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 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

 

NOME: VANDERLEIA DA ROSA DE DEUS

ADRIANA HERMANN KISSLER

POLIANA MACHADO BALKE

KETTY LEMPAULA MARTINS DOS SANTOS

ANTONIA JAQUELINE DE OLIVEIRA ROLIM

 

 

 

RESENHA CRÍTICA

Ao se pensar na educação de jovens e adultos (EJA), na maioria das vezes se parte da ideia de um ensino não formal, como algo complementar ou acelerado para se obter o ensino fundamental e médio. Porem essa ideia está errada e submete ao crivo de julgamentos de um certificado do EJA, eles não são sinônimos ou denotativos de educação popular, completar ou extracurricular. Tem sua divulgação nas américas, sendo nos EUA realmente tem esse termo usado para este fim. Mas a Organização para Nações Unidas para Educação, Cultura e Ciência (UNESCO) vem sendo amplamente divulgado pelo mundo como uma área especializada da educação.

A educação popular parte de um conhecimento que vem sendo transmitido a partir das culturas existentes e respeitando essas, diferentemente da estatal, Brandão (1984) refere que a sistematização de conhecimentos acaba reproduzindo informações fornecidas pela classe dominante produzindo conhecimentos tradicionais para outros modernizados, na modernidade a força do estado que era vista como a da Burguesia, consenso. Sabe se que um Estado deve fornecer meios de suprir necessidades capitalistas e muda seu governo a cada 04 anos através de eleições, mas em seu governo deve manter os serviços essenciais de saúde, moradia, segurança social e educação a sociedade a que este atende.

Informar e educar uma sociedade pode ser algo contraditório ao se olhar da forma com cunho político e sociais, e podemos nos questionar o que isto tem haver com o EJA, pode se dizer que tudo, ela parte de movimentos de exclusão e inclusão social, pois requerem uma forma de raciocínio sobre a ética, etnia, reflexões sobre movimentos de cunho social como preconceitos de etnias, classes, identidade social e atualmente as de gênero. Ao se incluir e proporcionar uma pessoa que ela exerça seu direito fundamental que é do

Estado à educação pública e consiga receber e interpretar informações que irão estar presentes em seu cotidiano e podem mudar sua vida.

O EJA trata 03 especificidades: a etária, que é a não infantil entre 07 e 14 anos, são jovens e adultos que foram excluídos, evadidos ou expulsos do ensino regular básico, normalmente o jovem olha para o futuro e suas oportunidades; o adulto focaliza mais a vida profissional e o idoso também busca coo forma de exercer sua cidadania. A sociocultural, pois normalmente que a busca são pessoas de classe baixa economicamente e trabalhadores assalariados do meio informal, em sua maioria pessoas tidas como à margem da sociedade e analfabetos, também se encontram aqui os moradores de periferias de grandes cidades e tidos como os mesmos citados “marginalizados”. A ético politica porque se encontra entre a relação de poder entre os que tem escolaridade e os que não.

Vivenciamos o sofrimento ético politico em nosso cotidiano por questões sociais dominantes surgindo das questões como burros, inferiores, sem condições, então buscou se a concretização do EJA para que estes possam exercer seu direito através do princípio básico norteador que é a educação. Assim podem ser os próprios escritores e atores de sua história em sociedade de forma política, social e econômica. Para atender as especificidades do EJA deve se conhecer as pessoas que a procura e suas necessidades.

As discussões sobre alfabetização de jovens e adultos muda com as épocas e com a sociedade, acompanhando suas lutas ideológicas. Na maioria dos educandos encontramos jovens e adultos que buscam mudar a precariedade da vida que tem, seja ela quanto a moradia, emprego, lazer, saúde acesso ao ensino superior, alimentação, transporte entre outros, norteando os princípios da educação que tem suas bases já encontradas na constituição de 1824 que dizia garantir uma educação primária para todos os cidadãos, mas sabe se que esta se deu de forma desigual em diferentes épocas e classes pois eram responsabilidade do império a educação das elites e do restante as províncias que tinham poucos recursos.

Somente em 1930 através da revolução de 30, que se deu uma busca de equidade destas, buscando em sua fundamentação básica da escrita e leitura para todos, a ideia é buscar a preparação de sujeitos para seus direitos de cidadania. E mesmo sob a ditadura conseguiu se consolidar leis trabalhistas, expansão do sistema educativo e criação de sindicatos na dita “era Vargas”.

Após a 2ª guerra mundial a UNESCO buscou a educação dos povos voltada para a paz, combate ao analfabetismo e as desigualdades sociais. Após a ditadura também se criou a ideia da importância de educar para o desenvolvimento do país e poder participar politicamente através do voto. Em 1947 houve a 1ª campanha nacional de educação de jovens e adultos, esta foi

extinguida em 1950 que foi suplementada pelos supletivos. As iniciativas passam pelos estados e municípios longe dos princípios da UNESCO, mas se inicia a fase conhecida pelas bases e princípios de Paulo Freire, e se inicia uma relação “de quem educar, para quem educar e como educar” (PROMINAS, 2018, p. 12)

Esse novo paradigma se encontra entre a problemática educacional e social, partindo das concepções de educando/educador, do mundo que os circunda ele sugere uma reflexão a partir da realidade existente. Freire (1983, p. 12 apud Prominas, 2018, p, 14) se preocupa com “uma educação para a decisão, a responsabilidade social e política”. Ele acredita que as mudanças na sociedade só podem ocorrer através das grandes massas e não da classe da elite, em sua minoria. Acredita que a educação é capaz de realizar transformações sociais consistentes e de grande alcance e impacto, e assim esta foi divulgada e difundida nos mais diversos meios e atores sociais que partilhavam do objetivo de uma real transformação social através do respeito mútuo.

Em 1964 com golpe militar esses princípios foram esquecidos, em 1967 se cria o MOBRAL, em 1970 foram somados o programa de alfabetização e o programa de educação integrada. Em 1985 o Mobral foi substituído pela fundação educar que em 1990 foi extinta, e criou se o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania, mas nunca se concretizou, e no governo posterior até o ano de 1994 o ministério da educação notou a importância de se criar leis e bases para a educação e assim o fez através da LDB lei 9493/96.

Encontramos em nosso meio os conceitos de analfabetismo funcional como a falta de conhecimento básico para entendimento em escritas para tarefas básicas em sua totalidade de escrita e leitura, é contrário ao conceito de alfabetismo da UNESCO em 1958, que diz que este é a capacidade de interpretar ou entender pequenos textos ou frases em nossa vida cotidiana. Infelizmente não podemos fugir de que se encontra o termo analfabetismo ligado a pobreza, não se pode entender como conhecimento intelectual como formal e que os pobres ou analfabetos não podem ser vistos como pessoas a parte e sim entrando e conhecendo o meio em que estão inseridos e se comunicam e vivem. O EJA não pode dar enfoque somente ao meio metodológico, mas também as necessidades que as pessoas inseridas nele tem.

O EJA é um princípio sólido que demanda da necessidade de garantias a um segmento social ainda marginalizado, envolvendo um público cada vez mais heterogêneo. A educação é um instrumento contra o desemprego e a marginalização. Deve se garantir essa, bem como uma educação permanente visto a globalização e as tecnologias inovadoras quase que constantemente em nosso mercado trabalhador e de consumo, o EJA está diretamente ligado as reais possibilidades de uma transformação na vida do aluno.

As perspectivas atuais do EJA e da educação popular partem de uma tendência que o estado é manipulador e não se preocupa com uma educação de qualidade, que foi observado claramente através dos tempos, e a educação popular visa a participação das pessoas. Ele propõe e busca uma integração do Estado, governos, igreja, empresários e sociedade cível entre outros para que haja uma extensão da escola para todas as pessoas que elas busquem, ou seja uma escola pública e de qualidade. Não devemos ter uma visão unilateral do analfabetismo como bom, ruim ou neutro e sim dependendo do meio com graves consequências que podem ser boas para uns, ruins para outros ou para os próprios analfabetos ou indiferentes das situações existentes. Não cabe a ninguém julgar e sim oportunizar quem busca se alfabetizar.

Há problemas metodológicos também envolvidos como quem alfabetiza quem? Atualmente sabemos que existem trocas de saberes constantes entre educandos e educadores. Quando se trata o adulto como criança sendo uma tabua rasa ou vazio de conhecimentos sem oportunizar a troca de ideias sobre suas histórias de vida, moradia, família, seus medos e muitas vezes a vergonha de falar sobre isso e sua vida devido a uma baixa autoestima, estamos negligenciando uma troca de informações as vezes angustiada de uma infância frustrada e infeliz e suas expectativas quanto à escola e suas necessidades e os motivos que os levaram a buscar o EJA.

Alfabetizar exige um sistema educacional público capaz de captar todos que o buscam, e baseada na realidade em que as pessoas que a buscam vivem, sendo democrática, participativa e comunitária, ou seja autônoma e cidadã. Freire (2000) considera que a educação parte do existir do ser humano, este parte do princípio que se tem projetos de vida durante a existência humana, e esses projetos possibilitam vontade e capacidade de mudanças através da educação. Ela deve problematizar as situações sociais, estimulando o diálogo, o raciocínio e a capacidade de questionar. Educar liberta os oprimidos e os faz refletir sobre a questão da exclusão, ela deve estar comprometida com a transformação social através do conhecimento de seus direitos e deveres e do seu exercício de cidadania.

Andragogia é um conceito contrário da pedagogia se reportando a educar adultos. Seus princípios são: necessidade de saber, fundamentado precisa entender o porque de aprender e o que irá obter de bom com isso; o papel das experiencias, pois o adulto chega a sala com muito mais experiencias que as crianças e esses são capazes de interagir e ser ativos nesse processo de troca de conhecimento; autoconceito, os adultos são capazes de tomar decisões e gostam de ser vistos assim, outras situações podem criar conflitos; prontidão para aprender porque o adulto necessita atingir resultados em menos tempo; orientação para o aprendizado, pois seu foco é direcionado em função da sua vida, suas tarefas e seus deveres; e motivação que vai muito além de fatores como melhores salários e condições de vida,

acaba estando direcionada a autoestima, agregar conhecimentos e se sentir capaz de exercer seus direitos de cidadão.

Os princípios da educação sólida em sua própria natureza que supõe a partir dos diversos doutrinadores existentes que afirmam que um homem só é assim através de sua consciência e deste com o mundo que o circunda e a educação e capaz de gerar esta e de realizar transformações no meio em que este vive, o que se percebe em nosso cotidiano através das culturas e heranças passadas e que a educação esteve relegada a 2º plano mesmo estando em nossa carta magna que é direito fundamental de todos, mas ainda longe de nossa realidade que busca através de programa inclusivos somente resgatar o que desde sua implantação o que foi sempre negado a maioria das massas sociais, se desde os primórdios existisse equidade hoje teríamos com certeza uma sociedade mais justa; educar é partir do princípio que o analfabetismo é uma negação de um direito que é capaz de gerar a negação de muitos outros.

Uma sociedade justa parte que todos tem direitos iguais e são iguais perante a todos e as leis, mas não são assim na realidade cotidiana, nas quais a corrupção assola nosso país com bilhões de reais sendo desviados de cofres públicos enquanto pessoas estão em filas de hospitais, exames e consultas morrendo diariamente pela falta de verbas, fora que ainda temos a cultura politica assistencialista da troca e venda do voto não se importando da veracidade de seu valor, se perpetuam por décadas os mesmos atores na politica nacional que levam nosso país ao caos instalado em nossos meios de veiculação de notícias de mais aumento de impostos e preço de tudo que se tem necessidade de consumo básico, associado a péssimo serviço publico em todas as instancias.

Observa se o aumento de salários e verbas políticas em detrimento de um salário mínimo e de leis trabalhistas criadas num governo de ditadura e sendo destruído num governo democrático, inovar para transformar e nota se que em todos os tempos se teve plena consciência que a educação é capaz disto, mas nunca se concretizou, o que para os detentores do poder é bom, povo sem educação é mais fácil de ser manipulado e instigam a cultura de quem detém conhecimento ser a “elite” de tempos remotos o que não condiz com a mesma da atualidade.

 

Referência bibliográfica

PROMINAS. Material didático de educação de jovens e adultos Editora PROMINAS. Disponível em: www.prominas.com.br. Acessado em julho de 2018.