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O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS
 

Euzinete Alves da Silva¹

 

RESUMO

O ensino da História, enquanto uma disciplina escolar, é essencial. É através do contato histórico que o indivíduo é capaz de se tornar um sujeito crítico, atuante e que constrói sua identidade de forma completa. A formação histórica desde as series inicias tem o dever de disponibilizar aos alunos subsídios para entender o local que mora. Nesse viés, o presente trabalho busca fazer uma reflexão, por meio da literatura disponível sobre a importância do contato dos alunos de series iniciais para com a História Local. 

Palavras-chave: História. Séries Iniciais. Didática.

 

 

  • INTRODUÇÃO

 

 

Para Santos et. Al, o ensino de História é uma ferramenta indispensável para a formação da identidade do aluno, incorporando na vida do sujeito, as relações sociais marcadas por modos de ver, pensar, agir, criar e recriar os objetos socialmente construídos no decorrer do tempo pelos diferentes contextos culturais. 

No que se refere ao ensino de História enquanto uma disciplina escolar é essencial salientar sua importância para a formação do sujeito crítico, atuante e que busca construir sua identidade. Essa formação dentro do ensino de História, não ocorrerá de forma plausível se os conteúdos escolares não estiverem aglutinados a História Local dos sujeitos, portanto dentro do grande campo científico sistemático que é a História, deve estar dentro dos conhecimentos que assistem o campo do saber dos alunos.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de História, no que se refere à formação da identidade individual e coletiva, é salientado que:

O ensino de História possui objetivos específicos, sendo um dos mais relevantes os que se relaciona à constituição da noção de identidade. Assim, é primordial que o ensino de História estabeleça relações entre identidades individuais, sociais e coletivas, entre as quais as que se constituem como nacionais. (BRASIL, 1997, p. 26).

 

 Quando Schmidt (2004, p. 111) diz que “De um modo geral, as obras sobre história local reportam-se à história de pequenas localidades, escritas por pessoas de diferentes segmentos sociais, não necessariamente historiadores”, é possível identificar a importância da contextualização do que vem a ser História Local.

Portanto, o presente trabalho buscar averiguar pontos que tornam o ensino da História Local, imprescindível para a construção do indivíduo e para sua formação histórica geral. Para tal, foi utilizada como metodologia a revisão bibliográfica da Literatura disponível.

 

 

 

  • A HISTÓRIA NAS SÉRIES INICIAIS

 

 

O ensino de História nas séries iniciais do Ensino Fundamental tem passado por uma grande transformação, isso aconteceu a partir do momento em que ela foi desvinculada da Geografia, tornando-se uma disciplina especifica, com características próprias. Nas últimas décadas, o ensino de História foi consolidado em suas especificidades. 

Nas séries iniciais, a princípio, a criança não entende o sentido de história em seu contexto de temporalidade, este tema está inserido no currículo escolar e deve ser trabalhado para que então a criança comece a construir esta noção de temporalidade. Segundo Oliveira (1995, p. 263-264), “... poucos historiadores interessam-se pelo processo de construção do conhecimento histórico em 2 crianças. Muitos sequer acreditam na possibilidade da criança aprender história nas séries iniciais”. 

Nesta perspectiva o ensino de História nas Séries Iniciais, deve buscar envolver as crianças num sentido de valorização de sua própria história, alicerçando-se assim, para a aquisição de história local e do mundo. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), um dos objetivos mais relevantes quanto ao ensino de História relaciona-se à questão da identidade. 

É de grande importância que os estudos de História estejam constantemente pautados na construção da noção de identidade, através do estabelecimento de relações entre identidades individuais, sociais. O ensino de História deve permitir que os alunos se compreendam a partir de suas próprias representações, da época em que vivem, inseridos num grupo, e, ao mesmo tempo resgatem a diversidade e pratiquem uma análise crítica de uma memória que é transmitida. O estudo de História deve ter o professor como meio de ligação entre o conhecimento e o aluno, derrubando desse modo o paradigma de que História é uma ciência decorativa. 

Logo, faz-se necessário que novas maneiras de ser, sentir e saber o mundo sejam estimuladas no ensino de História, visando favorecer a formação do cidadão para que este assuma formas de participação social, política e de atitudes críticas diante da realidade que o cerca, aprendendo a discernir limites e possibilidades em sua atuação e transformação da realidade histórica na qual está inserido. 

Deste modo, recorrendo novamente aos PCNs (BRASIL, 1997), os conteúdos para os primeiros ciclos do Ensino Fundamental deverão partir da história do cotidiano da criança, em seu tempo e espaço específicos. Porém incluindo contextos históricos mais amplos, partindo do tempo presente e denunciando a existência de tempos passados, e modos de vida e costumes diferentes dos que conhecemos, sempre os relacionando ao tempo presente e ao que a criança conhece, para que não fique apenas no abstrato.

 

 

  • O PROFESSOR E O ENSINO DA HISTÓRIA

 

 

A educação é um processo de aprendizagem contínuo e permanente, necessário ao indivíduo, favorece as relações sociais e também, é o meio pelo qual a sociedade se renova, constituindo-se ainda num processo de transmissão cultural. Com um papel importante na construção e formação do caráter do indivíduo, a educação tem uma função bem maior. Assim, o papel fundamental do professor e da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos, conforme os PCNs (BRASIL, 1997). 

O ensino e a aprendizagem de História no Ensino Fundamental, se alicerçam no trabalho do professor, que deve ter o intuito de introduzir o aluno na leitura das diversas formas de informação, com a visão histórica dos fatos e dos agentes. 7 Nesta perspectiva, o professor tem um papel fundamental na construção do saber histórico já que “a história tem como papel central a formação da consciência histórica dos homens, possibilitando a construção de identidades, a elucidação do vivido, a intervenção social e praxes individual e coletiva.” (FONSECA, 2005, p, 89). 

A finalidade principal da escola é a educação integral do indivíduo, reconhecendo a importância de contemplar o ser humano como um todo, estabelecendo uma conexão do indivíduo com o meio, entendido como ambiente próximo ou distante que influi na aprendizagem do estudante A escola e o professor tem como princípio básico a formação dos cidadãos nas suas concepções mais amplas e democráticas. 

Nesse contexto, se faz necessário a construção de uma prática pedagógica que privilegie as diferenças existentes no próprio ambiente de sala de aula. Assim, segundo Caniato, (1997. p, 65): 

 

A escola deve e pode ser o lugar onde, de maneira mais sistemática e orientada, aprendemos a ler o Mundo e a interagir com ele. Ler o mundo significa aqui poder entender e interpretar o funcionamento da Natureza e as interações dos homens com ela e dos homens entre si. Na escola podemos exercitar, aferir e refletir sobre a Ação que praticamos e que é feita sobre nós. Isso não significa que só na escola se faça isso. Ela deve ser o lugar em que praticamos a Leitura do Mundo e a Interação com ele de maneira orientada, crítica e sistemática. Neste sentido, o professor de História ocupa posição central na análise dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de superação através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do espaço escolar. 



Nesta perspectiva, Fonseca, (2003, p. 89) alerta que é preciso pensar a disciplina de história como “fundamentalmente educativa, formativa, emancipadora e libertadora. ” 

(...) o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, agir e ensinar, transforma seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente (FONSECA, 2003, p. 71).

 

Assim, a aula de história possibilita a construção do saber histórico através da relação interativa entre educador e educando, transformando essa prática em ato político, no sentido de transformação consciente do fazer 8 históricos. Nesse contexto, salienta-se a importância de o professor ser também um pesquisador e produtor do conhecimento e não apenas um mero executor de saberes já produzidos. 

A pesquisa é assim entendida como o caminho privilegiado para a construção de autênticos sujeitos do conhecimento que se propõem a construir sua leitura de mundo. A avaliação, neste contexto, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida social. 

É papel social do professor de História do Ensino Fundamental munir os alunos de instrumentos para libertação. "O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros." (Freire, 1996, p. 59). 

Entretanto, defrontasse com sérios obstáculos de ordem institucional no seu cotidiano. Apesar do seu empenho pessoal e do sucesso junto aos alunos, trabalha muito, e seu trabalho acaba por incomodar os que têm a acomodação por propósito. Nesta perspectiva, o professor de História tem o compromisso de construir uma educação pautada no paradigma holístico, com olhar crítico e sensível para processo de construção da História.



 

  • CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Para compreender como ocorre o ensino de história local dentro do campo sistemático do saber que é a ciência História, se fez necessário indagar a docente a respeito dos seus conhecimentos e pontos de vista, referentes a essa temática. A docente, quando indagada a respeito das estratégias didáticas que são utilizadas por ela na dinâmica do ensino-aprendizagem, ressalta que trabalha com a temática História Local através de: 

Aulas expositivas e práticas; 

Atividades orais e escritas sobre os pontos turísticos; da cidade de Garanhuns-PE, tais como: o castelo e o relógio das flores, para que o aluno possa conhecer esses pontos turísticos como sendo parte da construção humana no decorrer da história da cidade. 

Trabalho de pesquisa; sobre a História da cidade de Garanhuns. 

Exibição de vídeos, sobre como a cidade foi sendo construída, quem foram seus primeiros habitantes, formas de subsistência como a agricultura. 

Produção oral e escrita; sobre os vídeos que foram assistidos em sala de aula, e ressaltando passeios e excursões na cidade. 

Pesquisa de campo; através de excursões na cidade, sendo solicitada uma pesquisa pelos alunos, utilizando diferentes fontes de informações, sobre a história desses pontos turísticos. 

Conversa dirigida; debates sobre as pesquisas, vídeos e excursões realizadas. Diante dos recursos didáticos que são essenciais para a compreensão da importância do estudo da História Local, a docente entrevistada nos respondeu da seguinte maneira: 

Livros didáticos do município como: Aprender Juntos e Meu povo meu chão;

Suportes textuais: livros pesquisados, que não são propostos pelo município;

Quando necessário procuro recursos da internet. 

 

Sobre o currículo da disciplina de História, questionando a docente participante dessa pesquisa a propósito de quais conteúdos são trabalhados em sala de aula e que possibilitam o trabalho da história local, para a formação da identidade dos alunos, se obteve como resposta, o aluno primeiramente necessita reconhecer-se como elemento integrante da sociedade, adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade. 

De acordo com as especificidades de interação entre currículo, prática de ensino e contexto social em que o aluno está inserido, se questionou a docente a respeito dos conteúdos do currículo de História que são trabalhados em sala de aula, foi explicitado que: 

 

Conhecer a respeito da diversidade cultural das populações que passaram a viver nas terras brasileiras; 

O trabalho com a História Local está relacionado à história da cidade ou do município, e a sua importância está no fato de poder contribuir para que o aluno saiba agir perante a sociedade, enquanto sendo um sujeito crítico e atuante. 

No início do ano letivo, se aborda na sala de aula a história da cidade de Garanhuns, dando ênfase ao aniversário da cidade, que é exatamente no início do ano, para que os alunos possam conhecer essa história, há todos os dias o cântico do hino da cidade, pois, no próprio hino são ressaltadas as lutas, conquistas, em fim a história da própria cidade. 

 

Portanto através desta pesquisa realizada e dos resultados alcançados, entende-se que o ensino da História Local possibilita a uma melhor adesão da identidade de uma sociedade, sendo esta uma região, cidade, município ou demais organizações em grupos sociais. 

Ao se deparar com a sua história como sendo uma peça chave na constituição de uma sociedade mais justa, igualitária e participante da sociedade civil, a criança se torna um ser mais crítico, atuante e determinado, em relação a buscar compreender como se forma a sua identidade enquanto participante social da construção das sociedades. 

Compreender a relação entre o ensino de História e a História Local, é possibilitar um espaço amplo de relações sociais indispensáveis para a formação das sociedades, ao passo que esta compreensão partirá de um contexto destinado ao sujeito, que possibilite seu engajamento e participação ativa, que é o contexto escolar da sala de aula.



 

  • REFERÊNCIAS

 

 

ABUD, K. Currículos de História e políticas públicas: os programas de História do Brasil na escola Secundaria. In: BITTENCOURT, Circe (Org). O Saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001.

BORGES, V. P. O que é história. S. Paulo, Brasiliense, 1987.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CANIATO, R. Com Ciência na Educação. 3ª reimpressão. Campinas: São Paulo. Papirus, 1997.

CARR, E. V. What is history? Que é História? Tradução de Lúcia Maurício de Alverga. Rio de Janeiro, 3ª Ed. 1982. Paz e Terra

CRUZ, G. T. D. Fundamentos teóricos das ciências humanas: história. Curitiba: IESDE, 2003.

FAZENDA, I. C. INTERDISCIPLINARIDADE: história, teoria e pesquisa. 4 ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 1999.

FLORESCANO. E. A função social do historiador. Tempo (Revista do Departamento de História da UFF) Rio de Janeiro, 1997, vol. 4 . p. 66-68.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo. 1996. Paz e Terra