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A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS COMO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Franciele Berti Chefre

Glaucineia Lauriano

Lilian Regina Souza de Andrade Oliveira

 

RESUMO

 

Atividade lúdica é todo e qualquer tipo de movimento que ofereça exultação ao praticante, sendo executado através de jogos e brincadeiras que deixaram de serem apenas passatempos utilizados para entreter e distrair as crianças no recreio, ou, de utilização somente nas aulas de educação física. Para se tornarem atividades lúdicas, os jogos e as brincadeiras agregaram meios de aprendizado que se intercalam entre todas as disciplinas, estimulando uma melhora nas coordenações físicas e motoras. A prática dessas atividades serve como metodologia para avaliação de desenvolvimento dos alunos, essas atividades desenvolvem estímulos para os aspectos psíquicos, cognitivo e social gerando conhecimento de mundo para a criança em processo de aprendizagem. Nesse sentido, o lúdico pode contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento do ser humano como cidadão, formando um ser crítico capaz de construir e realizar suas próprias ações. Na Educação Infantil, a faixa etária varia de zero a cinco anos, por isso, o conteúdo lúdico é bem aceito pelas crianças que através do brincar aprende algo novo, trabalha com o desenvolvimento integral da criança. Este trabalho tem como objetivo abordar, através de pesquisa bibliografia, a importância das atividades lúdicas como processo de ensino e aprendizagem na educação infantil. Sendo assim, foram realizadas pesquisas na internet e em livros que abordam esta temática.

 

Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Lúdico. Educação Infantil.

 

 

RESUME

Playful activity is any type of movement that offers exultation to the practitioner, being performed through games and games that are no longer just hobbies used to entertain and distract children at recess, or use only in physical education classes. In order to become ludic activities, games and games added learning means that are interspersed between all disciplines, stimulating an improvement in physical and motor coordination. The practice of these activities serves as a methodology for assessing the students' development, these activities develop stimuli for the psychological, cognitive and social aspects generating knowledge of the world for the child in the learning process. In this sense, the ludic can contribute significantly to the development of the human being as a citizen, forming a critical being capable of building and carrying out his own actions. In Early Childhood Education, the age range varies from zero to five years, so the playful content is well accepted by children who, through playing, learn something new, work with the child's integral development. This work aims to address, through bibliography research, the importance of play activities as a process of teaching and learning in early childhood education. Thus, research was carried out on the internet and in books that address this theme.

 

Keywords: Games. Jokes. Ludic. Child education.

 

Introdução

 

O presente trabalho de cunho bibliográfico tem como tema, a importância das atividades lúdicas como processo de ensino e aprendizagem na educação infantil.

As atividades lúdicas estão mais presentes nas salas de aula, principalmente educação infantil, onde a faixa etária é de zero a cinco anos. Antigamente as creches eram vistas como um lugar onde as mães solteiras e ou viúvas deixavam seus filhos para poder trabalhar, um local utilizado apenas por pessoas de baixa renda, onde crianças apenas passavam o dia com pessoas que cuidavam delas como se fossem babás, mas, com o passar do tempo a creche se tornou uma instituição de Educação Infantil que se propõe a cuidar e educar crianças de 0 à 5 anos, ou seja, deixou de ser um lugar apenas de cuidar, para também educar, através de pedagogas profissionais.

Algumas crianças chegam à educação infantil ainda bebês, além de serem cuidadas precisam de estímulos e vivenciar situações que favorecem seu aprendizado, sendo assim, as pedagogas fazem seu trabalho, utilizando de várias ferramentas de ensino, muitas delas são atividades lúdicas, através de jogos e brincadeiras, em que as crianças aprendem brincando.

As brincadeiras permitem a essas crianças um desenvolvimento em várias áreas de sua vida, trabalha com o lado social, ao interagir com outras crianças, com o movimento, através de danças, e as coordenações motoras, no correr, pular, pintar, desenhar, cortar, entre outras atividades.

Na escola de educação infantil, brincar é coisa séria e este ato de precisa ser compreendido pelo educador para que possa mediar e facilitar a aprendizagem do aluno por meio da brincadeira.

Para Ribeiro (2013), “O olhar sobre o lúdico não deve ser visto apenas como diversão, mas sim, de grande importância no processo de ensino-aprendizagem na fase da infância”. O objetivo desse estudo é fazer reflexões sobre o olhar lúdico através de jogos e brincadeiras.

O estudo está fundamentado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e em autores como, Kishimoto, Piaget, Friedmann dentre outros que já abordaram este tema favorecendo a compreensão de como é o processo de mediação do professor através do lúdico, onde a criança aprende através da brincadeira.

 

Desenvolvimento

 

Diante do contexto histórico, segundo o dicionário Priberam, o termo lúdico origina-se do latim ludos e significa jogo, divertimento e distração que serve para divertir ou dar prazer. Com o passar do tempo o lúdico começou a ser visto sob uma nova perspectiva sendo utilizado como instrumento fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Como cita a autora Lucia Pereira:

 

As atividades lúdicas são muito mais que momentos divertidos ou simples passatempos e, sim, momentos de descoberta, construção e compreensão de si; estímulos à autonomia, à criatividade, à expressão pessoal. Dessa forma, possibilitam a aquisição e o desenvolvimento de aspectos importantes para a construção da aprendizagem. Possibilitam, ainda, que educadores e educando se descubram, se integrem e encontrem novas formas de viver a educação (PEREIRA, 2005, p. 20).

 

A ludicidade no contexto escolar, melhora a qualidade do ensino-aprendizagem nas instituições que aderem e colocam em pratica jogos e brincadeiras em seus planejamentos introduzindo-os em todas as matérias através da interdisciplinaridade, cabe ao pedagogo se atualizar e incorporar este método de ensino. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):

Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõe. (BRASIL, 1998, p.28.v.1).

Nas Orientações Curriculares para a Educação Infantil, o brincar é o principal modo de expressão dos desenvolvimentos na infância, por isso os educadores devem levar a sério a inserção de jogos e brincadeiras em todo processo de planejamento de suas aulas, utilizando como instrumento mediador do conhecimento, para ser utilizados nas aulas práticas e avaliando através das atividades lúdicas a evolução de cada aluno.

Não se pode deixar de enfatizar a importância da organização do espaço físico na escola, para o desenvolvimento da criança desde que seja organizado de forma acolhedora e harmoniosa para que se desenvolva um trabalho de qualidade.

O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às modificações propostas pelas crianças e pelas professoras em função das ações desenvolvidas (BRASIL, 1998, p. 69. v1).

Na utilização dos espaços físicos da escola é necessário que o professor planeje suas aulas de forma adequada para melhor aproveitamento do aprendizado. Desse modo, pensando na contribuição do espaço físico da escola e na colaboração do professor, (OLIVEIRA, 2008, p. 89), explica que “devemos considerar o brincar como objeto de interesse tanto das crianças, como dos profissionais envolvidos no processo educacional” nesta perspectiva compreendemos que é necessária a atuação mediadora do professor para que a prática lúdica seja satisfatória no desenvolvimento da criança.

Na escola existem dois lugares em que os alunos amam brincar e participar de atividades direcionadas. Como por exemplo, o parque que possui vários brinquedos diferentes como: escorregador, escada horizontal, gangorra, gira-gira e balanço. Para as crianças é apenas um lugar para brincar, mas estes brinquedos possibilitam a socialização, noções de espaço, tempo e movimento.

Segundo Adriana Friedmann:

A brinquedoteca é um espaço privilegiado que reúne possibilidade e o potencial para desenvolver as características lúdicas. É hoje um dos caminhos mais interessantes que pode ser oferecido às crianças de qualquer idade e faixa etária socioeconômica. O intuito é o de resgatar, na vida dessas crianças, o espaço fundamental da brincadeira, que vem progressivamente se perdendo e comprometendo de forma preocupante o desenvolvimento infantil como um todo. (FRIEDMANN, 1992, p. 30)

Na brinquedoteca a criança tem a oportunidade de adquirir autonomia para escolher suas brincadeiras, já que neste espaço, possui cantos diversificados com várias experiências lúdicas, apoiadas em estruturas culturais já existentes como o cantinho do salão de cabeleireiro, do posto de gasolina, da oficina de carros, do supermercado, cozinha da casa, quarto do bebê dentre outros. Neste espaço a criança brinca e aprende mais sobre o mundo, a sociedade e tem a oportunidade de desenvolver a criatividade e imaginação.

O uso das atividades lúdicas como metodologia de ensino, contribui para que as aulas sejam mais proveitosas, pois, as crianças adoram brincar, e assim elas prestam atenção, demonstram interesse em fazer e participar da aula com mais entusiasmo.

Na educação infantil, o lúdico faz parte do currículo sendo utilizado como instrumento metodológico que incrementa e amplia o processo de ensino e aprendizagem.

A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio. (ALMEIDA 1995, p.41).

A aplicação das atividades lúdicas no sistema educacional deve ser de modo consciente, trabalhando com materiais que possibilitem livres explorações por parte das crianças, sem qualquer interferência dos educadores, e também com materiais em que os educadores possam orientar e reger as atividades.

Considerando os domínios sócios afetivos, motor, cognitivo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1998) da educação infantil, apontam as bases para que esses domínios específicos do desenvolvimento humano possam ser contemplados. Dentre essas, destaca-se “o direito da criança brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil” (PCNs, 1998, p. 13).

Entendendo o referido documento como parâmetro das ações pedagógicas da educação infantil, espera-se, nos espaços de educação infantil, a presença do lúdico, que se torna imprescindível no desenvolvimento da vida escolar.

Educar lucidamente é transmitir aulas que contemplem satisfação e prazer pela busca de conhecimentos. Por isso, as atividades lúdicas, devem ser utilizadas nos horários das aulas como técnicas educativas dentro dos processos pedagógicos.

As brincadeiras lúdicas exploram o controle do corpo através da coordenação motora. Coll (2004, p. 68) diz que “a meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo até ser capaz de tirar dele todas as possibilidades de ação e expressão possíveis”.

A coordenação motora é a capacidade do nosso corpo se manter em equilíbrio e desenvolver movimentos que podem ser delicados ou bruscos e classifica-se de duas maneiras; a coordenação motora grossa e a coordenação motora fina.

A coordenação motora grossa desenvolve habilidades como pular, saltar, chutar, correr, subir e descer degraus e escadas dentre outras atividades. Para desenvolver essas habilidades são utilizados os músculos maiores do corpo, os movimentos são mais bruscos e agitados.

Na coordenação motora fina, seus movimentos são mais precisos e podem ser praticados através de atividades como pintar, desenhar, manuseio de massa de modelar rasgar e amassar papel, recortar revistas dentre outros. Essas atividades desenvolvem os músculos menores das mãos e dos pés bem como suas habilidades motoras.

É por meio das brincadeiras as crianças se expressam, interagem e aprendem a conviver com o outro em uma relação de troca, onde cada indivíduo atua como protagonista e pode modificar o contexto sem ser ignorada como diz Adriana Friedmann:

A atividade lúdica é muito viva e caracteriza-se sempre pelas transformações, e não pela preservação, de objetos, papéis ou ações do passado das sociedades [...]. Como uma atividade dinâmica, o brincar modifica-se de um contexto para outro, de um grupo para outro. Por isso, a sua riqueza. Essa qualidade de transformação dos contextos das brincadeiras não pode ser ignorada. (FRIEDMANN, 2006, p. 43).

 

Na educação infantil o brinquedo é visto como ferramenta lúdica porque além de promover a diversão auxilia no aprendizado, por exemplo, ao manusear um brinquedo novo a criança começa a imaginar qual sua utilidade e como funciona, muitas vezes, nem precisam de auxílio para descobrir seu funcionamento e o mais interessante é a maneira como descobrem novas formas de brincar com o mesmo brinquedo, atribuindo significados sendo capaz de interligar o mundo real ao imaginário.

Cada vez que ensinamos algo a uma criança, estamos impedindo que ela descubra por si mesma, por outro lado aquilo que permitimos que ela descubra por si mesma permanecerá com ela.” Dessa forma acontecem as aprendizagens mais significativas. (PIAGET, 1978, p 74).

Assim como os brinquedos e brincadeiras, o jogo na educação infantil é uma ferramenta indispensável e não pode ser utilizado apenas promover diversão, a este respeito, Kishimoto explica que, “O jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral.” (KISHIMOTO, 2002 p. 95).

Educar é preparar e formar cidadãos para o mundo, com uma educação interdisciplinar e prazerosa, as crianças vão crescer com uma boa perspectiva do mundo que está por vir, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados.

 

CONCLUSÃO

Neste trabalho abordou-se a importância das atividades lúdicas voltadas para os jogos e brincadeiras. É notório que estas estratégias auxiliam no desenvolvimento da criança, proporcionando várias maneiras de aprender brincando, promovendo momentos de convivência saudável, prazerosa, motivadora e amigável. Nesse sentido, é necessária a conscientização do professor para mediar às possibilidades dessas atividades, favorecendo o bem-estar e o crescimento intelectual dos alunos.

Por meio dessa pesquisa constatou-se que diversas áreas do conhecimento podem ser estimuladas com a prática lúdica, atuando em diferentes aspectos do desenvolvimento das crianças. A ludicidade pode ser considerada um agente facilitador no processo de ensino/aprendizagem e os professores as utilizam para desenvolver a criatividade, atenção, coordenação motora global e fina promovendo o desenvolvimento da memória, imaginação e despertando a curiosidade. Estas atividades relacionam-se diretamente com o corpo, a mente e as emoções. Sendo trabalhadas desde cedo no contexto escolar, quando o professor interage com os alunos favorece o aprendizado e o trabalho em equipe oportunizando a socialização.

 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume 1.

 

_______-_____ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

 

COOL, C.; Marchesi, A.; Palacios, J. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. V. 3.

 

FRIEDMANN, Adriana. O direito de brincar: A brinquedoteca. São Paulo: ScrittaAbring, 1992.

 

FRIEDMANN, Adriana. O desenvolvimento da criança através do brincar. São Paulo: Moderna, 2006.

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos, brinquedos, brincadeiras e educação. São Paulo,SP - 6ª ed, (org.): Cortez, 2002.

 

OLIVEIRA, Marta Regina Furlan. O brincar na sociedade contemporânea: para além da lógica do consumo. In: PASCHOAl, Jaqueline Delgado; BATISTA, Cleide Vitor Mussini; MORENO, Gilmara Lupion (Org.). As crianças e suas infâncias: o brincar em diferentes contextos. Londrina: Humanidades, 2008. p. 89.

 

PEREIRA, Lucia Helena Pena. Bioexpressão: a caminho de uma educação lúdica para a formação de educadores. Rio de Janeiro: Mauad X: Bapera, 2005.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

PRIBERAM, Dicionário. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/l%C3%BAdico. Acesso em 25 de julho de 2019.

RIBEIRO, Suely de Souza. A Importância do Lúdico no Processo de Ensino-Aprendizagem no Desenvolvimento da Infância. Disponível em: https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-escolar/a-importancia-do-ludico-no-processo-de-ensino-aprendizagem-no-desenvolvimento-da-infancia. Acesso em 25 de julho de 2019.