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O LETRAMENTO E A ALFABETIZAÇÃO COMO ELEMENTO COMPLEMENTARES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

 


Literacy and literacy as complementary elements in the learning process in the construction of knowledge

Iraci Alves Ferreira Gresele¹

Silvia Stering²*

 

RESUMO:

O artigo apresenta uma abordagem sobre o letramento, alfabetização, bem como a importância da leitura e produção dos gêneros textuais na sala de aula. O letramento tem pressuposto na função social e mostra sua importância no contexto social desde o seu surgimento, visto que o processo de alfabetização consiste no ato de ler e o escrever e deve estar interligado com o letramento numa sequência didática que vise o refletir, conhecer sobre a dinâmica do conhecimento do século XXI com ênfase para leitura e escrita. Além disso, é válido ressaltar e potencializar o trabalho com os gêneros textuais na sala de aula conforme orientação desde a década de 90 dos PCN’s, sendo que o trabalho se orienta de pesquisa bibliográfica e de ordem qualitativa tendo como fundamentação teórica: Costa(2016), Kleiman (2014), Mortatti (2007), Soares, (2007) e Vigotsky(2007). Portanto, a importância do letramento e a alfabetização no processo de ensino-aprendizagem com a sequência didática de gêneros textuais potencializam e contribui significativamente para o conhecimento numa perspectiva que no espaço educativo.

 

Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Leitura.

 

ABSTRACT

The article presents an approach on literacy, literacy, as well as the importance of reading and producing textual genres in the classroom. Literacy is based on the social function and shows its importance in the social context since its emergence, since the literacy process consists of the act of reading and writing and must be interconnected with literacy in a didactic sequence that aims to reflect, to know about the dynamics of 21st century knowledge with an emphasis on reading and writing. In addition, it is worth emphasizing and enhancing the work with textual genres in the classroom as directed since the 90s of the PCN's, and the work is guided by bibliographic and qualitative research with the theoretical basis: Costa (2016), Kleiman (2014), Mortatti (2007), Soares, (2007) and Vigotsky (2007). Therefore, the importance of literacy and literacy in the teaching-learning process with the didactic sequence of textual genres potentiate and contribute significantly to knowledge in a perspective that in the educational space.

Key-words: Literacy. Literacy. Reading.

 

1 Introdução

 

O letramento desde o seu surgimento que foi na década de 80 tem de fato sido muito importante para educação brasileira, oportunizando muitos estudos e pesquisas de relevância em torno desta temática, visto que letramento e alfabetização no cenário nacional são de extrema importância para o contexto educacional. Além disso, cabe afirmar que a base da educação está na alfabetização e assim sucessivamente com os anos que seguem dentro do processo ensino-aprendizagem. Assim, ao tratar de leitura e escrita é importante no contexto da sequência didática quando se pensa em potencializar e trabalhar o ensino através dos gêneros textuais tendo como foco o letramento. Vale ressaltar que desde quando a criança chega à escola já tem uma bagagem rica e cabe a escola sistematizar através da escrita, e da sua função social, bem como valorizando o seu conhecimento prévio de forma que o aluno potencialize os saberes.

Desta maneira, a alfabetização converge com o letramento que tem uma função social, além do ler e do escrever os textos, por isso a importância do trabalho com os textos para a leitura e a escrita no processo pedagógico. Portanto, a compreensão da leitura e da escrita no processo da alfabetização, associado com o letramento, potencializa o processo de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento de habilidades e competências conforme a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Compreende-se que o letramento perpassa uma série de conhecimento que consegue atingir leitura de mundo e escrita que enriquece o saber humano ao longo de sua vida. Além disso, ressalta-se que a elaboração deste artigo se baseou na pesquisa bibliográfica e faz parte da dissertação, assim cita prática de letramento no fazer pedagógico.

 

2 Metodologia

Para realizar o atual artigo seguiu-se os requisitos de pesquisa de ordem bibliográfica, com entrevista a partir de questionários, tendo, porém uma abordagem qualitativa, para tanto o trabalho divide-se em resumo, introdução, contexto histórico, metodologia a qual foi necessária para o desenvolvimento da pesquisa básica, seguida das considerações finais e referências para a fundamentação teórica. Tendo como objetivo este artigo abordar sobre o letramento dentro de um contexto histórico e a importância que o tema tem para educação como forma é um trabalho exploratório que busca conhecer mais sobre determinado tema. Gil (2010) afirma que pesquisas exploratórias proporcionam familiaridade com o problema, torna-o mais explicito, sendo o planejamento flexível e considera aspectos do fenômeno a ser estudado. Para Medeiros (2017) destaca-se que a pesquisa, constitui-se num procedimento formal para obter conhecimento sobre a realidade e, portanto, exige pensamento reflexivo.

No entanto, o artigo baseia-se na pesquisa bibliográfica e espera-se que contribua de fora significativa para educação e o processo de ensino aprendizagem no contexto de alfabetização e letramento. Portanto, os resultados esperado através da pesquisa bibliográfica contribui de forma significativa para fundamentação desse trabalho, como forma de alinhamento com o tema, contudo a compreensão e a reflexão sobre a temática enriquecem saberes. Conforme menciona Medeiros: “A pesquisa bibliográfica em qualquer pesquisa científica é importante e compreende desde a escolha do tema até análise e interpretação dos dados (2017, p.39)”.

 

3 Resultados esperados

Esse artigo tem como objetivo uma reflexão sobre alfabetização e letramento dentro de um contexto histórico e prática do professor que coletou-se através da entrevista, ao interpretar os dados cita-se uma prática de letramento. E por meio da pesquisa com as leituras possibilitar adquirir conhecimento para refletir e analisar dados obtidos como procedimento da pesquisa de dissertação para a conclusão do mestrado.

Portanto, a prática do letramento dentro do contexto escolar é importante para o desenvolvimento das habilidades dos alunos como forma de construção do conhecimento, entende-se que o professor através de um trabalho que alie a alfabetização e o letramento possibilita novos saberes efetivamente no cotidiano do aluno. Assim, compreendemos que a leitura e escrita possibilitam conhecimentos práticos que os alunos tem e que possam favorecer melhor qualidade de vida no cotidiano, e a escola contribui com atividades voltadas para melhor desempenho do aluno no decorrer da vida.

 

4 Contexto Histórico

Na década de 80 a palavra letramento surgiu no cenário educacional de vários países e, obviamente do Brasil. E neste cenário educacional Mortatti (2004) insere e explica os seus significados de acordo com o andamento da educação brasileira, sem desconsiderar de fato o momento político, social e econômico, portanto era preciso aprender a ler e a escrever. Além disso, à proporção que se tornam numerosas e complexas as demandas sociais pelo uso da língua escrita e até mesmo pela exigência, surgem novas palavras. O autor afirma que a palavra denominada letramento é de origem inglesa: literacy.

No entanto, na década de 1920 um censo demarcou o termo em relação de analfabetismo no Brasil, logo na década de 1980, o termo letramento surge fortemente com perspicácia como forma de tornar forte o sistema educacional. Assim, a relação de alfabetização e letramento no processo de ensino–aprendizagem em função da construção do conhecimento amplo.

Conforme Mortatti (2004), o conceito de letramento está relacionado às funções da língua escrita numa sociedade letrada. Para Soares (2007, p.33) que hora de fato nomeia letramento de alfabetismo como palavras sinônimas evidentemente:

 

[...] o alfabetismo não se limita pura e simplesmente à posse individual de habilidades e conhecimentos; implica também, e talvez principalmente, em um conjunto de práticas sociais associadas com a leitura e a escrita, efetivamente exercidas pelas pessoas em um contexto social específico.

 

No entanto, como já foi expresso à alfabetização, segundo Mortatti (2004) ocorre em diferentes níveis de habilidades e conhecimento, sendo o produto, ler e escrever, ainda que seja um processo, para tanto o letramento é um processo contínuo, sendo o produto final sem data definida, tanto para individual quanto para o social. Desta maneira, consciente ou inconscientemente, faz o leitor/ educador refletir sobre como atua, sobre a formação individual e social, bem como sobre seus modos de sentir, pensar e agir perante o mundo.

 

Embora alfabetização não seja pré-requisito para letramento, este está relacionado com aquisição, utilização e funções da leitura e escrita em sociedades letradas, como habilidades e conhecimentos que precisam ser ensinados e aprendidos, estando relacionado também com a escolarização e a educação e abrangendo processos educativos que ocorrem em situações tanto escolares quanto não escolares (MORTATTI, 2004, p.11).

 

Segundo Mortatti (2004) a palavra educação é originária do (do latim educatio, educere- conduzir para fora de), desta forma, a educação é uma maneira que o ser humano tem de ensinar e aprender no processo de desenvolvimento em diferentes possibilidades de sua formação e momentos da vida. Além disso, visa transmitir o conhecimento de acordo com a tradição da cultura, sendo ela de ordem política, social, ou econômica para que haja transformações para as novas gerações, sendo que a educação tem um papel preponderante de ação de mediar este processo, através do letramento educativo entre os alunos onde dar-se-á a leitura e a escrita de forma efetiva e com criatividade.

É importante compreender que desde o Império, no de 1834 a educação foi considerada obrigatória no Brasil e com a Constituição, a educação aconteceu gradativamente. A leitura e a escrita acontecem em diversas situações do cotidiano do ser humano a fim de que ele exerça a cidadania, porém a escola pode promover estes saberes que é primordial para o cotidiano da sociedade.

 

De fato, ainda é preciso aprender ler e escrever, mas a alfabetização, entendida como aquisição de habilidades de mera decodificação e codificação da linguagem escrita e as correspondentes dicotomias analfabetismo x alfabetização e analfabeto x alfabetizado não bastam. É preciso, hoje, também saber utilizar a leitura e a escrita de acordo com as contínuas exigências sociais, e esse algo mais é o que se vem se designando “letramento. (MORTATTI, 2004, p, 34)

 

Quando se aborda a construção dos saberes de forma dinâmica entende-se que é viável compreender a alfabetização e letramento como processo interligados dentro do processo de aprendizagem na leitura e escrita na produção dos gêneros textuais.

 

É preciso, portanto, que o leitor não apenas entenda as palavras que compõem o texto, mas que perceba o contexto em que ele foi produzido, o gênero em que ele está inserido, com suas características e formas específicas, os possíveis sentidos do produtor do texto e as informações implícitas que o texto nos dá, entre outros aspectos. (LUNA, 2017, p.17)

 

Conforme os PCNs sobre a importância de trabalhar na sala os gêneros textuais, porque eles estão presentes no cotidiano na vida dos alunos e cumprem diversas funções de divertir, entreter, anunciar, comunicar, relatar, informar, instruir, persuadir, divulgar, documentar, entre outras.

Por isso, ao trabalhar os gêneros textuais na sala reforça a idéia do letramento e os sentidos do texto, suas particularidades explicitas e implicitamente formas e contextos que está inserido os interlocutores em prol das aprendizagens.

 

Observamos que o texto é uma forma que os leitores têm de interagir com as práticas socioculturais, pois o texto é uma manifestação de um evento comunicativo. Através dele, podemos nos comunicar nos expressar de diferentes formas e conseguimos também compreender e sermos compreendidos. (LUNA, 2017, p.20)

 

Desta forma a leitura na sala nos possibilita bons resultados, mas exige dedicação com promoção de gêneros textuais para compreender o mundo que nos cerca e transformá-lo. Assim, dizemos que a alfabetização propicia o letramento dentro de aspectos contextualizados e marcados pela leitura como habilidade para todas as ocasiões das práticas sociais que vão possibilitar a qualidade de vida aos cidadãos no exercício da cidadania. A leitura possibilita o aprender, a comunicação, descobertas, o conhecimento, o viver do ser humano.

 

O letramento escolar diz respeito à apropriação da leitura e da escrita de forma mais profunda, mais formal. Antes havia uma dicotomia do letramento social com o escolar, fato que separava as práticas sociais dos eventos escolares, depois se chegou ao consenso de que a escola não poderia estar à parte do que acontece à sociedade, então se passou a entender o letramento como uma aprendizagem que engloba as práticas sociais dentro e fora da escola (LUNA, 2017, p.26).

 

Compreendemos que as práticas tanto da leitura quanto da escrita deixam o aluno com condições de constituir sua cidadania e o letramento representa e possibilita maiores oportunidades na sociedade tão exigente. É através do processo de interação da linguagem que produzimos textos, sejam eles orais com interlocutores na comunicação no cotidiano, por isso a importância do diálogo, a troca de saberes no ambiente de aprendizagem na construção do conhecimento com dinamismo e com os acontecimentos culturais, escolares e sociais.

No processo de alfabetização se ensina o aluno a decodificar as letras, a fazer com que ele se aproprie dos códigos de leitura e de escrita da língua, para compreender o significado da aprendizagem que está em vários espaços. A partir desta apropriação, compreensão dos códigos que surge o letramento. O letramento é a continuação da alfabetização para formar leitores e escritores. Além do que, o professor exerce papel muito importante dentro deste contexto de alfabetização para o letramento.

Quando lemos um texto, atribuímos vida a ele, ou seja, começamos a entrar no mundo de sentidos e ativamos nosso conhecimento prévio, experiências de vida, crenças, valores e questionamentos para construir sentido ao texto dentro de um determinado contexto. Além disso, a leitura é compromisso de todos os professores, de todas as disciplinas, visto que todas precisam da leitura para lecionar e para interagir com o aluno e com o texto.

Em virtude disto, tanto as leituras quanto aos gêneros textuais desempenham papéis importantes no contexto escolar para o ensino da língua e para desenvolver as habilidades que envolvem a produção textual. Portanto, o uso dos gêneros textuais faz parte da vida do ser humano para ser usado de acordo com cada situação, desde uma receita de bolo até um simples bilhete deixado na geladeira, ou até mesmo uma mensagem de Natal.

Compreendemos que o aluno aprende precisa pensar, refletir e compartilhar suas ideias com os colegas de sala para desenvolver as habilidades de compreensão de gêneros textuais e leitura. Para Costa (2016) compreender gêneros discursivos é fácil e refere-se a construtos linguísticos que atendem às variadas situações do ser humano, tais como escrever uma carta, um bilhete, um poema, um conto, etc. Deste modo não devemos confundir os gêneros do discurso com os tipos de textos que são cerca de cinco(descritivo, narrativo, dissertativo, expositivo e injuntivo) cada qual desempenha sua função conforme situação e predomínio no momento da escrita.

Conforme a orientação de Costa (2016, p.10):

 

A nossa concepção de gênero discursivo é, portanto, ligada totalmente à prática sócio-histórica. É uma forma de intervenção social; ao tempo em é um modo cultural de fazer e refazer-se, é instrumento de mediação entre o indivíduo e o mundo.

 

Desta maneira, compreender o gênero discursivo é parte integrante para uma prática e para uma intervenção como um instrumento importante entre o indivíduo e o mundo durante o longo de sua existência. Por isso, também a escrita tem o papel fundamental na sociedade em relação aos gêneros textuais, embora sabemos que o ensino de gênero é algo recente nas escolas.

No entanto, o ensino tradicional era voltado para a gramática normativa, foi após a publicação dos PCNs, que tem proporcionado o interesse e, focado mais em pesquisas sobre os gêneros textuais e nesta sequência didática em sala de aula. Assim, devido à necessidade de comunicação, faz-se o uso do diálogo nas interações de linguagem dentro do processo educativo. Bem como, é o conhecimento prévio requisito indispensável para que a leitura seja realmente compreensível, mas também para a produção de textos escritos e orais. Obviamente o nível de leitura favorece o conhecimento prévio, isso acontece através de experiências ao longo da vida. Portanto, a leitura e potencializar a produção de texto são fundamentais, além disso, o letramento da escrita não é algo que deve acontecer sem um propósito Costa (2016, p.40) afirma que:

 

O letramento é ferramenta para um ser em permanente construção. Diferentemente da alfabetização que é um ato de codificar/decodificar, típico do aprendiz em fase de aquisição da linguagem verbal escrita, que faz parte do processo inicial de letramento (mas que também não é um ato descontextualizado, muito menos neutro), que por si só não define letramento, pois este envolve uma implicação do uso da linguagem no traquejo social do indivíduo que aos poucos vai formando sua identidade, sua formação e seu papel junto aos seus pares.

 

No entanto, compreendemos o letramento acadêmico como uma ferramenta que é promovida no espaço escolar com a participação da comunidade em inicialização com o processo de alfabetização na concepção da aquisição de ler e escrever, para que em conjunto com as práticas sociais na formação do indivíduo para o exercício da cidadania com autonomia no convívio em sociedade numa complementaridade.

Os seres que humanos usam a linguagem para o desenvolvimento do processo de comunicação com os pares numa dialogicidade para que possamos expor ideias e informações. A escrita é muito importante neste processo, mas a oralidade também tem seu valor para à construção dos saberes, visto que oralidade(fala) precede a escrita.

Por outro lado, o letramento não acontece somente na escola. Porém, cabe a escola a responsabilidade de ensinar, orientar, promover, motivar, incentivar ao aluno a leitura e a escrita. Mesmo sabendo, que por toda parte as letras e falas estão presentes, no cotidiano dos alunos, no diálogo, nos meios de comunicação, nos jogos eletrônicos e estamos inseridos nessas práticas de linguagem que fazem parte do mundo atual.

Conforme orientação dos PCNs como ponto de partida os gêneros textuais como forma de organização do discurso e a estrutura do texto, tema, produção, situação de produção para uma efetividade prática de linguagem. Além disso, na reescrita de textos na escola o uso desta estratégia indica uma forma de letramento, pois revela o conhecimento do aluno.

A alfabetização trata-se de um processo complexo, de uma multiplicidade de perspectivas e com a colaboração de diferentes áreas do conhecimento, que envolve os professores e alunos em contextos culturais, métodos e materiais e meios diferentes. Mas a vida humana é de si muito complexa, mas conforme diz Vigotsky:

 

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas, através do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social (2007, p. 20).

 

A aprendizagem da língua materna, seja escrita, seja oral, é um processo oral, é um processo contínuo. Para Soares diz que (2007) “entretanto, é preciso diferenciar um processo de aquisição da língua(oral e escrita) de um desenvolvimento da língua (oral e escrita), este último é que, sem dúvida nunca interrompida(p.15). ” Além do que, a alfabetização consiste na aquisição da língua escrita, as habilidades de ler e escrever. Soares(2007) ainda afirma que “alfabetização em seu sentido próprio, específico: processo de aquisição do código escrito das habilidades de leitura e escrita(p.15) ”.

A variação da conceituação de alfabetização, orienta-se conforme- características culturais, econômicas e tecnológicas. Na realidade Soares (2007) salienta que a alfabetização, não é apenas uma habilidade, é um conjunto de habilidades, que caracteriza um fenômeno de natureza complexa, multifacetado. É valido compreender a complexidade da abordagem em torno dos apontamentos da autora sobre características do conceito, pois realmente é pontual.

Por isso, que a alfabetização tem sido alvo de estudo por diferentes profissionais, devido sua complexidade. Portanto, diante de tantas facetas: psicológica, psicolinguística, sociolinguística e linguística. Procura-se compreender o processo de ensino- aprendizagem de ler e escrever com ênfase para o letramento.

Ao chegar à escola, é sabido que a criança já domina uma determinada linguagem da língua oral. Vigotsky afirma o aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança. Além disso, tem como ponto de partida o fato de as crianças começa seu aprendizado antes de frequentarem a escola. Sendo assim, já tiveram as experiências de linguagem matemática fora do contexto escolar, evidentemente aprendeu com os familiares, seja com o pai, mãe, alguém da família. Sendo a linguagem mais próxima ou mais distante da escrita convencional que se trabalha na escola. Além dessas diferenças do modo de falar, língua oral e língua e língua escrita são usadas para diferentes formas de comunicação em situações sociais e com objetivos diferentes de acordo com a situação de comunicação.

Portanto, Soares (2007) afirma que precisa ter características interdisciplinar, e considerar aspectos sociais e políticos em função da aprendizagem, da leitura e da escrita em função de uma integração.

É bem verdade que:

 

A escola valoriza a língua escrita e censura a língua oral espontânea que se afaste muito dela, ora a criança das classes privilegiadas por sua condição de existência, adapta-se mais facilmente às expectativas da escola, tanto com relação às funções e usos da língua escrita, quanto em relação ao padrão culto da língua oral. (Soares, 2007, p.22)

 

Desta maneira ao pensar as implicações educacionais na alfabetização tem condicionantes sociais, culturais e políticas com fortes influencias nos métodos, no material didático, cartilha e até mesmo na formação do professor da alfabetização. Nos anos 90 as cartilhas sofreram duras críticas e surgiram os livros de alfabetização.

No entanto, apesar de toda discussão em torno de materiais, métodos e formação que são relevantes. Todavia, enfrenta-se uma realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, dos alunos já sequer mais, é necessário que saibam fazer uso da mesma, incorporando-a e transformando-a no seu cotidiano.

E conforme estudos de Soares (2007) entende-se alfabetismo: como estado ou uma condição, refere-se não a um único comportamento, mas a um determinado conjunto de comportamentos que se caracterizam por sua variedade e complexidade. Diante deste comportamento duas dimensões: a individual que é visto como algo pessoal,sendo um conjunto de habilidades e conhecimentos linguísticos e psicológicos, decodificar palavras até a capacidade de compreender textos. Assim, relaciona-se com as habilidades de leitura e escrita na dimensão individual. Desta maneira compreende-se que as habilidades de desenvolvimento da leitura e escrita é um processo contínuo.

Na dimensão social: fenômeno cultural de atividades que envolvem demandas e uso da língua escrita em uma prática social de como os alunos agem em determinado contexto efetivamente de posse das habilidades de leitura e escrita.

 

Além disso, de um ponto de vista sociológico, em cada sociedade práticas de leitura e escrita diferenciam-se segundo contextos sociais, exercendo papéis diversos na vida de grupos ou de indivíduos específicos. Assim, pessoas que ocupam diferentes lugares sociais, exercendo diferentes profissões e vivendo estilos de vida, enfrentam demandas funcionais de leitura e escrita muito diferentes: sexo, idade, localização urbana ou rural, etnia são, entre outros, fatores que determina a natureza das práticas de leitura e escrita. (Soares, 2007, p. 37)

 

Para analisar as dimensões que ocorrem no letramento são inúmeras as perspectivas teóricas e metodológicas, mas procura-se compreendê-la do ponto de vista histórico, de acordo com sistemas, suportes e dos objetos de escrita e da sua acumulação ao longo do tempo. Além disso, tem a perspectiva antropológica sendo o estudo dos processos de introdução da escrita em culturas de oralidade como integração; numa perspectiva sociológica, a leitura e a escrita como prática social observando características de forma geral. Assim, na perspectiva educacional investiga as condições de como promove o alfabetismo, os processos metodológicos e didáticos com crianças e até os adultos no processo de alfabetização, de realidade e contextos diferentes que podem ter sucesso ou fracasso na aprendizagem da escrita.

Entretanto, busca-se qualidade em alfabetização que já dura décadas no processo de escolarização dos alunos, mas tem os fatores determinantes para verificar essa qualidade tão almejada, por meio da avaliação dos resultados do processo de ensino e aprendizagem da língua escrita. Além do que, encontram-se outros paradigmas curriculares e metodológicos que interferem na alfabetização.

Por isso, que a partir dos anos 90 o desempenho dos alunos de leitura e escrita, considerado como indicador do grau de qualidade do processo de alfabetização pelo (SAEB) Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica e (ENEM) o Exame Nacional do Ensino Médio para os alunos do ensino médio. Diante disso, faz-se uma reflexão de quão grande e valiosa é alfabetização desde os anos iniciais e a importância da leitura e escrita para o ensino médio em termos de desempenho.

Portanto, o processo de alfabetização deve consistir numa tomada de posição quanto os seus atributos e condições para o pleno exercício da escrita numa sociedade letrada e nesta aquisição de habilidades tanto de leitura quanto de escrita como parte da vivência do ser humano que deve consistir de para o pleno exercício da cidadania.

Diante do exposto, para elaborar as dimensões do aprendizado escolar para Vigotsky, sendo que a zona de desenvolvimento proximal corresponde de fato como o aprendizado deve ser estabelecido inicialmente em relação: leitura, escrita e matemática na faixa etária da criança. Assim, o primeiro nível de acordo com a idade mental da criança sendo chamado de zona de desenvolvimento proximal que define aquelas funções que não amadureceram, mas que estão no processo de maturação e que amadurecerão, mas presente em estado embrionário. O desenvolvimento mental para Vigotsky apresenta-se em dois níveis: o desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal.

 

Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (Vigotsky, 2007, p.97).

 

Como conforme afirma na conclusão do seu referido livro Vigotsky(2007, p. 144) afirma que:

 

[...] a escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida. Só então poderemos estar certos de que ela se desenvolverá não como hábito de mãos e dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem.

 

Partindo dos pressupostos históricos da alfabetização, o presente artigo baseou-se na revisão bibliográfica, e entrevista, visto que este trabalho é parte da dissertação de mestrado, utilizou-se a pesquisa qualitativa com intuito de fornecer informações para elaboração e fundamentação. Deve-se ressaltar, também, a importância da prática de letramento para o processo ensino aprendizagem. Sendo que uma prática sugestiva é o trabalho de letramento no fazer pedagógico de acordo com a pesquisa realizada através de entrevista com professores dos anos iniciais:

 

Trabalho várias práticas de leitura, escrita e oralidade; um exemplo, foi a confecção do Semáforo do comportamento, contendo as três cores: verde (livre), amarelo(atenção) e vermelho (falta grave). Observo o cotidiano do aluno e sua participação nas atividades e demais tarefas realizadas em sala. Se o aluno as desenvolve, permanece no sinal verde, (bom aluno). Se o aluno é chamado a atenção por brincadeiras e a não realização de algumas atividades, o mesmo vai para o amarelo e fica sobre observação. E se mesmo assim, continuar com as bagunças, distraído, as atividades sem realizar, este não cumprir as regras estabelecidas, sua falta será grave e irá para a casa de cor vermelha. Neste último, o aluno ficará em as aulas de informática, brincadeiras no parque, etc. Este jogo é bom para se trabalhar disciplina e a aprendizagem do aluno. (Professora F)

 

Conforme a prática de letramento relatada pela professora F são notáveis circunstâncias pertinentes do cotidiano: a confecção do semáforo. São práticas sociais que os alunos vivenciam e o desenvolvimento de atividade desta forma contribui para efetivar o ensino de práticas que envolvem a leitura, escrita e oralidade. Por isso, a importância de convergir a alfabetização com o letramento para o ato de ler e escrever para que tenha sentido e faça parte realmente do cotidiano dos alunos. Almeida (2007) menciona em seu livro “Práticas de alfabetização e letramento” o ambiente alfabetizador de leitura e da escrita são processos cognitivos que precisam ter um ambiente socialmente favorável. Além do mais, compreendemos que um ambiente favorável possibilita enriquecer e motivar os alunos a leitura para a construção dos saberes.

 

5 Considerações Finais

Entendemos que o letramento requer ainda um estudo minucioso, principalmente ao tratar e exemplificá-lo, visto que o termo surgiu na década de 1980. Além do mais, são várias as formas de definição para o conceito de letramento, valoriza-se desde então o conhecimento construído a partir de informações, até o letramento acadêmico formal que se aprende ao longo dos anos escolares e se constrói de forma gradativa com leitura, produções ano, após ano na educação escolar. Diante de tais situações em que o ser humano pode construir conhecimento através de experiências e convivências do seu ambiente. É importante ressaltar que o letramento amplia desta maneira as conceituações. Visto que leva em consideração o que o ser humano vive no cotidiano, como ele tem as aprendizagens que vão possibilitar para que possa ter uma vida melhor.

No mundo atualmente, século XXI as pessoas que vivem no centro urbano vivem cercadas de letras por todos os lados, propagandas, placas, sinalização referente ao trânsito, fachadas de lojas, placas de supermercados, farmácias e outros letreiros que fazem parte da paisagem urbana. Sendo assim numa sociedade contemporânea a escrita é parte integrante da vida do cidadão para que o mesmo possa fazer parte desta sociedade que é tão exigente. Além disso, com avanço tecnológico no mundo moderno a leitura e a escrita são cada vez mais necessárias para situações do cotidiano tais como: ir ao banco, depositar, ou sacar um dinheiro, ou fazer uma transferência on-line pelo aplicativo do seu celular e exige a leitura/escrita. A vida mesmo que seja numa era da tecnologia teve grandes avanços a leitura e a escrita tem seu papel primordial no processo de letramento em função da sua utilização e importância, ou seja saber lidar de forma eficiente com estás necessidades básicas para que o cidadão tenha êxito e exerça de fato a cidadania. A taxa de analfabetismo no país foi de 7,2% em 2016, ou seja, 11,8 milhões de analfabetos, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No entanto, pensar no letramento dentro da alfabetização nos anos iniciais é de suma importância para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, visto que propicia assinalar uma proposta pedagógica que tem consonância e converge com a responsabilidade de respeitar e valorizar o que o aluno já sabe e o que o mesmo pode construir ao longo dos anos escolares para que no processo de alfabetizar e letrar seja uma transformação que vai além da leitura e escrita que possibilite práticas sociais construtivas para o aluno ter uma vida com qualidade.

 

REFERÊNCIAS:

 

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Práticas de alfabetização e letramento( Oficinas aprender fazendo). São Paulo: Cortez, 2007.

 

Disponível<https://www.ibge.gov.br/busca.html?searchword=ANALFABETOS&searchphrase=all> Acesso em 23 de maio de 2019.

 

COSTA, Valmir Nunes. Gêneros discursivos e letramento. Jundiaí: Paco Editorial, 2016.

 

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5.ed. São Paulo:Atlas, 2010.

KLEIMAN, AngelaB.(Org). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2014.

LUNA, Natasha Ferraz Canto Pessoa de. Letramento: a leitura inferencial numa perspectiva sociointeracionista. Curitiba: Appris, 2017.

MEDEIROS, JOÃO BOSCO. REDAÇÃO CIENTIFÍCA. A Prática de Fichamentos, Resumos, Resenhas. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Educação e Letramento. 4.ed.São Paulo: Unesp, 2004.

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 5. Ed. São Paulo: Contexto, 2007.

TENUTA, Adriane Ribeiro Andaló. Prática de ensino em língua portuguesa: alfabetização e letramento: em busca da palavra-mundo: volume –único. São Paulo:FTD, 2010. (Coleção teoria e prática)

VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores.7.ed.São Paulo: Martins Fontes, 2007.