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OS DESAFIOS ENFRENTADOS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

 

Carla Fernanda Valentin

Elem Lima de Araújo

Silvana Lopes

Viviane Leandra Aparecida dos Santos

  

RESUMO

A preocupação deste artigo é discutir com a literatura especifica os principais desafios encontrados para uma efetiva inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, tendo em vista que nos últimos anos houve um grande crescimento do numero de matriculas desse grupo de alunos nas escolas regulares e que estas estão enfrentando muitas dificuldades para promover o aprendizado significativo desses alunos, com isso através de pesquisas bibliográficas em livros, revistas e sites da internet, o presente trabalho buscará entender os principais problemas 3enfrentados na inclusão dos alunos na educação regular. Conclui-se que o modelo atual de se fazer inclusão escolar dos alunos com NEE, está muito aquém de um modelo eficiente, os profissionais não estão devidamente capacitados para atender a essa demanda de alunos com necessidades educacionais especiais,e tanto a formação acadêmica quanto a formação continuada precisa passar por adequações a fi  de sanar essas lacunas encontradas no cotidiano quando se fala de educação inclusiva.

Palavras-chave: Educação inclusiva. Escola. Necessidades Especiais.

 

Introdução

 

O presente trabalho tem como tema a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na educação regular, partindo do ponto de interrogação da eficiência dessa inclusão como pratica educacional ou mera socialização destes discentes.

Ao vivenciar o cotidiano dos alunos com necessidades educacionais especiais, na escola publica percebe-se que eles foram inseridos na educação regular sem que essa escola esteja preparada para recebê-lo. O processo de inclusão nas escolas não é simples, pois é preciso a reestruturação física nas mesmas, mas principalmente, faz-se necessária a preparação de professores, que apresentam funções essenciais na estrutura e no funcionamento do sistema educacional (HERRERO, 2000).

A Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional 9394/96 (LDB) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), afirma que é incumbência dos docentes zelar pela aprendizagem do aluno com necessidades especiais na modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. Entretanto, promover a inclusão apesar de ser um dever das escolas expresso em lei está bem longe de alcançar o objetivo maior que é garantir a todas as crianças portadoras de alguma deficiência uma escola acolhedora, de qualidade que supra suas necessidades. E incluir as crianças da educação especial, garantindo-lhes o direito a educação, demanda romper paradigmas educacionais vigentes na maioria de nossas escolas.

O que se espera é que o corpo docente esteja preparado para o trabalho da inclusão educacional e principalmente, em acordo com Silva (2009), “que com a educação inclusiva sejam abandonadas definitivamente as barreiras celetistas de aprendizagem” e que o meio social se adapte ao aluno incluído ao invés de buscar-se que o estudante se adapte à sociedade.

Quando se fala em inclusão esta deve ser por inteiro o aluno com necessidades educacionais especiais ao ser recebido na escola precisa de uma equipe preparada para adaptar o fazer pedagógico as necessidades que o mesmo possui.

Existe também a questão da dificuldade no acesso a capacitação para lidar com a diversidade, pois não é muito acessível nas regiões mais afastadas dos grandes centros cursos de qualidade na área, existemnas escolas salas de recursos multifuncionais, cargo esse que deverá ser ocupado por profissional habilitado e qualificado para lidar com as diferentes necessidades educacionais, no entanto esse atendimento se dá no contra turno da educação regular, e no turno regular de escolarização como fica a capacitação dos professores?

É partindo desse ponto que o presente trabalho tem por objetivo analisar na literatura disponível os principais desafios para se promover uma inclusão eficiente dos alunos com necessidades educacionais especiais, ao invés de simplesmente socializa-los na escola.

 

Desenvolvimento

Ao longo da pesquisa buscou-se compreender qual a deficiência mais recorrente no interior das escolas e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o qual é reconhecido como um transtorno neurobiológico, que tem aparição na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida foi o mais citado. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, agitação e impulsividade, onde um ou mais devem ser predominantes e especificados. O transtorno tem grande impacto na vida do sujeito, pois pode gerar algumas dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como um baixo desempenho escolar (ROHDE e BENCZIK, 1999).

A grande maioria dos professores já trabalharam ou trabalham com alunos comnecessidades educacionais especiais, no entanto a maioria deles não são devidamente preparados para lidar com essa clientela tão heterogênea, fato apontado por (SOMBRIO, 2008) onde aponta que os professores sentem falta de formação para atender esse publico, em trabalho desenvolvido no Rio Grande do Sul.

Quandose pensa em inclusãoautomaticamente, precisa se pensar na formação do professor, uma vez que este deve estar preparado para trabalhar com este aluno com deficiência.

Apreparação dos professores constitui questão primordial de todas as reformas pedagógicas em perspectiva,pois, enquanto não for àmesma resolvida de forma satisfatória, será totalmente inútil organizar belos programas ou construir belas teorias a respeito do que deveria ser realizado(PIAGET, 1984, p. 62)

De acordo com autor o problema está relacionado também a não formaçãodos profissionais uma vez que estes não estão capacitados para trabalhar com o aluno deficiente, muito menos inseri-lo em um contexto de sala de aula, onde os mesmo tem o direto daeducação de qualidade sem sofrer qualquer tipo de discriminação. Porem,para que isso aconteçao profissional precisa estar preparado para receber este aluno, cabe ao sistema também realizar mais formações e preparar oprofissional, não basta somente ter as leis que protegem, inserir a criança deficiente no ensino regular se não tem profissional preparado nem adequado para isso, àdesvalorização dos professores, é outro problema relacionado está vinculada a formação e capacitação desses profissionais, além da formação na própria universidade.

Nesse sentido considera-se necessária uma politica de aperfeiçoamento dos profissionais da educação para que toda a escola torne-se apta a inclusão desses alunos que até certo tempo eram excluídos da educação regular ficando confinados em casa e por vezes frequentavam apenas escolas especializadas em atendimento de educação especial, o aluno com necessidades educacionais especiais ser colocado apenas em sala de alunos especiais acaba por reforçar a deficiência do mesmo, ao passo que a inserção na educação regular melhora a auto estima e contribui significativamente para a superação das dificuldade por parte do aluno.

Convém ressaltar que a formação continuada dos profissionais da educação é necessária, tendo como ponto de partida as dificuldades e lacunas que os professores sentiram durante a sua graduação, por isso pensar na reforma escolar a partir da formação de professores, onde haja uma renovação inicial pensada nas competências e no grau de profissionalização do corpo docente, almejando assim uma mudança verdadeira e eficaz no sistema educativo.

Na formação de professores de educação especial, essa ambiguidade manifesta-se, por exemplo, na forma como as políticas públicas consideram essa questão. Também fica evidente, na construção do saber e, do saber fazer, desses futuros docentes, pois os currículos de sua formação inicial privilegiam, predominantemente, a especificidade do trabalho com determinados alunos “especiais” por que apresentam incapacidades físicas, e/ou mentais, e/ou sensoriais, e/ou adaptativas”. Tal como constata (BUENOapud NUNES, 1998, p. 70)

Como a escola é o ambiente de mediação entre o conhecimento formal e o informal vivenciado pelos alunos, é preciso atentar-se que nesse quadro também estão os alunos especiais e que os mesmos também precisam dessa mediação de forma eficiente, ter então um quadro de professores que não estão capacitados, ou não se sentem capacitados é um problema de extrema urgência e em um estudo realizado por Oliveira et al,(2012) no município de Cruzeiro do Sul – Acre, onde os professores apontavam não terem na sua graduação componentes curriculares para atender a essa demanda crescente de alunos especiais na educação regular, deixa essa carência na formação docente ainda mais aparente.

Estudos apontam que os professores querem fazer cursos de capacitação, no entanto a oferta é escassa, essa falta de capacitação se dá porque no Brasil, de acordo com Siems (2010), a preocupação com a formação dos professores voltada para a educação inclusiva é muito recente. De acordo com a autora, é necessário mais investimentos nos processos de formação para reconstruir as práticas educacionais, reorientando, assim, os processos exercidos na Formação de Professores.

Mittler (2003) acredita que ainda há poucas oportunidades de capacitação. elas são fundamentais, pois não servem apenas para influenciar os sentimentos dos professores em relação à educação inclusiva, mas também para que os educadores possam refletir as propostas de mudanças que podem mexer com seus valores e crenças e até transformar a sua prática profissional.

Segundo Prieto (2006, p. 57) a formação continuada do professor deve ser um compromisso dos sistemas de ensino que estejam comprometidos com a sua qualidade, assegurando que os professores estejam aptos a elaborar e implantar novas propostas e práticas de ensino para responder às características de seus alunos, inclusive àqueles com necessidades educacionais especiais, Silva (2009) afirma que o desenvolvimento da inclusão educacional “só pode ter bons resultados se forem feitos por meio da qualificação profissional”.Silva (2009) afirma que o desenvolvimento da inclusão educacional “só pode ter bons resultados se forem feitos por meio da qualificação profissional”.

A prática da inclusão escolar pauta-se na capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes; é acolher todas as pessoas, sem exceção. É construir formas de interagir com o outro, que, uma vez incluídas, poderão ser atendidas as suas necessidades especiais; o estudante com deficiência física, os que têm deficiência mental, os superdotados, todas as minorias e para o aluno que é discriminado por qualquer outro motivo. Como destaca Sassaki (1998),

Educação inclusiva é o processo que ocorre em escolas de qualquer nível preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos independentemente de seus atributos pessoais, inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais. A inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de propiciar-lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência estudam na escola que frequentariam se não fossem deficientes. (SASSAKI, 1998, p. 8).

 

A presença de alunos com necessidades especiais obrigará o professor a adaptações substanciais. Significa o desenvolvimento de competências específicas para os professores do ensino regular, o que não vem sendo implementado. As dificuldades vão desde a identificação dessas chamadas necessidades especiais até o conhecimento de técnicas, adaptações curriculares e de avaliação, bem como necessidade de aprofundamento das relações da escola com a família, tanto dos alunos com necessidades educacionais especiais como dos demais.

De acordo com Glat e Nogueira (2002, p. 25) na formação de professores, é preciso desenvolver a possibilidade de “analisar, acompanhar e contribuir para o aprimoramento dos processos regulares de escolarização”, considerando as diferenças entre os alunos e atendendo às mesmas. Considerar as diferenças individuais, a diversidade e suas implicações pedagógicas é condição fundamental para a elaboração do planejamento pedagógico e para a implantação de propostas de ensino e de avaliação da aprendizagem que atendam ao princípio da educação inclusiva.

O número de alunos com necessidades educacionais especiais aumentou significativamente na rede regular de ensino, em resposta ao seu direito legal de estar na escola, mas sem que se tenha garantido a esse alunado as condições necessárias ao seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. Em muitas escolas faltam adequações estruturais, físicas, arquitetônicas, metodológicas, materiais, curriculares e, principalmente, atitudinais.

É preciso que o aluno esteja inserido no grupo, fazendo parte dele, tendo possibilidade de apropriar-se dos conhecimentos, usufruir as oportunidades de aprendizagem oferecidas pela escola, participando efetivamente de todas as atividades pedagógicas, sem discriminação. Caso isso não aconteça pode-se ter a exclusão na inclusão, isto é, o aluno presente fisicamente em sala de aula sem, contudo, aprender e participar efetivamente das atividades pedagógicas propostas.

Torna-se fundamental, para garantir a inserção, a aprendizagem e a real inclusão no processo de escolarização dos alunos com necessidades educacionais especiais, a participação dos educadores numa atuação crítica em que compreendam a inclusão e participem de sua implementação articulando e incentivando o processo.

Para Ross (1998, p. 69) não basta abrir as portas da escola para o aluno com necessidades educacionais especiais ou dar-lhe oportunidade de participar, se não existir consciência dos caminhos que devem ser tomados. A partir do exposto tem-se a ação docente como um elemento favorecedor (ou desfavorecedor) da inclusão, da construção dos conhecimentos e da aprendizagem escolar de todos os alunos, em especial daqueles com necessidades educacionais especiais.

Conclusão

Diante do exposto percebe-se que a educação inclusiva precisa avançar e muito, as politicas de educação inclusiva precisa ver mais criteriosamente cada caso, pois quando se fala em inclusão não dá para pensar em um todo é preciso pensar ponto a ponto primeiro, as escolas, entenda-se escola pela parte viva, os profissionais, precisam ser melhor capacitados, o cursos de licenciatura precisam rever currículo precisam adaptar-se para promover uma inclusão efetiva onde seja possível ao aluno com necessidades educacionais especiais incluir-se e aprender ao mesmo tempo.

Portanto, para que a inclusão escolar ocorra efetivamente, é necessário um aprimoramento constante dos professores, com o domínio de instrumentos e referenciais que façam evoluir suas práticas pedagógicas. Com isso, deve ocorrer a capacitação de todos os educadores e o aprimoramento dos demais profissionais presentes na escola, através de palestras abrangentes e/ou treinamentos específicos, pois esses são o ponto fundamental para a efetivação do processo inclusivo nas escolas.

Afinal, na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte a escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inserção desse aluno especial. E para isso acontecer é preciso despertar a consciência e a dedicação de todos os envolvidos nessa questão, sem preconceitos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais para que a escola se torne aberta ás diferenças e competente para trabalhar com todos os educando.

Por fim conclui-se que é imprescindível que sejam revistas as politicas e a pratica da formação dos profissionais da educação para se atingir uma inclusão efetiva de alunos especiais na educação regular, haja vista que o principal problema encontrado neste trabalho foi de que os profissionais da educação não foram/são devidamente capacitados para atender a demanda de alunos com necessidades especiais.

 

REFERÊNCIA

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HERRERO, M. J. P. Educação de alunos com necessidades especiais. Traduzido por: Maria Helena Maurão Alves Oliveira e Marisa Bueno Mendes Gargantini. Bauru, SP: EDUSC, 2000.

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SOMBRIO, J. L. Educação inclusiva: estão os educadores preparados? Trabalho de conclusão de curso - Pedagogia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre - RS. 2008.