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DIVERSIDADE: EDUCAR E INCLUIR

 

Angélica Dias Carvalho

Loana Valquiria Barbosa de Lima Sales

Mariane Ribeiro dos Santos

 

 

RESUMO:

Refletir sobre educação e diversidade na escola é trazer em pauta o processo de desenvolvimento humano de forma integral, bem como falar sobre a democratização do saber. Implica-se, desta forma, no desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem singular, crítico, desafiador e dinâmico que deve considerar as diferentes culturas, ritmos e níveis de desenvolvimento dos alunos, além de promover a inclusão social de forma efetiva. Essa totalidade diz respeito a tudo que configura o viver coletivo. São os costumes, os hábitos, a maneira de agir, de pensar, as técnicas que ao serem utilizadas levam ao desenvolvimento e a interação do homem com a própria natureza, tudo o que diz respeito a essa sociedade. O tema diversidade, educar e incluir na escola implicam em um projeto de estruturação progressiva e mudança significativa. Por essa razão nossas ações de hoje dificilmente irão resolver os arraigados princípios que delimitam a inclusão, mas certamente podem contribuir e propiciar momentos em sala de aula que despertam para as melhorias e conquistas dessa problemática, a fim de chegar à verdadeira inclusão social e pedagógica.

Palavras-chave: Desenvolvimento. Diversidade. Saber. Educar. Incluir.

 

INTRODUÇÃO

 

 

Em todas as sociedades ao longo da história humana, mesmo que em caráter informal, a educação tem desempenhado o papel de socialização, conservação e transformação da cultura do conhecimento e dos valores. Na vida cotidiana é possível conviver com a inclusão e a diversidade de modo civilizado. Todos querem ser politicamente corretos. Para isso,podem aceitar e até achar interessante as diferenças.

A sociedade atual vivencia constantes mudanças em todos os sentidos da vida social e cultural, o que nos leva a perceber a grande necessidade de inclusão, partindo do nosso conhecimento da diversidade e do enredamento dos problemas sociais, entendendo que sempre se pode trabalhar na igualdade o que é diferente.

A Educação Básica em seu papel deve ser propulsora para o enfrentamento que é trabalhar a inclusão e a diversidade. Projetos e ações afirmativas devem ser um caminho para a construção da tão almejada igualdade.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

Na perspectiva inclusiva, são necessárias políticas que organizem,sustentem e garantam suporte as escolas,para que essas ofereçam acesso e permanência a todos os que desejarem ali estar. Isso não significa,porém,que as escolas possam se eximir de suas responsabilidades esperando que as condições ideias sejam atendidas para então se engajarem nessa luta. Como já ouvimos falar incluir não é uma responsabilidade individual,mas de toda a sociedade;depende de muitas variáveis ,é o sistema educacional,hoje,composto por uma vasta diversidade. Inclusão passa necessariamente pela escola,pelo professor,o qual precisa formar-se para essa empreitada e enfrentar o desafio de lidar com as diferenças,refletir sobre o que ensinar,sobre como se aprende ,e redimensionar a formação e a própria educação.

A educação em seu papel deve propelir para o enfrentamento do desafio que é trabalhar com inclusão, assim sendo a inclusão torna possível aos que são discriminados por causa da cor ,classe social e sua deficiência,que por direito ocupem seu lugar na sociedade. A inclusão é o movimento que está ligado à construção de uma sociedade democrática, pela qual todos conquistem sua cidadania e onde a diversidade seja respeitada e haja aceitação e reconhecimento político das diferenças. Como cita Kunc (1992): "o principio fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a ideia de que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo".Sabemos que receber na escola uma criança com dificuldades de aprendizagem é uma coisa,levar a ela o acesso ao conteúdo é outra. Em poucas palavras pode-se dizer que a inclusão na prática e no papel são bem diferente.

Valorizar as peculiaridades de cada criança,atender a todos na escola,incorporar a diversidade,sem nenhum tipo de diferença. Em tempo algum o tema inclusão de alunos defiencintes esteve tão presente em nosso cotidiano e no dia-a-dia da educação e isso é uma boa notícia,pois sabemos que ainclusão é uma questão humana de valores,é postura,maneira de ser,é questão existencial,que se transforma num ato politico quando escolhe os conteúdos e a metodologia a ser trabalhada em sala.Sabemos assim que a inclusão é um processo cheio de imprevistos,sem fórmulas prontas e que exige aperfeiçoamento constante.

Por tanto Projeto Político Pedagógico (PPP) visa entender e compreender cada mais o tema inclusão e diversidade dentro da escola. Elaborar um plano pode ajudar a equipe escolar e a comunidade a enxergar como transformar sua realidade cotidiana em algo melhor.

O Projeto Político Pedagógico além de ser o eixo de toda e qualquer ação a ser desenvolvida na fundação de ensino,oferece condições para escola encontrar sua identidade,buscando assim o compromisso de tentar construir uma sociedade mais justa e democrática,tendo o homem como sujeito da educação e ser social.No espaço democrático como é o âmbito escolar,devemos respeitar a diversidade,pois cada ser é diferente e único no modo de ser e pensar e as mudanças de atitude por si só não já provoca transformações.Sendo assim devemos construir uma rede que apoia a familia,os alunos e os profissionais garantindo assim o compromisso da comunidade escolar. Para construir uma sociedade inclusiva é preciso antes de qualquer coisa, uma mudança no pensamento das pessoas e na estrutura da sociedade, isso requer certo tempo, mas o que irá realmente nortear e desencadear essas mudanças nas pessoas é em um primeiro momento a real aceitação das pessoas com necessidades especiais, essa aceitação deve começar pela própria família.É por disso que entendemos a” diversidade:educar e incluir “ como uma forma que visa promover não só dentro da escola mas em toda sociedade um meio de promover a cidadania,igualdade de direitos e respeito a diversidade.Como diz na Lei de Diretrizes e Bases Lei nº 9.394/96.

 

Art.205. A educação,direito de todos e dever do Estado e da família,será provida e incentivada com a colaboração da sociedade,visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho.(Brasil,1988)

 

O âmbito escolar é mais que uma referencia para sociedade. A escola transmite através da educação os valores que condizem para transformar seus alunos em bons cidadãos. Trabalhar com a diversidade não e uma tarefa fácil, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. De acordo com Ambrosetti (1999, p.92):

 

 

Trabalhar com a diversidade não é, portanto, ignorar as diferenças ou impedir o exercício da individualidade”. Pelo contrário, esse trabalho envolver o favorecimento do diálogo. Neste sentido, constitui imperativo “dar espaço para a expressão de cada um e para a participação de todos na construção de um coletivo apoiado no conhecimento mútuo, na cooperação e na solidariedade”.

Munanga (2004) conceitua que a educação não pode ser vista única e exclusivamente como um sistema, mas sim como um projeto mediador, onde a educação seja a instância capaz de interagir o indivíduo como pessoa não apenas no aspecto intelectual, mas sim, capacitando-o para ver a sociedade e a educação como um todo, no qual ele próprio esta inserido.

Também para Santomé (2006):

 

A educação serve para fazer compreender às pessoas que um outro mundo é possível; contribui para torná-las conscientes da necessidade de fazer tudo quanto necessário for para construir sociedades mais justas, democráticas e solidárias. São as cidadãs e os cidadãos instruídos os que contribuirão de forma mais decisiva para a promulgação de leis que tornam os direitos humanos e a democracia numa realidade. Podemos dizer que os sistemas educativos são um dos pilares fundamentais para proceder à contínua construção de um mundo mais justo; constituem um dos recursos primordiais por meio dos quais todas e cada uma das pessoas levam adiante a conquista dos seus direitos, assim como os das comunidades e povos no seio dos quais vivem e trabalham. (p. 99)

 

E é justamente esta mudança educacional que cada dia se torna mais necessária, pois a escola não educa para a diversidade, e isso só será possível com as mudanças propostas. Mudar a educação significa proporcionar aos educandos a aquisição de habilidades que permitam a socialização, o autoconhecimento e sua própria autonomia. E aceitar a diversidade implica reconhecer o direito a diferença, reconhecer o outro como parte do processo histórico-cultural, possibilidade essa, negada na maioria das vezes pela escola. Respeitar o outro nada mais é que acolher o educando, respeitando as diferenças, aceitando o modo de ser de cada indivíduo, respeitando os diversos pontos de vista, interpretações e especificidades de cada cultura.

 

 

Segundo Mantoan (2005), “inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós”. Para ela, a educação inclusiva acolhe todas as pessoas sem exceções.

Para Cláudia Dutra (2003).

Inclusão postula uma reestruturação do sistema de ensino, com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais.(p.46)

 

Deste modo, inclusão é atender a todos na escola, incorporar a diversidade sem nenhum tipo de distinção, ou seja, oferecer educação de qualidade para todos.

 

 

O conceito diversidade é inerente à educação inclusiva e evidencia que cada educando possui uma maneira própria e especifica de absorver experiências e adquirir conhecimentos, embora todas as crianças apresentem necessidades básicas comuns de aprendizagem [...] Isto quer dizer que as diferenças individuais -- aptidões , motivações, estilos de aprendizagem , interesses e experiência de vida – são inerentes a cada ser humano e têm grande influência nos processos de aprendizagem que são únicos para cada pessoa (BRASIL,2005,p.60-61).

 

Em outras palavras: seriamos naturalmente diferentes e a diversidade enriqueceria as relações humanas que, havendo tolerância, se tornaria harmônica.

 

Figueiredo (2002) coloca ainda que:

As diferenças são desejáveis, porque enriquecem, ampliam e permitem a identificação/diferenciação; as desigualdades, ao contrário, produzem inferioridade, porque implicam relações de exploração. Enquanto as diferenças se assentam na cooperação, as desigualdades ocasionam competição”

 

Aranha (2000) destaca que a ideia de inclusão se fundamenta em uma filosofia que possa reconhecer e aceitar a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de acesso de todos a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada individuo ou grupo social. De acordo com Lima (2006,p.17)

A diversidade é norma da espécie humana: seres humanos são diversos em suas experiências culturais, são únicos em suas personalidades e são também diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres humanos apresentam, ainda, diversidade biológica. Algumas dessas diversidades provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das pessoas (as comumente chamadas de “portadoras de necessidades especiais”). Como toda forma de diversidade é hoje recebida na escola há a demanda óbvia, por um currículo que atenda a essa universalidade.”

Mantoan (1997) discute a importância de cada profissional da educação respeitar a individualidade de cada educando. E perceber que no ambiente escolar há fatores determinantes que objetivam trocas de valores sociais, culturais e intelectuais, que devem ser levados em consideração pelos educadores e gestores da instituição escolar.

Portanto a diversidade e inclusão na escola nos faz ver não apenas os alunos, mas toda a comunidade escolar interna e externa, pois a diversidade e a inclusão estão presentes na sociedade como um todo, é essa dinâmica que rege as ações fora do espaço escolar e se reflete diretamente nas questões que ocorrem dentro da escola, assim sendo , quando consideramos as diferenças como um elemento formador de todos os sujeitos, podemos agir de forma que não haja mais reproduções de estereótipos e preconceitos de todos os tipos.

 

Dessa forma o convívio escolar permite a efetivação das relações de respeito, identidade e dignidade. Assim, é sensato pensar que as regras que organizam a convivência social de forma justa, respeitosa, solidária têm grandes chances de ai serem seguidas.

Para Brasil (200, p.11):

A consciência do direito de constituir uma identidade própria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito à igualdade e no respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas (eqüidade), tantas quantas forem necessárias, com vistas à busca da igualdade. O princípio da equidade reconhece a diferença e a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional.

 

A escola, ao considerar a diversidade e a inclusão, tem como valor Máximo o respeito às diferenças, não o elogio à desigualdade. As diferenças não são obstáculos para o cumprimento da ação educativa; podem e devem, portanto, ser fator de enriquecimento.

Por isso, é que a escola precisa conhecer quem são seus alunos, sem isso é impossível adotar qualquer prática que venha refletir o meio social e cultural em que se encontra. Conhecendo seu meio, poderá valorizar seus alunos em suas particularidades étnicas e culturais e a partir de suas realidades de vida, experiências e saberes construírem, o ensino aprendizagem que contribua para que o aluno adquira conhecimentos que possam ajudá-lo entender as diversidades da sua própria vida tornando-o sujeito critico e pensante.

 

CONCLUSÃO

 

Trabalhar o tema identidade em uma turma de inclusão pode ser dificil ,mas não impossível, a inclusão de alunos deficientes em classes regulares representa um avanço histórico em nossa sociedade. Sendo assim a primeira sugestão para que se caminhe para uma educação de qualidade é estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de forma participativa o seu Projeto Político Pedagógico, diagnosticando a demanda, ou seja, verificando quantos são os alunos, onde estão e porque alguns estão fora da escola.

Pela observação dos aspectos analisados, compreende a relevância de conhecer a realidade dos alunos e da escola, a escola, espaço de convivência com a diversidade, é um espaço privilegiado para a discussão de questões referentes à diversidade e inclusão devendo assumir o compromisso de educar o olhar dos estudantes quanto a seus direitos legais.

Nos dias atuais, fazer valer os direitos e cumprir com os deveres, têm se tornado uma tarefa árdua. Muitos cobram, poucos cumprem, e a sociedade se encontra perdida .Trabalhar com a diversidade e a inclusão não fácil,mas temos que estimular para que as escolas elaborem sua proposta pedagógica,para melhor atender e respeitar os alunos.

 

REFERÊNCIAS

 

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Educar e incluir: Disponível em:< educaravida.blogspot.com/‎ > acesso 02/08/19 às 08:45

 

A educação para a diversidade e a formação de professores.. Disponível em :< meuartigo.brasilescola.com › Educação‎ >acesso02/08/19 ás 09:00

 

Inclusão na escola - Educar para Crescer : Disponível em: < educarparacrescer.abril.com.br/.../inclusao-mundo-melhor-736661.shtml‎ > acesso 02/08/19 09:15

 

Educação inclusiva - Kunc (1992 - Citações para Trabalhos ... Disponível em:< citacoesacademicas.blogspot.com/.../educacao-inclusiva-kunc-1...‎>acesso 02/08/19 ás 09:20

 

8 questões essenciais sobre projeto político-pedagógico ...Disponível em:< gestaoescolar.abril.com.br/.../questoes-essenciais-projeto-pedagogico-42...‎> acesso 02/08/19 ás 09:45

TEXTOS SOBRE INCLUSÃO - Pró-Inclusão : Disponível em:< www.pro-inclusao.org.br/textos.html‎ >acesso 02/08/19 ás 10:00

Diversidade - Frases, Pensamentos e Mensagens de ... - KD :Diponível em:< kdfrases.com/frases/diversidade‎>acesso02/09/19 ás 10:30

Salas de Recursos Multifuncionais – Wikipédia, a enciclopédia livre :Disponível em:< pt.wikipedia.org/wiki/Salas_de_Recursos_Multifuncionais‎ >acesso 02/08/19 ás 10:45

 

BRASIL. Ministério da Educação. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras(es) em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro de conteúdo. Rio de Janeiro: CEPESC, Brasília: SPM, 2009.

 

MANTOAN,Maria TerezaÉgler.A integração de pessoas com deficiência:contribuição para uma reflexão sobre o tema.São Paulo:Senac,1997.

 

 

FIGUEIREDO,R.V(Org).Escola,diferença e inclusão.Fortaleza:Edições UFC,2010.160 p.

 

Santomé, J. T. (2006). Desmoralização do Professorado, Reformas Educativas e Democratização do Sistema Educativo. In João Paraskeva (org.), Currículo e Multiculturalismo. (pp.95 – 135), Edições Pedagogo, Lda., Mangualde

 

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional versus Identidade Negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. Munanga, Kabengele. A difícil tarefa de definir quem é negro no Brasil. Revista Estudos Avançados, 2004. São Paulo, V. 18, no 50, p. 51-66.