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A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Eliane da Silva Banci Bassiquete1
Dalila
Ceriaco Fernandes
Franciely de Souza Pedroso
Lucilene Luiz Gomes Silva
Rosalia Rodrigues Martins dos Santos Chiotti


RESUMO:

O presente artigo apresenta a importância do lúdico na Educação Infantil através das brincadeiras. Na seção de jogos, brinquedos e demais brincadeiras da cultura infantil, no ensino-aprendizagem infantil prevalece à metodologia lúdica, permitindo que a criança prossiga na organização de sua imagem do corpo vivido e servindo de ponto de partida em sua organização teórica e prática em relação com o desenvolvimento das atitudes das análises perceptivas. Vale ressaltar a importância, a necessidade e o valor dos brinquedos para o desenvolvimento integral da criança, em todos os sentidos, e sua contribuição no resgate das culturas dos povos. Através desse processo, criança brinca e aprende de forma natural e prazerosa. Na Educação Infantil o lúdico tem o papel fundamental, uma vez que proporcionam às crianças inúmeras experiências motoras que as possibilitam descobrir e redescobrir movimentos, elaborar e reelaborar conceitos e ideias sobre o movimento e suas ações, logo, é impossível educar integralmente sem levar em conta o ato motor. A metodologia empregada para esse fim é o da pesquisa indireta, realizada por meio da revisão bibliográfica, que se utiliza a fundamentação teórica de estudiosos sobre o assunto.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil, Lúdico, Ensino-Aprendizagem.


1- INTRODUÇÃO:


Ao abordamos assuntos relacionados à Educação Infantil, sabemos que se trata da faixa etária de zero a cinco anos de idade, conforme recente definição da Lei n.11.114, de 16 de maio de 2005, e que essa faixa etária compreende a primeira etapa da educação básica.

A introdução da criança na instituição da Educação Infantil evidencia uma das oportunidades dela ampliar os seus conhecimentos na sua nova fase de vida, ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor seu universo, que envolve uma diversidade de relações e de atitudes; maneiras alternativas de comunicação entre as pessoas; o estabelecimento de regras e de limites e um conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas.

A legitimação, a aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensino e aprendizagem têm ganhado força entre professores e pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a vivência de conteúdos e a relação com situações vividas no cotidiano.

O objetivo apresentado neste artigo é o de mostrar a importância do lúdico presente nas brincadeiras, o tema trabalhado neste Artigo – é o seguinte: A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL. A problemática norteadora com base em incansáveis pesquisas leva à pergunta-chave que respondeu meus anseios pautados na busca de conhecimentos a seguinte questão: Por que utilizar o brinquedo os jogos e as brincadeiras no desenvolvimento da criança.

Lembrando que brincar é um direito fundamental que é garantido a todas as crianças no mundo inteiro, para tanto, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas que devem estar voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. O espaço escolar deve oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio. A escolha do tema está vinculada à atividade profissional na área de Educação Infantil. Associar a educação da criança ao lúdico não é algo novo.

Através desse questionamento elaborei o projeto sobre A utilização dos jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil, que objetiva contribuir e somar, proporcionando momentos de muitos aprendizados em sala de aula.

Nesse sentido o ‘’brincar’’ na Educação Infantil leva o aluno a introduzir e integrar-se na cultura corporal de movimento, levando-o a ser um cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Nestes tempos de mudanças educacionais, se faz necessário que nós educadores sejamos multifuncionais, ou seja, não apenas educadores, mas filósofos, sociólogos, psicólogos, psicopedagogos, recreacionistas e muito mais para que possamos desenvolver as habilidades e a confiança necessária em nossos educandos. Desenvolvendo tudo isso, é certo que as crianças terão sucesso no processo de aprendizagem e na vida. Tudo isso marcados pela ansiedade, medo, resistência e ao mesmo tempo esperança.

Esperança esta que nos faz acreditar que o espaço escolar pode-se transformar em um espaço agradável, prazeroso, de forma que brinquedos, brincadeiras e jogos permitam ao educador alcançar sucesso em sala de aula, e quebrar a era do “desencanto escolar”.

De maneira geral os conteúdos que irão tratar o artigo foram embasados nas propostas de alguns autores que muito contribuíram para a educação e que visam à aprendizagem através do lúdico. A ação pedagógica abrange as dimensões: cognitiva, afetiva, social e psicomotora. Isto é, todos aqueles movimentos que as crianças normalmente fazem, inseridos em uma situação que estimulem a pensar e planejar as suas ações: fugindo de um pegador, escalando uma montanha imaginária e “queimando” os amigos, enfim, vivenciando cada movimento não só com os músculos, nervos e tendões, mas também, e, principalmente, com o coração, com emoção e com a cabeça.

Toda esta felicidade, que é natural da criança, nada mais é que o envolvimento das mesmas com a atividade, com o viver, com o brinquedo, sentindo as emoções de jogar, arriscar-se, experimentar e conseguir. Pensando nisso, é cada vez mais difícil compreender os comentários ouvidos durante os cursos de formação contínua de professores, que reclamam de certo “desinteresse” das crianças em participar das aulas. Parece ser incrível que, diante da tamanha curiosidade infantil, haja alguma atividade desinteressante. Quando a aula é planejada considerando as características e necessidades do grupo, somente o que for incompreensível, corriqueiro, comum ou fácil demais afastará as crianças. Assim, como dizem os grandes autores da Educação, à criança só interessa por aquilo que tem significado para ela.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Para o desenvolvimento desta pesquisa, a metodologia e procedimentos que foram por mim adotados estão de acordo com as concepções de alguns autores, em especial Piaget e Vygotsky, que visam à aprendizagem por meio das atividades lúdicas como: jogos, brinquedos, brincadeiras, rodas cantadas e demais elementos da cultura motora infantil. Assim qualquer proposta motora, desde que se dê de forma lúdica e significativa, estimula interjeições de alegria e contentamento entre as crianças. Para elas, as brincadeiras mesclam as necessidades, os interesses e motivações, cabe ao professor conduzi-las da melhor para que possam reverter em atividades que proporcionem atitudes positivas, bem estar e crescimento mútuo.

Quando se trata de educação, sabemos que são muitos os desafios a serem enfrentados para que esta área possa ser considerada como geradora dos avanços científicos. Ao compará-la com outros setores (medicina, engenharia, informática), onde as inovações aparecem com frequência, percebemos que nos últimos 50 anos pouco aconteceu, e os avanços ocorridos não chegaram a reverter o processo como um todo. Porém, os educadores estão sempre buscando desmistificar essa concepção, pois os mesmos têm seus sonhos, suas conquistas, suas lutas e o principal ingrediente que é o “amor” a profissão e para com as crianças.

Educar não se restringe apenas em repassar informações ou apontar apenas um caminho, cujo, caminho o professor supõe ser o mais correto, mas é ajudar a pessoa a adquirir consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. Sobretudo significa aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros.

Para Piaget (1983): “as raízes do raciocínio lógico terão que se basear na coordenação das ações a partir do nível sensório-motor, cujos esquemas têm importância fundamental desde o início”. (p. 72)

 De acordo com o autor há alguns aspectos fundamentais para a compreensão da importância da ação motriz como meio de construir os esquemas que proporcionarão condições para construções posteriores. Desde pequenas (entre zero e dois anos), as crianças estruturam sua bagagem cognitiva agindo sobre objetos de conhecimento; assim, nesta etapa, a forma prioritária de apropriação da realidade exterior se dá por meio da ação.

Segundo Vygotsky (1989), “esta ação assim se configura: a atividade do sujeito é um importante aspecto da formação da consciência, admitindo igualmente que a imaginação, como todas as funções da consciência, surgem originalmente da ação”. (p. 46)

Em seus estudos Vygotsky valoriza, essencialmente, a interação do sujeito com seu meio cultural, acreditando que são a ação deste que determina a formação das funções psicológicas superiores, como a atenção, a memória, a linguagem etc.

Wallon (1966) atribuiu especial atenção a sensório- motricidade, ao afirmar que “o espaço motor e o espaço mental se supõem de tal maneira que a perturbação de arrumar os objetos no espaço se associa a de ordenar as palavras na frase” (p.147).

Logo o educador é o responsável pelos conteúdos relativos à cultura motora, capaz de educar o movimento do aluno ao tratar das habilidades necessárias para pular corda, brincar de amarelinha e jogar queimada entre outros. Educaria por meio do movimento ou pelo movimento, devido às aprendizagens proporcionadas pelas experiências vividas: conhecer o próprio corpo e seus limites envolver-se com os demais colegas, arriscar-se e aprender com as emoções do risco etc. E, por fim, educaria sobre o movimento, ao poder, mediante as brincadeiras, jogos, atividades rítmicas e expressivas, proporcionar situações com as quais os alunos construíssem conhecimentos sobre as formas adequadas de transportar o colega sem se machucar, ao saltar, executar movimentos de amortecimento, ao rolar, adotar a postura grupada para proporcionar fluidez e segurança ao movimento etc.

Os autores supramencionados aproximaram de forma irrefutável a ideia de ação motora como suporte para o desenvolvimento cognitivo. Portanto a possibilidade de organizar a fala, em consequência, o pensamento, coincidiu com a habilidade de movimentar-se em um dado espaço. Estritamente, Wallon referir-se a questão do movimento como precursor do pensamento, estudou crianças que, impossibilitadas na sua ação, não atingiram níveis satisfatórios de raciocínio lógico ou, se o fizeram isso se deu parcialmente, ao elaborar representações mentais menos sofisticadas.

Considerando a relevância que a infância representa na formação do indivíduo, devem-se ponderar cada fase do desenvolvimento infantil, visto que, cada uma tem suas próprias características e, portanto exige estudos aprofundados sobre métodos pedagógicos pertinentes. As variedades dos estímulos fornecidos e atuação intencional do professor na aula devem levar em conta a particularidade da fase da criança analisando cada jogo, brincadeira que possam auxiliá-la no seu desenvolvimento integral. Vale ressaltar que a criança precisa conhecer a si própria, testar seus limites, modificar seus gestos, compreender a função dos seus movimentos e criar novos movimentos que as auxiliem a superar suas dificuldades.

Com base nessas informações sobre a infância, evidenciou-se o papel das atividades motoras como meio de formação humana, sobretudo, na Educação Infantil e no ciclo inicial do Ensino Fundamental. Nestas etapas confirmou-se que o movimento é uma forma expressiva de muita importância para as crianças; logo, todos os educadores têm a obrigatoriedade de compreendê-lo. Faz-se necessário decifrar que muito além de um olhar biológico ou fisiológico, o corpo que corre e cresce é o mesmo que sente, conhece e se expressa. À vista disso, uma compreensão mais apurada da motricidade infantil é imprescindível aos profissionais que atuam na escola, mais precisamente na edução infantil.

Todavia os movimentos psicomotores, unidos aos jogos e atividades expressivas, realizadas em um clima que favorece a relação entre professores e alunos, desempenham papel crucial na estruturação do esquema corporal.

Em Piaget (1976), “os jogos não são apenas uma forma de entretenimento para gastar energias das crianças, mas sim meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual”.

Pensando nisso o jogo é, portanto, sob as duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, suprindo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Consequentemente os métodos ativos de educação das crianças exigem a todos os educadores que forneçam às mesmas um material apropriado, com a finalidade de que, quando estão jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais e que sem isso permanecem exteriores à inteligência infantil.

De acordo com as teorias de Vygotsky, (1998), “a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem a regra do jogo, por exemplo, através da ajuda dos outros e não como o resultado de um comprometimento individual na solução de problemas”. Desta maneira, aprende a controlar seu comportamento pela reação, quer ela pareça agradável ou não.

A formação lúdica se fundamenta em pressupostos que valoriza a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas experiências corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora.

O processo de formação do educador não é um quebra-cabeça com recortes definidos, depende da concepção que cada profissional tem sobre a criança, homem, sociedade, educação, escola, conteúdo e currículo. Neste contexto, as peças do quebra-cabeça se diferenciam, possibilitando diversos encaixes.

Devemos considerar que a infância é a época na qual a criança mais gosta de brincar. Brincando, ela aprende muito melhor. Como afirma Gallahue e Ozmun, as brincadeiras são o modo básico pelo qual elas tomam consciência de seu corpo e de suas capacidades motoras.

À medida que o adulto vivencie sua ludicidade, maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa. A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara e objetiva sobre a importância do lúdico para a vida da criança, do jovem e do adulto.

Para definir a brincadeira infantil, devemos nos atentar a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade que deve estar sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem, e ainda a importância desta ludicidade nas intervenções e prevenções de problemas de aprendizagem na visão da psicopedagogia. Neste contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e estabelecendo hipóteses de conhecimento e, ao mesmo tempo, aprimorando a capacidade de compreender pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em relação aos outros, e ainda é nesse ato que podemos fazer diagnóstico e prevenir futuros problemas de aprendizagem infantil. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil.

O desenvolvimento da criança e por consequência seu aprendizado ocorrem quando participa ativamente, seja discutindo as regras do jogo, seja propondo soluções para resolvê-los. Em todos esses momentos é de extrema importância que o professor também participe e que propõe desafios em busca de uma solução e de participação coletiva, o papel do educador neste caso será de incentivador e de mediador da atividade. A participação e intervenção do professor é necessária e conveniente no processo de ensino-aprendizagem, além da interação social, ser indispensável para o desenvolvimento do conhecimento.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23):


Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.


Neste sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do brincar na Educação Infantil, numa visão dialógica, moderna e transformadora, pautada numa educação que visa qualidade e resultados precisos e positivos, pois segundo os autores pesquisados, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem de forma significativa.

Assim passamos a entender que movimentos não podem e devem ser padronizados e que, apesar dos movimentos que as crianças realizam ao longo de seu desenvolvimento, existem outros fatores que devem ser levados em consideração, como os socioculturais. É fundamental também conceituarmos que cada criança possui um ritmo individual e particular de aprendizagem, aprimoramento e amadurecimento.

Enquanto Vygotsky fala do faz-de-conta, Piaget fala do jogo simbólico, e pode-se dizer segundo Oliveira (1990), que são correspondentes. “O brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na criança”. (Oliveira, 1990), lembrando que ele afirma que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: a real e a proximal. A zona de desenvolvimento real é a do conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida, de início, com o auxílio de outras pessoas mais “capazes”, que já tenham adquirido esse conhecimento.

As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. (Vygotsky, 1989). Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.

Nesse sentido a educação psicomotora é substancial na fase infantil. O propósito da escola não é o de ensinar comportamentos motores para as crianças, mas o de lhes permitir por meio de brinquedos, jogos, brincadeiras, danças, músicas, histórias ou atividades expressivas, exercer a função de ajustamento individual ou de se ambientar com outras crianças. A atividade lúdica é, pois, prioridade tanto na educação infantil como no ensino fundamental de 1ª a 4ª ano. É através desse tipo de atividade que o educador pode contribuir efetivamente para que a criança adquira maior e melhor percepção das diferentes partes do corpo e da estrutura do esquema corporal.

À frente dessas abordagens ficou notório que a motricidade não é apenas apresentar maior rendimento em determinadas habilidades, mas, sim, uma forma de levar a criança a conhecer o seu próprio corpo e todas as suas possibilidades como um todo.

De acordo com os PCNs, podemos perceber que a cultura corporal é a ressignificação dos movimentos criados pelo homem ao longo da história, sejam eles de ordem militar, tecnológica, religiosa, relacionados a rituais e festas ou razões apenas lúdicas. “Considerando todos esses movimentos, dentro desse universo de produções da cultura corporal, algumas características foram incorporadas pela Educação como instrumentos de ação e reflexão: os jogos e brincadeiras, os esportes, as ginásticas, as lutas e as danças, que tem em comum a representação corporal de diversos aspectos da cultura humana”.

No mundo infantil, as atividades corporais ou da cultura corporal e motora é incomensurável e muito precioso; é o mundo dos brinquedos, das atividades expressivas, representadas pelas brincadeiras, cantigas de roda e pela dança, dos jogos e dos esportes, e esse mundo deve ser diligenciado de forma lúdica no âmbito escolar. Pode-se dizer que todos os alunos devem ter acesso às práticas da cultura corporal. Tais práticas muito contribuem para que cada um se expresse e se manifeste de acordo com o seu modo pessoal. Todas essas atividades são extremamente importantes para o desenvolvimento infantil.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Através desse trabalho, pode-se verificar a importância do lúdico na Educação Infantil, considerando que a criança aprende melhor brincando, sendo ainda hoje alvo de muitos debates e reflexões a seguinte questão:

Por que utilizar o brinquedo, os jogos e as brincadeiras no desenvolvimento Infantil?

Porque sabemos que o universo infantil tem como característica principal a intensidade de movimentos, e é de primordial importância tratar das especificidades do campo do conhecimento desde a Educação Infantil. Assim sendo, podemos destacar a necessidade de uma concepção didática- metodológica para ser concebida e trabalhada na Educação Infantil, uma concepção que respeite a criança em seu desenvolvimento, e que trabalhe os aspectos cognitivos, sociais, afetivos e motores de forma integrada e conjunta, empenhando todos esses aspectos a criança irá desenvolver seu olhar crítico  para as relações sociais na qual está inserida, partindo da compreensão do seu mundo vivido.

Sabemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, mas principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades e capacidades da criança, visto que o conhecimento é construído pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a formação integral da criança. Portanto, a introdução de jogos e atividades lúdicas no cotidiano escolar é muito importante, devido à influência que os mesmos exercem frente aos alunos, pois quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e dinâmico o processo de ensino-aprendizagem.

No âmbito escolar e principalmente na educação infantil, o lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser encarado de forma séria, competente e responsável, tanto para educadores em trabalhos escolares, quanto para psicopedagogos nas intervenções de problemas de aprendizagem. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens em múltiplos aspectos. Na visão de estudiosos e pesquisadores a importância na aprendizagem, o lúdico vem favorecendo de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencias criativas das crianças, cabendo ao profissional intervir de forma adequada, sem atrapalhar a criatividade da criança. Respeitando o desenvolvimento do processo lúdico, o pedagogo poderá desenvolver novas habilidades no repertório da aprendizagem e na prevenção e intervenção de futuros problemas de aprendizagem infantil.

Sendo assim, o brincar se destaca novamente para nos revelar que os esquemas que a criança utiliza para organizar as brincadeiras, os jogos, os brinquedos são os mesmos que ela utiliza para lidar como o conhecimento. Nessa perspectiva podemos concluir que é fundamental esse entendimento a fim de que o educador possa identificar e intervir positivamente nas dificuldades da criança.

Para tanto, o professor deve compreender a importância das tentativas desenvolvidas com atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento do raciocínio. Deve aprender a respeitar a criança e valorizar cada descoberta que venha a fazer em sua vida escolar. O respeito pelas várias etapas deste desenvolvimento constitui uma conduta que, uma vez refletida, transcendem quaisquer que sejam as características do meio imediato. O que realmente interessa é atribuir a cada criança o papel de sujeito ativo na construção de formas cada vez mais aprimoradas de conhecimento, pois somente o indivíduo ativo é capaz de atuar frente às pressões sociais, compreendendo-as para transformá-las.

As crianças devem sentir-se sempre capazes de exercitar o que foi proposto. O progresso dos movimentos e das habilidades deve ser de qualidade crescente, superando obstáculos e aspirando a novos desafios. Esse progresso repercute nos demais movimentos e possibilita a introdução de outras e mais complexas atividades.

Para chegar até aqui foram utilizados encaminhamentos metodológicos aos quais constituem este artigo e estão baseados, em teorias de grandes pensadores, em especial Piaget e Vygotsky que visam à aprendizagem através da metodologia lúdica. Isto é, tudo aquilo que envolve a cultura corporal de movimento como: jogos e brincadeiras, danças, músicas, histórias ou atividades expressivas. Tais atividades devem transcorrer de forma prazerosa e lúdica, por conseguinte, muito contribuem para a aprendizagem e para o resgate dos valores humanos e éticos determinantes para a formação integral da personalidade e do desenvolvimento motor, intelectual e afetivo do ser humano. Para que tudo isso ocorra, o professor de Educação Infantil ao projetar suas atividades, deve se preocupar com a educação pelo movimento e com a educação do movimento.

Pressupõe-se que, para estruturar um programa, selecionar conteúdos, sejam eles de atividades corporais, sejam de qualquer outra disciplina, é necessário ter uma metodologia, ou seja, determinar o conhecimento, o método, os procedimentos e as técnicas que serão utilizadas para que os objetivos possam ser atingidos.

Portanto, toda a comunidade escolar possui um projeto político- pedagógico, onde está definida a filosofia ou a concepção que os professores deverão seguir. Partindo desse princípio as atividades corporais devem estar interligadas e fazer parte do programa da escola e não ser vistas como atividades isoladas, ou seja, a Educação Infantil, aqui representada pela cultura corporal, e as atividades por ela proporcionadas deverão estar intimamente relacionadas as aprendizagens cognitivas e afetivas.

Neste sentido, os contatos físicos, o carinho e o afeto que as crianças recebem e trocam com seus pares, é muito importante para o seu desenvolvimento infantil, o corpo é via de acesso ao mundo. Maior ou menor mobilidade, flexibilidade, agilidade ou autonomia dependem em grande parte, da quantidade e das experiências motoras vividas ou com as quais a criança se depara no dia a dia.

Com base nas pesquisas e nos estudos realizados por meio deste artigo ficou em mim pesquisadora a convicção que os objetivos foram alcançados, pois através do mesmo pude obter conhecimentos significativos a respeito do lúdico na Educação Infantil, tendo como ação pedagógica abrangente: cognitiva, afetiva, social e psicomotora. Ou seja, tudo o que vem a envolver a cultura corporal de movimento.

Um dos pontos mais significativos para a conclusão deste artigo que considero extremamente relevante é a importância do brincar na Educação Infantil no desenvolvimento integral do educando, não apenas sob o ponto de vista motor, mas também intelectual físico afetivo e social.

Fica evidente que educar é propiciar espaço e apoio os quais são essenciais para revelar o que já existe dentro de cada ser. É também, poder estar perto daquele que está crescendo e querer imensamente que ele cresça segundo sua própria lei; é ver o todo em cada pessoa; é sua transformação e a transformação de seu futuro.

Firmada pelas propostas dos autores acima citados e por intermédio deste artigo, ficou a certeza de mais um valioso aprendizado, que foi uma âncora na construção do meu conhecimento, dando-me mais segurança e suporte para enfrentar os grandes desafios que a discrepância dos processos educacionais nos propõe.


REFERÊNCIAS

 

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MATTOS, M. G; NEIRA, M. G. Educação Física infantil: inter- relações movimento, leitura e escrita. São Paulo: Phorte, 2002.

 

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PIAGET, Jean, A Psicologia da criança.

 

TANI, Go et al. Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU,1998.

 

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente, Psicologia e Pedagogia, São Paulo: Martins Fontes, 1991.

 

WEIGEL, A. M. G. Brincando de música: Experiências com sons, ritmos, músicas e movimentos na pré-escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988.

 

XAVIER, T. P. Métodos de Ensino em Educação Física. São Paulo: Manole, 1986.