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O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

 

 

ELZA BERNARDO

Rosany Terezinha Guimarães Bastos   

 




RESUMO

 

O lúdico que era considerado apenas brincadeira, na qual os participantes tinham como propósito o divertimento, hoje é utilizado na aprendizagem, principalmente como prática de ensino na educação infantil, pela importante contribuição que a ludicidade tem na formação da criança, já que ela favorece o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social. O estudo do tema proposto com o auxílio das pesquisas bibliografias tem sido fundamental para o enriquecimento sobre as metodologias aplicadas na educação infantil. Pôde-se perceber a relevância das atividades lúdicas nas escolas, desde que se tenham escolas estruturadas com espaços adequados e professores bem capacitados, dedicados, que sejam afetivos, motivadores e que façam com que as crianças tenham um relacionamento de cooperação, respeito e consequentemente consigam aprender de forma prazerosa. A aplicação dos conhecimentos adquiridos sobre o lúdico e os relatos dos professores sobre esta prática, foi fundamental para compreender a importância do tema na formação de professores e entender na prática a teoria estudada.























1 INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho apresenta um estudo sobre uma atividade que começou a ser utilizada desde a antiguidade como um simples jogo e que com o aprimoramento se tornou uma das mais importantes formas de ensino na educação infantil. Essa atividade é a ludicidade, a qual tem tido uma contribuição relevante na vida das crianças, já que se aproveita aquilo que elas mais gostam para a sua formação, que é arte de brincar.

O tema proposto irá auxiliar no desenvolvimento de práticas pedagógicas com atividades lúdicas envolvendo alunos e professores no processo de ensino aprendizagem. O estudo será embasado em teorias elaboradas por educadores que tem contribuído muito para a educação.

Com o estudo das teorias envolvendo a ludicidade na formação social e educacional das crianças através de pesquisas em livros e internet e a aplicação das atividades lúdicas em sala de aula, bem como a análise das práticas pedagógicas relatadas por professores da educação infantil, será possível chegar à conclusão sobre o efeito que essas atividades produzem no desenvolvimento da criança.

As teorias serão relatadas em alguns tópicos como o lúdico na educação infantil, qualificação do professor, as atividades lúdicas no desenvolvimento da criança, a ludicidade e sua relação com a afetividade e na função educacional, bem como as tecnologias lúdicas, a brinquedoteca, a musicalização e os jogos.













 

  •  O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

As escolas estão cada vez mais buscando o aprimoramento dos métodos de ensino que possam fazer com que o aluno tenha um ensino de qualidade, porém para que isso aconteça deve haver o envolvimento da família e do estado, o qual deve dar condições para que os educadores cumpram com seu papel, que é buscar sempre o desenvolvimento do aluno, seja no aprendizado dos conteúdos e no preparo para o convívio social. Segundo o Art. 2º da lei 9.394 de 1996 a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. As escolas vêm trabalhando com metodologias que atendam esses objetivos como, por exemplo, o desenvolvimento de atividades que envolvam o lúdico.

Segundo o dicionário a palavra “lúdico” teve origem na palavra latina “ludus”, que quer dizer jogo. Segundo Almeida (2006, apud MELO, 2011, p.3), “o lúdico passou a ser reconhecido como uma das formas utilizadas para o estudo do comportamento humano”. O lúdico deixou de ser um simples jogo e passou a ser utilizado como atividade didática na educação. Nesse sentido o lúdico está sendo utilizado como prática de ensino aplicada ao longo da história na educação infantil. 

    Com certeza todo adulto se recorda das brincadeiras de quando era criança e pode relatar esses momentos prazerosos de sua vida, ainda mais quando os pais compreendiam e davam permissão para esses divertimentos, nos quais as crianças podiam jogar com estabelecimento de regras, onde aprendiam a ganhar e a perder, a desenvolver atividades que exigiam habilidades físicas, motoras e o raciocínio. Com as inovações das tecnologias, quase não se vê as brincadeiras como antigamente, mas pode-se dizer que as brincadeiras realizadas em grupo são muito importantes para o aprendizado de alguns princípios que a criança irá carregar para a vida toda.

Segundo Lopes (2012):

       

A brincadeira em grupo favorece alguns princípios como o compartilhar, a cooperação, a liderança, a competição, a obediência às regras. O jogo é uma forma da criança se expressar, já que é uma circunstância favorável para manifestar seus sentimentos e desprazeres. 

 

A interação que acontece através das brincadeiras, possibilita à criança um aprendizado muito importante para sua vida, pois ela faz descobertas sobre si, sobre o outro e o mundo em que vive e aprende a conviver em sociedade com obediência, compreensão de regras e compartilhamento durante as atividades desenvolvidas, dentre outros fatores que favorecem a interação em grupo.

 É nesse sentido que as escolas têm adotado o lúdico na educação infantil, pois se aproveita os princípios aprendidos, no qual o aluno tem a possibilidade de aprender de forma prazerosa. Segundo Melo (2011), “a escola é o ambiente em que os valores são vivenciados de maneira mais profunda. É um lugar onde crianças se encontram com educadores para conviver em clima de cooperação, amizade e afeto [...]”

Os educadores têm o papel de desenvolver as metodologias de ensino utilizando as atividades lúdicas de acordo com a realidade de seus alunos. A escola deve disponibilizar objetos e brincadeiras conforme o gosto dos alunos, pois assim a criança ficará a vontade para desenvolver a imaginação. Quando a escola disponibiliza diversos objetos, tem-se a possibilidade de perceber quais são os mais aceitáveis, com os quais as crianças se identificam mais.

Espera-se um bom resultado na educação infantil, quando a escola tem a disposição todas as condições necessárias para a aplicação dos métodos de ensino, como materiais didáticos, espaço físico, professores qualificados, etc.

Para aplicar as metodologias de forma adequada os professores têm a disposição os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que têm como função dar orientações para que se tenha uma educação de qualidade em nosso país. Dentro desse contexto os PCNs apontam alguns tópicos considerados importantes pela maioria dos profissionais em educação, como: autonomia; diversidade; interação e cooperação; disponibilidade para a aprendizagem; organização do tempo; organização do espaço; e seleção de material.

A autonomia do aluno faz com que ele tenha a capacidade de posicionar-se, elaborar projetos pessoais, participar do grupo em todas as decisões, ter discernimento, organizar-se para realizar as tarefas, estabelecer critérios, mantendo uma postura ética, moral e equilíbrio emocional.

Quando se fala em diversidade, significa que o professor ao trabalhar as atividades em sala de aula, deve levar em conta fatores sociais, culturais e algumas características pessoais de cada criança, como suas deficiências e qualidades.

A interação e a cooperação acontecem quando a criança aprende a dialogar, a ouvir o outro, a ajudá-lo, explica seu ponto de vista e coordena ações. Aprender a conviver em grupo supõe um domínio progressivo de procedimentos, valores, normas e atitudes.

A disponibilidade do aluno em participar deve ser observada pelo professor quando é proposta a atividade. Deve haver motivação, condições para que o aluno desenvolva suas habilidades, nas quais ele irá se organizar de acordo com sua capacidade, utilizando brincadeiras que atendam o potencial de cada um e objetos utilizados no cotidiano dos participantes.

Para que os alunos desenvolvam as atividades com autonomia, interação e cooperação deve haver também a determinação do tempo e a disponibilidade do espaço adequado, que pode ser dentro ou fora da escola, dando toda a liberdade para que o utilize da melhor forma possível, com dedicação e zelo. 

É importante que os materiais utilizados sejam de uso social, ou seja, materiais que são utilizados no dia a dia, pois assim os alunos se matem atualizados sobre o que acontece no mundo, fazendo uma relação o que é estudado na escola e o conhecimento fora dela.

Além de a escola dar todas as condições para que o aluno desenvolva suas atividades, como disponibilização de objetos e espaços adequados deve-se preocupar como tratar esse aluno. 

Para Melo (2011, P. 77): 

Acredita-se que a chave para o sucesso da escola, pensando numa perspectiva lúdica, inovadora e eficaz, é ensinar com afetividade e respeito ao indivíduo, é saber dosar, ter bom senso, pensar no aluno como um ser único que sente e age de acordo com o que está acontecendo ao seu redor. 

 

Com as atividades lúdicas, utilizadas com objetos didáticos e espaços apropriados para as brincadeiras, a escola tem condições de desenvolver o ensino aprendizagem na educação infantil com mais facilidade, desde que haja o empenho dos professores, aceitação dos alunos e cooperação dos pais.

Melo (2011) ainda cita uma frase que era muito utilizada pelos professores e que hoje serve como reflexão sobre a importância das brincadeiras em sala de aula. A frase é a seguinte: “agora é hora de estudar e não de brincar” que pode ser dita como: “vamos aprender brincando”, ou ainda, “é brincando que se aprende”. 

Os educadores têm uma diversidade de brincadeiras que podem ser utilizadas em sala de aula, como os jogos, músicas, danças, teatros, a poesia, os contos e as histórias, enfim a arte. Todos têm características de divertimento. O professor pode utilizar aquela que melhor se adapte à escola e aos alunos, os quais poderão desenvolver sua criatividade à vontade e desta forma explorar suas experiências e descobertas que irão facilitar a aprendizagem.

Para Rojas (2007) “a maior aprendizagem está na oportunidade oferecida à criança de aplicar algo da atividade lúdica dirigida a alguma outra situação, movimentando-se. Esse movimento gera experiências e descobertas”.

 

    1. QUALIFICAÇÃO DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

O professor que se compromete com a aprendizagem do aluno, busca sempre novas metodologias de ensino, preocupa-se com aulas atrativas e não fica preso apenas às práticas antigas de ensino, onde o que importa é o repasse das informações sem se preocupar com as aulas que levam as crianças a aprender com mais prazer. Hoje os professores têm uma infinidade de recursos que dá condições para aulas mais dinâmicas, com brincadeiras, que fazem com que as crianças aprendam, brincando.

Para que o processo de aprendizagem seja aplicado de forma eficaz, os professores devem estar qualificados para trabalhar com as metodologias diferenciadas, como no caso da ludicidade. Como afirma Melo (2011), “além de formação acadêmica, com o conhecimento e o domínio específico que a profissão requer, os professores devem ser líderes a fim de conduzir o processo de construção do conhecimento”. Além dos conhecimentos que o professor deve ter para ensinar, terá que haver um envolvimento afetivo com a criança e isso facilita a aproximação do professor com o aluno. O professor deve explorar o universo infantil com seu conhecimento teórico, prático, sempre observando seus alunos com dedicação e amor, para que haja a aprendizagem com menos dificuldades.

 Sobre as características do professor, Cunha (1989, p. 63) diz:

A titulo de exemplo, gostaria de referir que entre as características dos melhores professores estão: “ tornar as aulas atraentes”, “estimula a participação do aluno”, “ sabe se expressar de forma que todos entendem”, “induz à critica, à curiosidade e à pesquisa”, “procura formas inovadoras de desenvolver a aula”, “faz o aluno participar do ensino” etc. 

 

Enquanto a criança vê nas brincadeiras o divertimento, o professor busca a motivação e propõe o desafio, propiciando a interação com o objeto de estudo e consequentemente a construção do conhecimento. O professor deve estar atento para que ao mesmo tempo em que há diversão nas brincadeiras, nos jogos e nas músicas, ele possa aplicar suas ações pedagógicas, conforme o planejamento de suas aulas e após isso, poderá avaliar e perceber se os objetivos foram alcançados.

Para que o professor desempenhe bem o seu papel é preciso que se leve em conta não só a sua formação, mas também as condições de trabalho, conforme propõe os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997): “A formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho”.

O professor além de intermediar as brincadeiras, tem a oportunidade de reviver sua infância e isso facilita, pois poderá recriar as brincadeiras que já conhece, até sentir-se como criança, porém hoje por se viver outra realidade, onde as crianças não têm a mesma liberdade que se tinha nos tempos antigos, sem o medo da violência das ruas, tendo em vista que com o crescimento das cidades, dentre outros fatores, hoje quase não se vê crianças brincando livremente, por isso é importante que a escola ofereça o espaço adequado e seguro, onde o professor terá condições de trabalhar com seus alunos de forma tranqüila e organizada.

O educador deve estar preparado para manter a organização do espaço, escolha dos materiais adequados, os quais devem dar conforto e segurança aos seus alunos, para que a atividade não tenha o efeito contrário, ou seja, ao invés da ludicidade, causar aborrecimentos.

Segundo Melo (2011, p. 49):

Cabe também, ao educador, cuidados quanto à escolha e organização do espaço da brincadeira na sala de aula, escolher locais amplos ou desafiadores, estimular a limpeza e reorganização, após construção de brinquedos e a manutenção do ambiente, também podem fazer parte da brincadeira. 

 

Com o ambiente propício, resta apenas que o professor faça o planejamento das brincadeiras, nas quais deve conter os objetivos, o conteúdo, tipo de jogo ou brincadeira, objetos, tempo e a atividade de acordo com as características dos alunos que irão participar. Após as atividades realizadas o professor terá condições de avaliar os resultados.

Além do espaço organizado e os materiais dispostos, o professor deve fazer com que seja mantida a disciplina, tendo em vista que por serem brincadeiras em grupo, poderão surgir os atritos entre os participantes, daí cabe ao professor fazer a intermediação para que esses problemas sejam amenizados e prevaleça a motivação, a interação, a cooperação e consequentemente o aprendizado de forma significativo.

Outro fator importante para o desenvolvimento das atividades é a aproximação do professor e o aluno. O professor deve ser amigo da criança, procurando sempre uma relação de respeito mútuo e afetividade, para que a criança se sinta mais segura, mais participativa, com mais compreensão do mundo que a cerca. Nessa interação deve haver o elogio, para que o aluno se sinta valorizado, claro que sem exageros, ou seja, é importante que o aluno tenha seu desempenho reconhecido, mas que esse reconhecimento seja justo.

 

2.2 AS ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

 

É de responsabilidade da escola de oferecer às crianças da educação infantil as oportunidades que eles precisam para aprender. Essas oportunidades deve haver a brincadeira, pois é através dela que a criança expressa suas emoções, seus anseios e poderá desenvolver muitos outros sentimentos com muita naturalidade. As brincadeiras proporcionam várias atividades lúdicas que podem promover o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social das crianças, principalmente quando se refere aos jogos, pois através dos jogos, a criança cria suas regras, facilitando o desenvolvimento do indivíduo na sociedade.

De acordo com os estudos sobre a história da humanidade, chegou-se a conclusão que a ludicidade está presente desde os tempos dos homens primitivos, quando a forma de comunicação era feita através de desenhos. Essas gravuras eram desenvolvidas como forma de expressão lúdica e de comunicação. Foi aí que deu início ao processo de significação da atividade escrita, a qual começou com brincadeiras e mensagens gravadas nas cavernas, possibilitando a criação de situações de aprendizagem com utilização de brincadeiras e jogos presentes na sociedade dos tempos antigos até hoje.

Nos tempos antigos as brincadeiras e jogos não eram valorizados na educação da criança, chegando até serem coibidos pelos adultos, pois eles não percebiam que a criança tinha alguma aprendizagem, bem como desenvolvimento cognitivo e físico nessas atividades.

Segundo Melo (2011, p. 6):

 

Os primeiros sinais de valorização da atividade lúdica tiveram início no século XVI, sendo resgatados pelos humanistas, que perceberam o valor educativo das atividades lúdicas, mas ainda referenciados como uma forma de “bajulação” ou “paparicação”, isto é, uma maneira de agradar ou recompensar por boas atitudes e interesse pelos estudos. 

 

As crianças de hoje, através de seus antepassados, tem a oportunidade de conhecer os brinquedos que eram utilizados na época, que por falta de recursos tecnológicos e pelo alto preço, teriam que brincar, por exemplo, com: cavalo de pau, esconde-esconde, pega-pega, pipas, pula corda, bolas de gude, escorregar em barrancos, tomar banho em rios, brincar com carrinhos e bonecas de fabricação própria, dentre outros que não necessitam de muitos recursos. A criança utilizava da criatividade para transformar qualquer objeto que encontrava pela frente, em brinquedo.

Considerando que cada região tem uma influência cultural, a escola deve utilizar a ludicidade de acordo com os costumes do local onde as crianças são criadas, facilitando desta forma a aprendizagem, tendo em vista que a criança aprende baseado no que o adulto vive, claro que de forma lúdica.

Como a criança tem muita criatividade, ela cria e recria as brincadeiras e jogos e assim conforme Melo (2011, p. 10): “ela desenvolve a curiosidade, a criticidade, a confiança e a participação na resolução de problemas relacionados ao conhecimento necessário para a apropriação do mundo da cultura”.

Através das brincadeiras, as crianças desenvolvem a estruturação do pensamento, a construção do simbólico, a linguagem, a coordenação motora etc. Ela faz uma comparação da vida real com a fantasia e desta forma, pode criar situações em que fará uma interação de seus medos e angústias.

As brincadeiras que eram utilizadas pelos nossos avós, serão perpetuadas através das crianças que herdaram de seus antepassados e que vão passando de geração em geração, porém com a possibilidade de serem recriadas. O aprendizado que essas crianças adquirem, através dessa interação com o adulto, ela poderá ensinar para as crianças de gerações futuras.

 

2.3 A LUDICIDADE E SUA RELAÇÃO COM A AFETIVIDADE

 

A relação da ludicidade com a afetividade é percebida desde o nascimento da criança até a fase adulta, pois é normal do ser humano brincar com seus filhos desde os primeiros contatos quando ainda bebês. Segundo Melo (2011, p. 69) a afetividade pode ser relacionada aos mais diversos termos, como: “emoção, estados de humor, motivação, sentimento, paixão, atenção, personalidade, temperamento e outros tantos”.

Essa afetividade acontece de forma mais intensa no ambiente escolar, onde a criança troca experiências com outra criança e se sente a vontade para conviver em grupo. A escola tem o papel de manter esse ambiente, no qual a criança e educadores são estimulados a desenvolver as atividades de forma prazerosa. Essa relação de afetividade proporciona à criança maior interesse pelas brincadeiras e consequentemente melhor desenvolvimento intelectual.

Quanto mais tempo acontece a interação mais afetividade terá entre as partes envolvidas, em razão comunicação, dos comportamentos, das crenças, dos valores e diversos outros sentimentos presentes nas relações, que irão contribuir na aprendizagem.

O afeto presente na vida da criança irá determinar como ela será na fase adulta, pois as experiências vividas serão memorizadas e recordadas por toda a vida. Se a criança recebe afeto, crescerá com mais segurança e determinação em tudo que ele fará e consequentemente a busca constante do conhecimento. Pode-se dizer que o mundo externo que será apresentado à criança irá definir o seu mundo interno.

Quando a criança inicia a vida escolar, ela está entrando num ambiente novo, no qual necessita ter uma boa impressão com aquilo que irá fazer parte da vida dela e nesse momento que a escola, professores devem se atentar para o recebimento dessa criança, dando atenção, carinho, paciência, dedicação e desta forma facilitar a aproximação com o aluno, para que ela fique a vontade, confiante e assim desenvolver a aprendizagem de forma tranqüila. 

O professor deve ter todo cuidado ao lidar com a criança, para que não haja nenhum tipo de discriminação. Deve tratar a todos de forma igual, pois se a criança se sentir excluída nessa relação, poderá apresentar problemas de aprendizagem. Uma criança mal tratada pode perder o interesse por uma determinada disciplina, pois poderá associar à disciplina que está estudando ao professor que está ensinando.

O educador deve estar atento para qualquer alteração no comportamento do aluno, pois poderá estar tendo perturbações com os seus sentimentos. Isso deve ser indagado ao aluno de forma carinhosa, passando para ela toda a confiança e consequentemente recebendo da criança o desabafo e a exposição do problema, no qual o mesmo pode estar sendo alvo de chacotas e apelidos pejorativos, mas também, caso a criança erre, que faça reconhecer seus erros.

Segundo Melo (2011, p.75):

 

Quando ocorrem explosões de sentimentos – raiva, alegria, tristeza -, o professor precisa ter muita habilidade. Para tanto, faz-se necessário manter um diálogo com a criança, onde seja possível perceber o que está acontecendo, escutando-a, demonstrando carinho, abraçando-a quando ela assim o permitir, enfim, abrindo espaço para que a criança se manifeste e você, professor (a), possa ajudá-la.

 

A afetividade da criança é desenvolvida por várias etapas de sua vida, bem como sua sensibilidade, a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem através de seu corpo, do mundo em que vive e pela convivência com a família, com amigos e na escola.

Assim como o aluno deve respeitar o professor, o professor deve também respeitar o aluno. Esse respeito mútuo é que proporciona a afetividade e consequentemente a aprendizagem.

O professor deve ter o cuidado para que as atividades sejam desafiadoras para que as crianças, as quais se sintam desafiadas, felizes e que façam com prazer. Essas atividades devem ser de acordo com a capacidade dos alunos, ou seja, não devem ser irrealizáveis.

Ainda segundo Melo (2011, p.77):

 

Acredita-se que a chave para o sucesso da escola, pensando numa perspectiva lúdica, inovador e eficaz, é ensinar com afetividade e respeito ao indivíduo, é saber dosar, ter bom senso, pensar no aluno como um ser único que sente e age de acordo com o que está acontecendo ao seu redor. 

 

A maneira como o professor irá tratar o aluno no dia a dia, definirá como ele irá aprender, ou seja, se a criança recebe afetividade, ele aprenderá com mais facilidade. Inclui nessa relação de professor e aluno, a valorização do aluno, com elogios, para que o aluno se sinta importante e buscar sempre o conhecimento, deixar que o aluno se expresse e exponha seu ponto de vista, fazendo com que a criança cresça com espírito crítico. Estimular a responsabilidade da criança permitindo que ele tome algumas decisões, sempre com respeito e carinho.

O professor que aplica a ludicidade de forma afetiva terá mais condições para ensinar de forma prazerosa. A utilização dos jogos e brincadeiras deverá ser de acordo com os desejos dos alunos, os quais terão a possibilidade de vencer suas barreiras, conseguir as conquistas, aprender com entusiasmo. A escola e os educadores devem estar preparados para que todos os sentimentos sejam despertados no aluno para que ele aprenda de forma satisfatória.

 

2.4 A LUDICIDADE COMO FUNÇÃO EDUCACIONAL

 

As metodologias com utilização da ludicidade tem tido resultados positivos na educação infantil, pois as crianças aprendem mais quando estão brincando, considerando que as brincadeiras prendem a atenção, facilita a concentração e a memorização.

As brincadeiras ajudam no crescimento da criança, pois faz bem à saúde, auxilia na forma de comunicação da criança consigo mesma e com os outros. Quando a criança brinca, desperta nela a criatividade, a personalidade e a motivação, proporcionando caminho para a aprendizagem.

As escolas devem dar todas as condições para que a criança brinque, disponibilizando materiais e espaços para que elas desenvolvam todas as atividades lúdicas. É necessário que elas fiquem a vontade para escolher as brincadeiras e os parceiros de suas preferências e o professor tem o papel de mediador, até mesmo para resgatar brincadeiras antigas.

 

Consideramos que o professor tem a competência para ser o mediador no resgate de grande parte desse conhecimento, utilizando como fonte de pesquisa sua própria infância, na qual sua geração, de modo geral, teve a oportunidade de vivenciar muitas brincadeiras e jogos, riquíssimos em movimentos, vocabulário e significado cultural. (MARINHO,  et al., 2007, p.81).

 

São inúmeras as brincadeiras que podem ser trabalhadas com os alunos, como os cantos folclóricos, as histórias, os brinquedos, os quais alguns já podem conhecer através da família e se mostrar curiosos para conhecer os novos. As brincadeiras antigas envolvem um número grande de crianças e é essa coletividade que favorece o aprendizado, pela interação, na qual a criança pode trocar idéias, opinar, cooperar, aprender conceitos que servirão para o resto de sua vida.

É importante que as crianças em sala de aula possam desenvolver a imaginação da linguagem falada como diversão, na qual elas têm a oportunidade de brincar com as palavras e desta forma compreender o que faz sentido e o que não faz em suas vidas.

O professor deve ter o cuidado para escolher as brincadeiras que têm como objetivo desenvolver conhecimentos para a criança, inclusive dos conteúdos trabalhados em sala de aula. As atividades em sala de aula devem provocar o interesse nas crianças, as quais podem aprender de forma divertida, com o exercício de sua imaginação, criatividade e fantasias. É importante que o professor observe sempre o espaço físico, o número de alunos e o potencial de cada um. Tem que haver o interesse das crianças em participar das brincadeiras e o educador tem a função de estimular, de explicar, fazer com que a criança aceite a atividade proposta e sinta prazer na sua execução.

Através da observação que o professor faz nas brincadeiras, pode-se descobrir as habilidades e dificuldades de cada um e essa mesma avaliação poderá ser feita nas atividades sobre os conteúdos ensinados em sala de aula.  

Segundo Macedo; Petty; Passos (2005, p. 27):

 

Um professor que, de tempos em tempos, dedica-se a fazer um levantamento dos tipos de erros mais freqüentes produzidos pelos estudantes, perguntando como pensaram para resolverem determinado problema, poderá conhecer melhor suas hipóteses e sua maneira de raciocinar. 

 

São muitas as habilidades que o aluno desenvolverá durante as brincadeiras, que poderão ser aproveitadas para resolver as atividades em sala de aula, como exemplo: se a criança pode planejar uma ação para realizar uma jogada, ele pode planejar para resolver um problema matemático. Ele vai aprender a refletir mais para tomar as decisões e consequentemente terá o raciocínio estimulado. A criança que participa das atividades lúdicas, não aprende só com suas ações, mas observando a maneira como seus colegas agem e desta forma a aprendizagem acontece.

De acordo com Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (PCN, 1998, p. 46):

 

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas. 

 

Assim como os jogos e brincadeiras são utilizados no estudo da matemática, na língua portuguesa não é diferente, pois os alunos podem aprender diversas regras nessa disciplina, como a forma de escrever as palavras, os verbos, as concordâncias, os acentos, etc, cantando, por exemplo. Cada conteúdo pode ser ensinado através da ludicidade da forma como o professor achar mais adequada.

O professor deve ficar atento aos aspectos positivos que o jogo oferece como o companheirismo e a cooperação e não deixar que uma competição provocativa, a qual poderá causar atritos entre os participantes. É preciso que haja uma intermediação do educador para que os aspectos negativos que todo jogo pode oferecer, não venha a prejudicar o objetivo principal da atividade, que é buscar a aprendizagem de forma prazerosa.

O mais importante da ludicidade utilizada em sala de aula, não é só o brinquedo e as brincadeiras, mas que professor e alunos tenham atitudes lúdicas, com posturas de sensibilização, envolvimento e afetividade.

 

2.5 AS TECNOLOGIAS LÚDICAS.

 

As brincadeiras nos dias atuais não são mais como antigamente, principalmente as realizadas por crianças urbanas, pois essas tem tido mais acesso as novas tecnologias. Percebe-se que hoje, quase não se vê crianças brincando nas ruas, mas ainda são utilizadas muitas brincadeiras dos tempos antigos, até porque os adultos repassam as crianças de hoje.

Com as novas tecnologias, surgiram os desafios para os professores que são obrigados a fazer uma reciclagem, buscando novos conhecimentos com o intuito de se prepararem para a utilização dessas novas ferramentas pedagógicas.

Para Brito e Purificação (2011, p. 41):

 

Para que as tecnologias na sala de aula não se constituam apenas em uma novidade e não se prestam ao disfarce dos reais problemas existentes, julgamos conveniente que os professores compreendam e aceitem que, atualmente, as mudanças tecnológicas nos proporcionam os instrumentos necessários para respondermos à exigência quantitativa e qualitativa de educação. O que precisamos saber é como conhecer essas tecnologias e adaptá-las às nossas finalidades educacionais. 

 

O educador, além de enfrentar as dificuldades ao lidar com as tecnologias, se depara com alguns problemas que deveriam ser resolvidos pelo estado, como melhoria das políticas educacionais, formação de professores, estrutura física, baixo salário, entre outros.

Diante das dificuldades, o professor deve se adaptar com que a escola oferece, deve buscar alternativas para trabalhar da melhor forma possível com os objetos e meios disponíveis, como o computador, televisão, rádio, livros, cartazes, filmes, etc.

Brito (2011) diz o seguinte: sabemos que o cenário tecnológico e informacional requer novos hábitos, uma nova gestão do conhecimento, na forma de conceder, armazenar e transmitir o saber, dando origem, assim, novas formas de simbolização e representação do conhecimento.

As tecnologias estão sempre se aprimorando no nosso cotidiano, seja nas zonas rurais, seja nos centros urbanos e a educação deve ter esse acesso a essas ferramentas, já que todos são obrigados a integrar a esse novo mundo tecnológico, principalmente quando se refere ao computador, o qual deve ser bem analisado para que seja utilizado no processo educacional de forma correta, sendo que essas mudanças devem fazer parte da formação do professor.

Uma das tecnologias que pode ser destacada na aprendizagem é o jogo eletrônico, o qual motiva a criança, desenvolve a coordenação motora e a diverte, apesar de esse tipo de jogo ainda causar medo em alguns pais e professores, mas se bem utilizados, podem dar bons resultados para a educação.

As dificuldades do acesso às novas tecnologias, não podem ser motivo para que os educadores desistam das atividades lúdicas, pois mesmo que a escola não dispunha de objetos sofisticados, o professor terá à sua disposição outros objetos comuns ao cotidiano que podem servir para a prática dessas brincadeiras.

Muitas brincadeiras antigas que até hoje faz parte da diversão das crianças, podem ter muito significado no seu desenvolvimento, como o estímulo a agilidade, à memória, à coordenação motora e a cooperação. Quando a escola trabalha com essas atividades lúdicas com as crianças, ela deve observar o propósito que cada uma tem na vida desses alunos. 

Neste contexto, serão relacionadas algumas brincadeiras e o que elas estimulam na criança:

  1. Amarelinha – estimula o equilíbrio, agilidade e mira.
  2. Elefante colorido – estimula a atenção, agilidade, memória, coordenação motora, conhecimento de cores.
  3. Queimada – estimula a agilidade, velocidade, mira, atenção e cooperação.
  4. Que bicho eu sou? – estimula a criatividade, imaginação, linguagem e movimento.
  5. Mãe da rua – estimula a atenção, equilíbrio, velocidade, coordenação motora e agilidade.

As brincadeiras apresentadas aqui são exemplos de atividades que não necessitam de novas tecnologias, pois são brincadeiras desenvolvidas com objetos simples que passam de geração a geração e que são fáceis de serem inseridas na educação.

São muitos os materiais disponíveis que o professor pode utilizar na educação infantil, como papel, caixa de papelão, balde, areia, bola. O professor pode propor várias brincadeiras utilizando esses materiais, onde as crianças podem experimentar várias experiências, através das formas, cores, sons, peso, etc. Sem os materiais, as crianças podem brincar utilizando somente o corpo, seja batendo palmas, pulando, cantando, dentre outras. O importante é que a criança possa explorar seu mundo para conhecê-lo e conhecer a si mesma.

Segundo Rojas (2007) “o brinquedo auxilia nesse processo em que a criança, de forma espontânea e até mesmo inconsciente, aprende a seguir as regras. Por conta da satisfação e do prazer que encontra no brincar, tem a possibilidade de, cada vez mais descobrir-se, ampliando seus limites”. 

É natural toda criança brincar mesmo que não disponha de brinquedos. Não se pode imaginar uma criança que não brinca, seja a qualquer hora e em qualquer lugar, em casa, na escola, sozinha, com qualquer objeto que ela encontra pela frente ela cria, imagina e se diverte. Isso facilita para professor propor as brincadeiras e aplicar suas metodologias de ensino.

 

    1. A BRINQUEDOTECA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Segundo Melo (2011, p. 179) “de origem Européia, as brinquedotecas surgiram na década de 60, com o objetivo de assegurar à criança o direito de brincar e a valorização do empréstimo de brinquedos e materiais lúdicos. Em alguns países como Estados Unidos e Canadá é chamada de biblioteca de brinquedos ou “toy libraries”.

A utilização da brinquedoteca foi criada em razão de um acontecimento um tanto curioso que aconteceu nos Estados Unidos, onde segundo a ABBRI - Associação Brasileira de Brinquedotecas, “nos anos da grande depressão econômica norte-americana, por volta de 1934, em Los Angeles, o dono de uma loja de brinquedos queixou-se ao diretor da Escola Municipal, de que as crianças estavam roubando brinquedos. O diretor chegou à conclusão de que isto estava acontecendo porque as crianças não tinham com o que brincar”. A partir daí iniciou o serviço de empréstimo de brinquedos às crianças que não tinha condições para comprar. O serviço foi mais desenvolvido na Suécia, em 1963.

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), mais precisamente na APAE de São Paulo, que tinha o intuito de ajudar no estímulo de crianças deficientes começou a utilizar brinquedos em 1971.

Segundo Melo (2011) “No Brasil, as brinquedotecas surgiram na década de 1980. As atividades são supervisionadas e orientadas pelo ludoeducador, também conhecido como ludotecário, brinquedista ou recreacionista”.   

Melo (2011, p. 180) ainda diz que:    

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

É possível definir brinquedoteca como uma instituição recreativa, cultural e pública que pode ser implantada em escolas ou em outros locais como, por exemplo, em hospitais, nos centros comunitários, em supermercados, em lojas, em instituições públicas etc. As brinquedotecas resgatam o espaço de brincar, que está sendo invadido pelos efeitos da escolarização precoce que cresce cada vez mais, pelas cobranças cada vez mais comuns, de inúmeros compromissos que são disponibilizados às crianças - escolinha de inglês, de natação, de futebol, de artes marciais, de balé etc., esquecendo que ela precisa brincar livremente. 

 

A brinquedoteca permite à criança brincar com os mais variados materiais lúdicos, como jogos, sucatas, fantasias, livros, jornais, revistas, entre outros. Através dos objetos disponíveis, as crianças podem desenvolver várias atividades.                      

Pode-se perceber como a arte de brincar favorece o bem estar da criança, ajudando até na recuperação de crianças doentes, por isso que hoje é obrigatória a utilização da brinquedoteca em todos os hospitais com atendimento pediátrico, conforme determina a lei federal n.º 11.104, de 21 de março de 2005.

Assim como na saúde a brinquedoteca nas escolas tem um papel fundamental, principalmente para a educação infantil, pois é um local preparado exclusivamente para as brincadeiras, no qual tem a possibilidade de contar com brinquedos de qualidade, onde as crianças encontrarão um ambiente bem decorado e com muita alegria, favorecendo as funções pedagógica e comunitária, já que terão vários brinquedos a disposição, com os quais os alunos poderão dividir uns com os outros, aprendendo a ter respeito e colaboração. Mesmo que a brinquedoteca seja de brinquedos e decoração simples, o importante é que tenha esse espaço que proporcionará momentos de descontração, alegrias, criação, de prazer e aprendizado.

A brinquedoteca não pode ser somente um espaço com variados tipos de brinquedos, mas um local onde os educadores apliquem atividades lúdicas que tenham proposta educacional. Para que esses espaços lúdicos sejam mantidos e ampliados, é necessário que os educadores tenham consciência e que pais e sociedade em geral revisem alguns conceitos, pois muitos ainda têm um pouco de desconfiança ou até mesmo preconceitos sobre as atividades lúdicas nas escolas, pois não tem a visão que a escola tem sobre a importância das brincadeiras no aprendizado da criança.

Para Melo (2011, p. 183):

 

A brinquedoteca e a Educação Infantil devem andar lado a lado, uma não substitui a outra. Tanto uma quanto a outra devem provocar reflexões e despertar uma nova maneira de considerar experiências e conhecimentos infantis, aliadas numa proposta educacional inovadora.

 

Considerando a importância da brincadeira no desenvolvimento físico, psíquico e social da criança, toda escola deveria ter um espaço específico para as atividades lúdicas, como é o caso da brinquedoteca, até porque é um espaço onde as crianças serão mais livres e terão mais condições de desenvolver as brincadeiras.

 

    1. A MUSICALIZAÇÃO COMO FORMA LÚDICA DE APRENDIZAGEM

 

A música está presente em todos os povos, em todas as culturas, seja nos momentos de alegrias, de tristeza, de descontração, de calmaria e de agitação. Segundo estudos, a criança recebe os primeiros estímulos musicais ainda no ventre materno, através das batidas do coração da mãe e depois que nasce passa a ouvir as músicas cantadas pelas suas mães quando querem fazê-los se acalmarem. A música é tão importante para o ser humano que até na recuperação de doentes em hospitais ela é utilizada, na forma de musicoterapia.

A música é muito envolvente, pois quem a ouve de uma forma ou de outra sente uma reação, que pode ser na imaginação, no movimento do corpo ou até mesmo de repulsão, quando a pessoa não curte o ritmo. Ela está presente em todos os locais e pode ser utilizada de acordo com o ambiente ou o objetivo a ser alcançado. Toda criança quando ouve uma música tem a tendência de começar a balançar o corpo, acompanhando o ritmo, pois vivencia isso no convívio com os adultos que de uma forma ou de outra acabam a ensinando.

A música como ludicidade tem a mesma finalidade das brincadeiras já citadas neste trabalho, ou seja, desenvolver a sensibilidade, a imaginação, a memória, a atenção, a autodisciplina, a socialização, a afetividade e a movimentação corporal.

 

Ao trabalhar com os sons, a criança aguça sua audição, ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção, ao cantar ou imitar sons ela está estabelecendo relações com o ambiente em que vive. O aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo. (BRÉSCIA, 2003 apud MELO, 2011, p.89)

 

Na educação cabe aos educadores, trabalharem a musicalização de acordo com cada atividade desenvolvida, respeitando as características de cada indivíduo. O importante é fazer com que a criança se envolva o máximo possível, talvez até construindo ou ajudando a construir seu próprio instrumento musical. O professor deve estar preparado para utilizar a música com seus alunos, deve fazer com que as crianças cantem, mas também que saibam ouvir.

Na educação, a musicalização pode ser aplicada com o intuito de deixar o ambiente mais agradável, para a socialização, para o relaxamento e para fins didáticos. Geralmente quando a criança chega à escola ela já teve contato com a música em casa. É importante que a música seja apresentada a criança por meio de histórias, dramatizações, jogos e brincadeiras.

A utilização da música favorece o processo educacional por compreender os mesmos efeitos das outras brincadeiras, pois a criança irá desenvolver as atividades com diversão, prazer e cooperação. Segundo Melo (2011) “a música está ligada ao corpo, à mente e às emoções, afetando diretamente diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual, tornando-se assim um agente facilitador do processo educacional”.

Segundo Mársico (1982, apud MELO, 2011, p.150) alguns aspectos devem ser observados pelo professor, para que a musicalização na Educação Infantil seja eficiente:

  • As atividades devem ser diárias, com duração de 20 minutos;
  • As canções são importantes no processo de musicalização porque reúnem ritmo, melodia, forma, harmonia, tempo, dinâmica e, principalmente, ação, pois as crianças, ao ouvirem as canções, logo se põem a balançar e inventar gestos;
  • A música deve ser diferenciada de instrumento musical. Não é só o tocar instrumento que é música: o cantar, o cantarolar, o assobiar, o estalar de dedos, entre outros, devem ser considerados também como música;
  • O desenvolvimento do senso rítmico musical e a audição compreendem os níveis sensorial e rítmico-melódico;
  • Deve-se proporcionar a valorização do silêncio como forma até de criar o hábito de ouvir;
  • Proporcionar a identificação dos sons: de onde vêm, quais suas direções. A percepção musical está muito ligada ao desenvolvimento da percepção também no que se refere à identificação de qual som se está ouvindo, se é voz, instrumento, ruído etc.;
  • Referenciar os atributos do som: altura, intensidade, duração, timbre.

Não se pode ver a música apenas como diversão para os alunos nem tão pouco para formar músicos, mas como uma forma de enriquecer a linguagem oral e corporal das crianças, as quais podem enriquecer seus conhecimentos, quando essa atividade é realizada em grupo.

As atividades desenvolvidas com utilização da música fazem com que melhore a afetividade, aumenta a atividade cerebral, a socialização, ou seja, a música como atividade lúdica, favorece o aprendizado de forma prazerosa de trabalho em equipe, já que as crianças aprendem a serem mais sociáveis. O professor preparado irá perceber os efeitos que a música fará no bem-estar e no enriquecimento dos conhecimentos dos alunos, pois a música está ligada ao movimento do corpo, à mente, às emoções, por isso é importante que essa atividade lúdica seja inserida no processo educacional.

 

    1. A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

A utilização dos jogos em sala de aula é uma atividade lúdica importante na educação infantil, pois além de propiciar a diversão, o prazer, possibilitam à criança o desenvolvimento do raciocínio lógico, bem como seus conhecimentos. Essa interação que surge através dos jogos, facilita para o educador na definição de suas ações pedagógicas, as quais devem acontecer com muito planejamento. O professor deve estar preparado para as dificuldades que irão surgir nessa atividade, como por exemplo, os conflitos entre os participantes dos jogos. 

Rau (2011, p.33) afirma:

 

Assim, como toda aprendizagem, o jogo também evoca problemas e a necessidade de sua superação. Nem sempre estarão todos preparados para jogar, haverá dificuldades cognitivas, motoras, afetivas e sociais. Nessas condições, em se tratando da utilização da ludicidade como recurso pedagógico, é importante refletir sobre quais dificuldades podem ser enfrentadas quando se desenvolve algum tipo de jogo com os alunos em sala de aula. 

 

O educador deve se atentar para que os jogos aplicados em sala de aula sejam compatíveis com a vida social dos alunos, que sejam utilizados materiais regionais, que tenham significado para a criança, favorecendo o aprendizado, a coordenação motora, o desenvolvimento psíquico e a inteligência, bem como a convivência em sociedade.

Para que os jogos sejam considerados atividades lúdicas, o professor deve se empenhar com o mesmo espírito de diversão, de brincadeira, para que não seja apenas uma disputa, mas a busca do ensino aprendizagem de forma prazerosa.

Ainda segundo Rau ( 2011, p.61):

 

Nessa perspectiva, ao pensarmos em proporções práticas para o tratamento lúdico como recurso pedagógico, deve haver preocupação com a escolha das atividades, principalmente com o que o jogo pode proporcionar na intervenção do processo de ensino-aprendizagem, e não apenas como tipo de jogo. 

 

Além da aprendizagem sobre conteúdos estudados em sala de aula, os jogos podem propiciar às crianças muitos conhecimentos que irão utilizar no convívio pessoal. Essas atividades podem interferir no seu comportamento, no trabalho em grupo, no respeito com outras pessoas, dentre muitos outros benefícios.

De acordo com Kamii e Devries (1991) “o jogo para ser útil num processo educacional deve propor alguma coisa interessante e desafiadora, que as crianças façam auto-avaliação de seu desempenho e que todos os jogadores participem do começo ao fim”.

Essas utilidades vão ser muito importantes para a educação da criança, a qual terá seus conhecimentos aprimorados até chegar à fase adulta, ou seja, desde as primeiras fases até o ensino superior.

Ainda segundo Kamii e Devries (1991) “tomando a perspectiva da criança, o professor pode avaliar o grau de interesse que cada jogo provavelmente terá para cada uma delas ou para cada grupo de crianças; se levará ou não ao desenvolvimento do raciocínio e da cooperação”.

De grandes jogadores podem surgir grandes estudantes, pois através dos jogos, o aluno pode adquirir conhecimentos e habilidades importantes que serão utilizadas para aprender os conteúdos como: matemática, português, ciências, etc. O jogo além de fazer com que as crianças se socializem, ensina a ser menos egoísta, desenvolve a capacidade de observação, aprende com mais facilidade de forma prazerosa, propõe desafios, busca o trabalho em grupo e aprende a respeitar o outro. 

 

O jogo está presente no dia-a-dia do aluno. É através do jogo que ele constrói grande parte de seu conhecimento, caracterizado pelo aspecto lúdico e prazeroso, e a interação com o outro é espontânea. Com o jogo, a criança ultrapassa seus próprios limites, adquirindo autonomia na aprendizagem. Com recursos pedagógicos, a professora poderá utilizar-se de jogos e brincadeiras em atividades de leitura e escrita, matemática e outros conteúdos, devendo, no entanto, saber usar o jogo no momento oportuno. (CALASANS, 2011).



Segundo Melo (2011) “através de estudos realizados por Jean Piaget, o jogo infantil foi dividido em três categorias: jogo do exercício sensório-motor, jogo simbólico e jogo de regras”.

O jogo de exercício sensório-motor acontece nos primeiros meses de vida da criança, que consiste no surgimento do reflexo através da repetição de gestos e movimentos simples. 

O jogo simbólico faz com que a criança desenvolva a partir da assimilação do real, isto é, através da representação, da imaginação, do mundo do faz de conta. Essa fase é importante para a criança, pois ela representa nas brincadeiras o que acontece no seu dia a dia. 

O jogo de regras manifesta nas crianças dos sete aos doze anos de idade, e de acordo com Melo (2011) “o fato de ganhar ou perder toma proporções bem definidas, por isso é necessário despertar nas crianças o espírito de cooperação, criar mecanismos de preparação para a competição sadia, na qual impera o respeito ao outro, a participação e orientação dos professores e pais é fundamental”.

Percebe-se como o professor pode aplicar diversos tipos de jogos dentre das três categorias citadas e dessa forma a criança aprende os conteúdos propostos e adquira conhecimentos e valores que vão fazer dela um adulto com muito mais condições de viver em sociedade, onde ele possa exercer a cidadania de forma correta.


















3 CONCLUSÃO

 

O lúdico, essa atividade tão antiga, a qual era considerada apenas um jogo, hoje utilizada no ensino aprendizagem de forma ampla, principalmente como atividade didática na educação infantil, pois o que era considerada apenas brincadeira, divertimento, passou a fazer parte de metodologias aplicadas por professores em sala de aula. A utilização do lúdico compreende desde os primeiros contatos que a criança tem com a mãe até a fase adulta. Essas brincadeiras promovem o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social das crianças e muitas escolas hoje, são providas de estruturas adequadas com tecnologias cada vez mais apropriadas para as atividades lúdicas, proporcionando um aprendizado de forma prazerosa. 

O tema proposto nesse trabalho foi muito importante para o enriquecimento dos conhecimentos sobre metodologias de ensino na educação infantil, pois foi possível abordar o assunto com o auxilio de pesquisas bibliográficas de autores que tem dado uma relevante contribuição para o processo educacional. É importante frisar que o ensino aplicado com a utilização do lúdico deve envolver a escola, professores bem qualificados, que sejam afetivos, pois a afetividade proporciona a emoção, o bom humor, os sentimentos, a motivação e facilita a convivência em grupo. A Escola deve ter seu espaço adequado, onde os alunos possam estar à vontade para desenvolver as brincadeiras, os jogos, a música, etc. Toda escola deveria ter a disposição de seus alunos, uma brinquedoteca, um espaço exclusivo para as mais variadas brincadeiras. 

Poder aplicar os conhecimentos adquiridos sobre o lúdico na educação infantil, foi fundamental para a formação dos professores, pois através da prática em sala de aula, pôde-se comprovar o quanto o lúdico contribui para a o ensino aprendizagem, pois foi possível perceber em sala de aula através do desenvolvimento das atividades realizadas pelos alunos da educação infantil e pelos professores da Escola de Educação Infantil Santa Bernadete, os quais deram suas contribuições com os relatos de suas metodologias de ensino, tendo em vista que esses educadores têm utilizado o lúdico em sala de aula de forma constante. As práticas pedagógicas da escola foram condizentes com as teorias estudadas e isso foi muito importante para a conclusão do trabalho, pois pôde ser comprovado que é possível alcançar os resultados, quando se tem determinação naquilo que é proposto.







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