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REFLEXÕES SOBRE O ENFRENTAMENTO DO BULLYING NAS ESCOLAS

 

Vera Lúcia da Silva1

Valdecir da Silva2

Valter da Silva3

 

 

RESUMO

 

Hoje em dia tornou-se comum vermos, agressões, discriminações, preconceitos, etc, dentro das escolas. É notório que o índice de violência nas escolas cresce a cada dia. O bullying, por exemplo, pode ocorrer em diversos espaços da escola ou fora dela, assim como também em ambientes virtuais. O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão do enfrentamento do bullyng nas escolas. Para tanto foram feita uma revisão bibliográfica do tema em questão: bullyng nas escolas, no GoogleTM acadêmico e também na minha biblioteca particular. É fundamental que os educadores possuam uma formação alicerçada na Educação em Direitos Humanos com o intuito de formar cidadãos modelos que apesar da diversidade, da desigualdade e das diferenças não façam distinção entre si. Esperamos que os conceitos e as reflexões apresentados neste trabalho contribua para a erradicação do bullyng no ambiente escolar.

 

Palavras chave:

 

Bullyng, Educação em Direitos Humanos, Violência escolar.

 

INTRODUÇÃO

 

As pesquisas sobre o fenômeno da violência em meio escolar no Brasil tinham como foco, nos anos 80, a análise das depredações e danos aos estabelecimentos escolares. Já no período que compreende o final da década de 1990 até o ano 2000, prevalecem como foco dos estudos, as relações interpessoais agressivas entre os alunos e os agentes da instituição escolar (SPOSITO, 2001 citado por SILVA e SCARLATTO, 2009). É neste último que está inserido o bullying, um tipo de violência que tem sido objeto de investigação em alguns estudos nacionais e divulgado cotidianamente pela mídia. Segundo MARRIEL (2006), “O bullyng é qualquer ato de violência causada por um agressor ou grupo de agressores de forma repetitiva” e este ainda pode ser conceituado “como um conjunto de comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, como chutar, empurrar, apelidar, discriminar e excluir” (LOPES NETO, 2005; SMITH, 2002 citado por ANTUNES E ZUIN, 2008)

O bullying pode ocorrer em diversos espaços da escola ou fora dela, assim como também em ambientes virtuais, denominado bullying virtual ou cyberbullying, onde os recursos da tecnologia de informação e comunicação são utilizados no assédio (FANTE, 2005). O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão sobre o enfrentamento do bullyng nas escolas. Para tanto foram feitas revisões bibliográfica do sobre o tema: bullyng nas escolas, no GoogleTM acadêmico e também na minha biblioteca particular.

 

DESENVOLVIMENTO

 

A Assembleia Geral da ONU reunida em dezembro de 1994 reforçou a conferência de Viena destacando o papel da Educação em Direitos Humanos como o direito à educação e a promoção de uma cultura de paz mundial, regional e local, através da promulgação da Década da Educação em Direitos Humanos. Com isto foi aprovado em 2010 o Pacto Interamericano pela Educação em Direitos Humanos, onde afirmava o reconhecimento legal do direito à educação em direitos humanos, o desenvolvimento de políticas públicas educativas e o fortalecimento das condições e recursos pedagógicos do sistema educativo para a educação em direitos humanos. Durante esta década também foi aprovado, O “PROTOCOLO DE SAN SALVADOR”, o qual estabelecia metas e ações que levam em conta a educação em direitos humanos. No artigo 13 é colocado que: Deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciado para os deficientes, a fim de proporcionar instrução especial e formação a pessoas com impedimentos físicos ou deficiência mental”. Desta forma, é necessário trabalhar a inclusão nas escolas, combatendo a discriminação e o preconceito. Além disso ainda existe o bullying que se configura como mais um instrumento de discriminação e preconceito que vai de contra a Educação em Direitos Humanos e vem se tornando “um problema sério e pode trazer consequências graves aos envolvidos” (BANDEIRA E HUTZ, 2012). Hoje em dia tornou-se comum vermos, agressões, discriminações, preconceitos, etc, dentro das escolas. É notório que o índice de violência nas escolas cresce a cada dia. O bulling é uma forma de violência que veem ganhando destaque dentro e fora das escolas e ate mesmo no ambiente de trabalho. Este problema é intensificado pela falta de professores que não dominam o conteúdo, que manifestam atitudes agressivas com os alunos, desencadeando problemas de baixa auto-estima nestes e, sobretudo, as manifestações de violência praticada contra os alunos pobres, ora nos processos de avaliação, ora nas formas de relação interpessoais (ZALUAR E LEAL, 2001 citado por SILVA e SCARLATTO, 2009). Portanto a capacitação/formação de professores e profissionais da escola sobre o tema abordado se faz necessário (CHRISPINO E DUSI, 2008 e LOPES et al., 2008 citado por SILVA e SCARLATTO, 2009). No entanto, o bullying não pode ser combatido apenas com os sujeitos que compõe a escola (gestores, professores e funcionários), é necessário que ele seja combatido junto à família e a sociedade e também pelo governo com políticas públicas direcionadas especificamente ao bullying, através do “fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das diferentes formas de violação de direitos” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2012).

Tomando como referência o contexto escolar, observamos que numa pesquisa realizada pela "ONG Plan" nas cinco regiões brasileiras com 5.168 estudantes de 5ª a 8ª séries, constatou-se que a maior incidência de bullying está entre os adolescentes na faixa de 11 a 15 anos de idade e alocados na sexta série do ensino fundamental (FANTE, 2005). Portanto, torna-se essencial a investigação e compreensão deste fato, para que se possa refletir e elaborar estratégias de enfrentamento desta e outas formas de violência no ambiente escolar.

O primeiro passo para este enfrentamento seria o respeito mútuo, válido em qualquer lugar, tempo ou situação seja na escola seja na própria sala de aula. Pois as consequências das agressões físicas e verbais entre alunos e professores durante as aulas vem interferindo de forma negativa no ensino-aprendizagem.

 

A escola é um lugar privilegiado para refletir sobre as questões que envolvem crianças e jovens, pais e filhos, educadores e educandos, bem como as relações que se dão na sociedade. É também nesse universo onde a socialização, a promoção da cidadania, a formação de atitudes, opiniões e o desenvolvimento pessoal podem ser incrementados ou prejudicados (MARRIEL, 2006).

 

 

Como foi dito o bullyng é uma forma de violência e como tal é um ato de violação a Declaração dos Direitos Humanos, onde consta em seu artigo 7º: “Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.E para tanto as diretrizes nacionais para a Educação em Direitos Humanos (EDH) emanadas pelo Conselho Nacional de Educação no seu Art. 6º fala que:

 

A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, deverá ser considerada na construção dos Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos Regimentos Escolares; dos Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso (PPC) das Instituições de Educação Superior; dos materiais didáticos e pedagógicos; do modelo de ensino, pesquisa e extensão; de gestão, bem como dos diferentes processos de avaliação.

 

 

Constituindo assim, uma forma de combater qualquer ato de violência física, psicológica e/ou de mau comportamento dentro das escolas. Contribuindo para a diminuição da evasão escolar, fortalecendo a relação professor/aluno e melhorando significativamente o ensino-aprendizagem.

Existem duas manifestações básicas de violência na escola: física (brigas, agressões físicas e depredações) e não-física (ofensas verbais, discriminações, segregações, humilhações e desvalorização com palavras e atitudes de desmerecimento); tendo como protagonistas, ou vítimas, ora os alunos, ora os professores e funcionários. As práticas sutis de violência presentes no cotidiano da escola são constantes de violência não-física, verbal e com outras formas de manifestação – como segregação, exclusão, indiferença –, ficando geralmente disfarçadas ou mascaradas (CAMACHO, 2001 citado por SILVA e SCARLATTO, 2009). No entanto, a maior violência que a instituição escolar comete contra os alunos está na sua incapacidade de habilitá-los para enfrentar os problemas do mundo contemporâneo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Combater e excluir qualquer forma de violência no ambiente escolar é responsabilidade do estado e da sociedade. Sendo assim, no dia 6 de novembro de 2015 foi aprovada a Lei nº 13.185, que institui o Programa de Combate á Intimidação Sistemática que tem como objetivo prevenir e combater a prática de bullyng nas escolas em todo território nacional.

Na escola é necessário ensinar e praticar o respeito às diferenças e as liberdades fundamentais, fazendo com que os alunos saibam lhe dar com suas próprias emoções e frustrações, para que não cometam atos violentos.

É fundamental que os educadores possuam uma formação alicerçada nos na Educação em Direitos Humanos com o intuito de formar cidadãos modelos que apesar da diversidade, da desigualdade e das diferenças não façam distinção entre si.

Esperamos que os conceitos e as reflexões apresentados neste trabalho contribuam para a erradicação do bullyng no ambiente escolar.

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, D. C. e ZUIN, A. Á. S. Do bullying ao preconceito: os desafios da barbárie à educação. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil. Revista Psicologia & Sociedade; 20 (1) 33-42, 2008.

 

FANTE, C. Bullying no ambiente escolar. Disponível em: http://stiloweb.net.br/portfolio/_clientes/Inov/Site2010/site/artigos/9.pdf. Acessado em: 16/08/2014.

 

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz; Ed. Verus, 2005.

 

FLORES, E. C. et al. Educação em Direitos Humanos e Educação para os Direitos Humanos. João Pessoa: Ed. UFPB, 2014. Pag. 45 – 50.

 

Protocolo de San Salvador. Disponível em: http://www.cidh.oas.org/Basicos/Portugues/e.Protocolo_de_San_Salvador.htm

 

MARRIEL, L. C. Violência Escolar e Auto-estima de Adolescentes. Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 127, jan./abr. 2006.

 

SILVA, M. da; SCARLATTO, E. C. Violência em meio escolar no Brasil: uma alternativa formativa para professores e futuros professores. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 4, n. 3, p. 07-17, 2009.

 

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  1. Licenciada em Pedagogia pela Cruzeiro do Sul e Especialização em Educação em Direitos Humanos pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB <O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.>;

 

  1. Licenciado em Biologia pela Cruzeiro do Sul e especialização em Educação em Direitos Humanos pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB <O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.>.

 

  1. Licenciado em Biologia pela Cruzeiro do Sul e Mestrado em Ciências Agrárias UFPB <O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.>;