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A IMPORTÂNCIA DAS TERAPIAS COGNITOVO-COMPORTAMENTAIS NO TRATAMENTO CLÍNICO DE PSICOPATOLOGIAS

 

Lúcio Mussi Júnior1

 

 

 

RESUMO

O resumo deve ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do documento. Observam-se atualmente uma vasta opções de Terapias Cognitivo-comportamentais. Entende-se que todas seguem basicamente os mesmos princípios, embora hajam diferenças estruturais e a divisão das mesmas em duas grandes vertentes. Deste modo, a presente pesquisa ocupa-se em entender o surgimento desse tipo de terapia, datado da década de 1960, além de entender sua evolução e a forma como ela é aplica nos dias atuais pelos clínicos que se valem desta metodologia. Para o cumprimento dos objetivos propostos nesta pesquisa, valeu-se da metodologia de revisão bibliográfica, embasando-se nos trabalhos de autores como ABREU e ROSO (2003), BECK (1997), BORBA (2005), CABALLO (2003), DOBSON (2006), KNAPP (2004), RANGÉ (2001), entre outros.

 

PALAVRAS-CHAVE: Psicologia Clínica. Terapia Cognitivo-comportamental. Tratamento psicopatologias. Hipótese de trabalho.

  

1INTRODUÇÃO

Atualmente observam-se uma série de metodologias e intervenções que fazem parte das Terapias Cognitivo-comportamentais. Entende-se que está evolução do tratamento das psicopatologias tomou força na década de 1960.

A insatisfação com os antigos métodos de tratamento foi um dos principais fatores a corroborar com o crescimento das novas teorias que vinham sendo divulgadas por diversos estudiosos como Aron Beck, Michael Mahoney e Albert Ellis.

Deste modo, a presente pesquisa busca um entendimento mais sólido acerca do surgimento das Terapias Cognitivo-comportamentais, bem como de sua utilização nos dias de hoje. Haja vista terem significado uma revolução no tratamento às psicopatologias.

Observam-se a pluralidade de TCCs disponíveis atualmente, bem como suas duas grandes vertentes, a terapia cognitiva objetivista e a terapia cognitivo-construtivista. As principais diferenças entre elas também são investigadas nesta pesquisa.

No tocante ao atendimento ao paciente, destaca-se a importância de uma análise detalhada do indivíduo, do problema e dos fatores que fazem a manutenção do problema.

Para o cumprimento dos objetivos aqui propostos, valeu-se da metodologia de revisão bibliográfica à luz dos trabalhos de importantes autores como: ABREU e ROSO (2003), BECK (1997), BORBA (2005), CABALLO (2003), DOBSON (2006), KNAPP (2004), RANGÉ (2001), entre outros.

 

 

2DESENVOLVIMENTO

Endente-se que tanto o surgimento como o processo de expansão das Terapias Cognitivas Comportamentais (TCCs) culminaram com o processo evolutivo de uma série de influências oriundas das mais diversas naturezas. Assim, evidencia-se a “Revolução Cognitiva”, na década de 1960, como sendo um movimento determinado por variados acontecimentos, como afirma a maioria dos especialistas no assunto. Os registros apontam que a insatisfação com o modelo de tratamento das psicopatologias adotado até então já fazia-se insatisfatório e a influência das descobertas feitas pela Psicologia Cognitiva Aplicada, compuseram o terreno perfeito para a retromencionada revolução. Este cenário, somado aos resultados de trabalhos de Vygotsky acabou por resultar no desenvolvimento de diversos modelos de abordagem cognitivo-comportamental neste período. (DOBSON, 2006)

Roso e Abreu (2003) destacam os trabalhos de Aron Beck, Michael Mahoney e Albert Ellis como sendo o marco inicial desta “Revolução Cognitiva”.

Borba (2005) ressalta que nas décadas posteriores à de 1960 desenvolveram-se novos modelos teóricos, mas todos seguindo o mesmo direcionamento. Deste modo, percebe-se que o aspecto das TCCs atualmente mostra-se muito mais amplo e formado por dezenas de técnicas e protocolos diferentes.

Neste sentido, Dobson e Scherrer (2004) destacam a Terapia Cognitiva de Aaron Beck e a Terapia Racional Emotivo Comportamental de Albert Ellis como as técnicas mais relevantes nas últimas décadas.

Faz-se importante ressaltar que, embora apresentando diferenças, as TCCs fundamentam-se em um grupo comum de pressupostos:

- atividade cognitiva é capaz de influenciar o comportamento;

- essa atividade cognitiva pode ser alterada;

- deste modo, o comportamento pode ser influenciado através de mudança cognitiva. (DOBSON, 2006)

O autor destaca ainda que, deste modo, somente terapias nas quais pode-se demonstrar a mediação cognitiva podem ser classificadas como Terapias Cognitivas Comportamentais.

Neste sentido, Roso e Abreu (2003) salientam que estes modelos teóricos estão em constante processo de mudanças. Tais modelos são formulados, reformulados e ampliados seguindo um processo evolutivo natural capaz de afetar todo o conhecimento científico independe de sua área.

Contudo, observa-se atualmente duas vertentes no tocante às terapias em abordagem cognitivo-comportamenta:

- terapias cognitivas objetivistas;

- terapias cognitivo-construtivistas.

Ainda segundo Abreu e Roso (2003), as diferenças principais entre essas duas vertentes estão no papel que se atribui às emoções, no papel ocupado pelo terapeuta no processo, em algumas técnicas empregadas e na natureza atribuída à disfunção.

Neste sentido, destaca-se o papel atribuído às emoções como sendo a principal diferença apresentada entre essas duas vertentes da terapia cognitiva-comportamental.

No tocante à essa diferença, Roso e Abreu (2003) salientam que na visão construtivista as emoções não são consideradas como racionais e nem com irracionais. As emoções seriam uma questão de adaptação que mostrariam a forma como um indivíduo vivencia uma situação. Deste modo, foca-se na interação entre razão/emoção partindo-se das emoções.

Já na vertente cognitivista-objetivista, entendem-se as emoções como resultado dos padrões de pensamentos. Já esses padrões são entendidos como produtos da crença do indivíduo. Assim, as emoções indicam pensamentos. Contudo, as crenças “irracionais” podem gerar emoções descabíveis e consequentemente psicopatologias.

Contudo, Robson e Scherrer (2004) destacam que, ainda hoje, existem controvérsias acerca da Terapia cognitivo-comportamental e salientam a inexistência de uma taxonomia capaz de satisfazer os variados modelos classificados como TCCs. Assim, fica evidente a necessidade de mais pesquisas e estudos na área para que se possa confirmar a eficácia de cada uma destas perspectivas.

Beck (1997) destaca que, no atendimento ao paciente, a estruturação do tratamento deve ser fundamentada na avaliação cognitivo-comportamental. Sendo essa análise, através de entrevista e diálogo com o paciente, o ponto inicial do tratamento psicoterápico.

Neste sentido, as informações com relação ao problema apresentado pelo paciente, bem como dos fatores que atuam na manutenção do mesmo são devidamente levantadas na avaliação que se faz no início dos trabalhos. Deste modo o terapeuta conversa com o paciente para embasar-se na formulação do plano de trabalho, visto que, só a partir de uma formulação do atual quadro é que se poderá traçar um plano de atuação terapêutica. (Rangé, 1998)

Faz-se importante mencionar também que o terapeuta cognitivo-comportamental vale-se ainda de instrumentos padronizados de registro e avaliação no sentido de ajudar a mensurar as dificuldades enfrentas pelo paciente nas diferentes áreas de sua vida.

Beck (1997) afirma ser após essa fase inicial na qual se buscam entendimentos acerca da real situação do paciente que se constroem as hipóteses sobre diagnóstico e tratamento. Sendo a partir desse ponto, o momento de elegerem-se as intervenções necessárias, bem como as metas passíveis de serem estipuladas e alcançadas.

Assim, Knapp (2004) explica que boa parte dos clínicos ao fazerem a formulação de caso estão, na realidade, constituindo a hipótese de trabalho. Deve-se destacar que tal hipótese mostra-se como algo dinâmico ao passo que é alterada, descartada ou mantida sempre de acordo com os resultados que vão sendo alcançados no decorrer do tratamento. Deste modo, se o paciente não apresenta os resultados esperados com o tratamento, essa hipótese é imediatamente revisada e reformulada.

Frente a esta questão, Rangé (2001) afirma que esse processo de formulação de caso vai muito além do que um diagnóstico, sendo de fato a compreensão de forma completa do funcionamento do indivíduo tanto no momento atual como também em sua trajetória de vida.

3CONCLUSÃO

Com base na presente pesquisa, percebe-se inicialmente que as técnicas de terapia cognitiva começaram a difundir-se de fato na década de 1960, devido principalmente à insatisfação que se consolidava com as antigas formas de se tratar as psicopatologias.

As décadas seguintes trouxeram avanço significativo, bem como o surgimento de vários métodos distintos, sempre fundamentados nos princípios básicos da Terapia cognitivo-comportamental: atividade cognitiva como algo capaz de influenciar o comportamento; essa atividade cognitiva pode ser alterada; assim, o comportamento pode ser influenciado através de mudança cognitiva.

Foram evidenciadas também, duas grandes vertentes das TCCs, sendo a terapia cognitiva objetivista e a terapia cognitivo-construtivista. Estas diferem-se entre si principalmente no tocante a definição do papel das emoções no processo psicológico do indivíduo.

Já com relação ao tratamento propriamente dito, ficou clara a necessidade de uma adequada e cautelosa investigação do quadro atual do paciente, bem como de sua história de vida, para que, há partir dessas informações se possa formular a hipótese de trabalho indicando os métodos, intervenções e metas a serem utilizados.

No entanto, chama-se a atenção para a flexibilidade dessa hipótese de trabalho, haja vista que ela deve ser constantemente avaliada segundo os resultados obtidos. Caso não sejam satisfatórios, a hipótese deve ser reformulada buscando sempre o sucesso do tratamento.

 

4REFERÊNCIAS

Abreu, C. N. ; Roso, M. Cognitivismo e Construtivismo. IN: Abreu, C.N.; Roso, M. (e col.). Psicoterapias cognitiva e construtivista – novas fronteiras da prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

 

Beck, J. S. Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas. 1997.

 

Borba, A. Disciplina Online de TCC: expansão das fronteiras da formação em TCC através da educação online. Rio de Janeiro, UFRJ. Dissertação de Mestrado, 2005.

 

Caballo,V. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos: transtornos de ansiedade, sexuais, afetivos e psicóticos. São Paulo: Santos, 2003.

 

Dobson, K.S. (e col) Manual de terapias cognitivo comportamentais. Porto Alegre: Artmed, 2006.

 

Dobson, K.S.; Shcerrer, M. C. História e futuro das terapias cognitivo-comportamentais. IN: Knapp, P. (e col). Terapia Cognitivo Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

 

Knapp, P. Princípios fundamentais da terapia cognitiva. In: Knapp, P. (e col). Terapia Cognitivo Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

 

Roso, M.; Abreu, C.N. Introdução. IN: Abreu, C.N.; Roso, M. (e col.). Psicoterapias cognitiva e construtivista – novas fronteiras da prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

 

Rangé, B. Psicoterapia Cognitiva. In B. Rangé (org.), Psicoterapia Comportamental

e Cognitiva, Pesquisa, Prática, Aplicações e Problemas (Vol. I, pp. 89-108). Campinas:

Editorial Livro Pleno. 1998.

 

Rangé, B. Psicoterapias Cognitivo-comportamentais: Um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed. 2001.

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