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O BRINCAR COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Meracy Santana de jesus

Crislayne Giovana Fontes Alves

Vanderleia Ramos Pereira Leles

Letícia Pereira Leles

Carla Fernanda Valentin

 

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo investigar as características do brincar e do  brinquedo como fator fundamental ao desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes. A escolha deste tema surgiu da necessidade de abordarmos o assunto do brincar na Educação Infantil não apenas como simples entretenimento, mas como atividades que possibilitam a aprendizagem de várias habilidades. A pesquisa e de caráter bibliográfico através de uma análise de dados encontrados e sua contextualização em que se enfocará o brincar como estratégia para o desenvolvimento infantil. Conclui-se que hoje as brincadeiras nas escolas estão ficando escassas, portanto é importante um espaço que possa proporcionar estímulos para que as crianças possam brincar livremente. Além de resgatar o direito de a criança brincar, constrói o seu desenvolvimento cognitivo e estimula valores. Brincando a criança pensa mais e cria novas brincadeiras.

 

Palavras-chave: Brinquedo. Desenvolvimento infantil. Interação social.

 

INTRODUÇÃO

 

Através deste poderá ser observada a importância do brincar como construção do conhecimento e de potencialidade da criança respeitando, a sua cultura como forma de aprendizado, estabelecendo a essência do raciocínio. Serão abordadas as brincadeiras que passam a ser um desafio, onde a criança se sente segura e confiante para tentar outras formas criativas de representação e organização de pensamento, descobrindo através disto o prazer da convivência em grupo, resgatando o interesse e o entusiasmo pelo ato de aprender, que permite ao educador compreender o pensamento e a linguagem como um instrumento de construção do aluno, podendo assim perceber algumas dificuldades que este aluno possa apresentar durante as brincadeiras, como as dificuldades motoras, intelectuais e afetivas.

Quando a criança inicia sua vida escolar, inicia também o processo de aprendizado, construindo conhecimentos seguindo  diferentes etapas de desenvolvimento cognitivo. Utilizar o lúdico nos anos iniciais é uma estratégia que favorece a aprendizagem, já que a criança participa de varias atividades, onde estão presentes jogos e brincadeiras. Podemos  então definir os jogos como experimentos e liberdade de criação no qual as crianças propagam suas emoções, sensações e pensamentos sobre o mundo e também um espaço de interação consigo e com os outros.

As ações lúdicas, pois as mesmas transformam a escola em um ambiente mais familiar, desse modo cabe ao professor despertar no educando o interesse pelo lúdico, utilizando para isso um processo dinâmico e criativo, para a aprendizagem seja satisfatória. Sendo assim, é importante sensibilizar os professores para a importância do lúdico no desenvolvimento dos alunos nos anos iniciais e que ao levar o lúdico para sala de aula, cria-se condições que favorecem o desenvolvimento das crianças, ou seja, para que a aprendizagem escolar seja significativa.

O conceito de brincar é infinitamente flexível, oferecendo escolhas a fim de apontar a importância do brinquedo na Educação Infantil. O mundo da criança difere do adulto, nele há o encanto da fantasia, do faz de conta, do sonhar e do descobrir. Portanto, a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o ambiente deve ser acolhedor para desabrocharem todas as potencialidades da criança, sendo que a escola tem como pressuposto o duplo aspecto de servir ao desenvolvimento infantil.

O brincar favorece a autoestima e a interação de seus pares, propiciando situações de aprendizagem. As brincadeiras e jogos são ferramentas e parceiros silenciosos que desafiam a criança possibilitando as descobertas e a compreensão de que o mundo está cheio de possibilidades e oportunidades para a expansão da vida com alegria, emoção, prazer e vivência grupal.

A brincadeira é a atividade que faz parte do cotidiano de qualquer criança, independente do local onde vive dos recursos disponíveis, do grupo social e cultura da qual faça parte, todas as crianças brincam.

A presente pesquisa tem como problema levantado é de que ao se utilizar o lúdico em sala de aula o professor estará incentivando a aprendizagem, raciocínio, motivação, afetividade e auxiliando no interesse e participação da criança?

As hipóteses do trabalho são o lúdico pode contribuir no ensino, porque através dele se propõe situações desafiadoras que auxiliam as crianças a desenvolver o raciocínio lógico e a construir conceitos, de forma envolvente; os professores utilizam atividades lúdicas para trabalhar o processo de construção de conhecimento das crianças na  Educação Infantil;o lúdico como ferramenta pedagógica auxilia no desenvolvimento do raciocínio lógico, facilita a relação entre teoria e prática, favorece a construção de conceitos e a socialização dos alunos:

O objetivo geral e refletir sobre os jogos e brincadeiras no desenvolvimento da criança da Educação Infantil.

Os objetivos específicos são; realizar um trabalho específico com essas crianças, que busque atender as necessidades delas, mediando assim, o processo de compreensão e aprendizagem do brincar no desenvolvimento infantil.  valorizar as diferentes formas de brincar e seus benefícios no desenvolvimento de aprendizagem da criança.

A presente pesquisa está dividida em cinco capítulos. o primeiro capitulo fala sobre a Educação Infantil. o segundo descreve sobre A Aprendizagem na Educação Infantil. O terceiro sobre O Lúdico na Escola. O quarto sobre os Conteúdos Escolares através do Lúdico e no quinto capitulo será relatado sobre A Importância da Brincadeira na Escola.

 

CAPÍTULO I:  EDUCAÇÃO INFANTIL

 

De acordo com ALMEIDA (2006), a Educação Infantil no Brasil passou por diversos processos históricos, dentre eles os movimentos pela democratização da escola pública e as lutas sociais por creches e pré-escolas, ao longo de muitos anos para o seu reconhecimento. O sentimento de infância tardou a surgir. No período colonial, a educação das crianças, menores de 7 anos, era de responsabilidade da família, pois “a ideia de infância estava ligada à ideia de dependência”,

Com as transformações sociais, econômicas e políticas, no decorrer dos tempos a relação entre cidade e campo, que antes era de articulação através do exercício do poder político e religioso, passa a ser comandada pela articulação capitalista. Essas transformações, segundo ALMEIDA (2003), impõem uma reflexão acerca da responsabilidade social sobre a criança. Assim, surgem as creches, com o papel assistencialista para atender as mães trabalhadoras, apenas com a função de cuidar dos filhos das mães trabalhadoras. É o que afirma ALMEIDA (2006, p.8).

 

Ao longo do tempo visão assistencialista de Educação Infantil vem sendo mudada a partir da década de 90, no qual novas diretrizes foram estabelecidas, e também, pela consciência social sobre o significado da infância e o reconhecimento do direito da criança à educação em seus primeiros anos de vida

 

De acordo com BRASIL. (1998) Aos poucos, o poder público começou a assumir a responsabilidade por essa escola que se consolidou com a Constituição de 1988: “O dever do Estado com a educação será efetiva mediante a garantia de [...] Atendimento em creche e pré-escola as crianças de zero a seis anos de idade”, (Art 208, IV). Assim, os pequenos passaram a ser reconhecidos como cidadãos e ganharam o direito de ser atendidos em suas necessidades específicas para se desenvolverem. afirma que, após a promulgação da Constituição de 1988, cria-se o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), de 13 de julho de 1990, que veio reafirmar os direitos constitucionais da criança e o do adolescente.

 

Em 1996, o Ministério da Educação promulga a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n. 9.394/96, segundo a qual a educação até 6 anos de idade ficou definida como a primeira etapa da Educação Básica. As creches atenderiam crianças na faixa etária até três anos e as pré-escolas de quatro a seis anos. Essas teriam como finalidade, segundo a legislação, de acordo com Nogueira (2004, p, 25), “[...] O desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais complementando a ação da família e da comunidade”, (Art. 21); essa divisão foi alterada em maio de 2006, com a sanção presidencial da Lei Federal. 11.114, que define que as crianças com 6 anos completos devem ser matriculadas no 1° ano do Ensino Fundamental. (BRASIL. 1998, p.65)

 

Dessa forma, a Educação Infantil passou a atender crianças até 5 anos de idade, vale ressaltar que reconhecer o direito das crianças de 0 até 06 anos de idade a educação não implicou o estabelecimento de políticas específicas de recursos financeiros, que viessem a  beneficiá-las. Segundo Moura (2001), a LDBEN (Lei de Diretrizes e BASE DA Educação) reafirma o contido na Constituição, atribuindo aos municípios esta responsabilidade, destacando o ensino fundamental como etapa prioritária. Somente em 2006 foi aprovado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) para atender à educação básica em seu todo. As crianças de 0 a 03 anos estavam excluídas, depois de muita luta e de grande movimento nacional, fez-se valer o direito dessas crianças à educação garantida no texto constitucional.

Portanto, hoje, depois de muitas lutas e conquistas, a educação infantil se constitui um espaço educativo privilegiado de desenvolvimento e socialização para a vida da criança, que visa o Cuidar e o Educar de forma integral.  Segundo Maluf (2003), a educação infantil se constitui em um legítimo espaço de construção da identidade e autonomia da criança, no qual o cuidar está inserido entre os objetivos pedagógicos.

De acordo com Oliveira (2000) A necessidade de intervenções pedagógicas de cunho interdisciplinar tem sido preocupação crescente entre educadores de diferentes níveis, sendo que nas últimas décadas a interdisciplinaridade tem ocupado papel de destaque nos estudos e pesquisas realizados na área da educação. Tais estudos apontam para a necessidade de uma revisão da estrutura disciplinar, sob a qual a escola se organiza, estrutura essa que tem transformado o saber em algo fragmentado e, muitas vezes, destituído de significado e relevância para os alunos. A maioria dos professores que atua hoje em sala de aula provém de uma formação escolar na qual o saber era compartimentalizado, de uma escola que investia no repasse de informações, mas que nem sempre propiciava o estabelecimento de relações com aquilo que o aluno já conhecia. Entretanto, precisam-se como professores, promover uma educação voltada para o desenvolvimento e competências que instrumentalizem os alunos a compreender e intervir no mundo em que vivem. Certamente não é tarefa fácil.

 Almeida (2006), defende a ideia de que a aprendizagem ocorre quando as novas informações e conhecimentos relacionam-se de maneira não-arbitária com aquilo que as pessoas já sabem. Informações são recebidas a todo instante, muitas são assimiladas, porém logo esquecidas. Entretanto, aquelas informações que conseguem entrar em relação, integrando-se ao conhecimento já possuído, são incorporadas às estruturas de conhecimentos atuais. Convém ressaltar que não se trata de um processo de acumulação, mas de reestruturação, uma vez que, ao incorporar novos conhecimentos, tais estruturas modificam-se. No entanto, desde a educação infantil, é necessário que a escola trabalhe de maneira interdisciplinar, devido à importância da interação e transformação recíprocas entre as diferentes áreas do saber.

Acredita-se que o educador deve assumir um papel de investigador e mediador, no processo de aprendizagem da criança, trabalhando de forma interdisciplinar e sempre se fundamentando os conhecimentos, aprofundando e ampliando os mesmos, desse modo o professor sempre estará trazendo para a sala de aula novidades,  criatividade, além de ir mais a fundo, porque há interesse  na produção do conhecimento do aluno.

 

CAPÍTULO II:  A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Segundo BRASIL (1998, p.27)

 

… a brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos.

 

A aprendizagem precisa acontecer de forma prazerosa permitindo que a criança classifique, ordene, estruture, resolva pequenos problemas e se sinta motivada a ultrapassar os próprios limites, isto pode acontecer através da brincadeira, porque enquanto brinca a criança pensa, cria e desenvolve seu pensamento crítico. Utilizar brincadeiras como recurso didático é uma chance que precisa se colocar em prática, elas podem ser utilizadas como prática habitual da aula, pois é um recurso interessante e eficiente.

 

Em um primeiro momento o brincar para a criança é um mero divertimento, mas brincar vai além, pois enquanto brinca a criança interage, socializa, constrói conhecimentos, desenvolve potencialidades e favorece sua autoestima. Segundo RCNEI a brincadeira faz parte de uma realidade vivenciada transformada em uma imitação, por isso o brincar para a criança é algo indispensável segundo afirma a Declaração Universal dos Direitos da Criança “A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se as atividades recreativas, devem ser orientados pelos fins visados pela educação, sociedade e os poderes públicos e esforçar-se por favorecer o gozo deste direito". A partir destas reflexões pode-se deduzir que brincar é uma proposta criativa e recreativa de caráter físico ou mental, desenvolvida de forma espontânea ou com regras simples e flexíveis. (BRASIL,, 1998,p.54).

 

Desde muito tempo já se fala na importância do lúdico para o desenvolver da criança, PIAGET (1971, p.160), afirmava que "o jogo é uma assimilação da atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu", ou seja o lúdico não é algo banal, mas sim algo que enriquece e ajuda a desenvolver a criatividade, permite a criança a vivenciar o lúdico e descobrir-se a si mesma, aprender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo, construindo seu próprio pensamento.

CHATEAU (1987, p.14) destaca:

 

Uma criança que não sabe brincar é a miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar”. As atividades desenvolvidas pela criança como inventar, brincar, criar e jogar tornam-se significativas a medida que são desenvolvidas onde a criança inventa, reinventa e constrói.

 

Para DESGUALDO (2008), o ato de brincar é uma fonte de estímulo ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança, é um momento onde ela se expressa e interage, descobrindo o mundo que a cerca.

Nota-se que brincar é um importante instrumento de apoio, pois assim a criança adquire liberdade de ação física e mental, toma decisões, compreende melhor o mundo, e o que as rodeia, assim é capaz de perguntar, explicar, criar e se expressar livremente, interagindo com tudo e com todos.

O lúdico é uma estratégia que favorece a aprendizagem dos alunos de forma prazerosa, substituindo o modelo antigo do ensino da matemática que era apenas um exercício de memorização.

Para apoiar essa pesquisa foi utilizada a teoria do autor ANTUNES, (1998), que ressalta em sua obra a importância de utilizar brincadeiras e jogos, no ensino.

O lúdico no ensino pode servir de estimulo para o desenvolvimento das competências, que o professor se propõe desenvolver em seus alunos. ANTUNES, (1998, p.20) diz que “O lúdico  é uma atividade séria que não tem consequências frustrantes para a criança, e pode ser usado como  material didático para o ensino.”

Através de materiais adequados, que trabalhem a realidade dos educandos os professores podem tornar o trabalho atrativo e principalmente realizar uma aula diferente, além de auxiliar as crianças a perderem sua timidez, e se relacionem com seus colegas.

De acordo com SMOLE, DINIZ E CANDIDO, (2000, p.14), Quando brinca, a criança se defronta com desafios e problemas, devendo constantemente buscar soluções para as situações a ela colocadas. Para as autoras, a brincadeira auxilia a criança a criar uma imagem de respeito a si mesma, manifestar gostos, desejos, dúvidas, mal-estar, críticas, aborrecimentos, etc. Se observarmos atentamente a criança brincando, constatamos que neste brincar estão presentes a construção de representações de si mesma, do outro e do mundo, bem como a revelação e internalização de comportamentos e hábitos. Por meio do brincar, a criança consegue expressar sua necessidade de atividade, sua curiosidade, seu desejo de criar, de ser aceita e protegida, de se unir e conviver com outros.

Brincar é uma prática pedagógica que não é simplesmente divertimento, mas favorece o desenvolvimento físico afetivo e moral e a partir dele há processamento do conhecimento sensório-motor. As crianças quando interagem sobre os objetos, estruturam espaço e tempo, desenvolvendo noção de casualidade, chegando a representação como resultado a lógica. O brincar motiva a criança a usar sua inteligência porque se esforçam para superar seus obstáculos tanto no campo emocional quanto no cognitivo, a brincadeira nas crianças evolui mais nos seus seis primeiros anos de vida do que em qualquer fase do desenvolvimento humano e neste período se estrutura de forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática. Em jogo qualquer a criança pode optar por brincar ou não o que é característica importante da brincadeira, pois oportuna o desenvolvimento da autonomia, criatividade e responsabilidade quanto as próprias ações.

Segundo PIAGET (1971, p.14) "O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio."

Segundo KISHIMOTO (2001, p.15), "o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso", ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam uma utilização. O brinquedo preenche necessidades, entendendo-se estas necessidades como motivos que impelem a criança à ação, são estas necessidades que levam a criança a avançar em seu desenvolvimento.

 

Há várias maneiras de brincar como: através do jogo, teatro, brinquedos, faz de conta, brincadeiras cantadas, mímica. Os jogos ou brincadeiras exigem intencionalidade, requerem planejamento, precisa de um olhar atento e observação detalhada, deve ter objetivos claros a serem alcançados, precisa de suporte e registro para que propicie a acomodação e assimilação de conceitos. O jogo é indispensável na vida da criança e sempre esteve presente na vida do ser humano desde os tempos remotos, ele é um dos objetos que pode auxiliar no processo ensino-aprendizagem como afirma Campos apud Maurício: " o jogo na suas diversas formas auxilia no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, auxilia no processo ensino-aprendizagem, desenvolvimento de habilidades do pensamento, imaginação, interpretação, tomada de decisão, criatividade, levantamento de hipóteses". (PIAGET 1971, p.14)

 

O jogo não é apenas um passatempo, mas ocupa lugar de alta importância na educação escolar, estimulando o crescimento, o desenvolvimento, a coordenação, a iniciativa intelectual. O brinquedo é um objeto que ajuda a criança no desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração, atenção, da autonomia, autoconfiança e assim também estimulando a curiosidade. Qualquer coisa que pode ser utilizada como brinquedo estimula a imaginação infantil: como caixas, pontinhos, fitas, folhas de árvores, pedaços de tecido, etc. No faz de conta a criança age, realiza a sua maneira, idealiza, brinca como desejar, utiliza a imaginação e fantasia para conhecer a si e o outro, como afirma BRASIL (1998, p.22). Isto quer dizer que as várias maneiras de brincar são muito importantes para o desenvolvimento infantil, e o professor como parte disto precisa ter consciência da sua importância que por meio das brincadeiras pode ser observada e composta uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças.

 

CAPÍTULO III: O LÚDICO NA ESCOLA

 

Com a ludicidade na escola, é possível perceber a criança e estimulá-la no que ela precisa aprender de forma significativa a partir da manipulação de matérias variadas.

De acordo com MOURA (2001) a palavra ludicidade tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo". Se achasse confinada a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogo, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, trabalhando com a cultura corporal, movimento e expressão.

SILVA (2005, p. 12) “Para que o lúdico traga esse benefício, é preciso que o professor de matemática trabalhe junto com os professores de outras disciplinas, apresentando um ensino com aplicação na realidade.”

Para SCAGLIA (2003) os jogos tornaram-se mais significativos à medida que a criança desenvolve, pois a partir da livre manipulação de matérias variadas, ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas, o que já exige uma adaptação mais completa. Essa adaptação, que lhe deve ser realizada pela infância, consiste numa síntese progressiva da assimilação com acomodação. É por isso que, pela própria evolução interna, os jogos das crianças se transformam pouco a pouco em construções adaptadas, exigindo sempre mais do trabalho afetivo, a ponto de, nas classes elementares de uma escola ativa, todas as transições espontâneas ocorrem entre o jogo e o trabalho.

Ao fornecer á criança jogos, o professor estará facilitando o processo de socialização, comunicação, construção de conhecimento, além do desenvolvimento pleno e integral no processo de ensino-aprendizagem.

MOURA (2001, p. 17) afirma que “a educação das crianças exige que se forneça a criança um material conveniente, a fim de que, jogando chegue a assimilar as realidades intelectuais que sem isso permanecem exteriores a inteligência infantil.”

De acordo com SILVA (2005) sendo o homem o sujeito de sua própria história, toda ação educativa deverá promover o indivíduo sua relação com o mundo por meio da consciência crítica, da libertação e de sua ação concreta com o objetivo de transformá-lo. Assim ninguém se atirará a uma atividade eminentemente séria, penosa, transformadora (visão de uma realidade futura feliz) se não tiver, no presente, a alegria real, ou seja, o mínimo de prazer, satisfação e predisposição para isso.

 

É fundamental enfatizarmos a importância do professor literalmente "trazer a rua e a vida" para a sala de aula, fazendo com que seus alunos percebam os fundamentos da matéria que ensina na aplicação da realidade. Usar uma construção em argila, móbiles ou montagens para estudar o movimento ou perceber o deslocamento do ar, tudo é uma série de atividades, se refletidas e depois idealizadas por uma equipe docente verdadeiramente empenhada, transposta para uma estruturação de projetos pedagógicos, podem facilmente se traduzir em inúmeros recursos que associam a inteligência cinestésico-corporal e outras ao fantástico mundo da ciência, o delicioso êxtase pelo mundo do saber (ANTUNES, 2005, p. 155).

 

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão, mas como um aprendizado. Para SCAGLIA (2003, p 84), os desenvolvimentos pessoais que a ludicidade proporciona, associados aos fatores sociais e culturais, colaboram para uma boa saúde física e mental, facilitando o processo de socialização, comunicação, construção de conhecimento, além de um desenvolvimento pleno e integral dos indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

O jogo deve ser um meio de educar, pois caracteriza a cultura e a educação.

MOURA (2001, p. 17) afirma que “o jogo é para a criança um fim em si mesmo, ele deve ser para nós um meio de educar, de onde seu nome jogo educativo que toma cada vez mais lugar na linguagem da pedagogia maternal”.

De acordo com SILVA (2005) sabemos que jogos e competições sempre despertaram interesse ao ser humano, seja por esporte ou diversão. Um exemplo é que entre os primitivos as atividades como dança, caça, pesca e as lutas eram tidas como motivo de sobrevivência e muitas vezes era restrito ao divertimento e ao prazer.

Segundo KISHIMOTO (2001, p. 13) “os jogos caracterizam a própria cultura, a cultura era a educação e a educação representava a sobrevivência.”

Para MOURA (2001, p. 41) “a educação lúdica esteve presente em todas as épocas, povos, contextos de inúmeros pesquisadores, formando hoje, uma vasta rede de conhecimentos, não só no campo da educação, da psicologia, fisiologia, como nas demais áreas do conhecimento.”

 

A educação lúdica integra uma teoria profunda e uma prática atuante. Seus objetivos, além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais, passivas técnicas para as relações reflexivas criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um compromisso consciente intencional, de esforço sem perder o caráter de prazer e de satisfação individual e modificador da sociedade  (MOURA. 2001, p 17).

 

O jogo deve proporcionar participação, criação, reflexão socialização, além de trabalhar relações sociais, culturais e psicológicas.

De acordo com SILVA (2005, p. 18) “é preciso afirmar a alegria das satisfações pessoais, partindo da alegria individual, até atingir alegria de toda coletividade num prazo bem mais longo o futuro da nação como um objeto sério e feliz.” KISHIMOTO (2001) diz que a ação de buscar, de apropriar-se dos conhecimentos, de transformar, exigem dos estudantes esforços, participação, indagação, criação e reflexão, socialização com prazer relações que constituem a essência psicológica da educação lúdica, seu objetivo, além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural e psicológico.

 

A brincadeira é um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem. Representa desta forma, um acervo comum sob o qual os sujeitos desenvolvem atividades conjuntas. Por outro lado, o brincar é um dos pilares da constituição de culturas da infância, compreendidas como significações formas de ação social específicas que estruturam as relações das crianças entre si, bem como os modos pelos quais interpretam, representam e agem sobre o mundo (SILVA, 2005, p.11).

 

O jogo tem vários objetivos, desenvolver habilidades, a assimilação de  conteúdo em sala de aula e auxiliar o aluno em conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula.

Para SCAGLIA (2003, p. 41) “o jogo tem vários objetivos dentre eles por desenvolver habilidades sensório-motor e a assimilação do conteúdo em sala de aula.”

Para MOURA (2001) o jogo desenvolveu nos alunos o hábito de explorar as possibilidades ao acaso, sem a preocupação de achar uma fórmula pronta, sem uma técnica específica, exatamente como se inicia a pesquisa. Essa postura foi ressaltada sempre, fazendo com que a adotassem normalmente nas aulas, em qualquer circunstância. No entanto, conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor construa sua própria prática.

KISHIMOTO (2001, p. 13) diz que “há dificuldade de se diferenciar o jogo da brincadeira, levando-se em conta também que, no latim, ludus tanto se refere ao jogo como ao brincar, por isso vários autores tratam essas duas palavras como sinônimo.”

 

CAPÍTULO IV:  CONTEÚDOS ESCOLARES ATRAVÉS DO LÚDICO

 

O jogo auxilia na evolução da criança, a atenção, a imaginação, o vocabulário e  a linguagem, pois a participação.

RODRIGUES (2006) diz que mesmo antes de nascer à criança já inicia seu processo de aprendizagem e este vai evoluindo e se desenvolvendo gradativamente à medida que vivencia experiências e desenvolve relações com o meio do qual faz parte. E é neste meio que atua de forma ativa, dinâmica, curiosa e criativa que constrói conhecimentos e valores.

 

No processo de desenvolvimento da criança, há uma realidade externa, que faz com que a mesma normalmente, crie suas próprias soluções, construindo o conhecimento de formas variadas, na estruturação de seu processo mental a mesma passa por uma adaptação ao ambiente em que vive, e esta adaptação só se dá, se houver uma troca recíproca de experiências. Quando o educando chega à escola, ele deve sentir-se à vontade, socializar-se com os colegas de sala de aula principalmente com educadora. Na sala de aula os educandos devem, acima de tudo, brincar (MAUÉS, 2001, p 41).

 

Para SILVA (2005) o jogo é um processo que auxilia a evolução da criança, utiliza a análise, a observação, a atenção, a imaginação, o vocabulário, a linguagem e outras capacidades próprias do ser humano. Por meio dos jogos as crianças passam a compreender e a utilizar regras que serão empregadas no processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com OLIVEIRA (2000) para muitos educadores é possível aprender matemática jogando em grupos, pois a ludicidade motiva e desperta o interesse do educando, tomando a aprendizagem mais atraente. A participação em jogos de grupo também representa uma conquista nos aspectos cognitivos, emocionais, morais e sociais e para a criança, é claro, um estímulo para o desenvolvimento do raciocínio lógico.

SANTOS, (1997) destaca que o jogo só em si, que a professora leva para a sala de aula, já é um grande passo dado, mas quando os alunos mesmos confeccionam seus jogos, o comportamento destes muda completamente, pois para eles não vai ser um jogo qualquer que a professora trouxe, mas sim um jogo confeccionado por eles, e isso faz com que na hora de interagirem com as crianças utilizando os materiais construídos pelos mesmos, tudo vire brincadeira.

 

Mediante o jogo didático, vários objetivos podem ser atingidos, relacionados à cognição (desenvolvimento da inteligência e da personalidade, fundamentais para a construção de conhecimentos); afeição (desenvolvimento da sensibilidade e da estima e atuação no sentido de estreitar laços de amizade e afetividade); socialização (simulação de vida em grupo); motivação (envolvimento da ação, do desafio e mobilização da curiosidade) e criatividade (MALUF, 2003, p. 5). 

 

Ao se incentivar as crianças através de jogos e brincadeiras, estaremos contribuindo para a construção do conhecimento significativo e não apenas com vistas ao desenvolvimento da ludicidade, mas oportunizando a criança a compreender o mundo que a rodeia.

SILVA, (2005, p. 51) “diz que se incentivarmos às crianças através de jogos e brincadeiras, com certeza estaremos contribuindo para a construção do conhecimento significativo, formando indivíduos confiantes e criativos.”

MALUF, (2003) pondera que faz-se necessário envolver os jogos e as brincadeiras nas práticas pedagógicas de sala da aula, não apenas com vistas ao desenvolvimento da ludicidade, mas, sim, como meio de desenvolver e aprimorar o raciocínio lógico, social e cognitivo de maneira prazerosa para a criança.

 

A criança, portanto, tem de explorar o mundo que a cerca e tirar dele informações que lhe são necessárias. Nesse processo, o professor deve agir como interventor e proporcionar-lhe o maior número possível de atividades, materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e jogos, da manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na descoberta gradual do mundo (SILVA, 2005 p 21).

 

Para OLIVEIRA (1983) por estarem presentes no cotidiano escolar, os jogos e as brincadeiras permitem ao professor explorar estes momentos de prazer e imaginação junto às crianças, seja nas atividades diárias desenvolvendo as capacidades de raciocínio, bem como o desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo das mesmas.

Para MOURA (2001, p. 14) “é pelo jogo que a criança emerge como sujeito lúdico, sendo importantíssimo na formação do ser humano, na apreensão do mundo, em compreender-se como sujeito social e na constituição dos processos psicológico superiores”.

 

CAPÍTULO V:  A IMPORTÂNCIA DA BRINQUEDOTECA NA ESCOLA

 

Estudar sobre a importância e benefícios da brinquedoteca na escola como um recurso, que auxilia na promoção e construção do conhecimento é importante para que se possa desenvolver e criar situações de socialização e integração no ambiente escolar. A brinquedoteca tem uma importância significativa para o ensino, pois é um meio de alcançarmos de forma pedagógica o desenvolvimento, crescimento e a aprendizagem das crianças.

 

O pensamento da criança evolui a partir de suas ações, razão pela qual as atividades são tão importantes para o desenvolvimento do pensamento infantil, determinadas situações, a compreensão das experiências fica mais clara quando as representa em seu faz-de-conta. Neste tipo de brincadeira tem também a oportunidade de expressar e elaborar, de forma simbólica, desejos, conflitos e frustrações.  (CUNHA, 2007, p.23)

 

De acordo com SILVA, (2005) A ideia de inserir atividades lúdicas na  educação começou a se espalhar, no século XVIII, com os estudiosos Pestalozzi e Rousseau diziam que os jogos eram instrumentos formativos que preparavam para a vida em comum e para as relações sociais, além de auxiliar  no desenvolvimento das capacidades infantis, permitindo que a criança construa representações de mundo.

Novas práticas são cada vez mais experimentadas para que o objetivo do planejamento de ensino seja conquistado. Umas dessas práticas são as brincadeiras e os brinquedos que estão sendo inseridos aos poucos nos conteúdos escolares para que as crianças consigam estudar tranquilamente.

Essa prática precisa de um espaço para ser realizadas com sucesso por isso fez com que alguns autores publicassem algumas alternativas de como proceder com a brinquedoteca no âmbito escolar.

Segundo CUNHA (2007), o respeito pelo ser humano em desenvolvimento, fez com que ela buscasse constantemente recursos educacionais que favorecem as potencialidades da criança, e que a brinquedoteca é um dos melhores incentivos, pois a criança brinca sem medo e ao mesmo tempo sente-se livre para fazer o que quer.

O ensino dos anos iniciais está cada vez mais desafiador, os educadores desta área estão em constante busca de novas metodologias para serem aplicadas em salas de aula, para que os educandos tenham maior participação nas aulas. Hoje, temos que proporcionar atividades diferenciadas para atraírem as crianças, e prenderem a sua atenção e concentração na sala de aula, isto não está fácil, pois os meios de comunicação estão cada dia mais presente em nosso meio.

Percebe-se então que no mundo inteiro as crianças preferem ficar em casa, a ir á escola, porque os pais para recompensarem seus filhos enchem de brinquedos industrializados, mas não da uma oportunidade de inventar e comandar suas próprias brincadeiras. As crianças passam o dia inteiro compromissadas com outras atividades que não conseguem tempo para brincar.

Dentro dessas possibilidades de novas metodologias para os anos iniciais o ato de brincar vem conquistando um espaço muito favorável ao ensino aprendizado dos educando e dando oportunidade aos educadores em estimular a sociabilidade no educando.

As novas metodologias fazem com que a criança consiga aprender brincando e desenvolva o seu cognitivo e sua psicomotricidade sem perceber que o seu desenvolvimento está sendo observado.

Essas metodologias diferenciadas proporcionam ás crianças à felicidade, pois o seu maior prazer é brincar, e não ficar presa em um ambiente onde terá que desenvolver atividade no intuito de cobrança. A escola pode proporcionar este tempo a elas, introduzindo em seus conteúdos e metodologias algo que estimule o seu cognitivo por meio de atividades lúcidas.

Os educadores estão cada vez mais se desdobrando para conseguirem a satisfação do aluno, buscando algo de novo, numa destas constantes buscas verificou-se que há um ambiente em que as crianças vão com muito prazer, este é um lugar encantador. Este ambiente esta sendo mediador para o ensino aprendizado das crianças, mas também ajudando os educadores a observar a criança com mais precisão, desenvolvendo o lado afetivo e social, quem o frequenta. Este lugar contém vários ambiente propício para que o educando possa se desenvolver com facilidade. Este espaço está denominado como brinquedoteca, desde quando ela surgiu teve um avanço importante pedagogicamente favorável a criança que a freqüenta, e consegue principalmente ajudar os educadores a trabalhar com eficácia e conseguindo fazer avaliação diagnóstica e reconhecendo quando o educando possui alguma dificuldade de aprendizagem e sabendo-se efetuar as intervenções necessárias.

 

A brinquedoteca é, antes de mais nada, um espaço criado para que a criança  possa brincar livremente. Com isso, propicia-se o verdadeiro brincar, aquele  que possibilita a expressão das atividades mais profundas  do ser humano;  aquelas que embora desconhecidas pode estar bloqueando a liberação de  potencialidades ou impedindo o acesso à felicidade (SILVA, 2004, p.31).

 

Brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro. Quando ela é incentivada, adquire novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia. É possível brincar sem ter nada nas mãos  apenas algumas brincadeiras tradicionais como o pega-pega e a ciranda que eleva a auto-estima da criança dando oportunidades de estar livre e poder brincar sem repressões, lembrando que o brinquedo tem um papel fundamental no desenvolvimento infantil.

De acordo com SILVA (2004, p. 127):

 

Com a ajuda do brinquedo ela pode desenvolver a imaginação, a confiança, a autoestima e a cooperação. O modo como a criança brinca revela seu mundo interior. O  brinquedo contribui, assim, para a unificação e integração da personalidade e  permite à criança entrar em contato com outras crianças.

 

Brincar dá á criança noção de tempo, espaço e regras, faz com que ela desenvolva a sua criatividade, conheça os seus limites de forma prazerosa. Enquanto ela está neste mundo de brincadeira ela constrói a sua história através de um caminho desafiador que o brincar lhe proporciona, quando ela faz alguma atividade que lhe dá prazer libera as emoções. Na brincadeira a criança também aprende, se diverte, enfrenta desafios, interage com o meio e com o seu interior, isso porque, há motivação e significado para ela.

A brinquedoteca deve estabelecer metas que vão além das necessidades básicas da infância envolvendo toda a comunidade escolar, pois apesar de ser um espaço de educação, é também um espaço de apreciação de brincadeiras, de compreensão, de identificação, de comportamentos adotados pelos participantes, para melhor conhecê-los.

SILVA (2004, p. 14), afirma que:

 

 

A principal implicação educacional da brinquedoteca é a valorização da atividade lúdica, que tem como consequência o respeito às atividades  afetivas da criança. Promovendo o respeito à criança, contribui para diminuir a opressão dos sistemas educacionais rígidos. 

 

Nesta perspectiva social a brinquedoteca contempla os seguintes objetivos educacionais.

Através destes objetivos que a brinquedoteca nos trás pode-se trabalhar o lado emocional e familiar do educando, proporcionar a ele atividades que consiga desenvolver e envolver a sua vida familiar e efetiva, diagnosticando algum problema na sua aprendizagem e tomando as providências cabíveis para que este educando não sinta que durante a sua vida escolar não conseguiu entender os conteúdos que fizeram parte de sua vida educacional. Pode-se dizer também que o espaço lúdico da brinquedoteca vem a cada dia se estruturando como espaço privilegiado e deveres subjetivos de acordo com a realidade onde está inserida.

 

Mostrando assim que a brinquedoteca na escola tem o dever de ser um agente mediador para que estas crianças tenham um desenvolvimento significativo os aspectos cognitivos, afetivos, motores e sociais. O ambiente educacional deve implantar o espaço lúdico oportunizando o direito de brincar e resgatar a ludicidade á criança, estabelecido no (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente e julho de 1990, artigo 16, inciso IV, “o direito da liberdade de brincar praticar esportes e divertir-se”. (SILVA, 2005,p.54)

 

Podemos considerar então que a brinquedoteca estando no meio educacional amplia os conhecimentos do educando e faz com que o mesmo consiga ampliar a aquisição de suas habilidades no processo de aprendizagem, como os jogos, as brincadeiras e o brinquedo, almejando a evolução do saber nas práxis pedagógicas e o aperfeiçoamento das habilidades cognitivas, afetivas, psicomotoras dos discentes com o enfoque nas multiplicidades de inteligências destes em situação que direcione ao sucesso escolar.

De acordo com MALUF (2003, P.48) A importância da brinquedoteca na escola é crucial, pois oferece condições e efeitos positivos para o processo de aprendizagem, através do jogo, da brincadeira, de brinquedos, resgatando o patrimônio histórico cultural e a identidade da comunidade onde está inserida.

A infância deve ser um momento bem vivido e seus territórios bem explorados para desenvolver amplamente seu potencial, pois uma criança que não consegue viver esta fase da vida será um adulto totalmente frustrado. A criança precisa transforma-se em adulto, amadurecendo através de um processo em que possa transcender cada etapa do seu desenvolvimento pela amplitude e riqueza de suas experiências. Pois o seu lado criança representa a sua alma, sua sensibilidade, sua possibilidade de encantamento.

Na busca pelo conhecimento da brinquedoteca no ambiente educacional não deveria ser uma alternativa, e sim um inventivo para extravasar sentimentos, conhecimentos e emoções, ajudando o educando a perceber e sanar as suas próprias necessidades buscando algum objetivo e mais nas suas atividades escolares.

 

Diante destas definições a brinquedoteca tem papel fundamental na vida da criança que tem acesso a este ambiente, trazendo-lhe paz interior e o desejo de experimentar novos conhecimentos. Toda prática pedagógica trás alguns objetivos a serem alcançados e a brinquedoteca não fica fora deste processo e esses objetivos deverão ser atingidos para que ela realmente funcione como mediadora da aprendizagem. (MALUF (2003, P.48)

 

A brinquedoteca deve criar um espaço de convivência que propicie interações espontâneas e prazerosas, para que a criança possa desenvolver suas habilidades num espaço lúdico e democrático, permitindo formas de expressão livre e de representação do mundo na visão da própria criança.

O professor deve conhecer perfeitamente estes objetivos, os seus princípios e sua forma de utilização para que torne a brinquedoteca um espaço adequado para a aprendizagem dos alunos, para que este professor consiga desenvolver um trabalho significativo perante a aprendizagem do educando.

 

Nos últimos anos, a tecnologia trouxe as crianças mais comodismo e auxilio aos pais que trabalham fora o dia inteiro, jogos de videogames, computadores que induzem as crianças a ser violentas, isso faz com que a criança se torne agressiva em vez de aprender algo de bom influenciando a criança a crueldade e não a aprendizagem. (MALUF (2003, P.48)

 

A brinquedoteca tem o papel crucial para que a criança tenha essa necessidade de se transformar, pois estes jogos eletrônicos não têm o intuito da socialização e a interação com os demais colegas, vive em um mundo fechado e dominado por um adulto.

MALUF (2003) descreve que a sobrecarga de funções na infância consolida precocemente a maturação dos pequeninos, devido ao acúmulo de responsabilidades geradas pelos pais e pela sociedade, elegendo prioridades consideradas por eles mais importantes que o brincar, como: informática, aulas de línguas, cursos de música e entre outros. Não desmerecendo o beneficio destas atividades, mas elas não permitem um momento d sua vida cotidiana para a brincadeira lúdicas na infância, impede a liberação de energia acumuladas e tensões, que levam as crianças a apresentarem problemas de saúde relacionados ao estresse por sobrecarga de tarefas.

No entanto as escolas também acabam seguindo as transformações e imposição da sociedade e permitem que as brincadeiras fiquem no esquecimento, ou seja, vistas como “perda de tempo”, substituindo-as por atividades diretivas consideradas mais produtivas.

Baseando nestes relatos a brinquedoteca tem a função não só na aprendizagem da criança, mas também contribui com autoestima da criança e das pessoas que convivem com ela. A brinquedoteca deve identificar-se com o perfil de sua comunidade ou contexto sociocultural, onde se encontra instalada, para cultivar o ofertar a todos uma formação cultural mais humana e integral.

Para CUNHA (2007.p.11) “a criança quando brinca nutre sua vida interior descobre sua vocação e busca um sentido para a sua vida.” A brinquedoteca é um espaço que a criança utiliza para se expressar, se comunicar, se divertir, esquecer do seu mundo real para viver um mundo de fantasia, sonho, imaginação.

Na implantação de uma brinquedoteca é necessário que ela seja composta por alguns objetivos a serem alcançados pelo seu publico alvo, o local de instalação deve ser composto por diferentes ambientes, simples ou sofisticados, com materiais recicláveis ou industrializados.

Os tipos de brinquedotecas são os seguintes: comunitária, de atendimento especial; em Universidades e Faculdades; em Instituições de Saúde; em formação de professores e Recursos Humanos; Circulantes em shopping e junto ás bibliotecas.

Pode-se observar que os variados tipos de brinquedotecas proporcionam o encantamento, o bem estar, a emoção, a efetividade a todos que a procura seja para aprender ou para satisfazer as suas necessidades.

Para CUNHA (2007): Uma brinquedoteca deve possibilitar a convivência natural das crianças com jogos e brincadeiras resgatando a capacidade de brincar e a capacidade de concentração, dando oportunidades para que a criança aprenda a jogar, a participar de grupos e atividades lúdicas proporcionando acesso a um número maior de brinquedos, de experiências e de descobertas.

Este ambiente deverá ser constituído de vários espaços diferenciados para que cada criança ou pessoa que vier utilizá-la consiga sair dali satisfeito, como forma de organização da brinquedoteca sugere-se usar cantos como: o canto do faz de conta, o canto da leitura, o canto da criação ou sucadoteca, do teatro, oficinas, mesas coletivas, mural para recados, playground, cantos dos tapetes e colchões, canto do cinema, canto da pintura e desenhos entre outros.

O ambiente deve ser criativo, colorido, expressivo, alegre, onde os participantes consigam perceber que ali é local adequado para a descontração e magia, dando a eles a oportunidade da escolha.

Outro fator importante é o acervo de brinquedos da brinquedoteca que deve permitir o desenvolvimento de capacidades e estimular potencialidades, criando a compreensão das mais diversas formas de arte, de comunicação e comportamento social equilibrado da criança, sob a orientação de um brinquedista ou responsável que entenda sobre o assunto.

 

[...] para trabalhar numa brinquedoteca é necessário um profissional  diferente, o “brinquedista”, que antes de mais nada deve ser um educador, ou  seja, antes de ser um especialista em brinquedo, deve ter em sua formação  conhecimento de ordem psicológica, sociológica, pedagógica, artística...  Enfim, matérias que lhe dêem uma visão clara e crítica sobre criança, jogo,  brinquedo, brinquedoteca, escola, homem, sociedade e, ao mesmo  tempo,  seja uma pessoa com sensibilidade entusiasmo, determinação, dinamismo,  que chora, que ri, que canta e que brinca (SILVA, 2004, p. 100).

 

Então pode dizer que em qualquer ambiente que a brinquedoteca esteja inserindo o seu objetivo é diagnosticar as dificuldades de aprendizagem, a dificuldade de interação social e aperfeiçoar os critérios de efetividade de todos que nela esteja inserindo de um ou outro modo sendo avaliados constantemente e sem nenhuma cobrança diante dos seus afazeres escolares.

Para a criança a brincadeira satisfaz o seu ego nutrindo assim as suas necessidades básicas, saúde, habitação e educação, e por ser uma atividade fundamental para o desenvolvimento das capacidades potenciais de toda criança; brincar é comunicação e expressão, associando pensamento e ação; é um ato instintivo voluntário e espontâneo, é uma atividade natural e exploratória; é um meio de aprender a viver e não um mero passa tempo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

O processo de ensino-aprendizagem propõe desafios, na busca de compreender o mundo e sua realidade, onde o professor deve estar em contínuo desenvolvimento.

Ao termino da pesquisa, os professores da Escola Municipal Menino Jesus, veem que o brincar é importante, momento de divertimento e a brincadeira faz parte do cotidiano da criança e na escola, não poderia ser diferente. Percebe-se que os mesmos acreditam que o brincar é eficaz, que ocorrem conhecimentos e reflexões, liberdade de criação no qual as crianças propagam suas emoções, sensações e pensamentos sobre o mundo e também um espaço de interação consigo e com os outros.

Observa-se que a escola atende aos interesses e necessidades sociais dos alunos, através dos conhecimentos significativos, possibilitando uma compreensão, visando superar obstáculos cognitivos/emocionais do aluno, realizando trocas de experiências entre os mesmos como forma de aprendizagem, proporcionando às crianças, meios para que tenham confiança na própria capacidade de conhecer e enfrentar desafios..

Em relação ao objetivo de refletir sobre os jogos e brincadeiras no desenvolvimento da criança da Educação Infantil, constatou-se que as brincadeiras são necessárias para o desenvolvimento de cada criança e que os professores dão oportunidade das mesmas expressar a dificuldade, satisfazer as curiosidades, ao mesmo tempo útil e importante para o desenvolvimento das crianças, pois as mesmas pensam e reorganizam as situações que vivenciam em seu cotidiano.

Recomenda-se a utilização da brincadeira em  sala de aula como um recurso a ser usado quando a criança chega à escola, podendo favorecer o processo de formação e que través da mesma, a criança pode experimentar novas situações, e lhe é garantida a possibilidade de uma educação criadora, voluntaria e consciente.

 

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