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NECESSIDADES ESPECIAIS AUDITIVAS: INTEGRAÇÃO DO ALUNO DIFERENTE

Queli dos Santos Amorim

 

RESUMO

O interesse com a pesquisa a temática “Necessidades especiais auditivas: integração do aluno diferente”, foi averiguar como se dá o processo de ensino para a crianças com necessidades auditivas em uma Escola Municipal de Sorriso-MT. Identificando se o ensino desenvolvido proporciona a inclusão dos alunos surdos no processo educacional da instituição. A ideia de uma educação inclusiva se fundamenta nos princípios da igualdade, do respeito e da justiça, dando oportunidade de crianças “especiais” se socializarem com outras “normais” além de disponibilizar um ensino de qualidade para os educandos. A instituição que atende alunos com necessidades especiais necessita de organização e compreensão dos conceitos que regem a inclusão educacional, não é simplesmente inserir o aluno especial no ensino regular e trata-lo como outros alunos. Cada estudante possui suas diferenças individuais, cabe a escola e cada educador estar atendendo a especificidade, levando em consideração ao elaborar suas práticas pedagógicas, é uma tarefa complexa, mas é necessária para haver exclusão entre os alunos atendidos. A abordagem utilizada é qualitativa. A intervenção ocorreu por meio de questionários abertos. A pesquisa teve enquanto objetivo proposto, analisar o processo de inclusão no ensino regular de alunos com necessidades educacionais especiais, especificamente os de surdos, no município de Sorriso – MT. A finalidade, a escola regular está apta para receber os alunos que apresenta deficiência especificamente a auditiva? Os sujeitos pesquisados foram professores, pais ou responsáveis dos alunos, e a coordenadora pedagógica. Os resultados do estudo apontam que a maior dificuldade em trabalhar com os alunos especiais na modalidade surdos é a não qualificação dos profissionais e preparação da escola. O desenvolvimento do trabalho buscou embasamento teórico em vários autores que contextualizam nossa pesquisa entre eles destacamos: Stainback (1997), Declaração de Salamanca. (1994) e LDB 9394(1996), Goldenberg (2005), entre outro que está descrito no referencial bibliográfico.

 

Palavras Chave: Educação Especial. Inclusão. Desenvolvimento /Aprendizagem.

 

INTRODUÇÃO

 

A educação em geral vem evoluindo, buscando caminhos pra resolver os problemas de aprendizagem dos deficientes auditivos, pois a educação ainda é uma das formas de trabalhar os problemas sociais, de um povo com rotina e culturas diferenciadas. A temática discutida é de grande preocupação, pois a inclusão dos deficientes na escola de todos como “normais” está longe de acontecer. Faz-se presente teoricamente essas discussões, mas tudo frequente uma sala de aula, que seja atendido nas suas necessidades.

Destaco aqui o papel do professor quanto ao desenvolvimento de um trabalho que valorize a diversidade e que o mesmo esteja pautado nos objetivos de uma educação que vise a valorização do exercício cidadania e a sua preparação para estar inserido nos mais variados contextos sociais.

A lei de Diretrizes da Educação Brasileira (LDB, nº 9394/96) estabelece que é dever dos sistemas de ensino assegurar, principalmente professores especializados ou devidamente capacitados, que possam atuar com qualquer aluno especial na sala de aula. As pessoas com necessidades especiais vêm conquistando aos poucos seu espaço na escola e na sociedade, lançando assim, aos educadores o grande desafio de prepara-lo para viver em cidadania, no entanto, por outro lado, vemos professores e a própria escola despreparada para encarar esse desafio.

Objetivamos nesta pesquisa analisar se o ensino voltado alunos com necessidades auditivas proporciona oportunidade para inclusão no processo de ensino-aprendizagem, buscando verificar se os professores estão capacitados para trabalhar com alunos com necessidade auditivas bem como as dificuldades que estes profissionais encontram para desempenhar com qualidade seu trabalho pedagógico. A fim de desenvolver uma pesquisa que pudesse fornecer dados para responder as dúvidas apresentada acima, realizamos um a pesquisa bibliográfica que permitiu a construção teórica sobre o tema proposto pelo trabalho, nesta pesquisa adotamos uma abordagem qualitativa no qual o pesquisador terá contato direto com o objeto de análise.

 

  1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

 

Necessidade educacional especial não é o mesmo que deficiência. O conceito de deficiência se reporta às condições orgânicas do indivíduo, que podem resultar em uma necessidade educacional especial, porém não obrigatoriamente. O conceito de necessidade educacional especial, por sua vez, está intimamente relacionado à interação do aluno à proposta ou realidade educativa com a qual se depara. (GLAT, 2007, p. 26).

 

1.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

 

Na colocação de Stobaus e Mosquieira (2003): na antiguidade, período histórico iniciado com as mais antigas civilizações e que estendeu até a queda do Império Romano do Ocidente século V, apenas as pessoas nobres detinham o poder social, político e econômico. O corpo perfeito e forte para guerrear, a beleza física, a capacidade retórica para proferir discursos filosóficos, entre outras habilidades, eram aspectos que valorizavam algumas pessoas a esse padrão, considerada sob humana já que não teria utilidade para a vida em sociedade. Assim, pessoas que nasciam com deficiências visíveis como, por exemplo, a falta ou deformação de membros ou a incapacidade de falar e enxergar eram abandonadas, ou até mesmo exterminadas, por não terem valor social.

Segundo Stobaus e Mosquieira (2003, p.33):

 

Na antiguidade: nós matamos os cães danados e touros ferozes, degolamos ovelhas doentes, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos: mesmos as crianças se forem débeis ou anormais, nos afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.

 

Colocado a cima, as sujeitos especiais eram comparados aos animais, e eram exterminados para deixar de serem problemas.

Vieira (2009), inicia-se, então, no século XVI, o chamado Período da Segregação das pessoas com deficiências em instituições, que tinha o objetivo de enclausurar aqueles que não se encaixavam nos padrões de normalidade, com os leprosos, os paralíticos, os doentes venéreos, os doentes mentais e toda sorte de desajustes. Nesse momento, a igreja passa a dividir com a medicina o tratamento dos denominados anormais.

Com a Revolução Burguesa, o cenário político e econômico sofre uma grande transformação, a igreja Católica perde o seu poder absoluto, a monarquia inicia sua derrocada, surgem os estados modernos, as relações de produção passam a serem baseados no trabalho assalariado e na indústria emergente, os experimentos científicos com base na observação da natureza proliferam-se, entre outros fatores.

Nesse contexto social, há uma nova divisão do trabalho que se pauta na relação entre patrão que detém os meios de produção como o capital e os maquinários e operário que sobrevive com a venda de sua força de trabalho, em troca de salário.

A ciência da natureza desenvolveu e a medicina ganhou status cientifico, passando a fornecer explicações a todos os fatos que eram, até então, determinados pela igreja como verdades inquestionáveis, fortalecem-se as teses que explicam a origem das deficiências em causas naturais, e não mais por fatores espirituais.

A primeira explicação científica foi a condição de deficiência determinada com base na herança genética, como origem dos distúrbios físicos e intelectuais, passou-se a acreditar que é uma condição inata, determinada geneticamente como traços inerentes aos sujeitos, descartando-se a possibilidade da mudança dessa condição.

Descrito em Bianchetti (1998), a partir do século XVI, poucas foram às mudanças na concepção de entendimento ás pessoas com deficiência, Bueno (1993) chama a atenção para o fato de que o atendimento ás pessoas cegas e ás surdas, eram aquelas que apresentavam maiores e possibilidades de participarem do processo produtivo de industrialização que se intensifica.

Fernandes (2007) nos séculos XVIII e XIX foram criadas centenas de instituições na Europa e em países colonizados por europeus, quase todas com caráter assistencial e filantrópico, nas quais se destacava o trabalho manual para o treinamento industrial. As instituições funcionavam como asilos, já que obrigavam e alimentavam os internos; como as escolas, oferecendo instrução básica na leitura, escrita e cálculos; oficinas de produção, pois as pessoas com deficiências constituíam mão de obra barata no processo inicial de industrialização.

Dessa forma, retomando os ideais da Revolução Francesa (1789), que buscaram o reconhecimento dos valores supremos de igualdade, da liberdade e da fraternidade entre os homens, é promulgada, em 1948, a declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que passa a inspirar, desde então, as políticas e os instrumentos jurídicos da grande maioria dos países. A partir de então, outros textos voltados á defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos são elaborados e tornam-se norteadores das decisões tomadas nos países-membros da Organização das Nações Unidas - ONU, criando-se uma espécie de código de ética para assegurar que nenhum ato de natureza discriminatória ocorra contra as minorias sociais. Nesse contexto é apresentada a história de séculos de descaso e discriminação em relação ás suas necessidades diferenciadas.

Mendes (2002) no Brasil, o atendimento escolar especial ao sujeito com deficiência, teve início na década de cinquenta do século passado. A primeira providência foi concretizada no dia 12 de setembro de 1854, por D. Pedro II, através do decreto Imperial Nº 1428, fundada no Rio de Janeiro o Instituto dos Meninos Cegos. Deve-se, grande parte desse feito, a um cego, brasileiro José Alvares de Azevedo.

Logo novas fundações ocorreram, assim como: Instituto Estadual de Educação Padre Anchieta, criado em 1913, o Instituto Santa Terezinha particular criado em 1929, atendimento ao deficiente auditivo. A fundação APAE- criado no dia 14 de dezembro de 1954 no Rio de Janeiro- dentre muitas instituições para atender deficientes.

A escola Estadual Instituto Pestalozzi e as APAES tinham procedimentos voltados para atendimentos clínicos, a escolarização era tratada de modo secundário, o que acarretou a não escolarização e a não- cientificação escolar.

Os alunos com necessidades especiais como: cegos, surdos e deficientes mentais, eram encaminhados para escolas especializadas sem nenhum constrangimento social. Se por acaso alguma família procurasse uma escola regular de ensino para matricular seu filho com necessidades especiais, o comum era orientar a família a procurar escolas especializadas.

Quando o aluno com necessidades especiais era matriculado em Escola Especial Pública, era levado pelo abandono e a descrença em suas capacidades de aprendizagem.

Durante a década de 70, por todo mundo, um amplo movimento de escolaridade obrigatória a todas as crianças, faz com que os países prestassem uma atenção particular á organização dos serviços de Educação Especial, garantindo á criança com deficiência um processo educativo adaptado ás suas necessidades individuais.

A partir da década de 70, e assumida nos anos 80, surge a filosofia de “integração” educativa como opção principal para alguns países, defendendo-se que o ensino das crianças e jovens com dificuldades especiais deve ser feito no âmbito da escola regular.

O paradigma da integração á educação especial encarrega-se de aplicar todos os esforços na preparação da pessoa com necessidades especiais para que, depois de pronto, seja capaz de integrar-se á estrutura escolar. Segundo Sassaki (1997, p. 35):

 

 

A integração social afinal de contas, tem consistido no esforço de inserir na sociedade pessoas com deficiências que alcançaram um nível de competência compatível com os padrões sociais vigentes. A integração tem mérito de inserir o portador de deficiências na sociedade, sim, mas desde que esteja de alguma forma capacitada a superar as barreiras físicas, programáticas e atitudinais nela existentes sob a ótica dos dias de hoje, a deficiência e seus aliados( a família a instituição especialização e algumas pessoas da comunidade que buscam a causa da inserção social), sendo que estes tentam torna-la mais aceitável no seio da sociedade”.( SEDUC-MT/Inclusão.htmp.P.8 a 27).

 

Explicitado acima, apresenta descritos ligado a proposta da integração e estabeleceu-se como um principio fundamental da Educação Especial. Divididos em níveis- do segregado ao integrador- todos os alunos tinham direito a entrar no sistema e transitar por ele. A proposta de organização do sistema educativo inspirado na integração tem sido comparada a uma cascata. A criança então passa a ser responsável pelo seu progresso escolar, desta maneira, a escola não se via obrigada a assumir a responsabilidade e a adaptar-se para receber o aluno com necessidades especiais ou dificuldades de aprendizagem.

 

Desde a constituição de 1988, ficou estabelecido que o Estado tivesse dever com a Educação mediante a garantia de sete itens: entre estes ficou estabelecido que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, deveria ser preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1998, art.8º, § III, p.53).

 

A Constituição Federal assegura o direito garantindo atendimento educacional especializado aos sujeitos com especiais preferencialmente na rede regular de ensino, de forma gratuita. Até a promulgação da lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), mesmo tendo estabelecido que o atendimento educacional especializado aos sujeitos com deficiência deveria ser preferencialmente na rede de educacional especializado, ou seja, a escola o ambiente em que esses alunos devem ser escolarizados. Mas isso não estava assegurado, pois as instituições não tinham uma organização que assemelhasse á estrutura organizacional das escolas regulares.

Somente após a promulgação da lei 9.394/96 é que instituições como APAE, que tem como proposta a sistematização de ações pedagógicas que possibilitem o desenvolvimento integral e facilitem a inclusão gradativa, contínua e planejada de alunos com necessidades educacionais especiais, que inicia no período da Educação Infantil, assim estimulando o desenvolvimento humano desde cedo.

Com a constituição de 1988 e a LDBEN/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996) cabe á Educação Especial e a seus professores a realização desse atendimento em todos os níveis de ensino- do ensino básico ao superior. A escola Especial foi criada para substituir a escola comum no atendimento a alunos com deficiência, assumindo o compromisso da escola comum, e manteve por décadas as mesmas características do ensino regular desenvolvido nas escolas tradicionais, adotando práticas adaptativas, com o objetivo unicamente de educar e treinar seus alunos, visando a inserção familiar e social.

Esse treino muitas vezes resumia em atividades repetitivas e descontextualizadas diferentes/ especiais na escola regular. Cada um dos aspectos da interação, definição, motivos, objetivos, níveis, dificuldades, vantagens e desvantagens, apresenta uma enorme diversidade, assim diz o documento publicado pela comissão Europeia, em 1996;

 

Deve reconhecer- se que a integração dos alunos com necessidades educativas especiais implica muito mais do que colocar simplesmente o aluno numa escola regular. Trata-se de um processo em que o aluno tem oportunidades para se desenvolver progredir em termos educativos para uma autonomia econômica e social. A integração é igualmente um processo em que os projetos escolares necessitam de mudar e de se desenvolver com objetivo de proporcionar um ensino de elevado nível a todos os alunos e o máximo de acesso aos que tem necessidades educativas especiais(MATO GROSSO, 2009, p.10 de 27)

 

Mais um reconhecimento sobre a educação especial, oportunizar aos sujeitos a desenvolver e progredir em termos educativos, para que essas pessoas possua o direito a autonomia econômica e social em forma de igualmente elevado o nível com o máximo de acesso aos que tem necessidades educativas especiais

 

1.2 OS PRINCÍPIOS DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

 

Por Educação Inclusiva, entende-se o processo de inclusão dos fatores de necessidades especiais ou distúrbios de aprendizagem ás crianças que sofrem exploração sexual, violação física ou emocional vive em condição de pobreza, vítima de guerras ou conflitos religiosos, raça ou cor. Segundo a Declaração de Salamanca (1994):

 

As escolas devem e ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou superdotadas, crianças de rua, ou crianças que trabalham crianças de populações imigradas ou nômades e crianças ou grupos desfavorecidos ou marginais. (Declaração de Salamanca, UNESCO, 1994, p.11)

 

A Declaração de Salamanca promoveu grande passo para melhoria da educação especial, determinando as escolas adequar-se a acessibilidade independentemente da deficiência de cada sujeito, pois todos tem direito a educação.

A educação inclusiva se propõe a aumentar a participação de todos os alunos no currículo escolar e a redução da exclusão escolar e social. Uma escola inclusiva é uma escola líder em relação ás demais, ela se apresenta como a vanguarda no processo educacional. O seu objetivo maior é fazer com que a escola atue através de todos os seus escalões para possibilitar a integração das crianças que dela fazem parte. Há em relação ás escolas inclusivas boas expectativas de desempenho por parte de todas as crianças envolvidas, fazendo com que elas atinjam o seu potencial máximo.

 

A Secretaria de Educação Especial tem como prioridades: Assegurar aos alunos que apresente necessidades educacionais especiais, as condições para ter acesso e permanência na escola, desenvolvendo ás suas potencialidades em todos os níveis, etapas e modalidades da educação, na perspectiva de construir uma educação inclusiva. (BRASIL, SSEP, 2013, p. 39).

 

O Ministério da Educação editou o Programa de Expansão e Melhoria da Educação Especial (SSEP), que veio com a perspectiva de estabelecer uma educação inclusiva, conforme descrito acima, no propósito de priorizar e assegurar a alunos especiais com acesso e permanência a escola.

A educação favorece a um melhor desenvolvimento físico psíquico dos alunos com necessidades especiais, beneficiando também os demais alunos que aprendem a adquirir atitudes de respeito e compreensão pelas diferenças, além de receberem uma metodologia de ensino individualizado.

A escola é um espaço privilegiado para a construção de uma sociedade democrática, pois é nela que se encontra a presença das diversidades sociais e culturais, apontando não só para a qualidade de ensino. Portanto, possibilita e contribui para as modificações de criar mecanismo que minimizem as barreiras elitistas presentes hoje na sociedade.

Diante das mudanças na educação, quando discutido o compromisso e o rumo que a educação deve seguir, é preciso implantar as mudanças gradualmente, para que a educação especial quanto o ensino regular, possam ir se adequando a esta nova realidade. Assim, construindo políticas, práticas institucionalizadas e pedagógicas que garantam a qualidade de ensino para todos. No entanto, vemos que há necessidades de apoio pedagógico específico para alunos que apresentam deficiências, diz também na Declaração de Salamanca; Dentro das Escolas inclusivas as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra para que possam precisar, para que lhe assegure uma educação efetiva (1994, p.61).

A formação de professores é uma preocupação que se encontra contemplada e reforçada no documento final de Cochabamba, no artigo 3º:

 

A função e a formação docente necessitam ser repensadas com um enfoque sistêmico que interage a formação inicial com a continuação a participação efetiva de projetos de aperfeiçoamento, a criação de grupo de trabalho docente no centro educacionais e a pesquisa uma interação permanente. (DOCUMENTO DE COCHABAMBA, 2001, Art. 3º).

 

A colocação acima, assegurar um aprendizado de qualidade na sala de aula e a necessidade de se repensar a formação do professor. Este termo vem sendo discutido nos encontros educacionais desde a década de 80, tendo como referências o caráter político da prática pedagógico e o compromisso do educador com as classes populares. Está assegurada na LOPEB (Lei Orgânica Pública da Educação Brasileira) a capacitação dos profissionais da educação: capacitação dos profissionais que atuam na área da Educação Especial, bem como para os profissionais da Rede Regular de Ensino (art.104º, VII, 1998, MT).

Esta garantida também o direito de capacitação profissional do professor na LDB 9.349/96, art.58 1º: Resolução CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câmara de Ensino Básico) nº 2/2001, parágrafo único do art.1 art.8º IV, V e art. 13).

Sabemos que, por outro lado á competência, a prática do professor muitas vezes é limitada em relação à rotina da escola. A necessidade de se buscar conhecimentos, que facilitem o desempenho profissional em consonância com o plano pedagógico coletivo da escola. Plano que precisa dar conta das diversidades existentes hoje, considerando que a Escola Inclusiva aposta em um currículo centrado no aluno, como já visto em leis.

O planejamento do PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola precisa estar em acordo com as aspirações e necessidades dos alunos e de sua comunidade. Para elaborar o P.P.P é importante que se pense na realidade global do homem e da sociedade principalmente a respeito da realidade do grupo e da instituição que ele integra. Dito por Oliveira;

 

A educação Inclusiva esta pautada em uma concepção diferenciada de escola e aprendizagem medida. Como decorrência algumas alterações significativas devêm ocorrer na dinâmica da escola na busca dessa nova consciência coletiva. No entanto é singular e deve ser construído, com base no projeto pedagógico de cada escola, estabelecendo diretrizes que garantam a aprendizagem na heteroneidade. A construção de um processo anterior ao estado de segregação. Refere-se á atualização no grupo normal. Nas classes comuns onde o processo de exclusão poderá vir a acontecer. Remete-nos a uma mudança importante de paradigma da forma como concebemos o papel da escola e do próprio conceito que temos da deficiência e diferenças (OLIVEIRA, 2003, p.36).

 

Carecemos de um projeto político Pedagógico que nos aponte caminhos, que nos dê indicativos e que os tire do imobilismo.

1.3 SURDO E FAMÍLIA

 

 

As dificuldades dos surdos provem principalmente do fato de estarem nos ambientes nos quais se utilizam línguas orais-auditivas, deste modo, a falta da audição lhes impossibilitam a aquisição destas línguas. No entanto, os indivíduos surdos criaram uma língua viso-motora capaz de possibilitar sua comunicação. Assim, pode-se pensar que as dificuldades enfrentadas pelo surdo não apresenta uma base orgânica, ela provem de fatores sociais, já que, de forma geral, não se faz uso da modalidade linguística da qual os surdos possuem condições de adquirir.

Contudo, o primeiro grupo social a conviver com uma criança surda é a família. As expectativas geradas pela espera do bebê acabam convertidas em uma “situação de luto” ao descobrir-se a surdez. Devido ao preconceito, os pais demoram de aceitar o problema do filho. Assim, mostra-se importante o processo de conscientização da família de que essa criança é um indivíduo com características próprias, portadora de perda auditiva, mas um ser humano como todos os outros. A situação se agrava durante o desenvolvimento da criança, devido às barreiras comunicativas enfrentadas.

Neste sentido, mostra-se fundamental que a criança surda tenha acesso à língua de sinais tanto no ambiente familiar quando no escolar. No entanto, a maioria das crianças surdas nascem em famílias de ouvintes e muitas vezes os familiares não se comprometem com o desenvolvimento linguístico da criança através da língua de sinais.

Esse problema evidencia-se pela ausência, no ambiente familiar, das situações linguísticas que possibilitem à criança surda adquirir naturalmente a língua de sinais. Assim, a maioria das famílias acaba por utilizar sinais simples para a comunicação desenvolvendo um método próprio e inapropriado para comunicar-se com a criança surda. Tal prática prejudica o desenvolvimento da criança e reduz sua capacidade de abstração.

O problema é agravado à medida em que, nos demais ambientes frequentados pela criança a situação se repete. Entre esses ambientes, destaca-se a escola, que é a responsável pelo aprendizado de conteúdos sociais de fundamental importância para o adequado desenvolvimento intelectual do ser.

 

2. DIAGNOSTICANDO A SURDEZ

 

O diagnostico deve ser feito pelo médico especialista, a primeira suspeita quando á existência de uma alteração auditiva em crianças pequenas, de dois a três anos, é da própria família a partir da observação da ausência de reações e seus comportamentos diferentes do usual, (a criança muito quieta, dorme muito em qualquer ambiente, não se desperta com barulhos intensos), passa o tempo não desenvolve linguagem. A busca pelo diagnostico é necessário no caso da criança, levar ao pediatra que a encaminhará ao otorrinolaringologista, o mesmo iniciará o diagnóstico observando-se o comportamento auditivo. Em seguida o exame físico o próximo passo será encaminhar para a avaliação audiológica se for adulto far-se-á diretamente o exame de audiologia

O professor, também, pode estar observando: crianças com hábito de virar a cabeça para ouvir melhor, apresentação de tom de voz extremamente alto ou baixo, troca ou omissão de fonemas na fala e na escrita. Há dois tipos de surdez: surdez leve e surdez severa ou profunda. As pessoas com surdez leve ou moderada, geralmente, se comunicam e aprendem utilizando a linguagem oral apresentando algumas dificuldades na percepção de alguns fonemas das palavras e na compreensão da mensagem, com dificuldade em perceber ambientes ruidosos. Assim, Froebel apud Nicolau relata que:

 

Já as pessoas com surdez severa e profunda, ficam privadas das informações auditivas, necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-as de adquirir a linguagem oral. Exige da criança maior atenção no contexto escolar, quanto maior a perda auditiva, mais serão os problemas linguísticos e levará mais tempo para que o aluno receba atendimento especializado. Muitas crianças podem levar a 4 até 5 anos sem aprender a falar, dependendo do contexto e convívio familiar.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Educar de forma transformadora não é um ato fácil. O professor não pode tudo, mais pode muito, não ensina tudo, mas pode tornar sua aula um espaço prazeroso, de criar e descobrir aptidões.

A educação é a ferramenta primordial para se trabalhar inclusão social, ela tem uma grande responsabilidade de formar novos cidadãos com ideologia e princípios bem delineados, que possa aceitar respeitar e desenvolver a integração de pessoas com necessidades especiais de um modo que ambos se beneficiem e enriqueçam com a experiência.

A inclusão apesar de ter sido muito mencionada debatida no mundo todo, continua sendo uma realidade um tanto obscura na maioria dos currículos escolares, por implicar em mudanças de comportamento, ética, valores.

O sistema educacional, não se estruturou para oferecer esse serviço educacional ás pessoas com deficiências em geral, principalmente no sistema público de ensino. Já que a inclusão não é de interesse apenas dos alunos com deficiência auditiva, uma vez que ao inserimos este educando na escola regular estar-se exigindo da instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas.

Diante dessa realidade presenciada por mim a escola pesquisada reafirma a necessidade de mudanças a que venha favorecer a interação entre aluno e professor justamente pela dificuldade na comunicação e informação que não são compartilhadas com o aluno dificultando seu aprendizado.

Com essa pesquisa buscou-se compreender e explicitar como tem sido a realidade escolar de alguns alunos surdos numa referida escola de Juara-Mt, mas, acima de tudo fomentar a reflexão social e a inclusão dos alunos com NEE nos ambientes educacionais de ensino. Percebemos nas respostas os pais que os mesmos cobram o conhecimento dos profissionais inseridos na área da educação.

Dessa forma, torna-se necessária uma preparação prévia desses professores, além da redução de números de alunos por turma, uma estrutura física adequada. Pode-se falar em integração ou inclusão dos deficientes auditivos no ensino regular, à medida que esses segmentos se mobilizam para tentar minimizar o tema em estudo, certamente estaremos dando um passo definitivo contra a exclusão e a favor de inclusão, constituindo um motivo para que a escola se modernize.

A inclusão escolar não é uma tarefa fácil, é desafiadora e complexa. Cada um deve fazer a sua parte, fazendo com que os deficientes auditivos estimulem a sua inteligência tornando integrado e participativo na sociedade educacional.

 

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