se a socialização e integração desta criança com os colegas de sala.

Corroborando, Rodrigues destaca a importância da rotinas destes alunos, dos lugares que gostam de frequentar e do que costumam e gostam de fazer nesses lugares. O autor destaca o seguinte:

 

Por exemplo, se você sabe que seu aluno adora ir até a pracinha para brincar no escorrega, adivinha qual pode ser o contexto da sua aula: isso mesmo, a pracinha. Independente se você quer ensinar matemática, português, motricidade fina ou ciências, use a pracinha como contexto: as cores dos brinquedos da pracinha, as formas dos brinquedos, a quantidade de brinquedos, a letra dos nomes dos brinquedos e etc.(RODRIGUES, 2019)

 

Assim, evidencia-se a importância de pautar o trabalho pedagógico também nas vivências do aluno. Isso não apenas atrairá sua atenção, como também facilita o entendimento do conteúdo ao incluir algo de que ele gosta e conhece. Torna o ensino mais real e concreto.

Rodrigues (2019) destaca ainda a a importância de sempre utilizar exemplos que tenham significado na vida do aluno. Ao falar sobre um animal, esse deve ter alguma relação com as vivências da criança ou ser um animal pelo qual ela nutra interesse. Assim, não se deve pegar uma palavra aleatória para trabalhar sílabas, por exemplo, busca-se algo que tenha significado para aquele aluno, já que esquece-se rapidamente de coisas e fatos aos quais não se dá importância.

O autor complementa que, fazendo uso de palavra que não seja diretamente relacionada ao interesse do aluno, é necessário valer-se de algum artifício capaz de despertar seu interesse. Conforme explica abaixo:

 

Como sugestão, caso seja necessário usar essas palavras, você pode contextualizar a atividade como se o aluno estivesse escrevendo uma lista das coisas que a tia tem medo (caso o aluno seja muito apegado a você). “Gente, hoje eu estou com muito medo, porque eu vi um SAPO. A tia tem muito medo de SAPO. (faça uma reação exagerada ao falar “sapo”) Você sabe mais do que eu tenho medo? Quer descobrir? Vamos juntar as sílabas para descobrir do que mais a tia tem medo. SA-PO. BA-RA-TA. FA-CA … ” (RODRIGUES, 2019)

 

Outro ponto salientado por Rodigues (2019) é a importância do reforço positivo por meio de elogios e exaltação dos pontos positivos, acertos e conquistas. O autor destaca que os alunos com deficiência intelectual dependem muito mais desse tipo de estímulos que os demais.

Outros pontos importantes são destacados pelo Instituto Neuro Saber que devem ser observados na elaboração de atividades a serem trabalhadas com os alunos portadores de deficiência intelectual:

 

Interessante usar objetos do interesse e de coleções da criança para categorização, classificação, agrupamento, ordenação, noções de conjunto e quantidade;

Personagens do universo infantil e que desperte interesse na criança. Isso pode fazer com que ela desenhe e construa tanto o seu silabário quantos jogos temáticos, o que favorece a alfabetização;

O uso de itens como fita crepe, tintas, carrinhos, carimbos e massinha é ideal para estimular a coordenação viso-motora; e aprimorar as habilidades de preensão;

Utilização objetos reais e do cotidiano para o desenvolvimento de percepções e compreensão de medidas e suas variações de maneira eficaz, valorizando os registros por meio de desenho para posteriormente atribuir significado numérico;

Utilização do Geoplano para o desenvolvimento de aspectos de percepção, elaboração, espaço, formas e medidas, reprodução de imagens;

Uso de pastas com plástico, atividades em sulfite envoltas em papel contact e canetão de lousa branca para que o pequeno risque, brinque e apague, promovendo a psicomotricidade do aluno.

Os encartes de revistas são excelentes para a criação de quebra-cabeças, além de possibilitar percepções de posições no espaço;

Utilize brinquedos que possam incentivar a leitura, a associação de palavras e dos objetos e a categorização. (INSTITUO NEURO SABER, 2018)

 

Assim, fica evidente a importância deste trabalho diferenciado com os alunos portadores de deficiência intelectual, para que haja desenvolvimento ainda que não seja na velocidade ocorrida com os alunos considerados normais.

Entende-se que várias dificuldades são enfrentadas no processo de alfabetização de alunos DI e a lentidão na obtenção de resultados mensuráveis, pode desanimar o professor, no entanto, percebe-se a necessidade de acreditar que é possível progredir, buscar recursos, ferramentas e práticas capazes de contribuir com está difícil tarefa e festejar com seu aluno cada conquista, ainda que pareça pequena.

 

  1. RELATO DE ESTUDO

 

O presento estudo enfatiza a necessidade da adoção de práticas pedagógicas diferenciadas para o trabalho de alfabetização da criança deficiente intelectual.

Sem essa diferenciação não se consegue atrair a atenção destas crianças e muito menos fazê-las entender o que está sendo explicado e que devem fazer nas atividades.

Com isso, fica destacado o papel do professor como sendo o profissional capaz de entender as especificidades do DI em sala de aula e buscar os meios, atividades e materiais capazes de tornar possível o trabalho com aquele aluno.

Abaixo são apresentadas práticas e atividades que podem ser utilizadas pelos professores ao trabalhar com deficiente intelectual na alfabetização:

 

  1. Palitos coloridos:

Colorir vários palitos de sorvete de cores diferentes para ficar mais atrativo. Colar velcro nas pontas para que possam ser grudados uns nos outros.

Estimular as crianças a formarem letras e sílabas utilizando os palitos.

Ajudar se necessário.

Ler as letras e pedir para as crianças repetirem.

Formar sílabas com as letras, ler e pedir para as crianças repetirem.

 

  1. Desenhos e seus nomes:

Colar desenhos em uma cartolina, colando abaixo de cada desenho um pedaço de velcro onde será colado o nome do desenho.

Fazer fichas com os nomes dos desenhos que foram colados na cartolina e colar velcro no verso de modo que possam ser colados abaixo dos desenhos.

Estimular as crianças a encontrar o nome certo de cada desenho e color embaixo dele na cartolina.

Ler o nome dos desenhos com as crianças.

 

  1. Reescrevendo os nomes dos desenhos:

Em uma cartolina colar desenhos e escrever seus nomes embaixo, deixando espaço embaixo dos nomes para que as crianças montes novamente os nomes com letras recortadas em EVA.

Recortar letras em EVA em quantidade suficiente para escrever os nomes de todos os desenhos colados na cartolina.

Pedir para as crianças irem achando as letras certas e escrevendo os nomes dos desenhos da cartolina.

Ler as palavras com eles.

 

  1. CONCLUSÃO

 

A partir do presente trabalho foi possível perceber que a criança portadora de deficiência intelectual apresenta um comportamento e capacidade muito abaixo do esperado para sua idade cronológica. Deste modo, muitas dificuldade de entendimento, de convívio e de aprendizagem são verificadas. Além de uma dificuldade muito maior para entender o que lhe é falado ou explicado. Também costumam apresentar muita dificuldade em abstrair ou lidar com coisas abstratas.

Apesar de todos esses entraves, percebe-se que os DI são capazes de aprender e podem ser alfabetizados, desde que sejam empregadas técnicas, práticas e materiais capazes de atrair a atenção deles para o assunto abordado. Por meio destas práticas diferenciadas é possível trabalhar de forma lúdica e, aos poucos ir alcançando resultados mensuráveis e satisfatórios.

Deste modo, percebe-se a grande responsabilidade do professor no tocante a dar ao aluno deficiente intelectual esta atenção diferenciada necessários ao seu desenvolvimento.

 

REFERÊNCIAS

 

NEURO SABER. Atividades adaptadas para alunos com deficiência intelectual. Instituto Neuro Saber. 2018. Disponível em: https://institutoneurosaber.com.br/atividades-adaptadas-para-alunos-com-deficiencia-intelectual/. Acesso: dez. 2020.

 

PORTAL ATIVIDADE PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL. INCLUSÃO: ATIVIDADES VARIADAS DE ALFABETIZAÇÃO. 2015. Disponível em: https://atividadeparaeducacaoespecial.com/inclusao-atividades-variadas-de-alfabetizacao/. Acesso: dez. 2020.

 

RODRIGUES, Leandro. Como Trabalhar com Alunos com Deficiência Intelectual – Dicas Incríveis para Adaptar Atividades! Instituto Itard. 2019. Disponível em: https://institutoitard.com.br/como-trabalhar-com-alunos-com-deficiencia-intelectual/. Acesso: dez. 2020.